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Quando morreu Tom Jobim a mídia derramou-se em justas homenagens. E como seria impossível falar do músico sem mostrar sua ligação com o Rio de Janeiro, fomos brindados com as mais belas cenas cariocas.

Houve época em minha vida que mantinha o hábito de escrever ao ombudsman da Folha de São Paulo, então Caio Túlio Costa. Nem lembro o assunto sobre o qual escrevi na primeira vez, mas lembro que em sua resposta me convidava a escrever sempre que o desejasse. Coitado, mal sabia que abria terrível brecha pois naquele momento, morando no temporariamente no interior do Paraná, sofria por uma total falta de interlocutores.


Deve ter nascido ali, ou ao menos ali se fortalecido, esta minha mania de observar o que acontece nos veículos nacionais de comunicação. Caio sempre respondia. Gentil, algumas vezes concordava e acrescentava importantes argumentos às colocações feitas por mim. Gentil, outras vezes discordava com aceitáveis, ou não, argumentos. Sempre gentil.


Acho que minha mania de escrever para o ombudsman da Folha parou com a entrada de Júnia Nogueira, não tão gentil. Seja como for, lembro de uma carta escrita para Caio quando da morte de Tom Jobim. Na ocasião todos os jornais e emissoras de TV derramaram-se em justas homenagens ao compositor. E como seria impossível falar do músico sem mostrar sua ligação com o Rio de Janeiro, fomos brindados com as mais belas cenas cariocas, usadas como personagens de clipes ao som do Samba do Avião.


Era de arrepiar pois os brasileiros haviam esquecido que o Rio de Janeiro realmente continuava lindo. Eram tempos de rixa entre Globo e Brizola e daquele estado só saíam notícias negativas na emissora. Só seqüestros, arrastões, tráfico, escândalos...


Não tenho comigo a carta dirigida ao ombudsman mas o teor do que escrevi lembro bem. Falava que havia ficado feliz com a cobertura da morte do meu ídolo. Que graças a ela o país viu uma cidade linda pela TV. Sugeri que aquelas imagens não teriam resolvido os problemas dos cariocas mas que, sem dúvida alguma, melhoraram a vida dos demais brasileiros, cansados de tanta violência via satélite no almoço e no jantar.


Isto, dito aqui, pode não fazer sentido para quem nem era nascido ou era pequeno demais. Também não fará sentido para quem não se liga nestas coisas ou tem memória fraca.


Mas foi o que brotou em minha cabeça ao assistir a edição do Jornal Nacional no dia 25. Tomados pelo "espírito natalino", os editores do programa abdicaram de falar sobre Brasília (e nem teriam o que mostrar pois o recesso era total), deixaram de lado o plantão policial, renegaram as informações bélicas e descartaram totalmente as notícias sobre doenças.


O mundo era lindo naquela noite. Terno e meigo como nunca. Vendo aquilo muitos devem ter pensado que o Brasil pode ser maravilhoso quando saem de pauta os políticos e a polícia, juntos ou separadamente. Não chego a tanto mas, confesso, foi uma alienadinha legal.


É complicado este negócio da comunicação. Não sou do tipo que acha que jogos eletrônicos forjam bandidos e nem que filmes criam vândalos. Mas há fatos coincidentes, isso há.


Quando era criança pude assistir, em paz, muitas partidas de futebol. Sentava com meu pai na geral do Beira Rio e tudo o que víamos era uma ou outra briga isolada, nada comparável aos terrores de hoje. As pancadarias ao final dos jogos são eventos pós-hooligans (???).


Aqui em Curitiba um bando assaltou um condomínio inteiro, prendendo seus moradores no salão de festas. Deu manchete em rádio, TV e jornais. Não demorará muito para tal fato se multiplicar por até-bem-pouco-pacatas cidades do interior.


É óbvio que a mídia não cria personalidades criminosas. Isto é trabalho da vida. Mas ela até que dá "boas" e novas idéias. Como eu disse... complicado este negócio da comunicação. Se não mostra, aliena. Se mostra, (des) educa.


Há de haver uma maneira...

A solução encontrada para tapar o buraco deixado pelo desmanche de Jô Soares Onze e Meia foi levar novamente para o horário noturno o velho Programa Livre,

Sai Jô, entra Babi. A solução encontrada por Sílvio Santos para tapar o buraco deixado pelo desmanche de Jô Soares Onze e Meia foi levar novamente para o horário noturno o velho Programa Livre, atração recordista em mudança de horário no SBT.


A idéia de dar a Babi o comando do programa celebrizado por Serginho Groissman não foi ruim. O mesmo se pode dizer da troca de Jô pela musa da sexologia teen. O problema não é esse.


O que não está legal no "novo" Programa Livre, no ar desde a noite de 3 de janeiro, é que Babi não conseguiu ainda imprimir sua marca. O programa mudou pouco (pra pior) e a moça travestiu-se de Serginho, adotando inclusive o famoso "o Programa Livre volta... já".


Entendo que com o tempo a atração deverá incorporar um pouco mais da personalidade da apresentadora. Mais do que vem tentando com o bloco destinado a tirar as dúvidas dos adolescentes sobre sexo, marca registrada dela.


Mas precisa mudar mais pois Malcolm Montgomery (ex Sr. Milla Crystie) está muito longe de ser Jairo Bauer, o cara mais queridinho do país, ex-companheiro de Babi no MTV Erótica.


De qualquer forma, não é a falta de personalidade e nem e substituição de Jairo por Malcolm que está mesmo ruim. Ignoremos a recente tentativa de fazer Programa Livre com apresentadores diversos, para substituir Serginho, vamos comparar com o original. 


Nos tempos de Serginho o Programa Livre tinha unidade. Hoje parece que cada bloco termina antes do que deveria e um não tem ligação com o outro. Está vazio.


Melhor sorte teve a Globo na estréia de A Muralha. Sempre disse aqui nesta coluna que o melhor produto da emissora são as minisséries. E A Muralha não fica atrás.


Não chego a dizer que a produção é hollywoodiana, como fizeram muitos colunistas, mas um produto que foge um pouco ao esquema industrial de gravação sempre é melhor acabado (sem falar nos anunciados 220 mil reais por capítulo).


É possível que esta consiga ser a versão definitiva do romance de Dinah Silveira de Queiroz (já houve três novelas baseadas no romance). Canastrões por canastrões... Alexandre Borges não fica atrás de Carlos Alberto. É uma boa estréia depois do fiasco que foram os dois programas das 100 Músicas do Século.


Por mais que eu tente, por mais que o neo-liberalismo tenha vencido, não consigo rechaçar minha formação frankfurtinana. Não discuto a escolha das músicas pois acho mesmo que eram aquelas mesmas. Mas conseguiram fazer com que verdadeiros clássicos parecessem um sucesso a mais num Globo de Ouro qualquer que nem mesmo arranjos de Paulo Jobim, Dori Caymmi e outros conseguiram salvar.


Ficou um festival de simulacros. Falsamente "culto", falsamente requintado, falsamente tudo.


Quase todas as músicas tiveram um andamento mais lento do que o usual e muitas delas ganharam um tom dramático que não combinava. O pior caso foi a interpretação de Ana Carolina para Desafinado.


O mais engraçado foi o duo formado por Fagner e Elba Ramalho. A Globo conseguiu reunir a dupla mais exagerada da cena musical brasileira. Temi pela explosão do meu tubo de imagem a cada salto das veias do pescoço de Fagner e a cada guincho da Elba.


E cá pra nós... Daniel cantando Chão de Estrelas deve ter feito com que o velho "caboclinho" (Sílvio Caldas), apesar das intermináveis despedidas, pensasse em voltar de onde estivesse para retomar o eterno posto.

Mundial de Clubes passa de "Campeonato Mundial de Times de Várzea" a manchetes grandiloquentes.

Abro a Folha de São Paulo de sexta-feira e antes de começar a ler, como de costume dou uma olhadela geral. Estranho a capa do caderno de esportes: "A quem pertence o mundo"? É claro que a manchete faz referência à final do primeiro Mundial de Clubes, organizado pela FIFA. O estranhamento se justifica quando comparo a grandiloqüência da chamada à tudo que foi dito do campeonato, dentro da própria Folha, inclusive.


Longe de ser respeitado, tal campeonato era até chamado de "Campeonato Mundial de Times de Várzea" e coisas do gênero. Notícias sobre o descaso com que times como o Manchester, por exemplo, a tratavam eram freqüentes.


O que mudou? Na minha modesta e paranóica opinião uma coisa: a final é entre Vasco e Corinthians. A glória para imprensa paulista e carioca, que encontrou uma arena para o que eles consideram uma disputa para ver "a quem pertence o mundo". Já que nunca conseguiram chegar juntos a uma final em Tóquio, eis que estão felizes.


E já que hoje estou me metendo na seara do meu colega Otávio, comento também algo ouvido na tarde de quinta-feira, na Rádio CBN. A repórter estava na fila para a compra de ingressos no estádio São Januário, no Rio de Janeiro.


Lá encontrou um "personagem" (é assim mesmo que nós, jornalistas, chamamos nossos entrevistados... sobretudo em matérias de comportamento... numa clara prova de que antes de serem escritas as reportagens já estão com roteiro praticamente pronto).


Voltando... lá encontrou um personagem que estava na fila desde as 6 horas da manhã de quarta-feira. Já não acho muito normal mas fiquei imaginando o que pensava a mulher do cara, que segundo o "personagem" estava no hospital pois o filho do casal havia nascido enquanto ele estava na fila de ingressos. E ele nem havia visto o filho ainda, o que não é nada ante uma decisão sobre a propriedade do mundo. Algo bem mais relevante. 


Putz... já falei de jornal e de rádio. Cadê a TV? Objetivo desta coluna. Vamos lá... Não falarei de programas específicos, mas de algo que venho observando há algum tempo na Globo. O assunto me veio à cabeça depois de assistir uma entrevista com Hans Donner durante o lançamento de seus relógios comemorativos aos 500 anos de descobrimento.


Aliás, estou convencida de que quem descobriu o Brasil foi o próprio. Que achado para ele! Praticamente monopolizou o posto de "fazedor" de abertura de novelas e vinhetas na Globo. Fez grandes trabalhos na emissora e ali permanece até hoje... se repetindo. Ou o que é pior... nem isso.


Não chego a dizer que o cara é ruim. Longe disso. Só não sei se é realmente o melhor pois não vejo outros. E já me cansei dele.


Fui aos mecanismos de busca procurar um site que mostrasse a lista dos trabalhos do artista. Encontrei o do próprio mas não continha tal enumeração. Achei, em contrapartida um site trazendo entrevista com o próprio. Não apresentava a lista mas o site tinha o sugestivo nome de Movimento Amigos do Garantido.


Isto explica. 

Estou lançando nesta semana um novo produto no mercado. É o NovelaFácil, aplicativo capaz de transformar qualquer um em autor de novelas.

Estou lançando nesta semana um novo produto no mercado. Trata-se do NovelaFácil, um aplicativo capaz de transformar qualquer um em autor de novelas.


O NovelaFácil está disponível em versões para Windows e Mac. Os usuários Linux terão que esperar um pouco mais pois, como se sabe, este sistema operacional exige um pouco mais de conhecimento de informática, algo incompatível com o público alvo do novo aplicativo que lanço.


Os usuários acostumados com os processadores de texto tradicionais não terão qualquer problema para usar o NovelaFácil. Basta abrir o programa clicando no ícone que após a instalação aparece instantaneamente na área de trabalho.


Quando aberto o programa o usuário vai ao menu "arquivos" e clica em "nova". Abrem-se então sucessivas telinhas: Quantos personagens? Urbana ou rural? Quantos núcleos? Data da ambientação? Drama ou comédia? Romântica, social ou ambas? E por aí vai.


Respondidas todas as questões, o programa mostra na tela algumas opções de sinopses e o usuário escolhe a de sua preferência. Um número limitado de diálogos e cenas passam a ser oferecidos. Tudo muito simples e equilibrado. Há pobres e ricos, jovens e velhos, bons e maus, bonitos e feios... Basta o uso do mouse para dar início ao trabalho.


É claro que NovelaFácil não necessariamente fará tudo por você. O autor pode interferir no roteiro a qualquer momento. É importante ressaltar que um avançado sistema de correções, similar ao corretor ortográfico, fará aparecer uma tela com sugestões mais adequadas à preferência popular.


Isto porque o NovelaFácil é interligado, via Internet, ao banco de dados do Ibope. Os usuários familiarizados com o Word terão muita facilidade de usar o NovelaFácil. Se o autor de Força do Desejo usasse NovelaFácil ele não teria que redigitar tudo a cada vez que Esther dá bronca em Alice, o que ocorre em todos os capítulos.


Bastaria ele buscar diálogos anteriores (gravados em macros de fácil acesso), selecionar a parte desejada e dar um ctrl+alt+c seguido por um ctrl+alt+v no local onde quer inserir tais falas: "você não é capaz de amar, você é egoísta e só pensa em você mesma"... "você não é capaz de amar, você é egoísta e só pensa em você mesma"... "você não é capaz de amar, você é egoísta e só pensa em você mesma"...


Além do NovelaFácil estou lançando também um CD parecido com os de cliparts. Nele constam o catálogo de artistas, sugestões de cenários e figurinos, tudo com fotos e vídeos. Totalmente integrado ao NovelaFácil, ao mesmo tempo em que você escreve sua novela poderá visualizar as cenas.


Compre já NovelaFácil e se torne hoje mesmo um autor de Novelas.

Hoje estou me sentindo a Babi. Não pelo charme e menos ainda pelo provável novo salário da moça... mas ai que tédio!!!

Hoje estou me sentindo a Babi. Não pelo charme e menos ainda  pelo provável novo salário da moça... mas ai que tédio!!! Não  agüento mais a minha "MTV". Tô topando até um esse-be-te  qualquer.


E risada sobre TV esta semana, só se for por conta do meu  humor negro. Leio nos jornais que roubaram os perus da Globo.  O ladrão pensou que no caminhão estaria o time de galãs mas  eram apenas os presentes de Natal dos funcionários da  emissora, por isso devolveu tudo pra Sadia. Assim fica difícil  não ser acometida por uma síndrome de José Simão.


Certo está um amigo mineiro. Cansou de ver televisão e decidiu casar com uma antiga colega de faculdade. Agora tem um filho e freqüenta sebos de vídeos. Está com a coleção completa do Walt Disney e passa horas assistindo sob pretexto de mostrar ao garoto. Além de fugir das bobagens da TV, de quebra consegue  escapar dos noticiários sobre o Atlético Mineiro, já que é cruzeirense roxo.


Esperto ele, que deve ser da mesma tribo do Paulo Autran. O ator brilhou na última edição da revista Bravo. Resumiu em  poucas linhas o que acontece com as novelas e, por extensão,  com a TV brasileira. Vejam só:


"Televisão, em resumo, é o quê? É ibope. É a luta pelo ibope.  É o ibope que vai determinar o valor do segundo da televisão.  Então, a única preocupação em todas as tevês é agradar ao gosto médio da população, que cada vez mais se avalia por baixo. A televisão está totalmente sujeita ao ibope, e daí resulta que todas as novelas se resumem a duas perguntas: ou é quem casa com quem? Ou é quem matou?".


O pior é a força desta porcaria toda. A TV é um veículo tão forte que até quem nunca foi ao ar já é alçado à condição de celebridade. Noutro dia acompanhei a confecção de uma reportagem. A repórter cumpria sua primeira pauta, nunca havia aparecido na TV. Tanto é assim que era monitorada por profissional mais experiente.


Mas lá estava ela... microfone na mão... diante de uma câmera com conhecido logotipo estampado. Deve ter uns 22 anos. Uau!!! Foi a criançada ver que a câmera era de uma emissora e já cercaram a moça com pedidos de autógrafo. Jornali-star, a nova categoria do mundo da mídia. A matéria nem entrou na programação mas isto pouco importa. Era só um teste mesmo. Melhor ainda vem do meu vizinho de 15 anos. Assistindo a um velho filme do The Doors pela MTV ele comentou que aquele não era o Morrison. Rolei de rir... o coitadinho achava que o líder da banda era o Val Kilmer. Mais um caso extremo de confusão entre ficção e realidade. Se assistir a um filme da Janis Joplin é capaz de achar que aquela é uma impostora que entrou no lugar da Bette Midler.


E pra não dizer que tudo é tão ruim... vi nesta semana um longo documentário sobre Leonardo Pareja no Canal Brasil. Assisti com algum atraso, é verdade. Realizado em 96 por Régis Farias, trata-se de um dos melhores testemunhais que já assisti. Quem ler esta coluna na sexta ainda tem chance de assistir (ou gravar)na madrugada do dia 18, às 4 horas, sua reapresentação.


E é só

Canal 3... pesca, camping e lazer... Canal 4... artigos femininos e infantis...

Enquanto ampliam-se os canais de distribuição de entretenimento (não ouso lançar mão do termo "cultura"), em alguns setores diminuem-se vertiginosamente as opções disponíveis no mercado. 


Tenho tentado ir ao cinema e não consigo. Tenho tentado assistir televisão ou escutar rádio... e nada.


Aqui em Curitiba, nos últimos anos, multiplicamos pelo menos duas vezes o número de cinemas. Dos mais ou menos 12 existentes há 5 anos, saltamos para uns 30. E quantos filmes em cartaz? 12. E qual a diversidade de filmes? Pouquíssima. De um lado Xuxa e Didi, do outro a nova moda de filmes de suspense e terror e muita, muita pancadaria. Restam as três salas da Fundação Cultural que, apesar de heróicas, são de um desconforto massacrante e nada convidativo.


Na TV é a mesma coisa. Nos canais abertos pouca variedade, muita novela, muito talk-show, dezenas de programas femininos, infantis, cama, mesa e banho... A personalidade de uma loja de departamentos. 


Nos canais fechados o mix muda um pouco mais. Há uma ou outra idéia interessante... mas sempre repetida à exaustão e, não se iludam, para cada Eurochanel eles jogam 10 AXN (ex-Teleuno).


Rádio nem se fala... por mais que tentem variar os estilos, os escolhidos são sempre os mesmos. Sempre a mesma música, do mesmo CD, do mesmo cantor. No meu trabalho o rádio fica sintonizado sempre na mesma emissora e todos já decoraram a imutável programação.


Estas observações nada têm de inéditas... mas são movidas por uma espécie de "balanço" que faço para escrever a penúltima coluna do ano. É paradoxal que com tantas novas possibilidades de multiplicação fiquemos condenados à mesmice em termos de comunicação de massa. Deve ser por isso que alguns outros setores tenham "acordado" nos últimos tempos.


O setor editorial, por exemplo. A variedade de livros disponíveis nas prateleiras é crescente. As editoras começam a investir em gêneros que até bem pouco tempo não existiam no país. Biografia é só um exemplo e em outros gêneros há até alguns novos autores por aí. Já foi pior a situação.


Ainda na área editorial vê-se um enorme avanço em termos de publicações periódicas. O que surgiu de revistas não é mole. Há segmentação da segmentação. Vi outro dia a Revista do Joalheiro. Existem publicações para todas as etnias, preferências sexuais, políticas e econômicas. Tem até revista dirigida a sabe-se lá quem (o caso da Você, por exemplo).


A Internet também é responsável por uma maior gama de possibilidades, ainda que hoje alguns provedores-portais comecem a me irritar profundamente por conta de uma política de marketing exagerada (irritação ampliada ao receber o 26º kit-instalação de um famoso provedor, desta vez anexada a uma caixa de sucrilhos). Parece o Bugú, personagem da Turma da Mônica que vive atrás de exposição.


Mas tirando isso... é um dos poucos lugares onde é viável o surgimento e a descoberta do diferente.


É ela também que nos salva das megastores padrão que começam a tomar conta do mercado fonográfico. Não fosse o MP3 eu jamais teria encontrado músicas que tocam direto em meu PC e que nem em sonho freqüentam a programação musical de emissoras de rádio e TV.


Como se vê... dá pra colocar de um lado TV paga, livros, revistas e Internet. Do outro ficam rádio e televisão. Os primeiros precisam ser tratados com algum capricho pois são pagos... os segundos, por serem teoricamente gratuitos, não precisam muito esmero. 


E no meio disso tudo o cinema, que apesar de pago está integralmente nas mãos de dois ou três distribuidores, dublês de produtores e ao mesmo tempo projecionistas, já que monopólio pouco é bobagem.


Não há lógica que resista a uma exceção destas. 

Banalização chegou ao máximo com a colaboração do nosso presidente. FHC perdeu completamente o senso de realidade para viver um mundinho só seu. Virou Alice no País das Maravilhas.

A crítica especializada em televisão, psicólogos, educadores e sociólogos... enfim... toda hora encontramos seus artigos denunciando aquele que seria um dos maiores problemas da programação televisiva, a banalização.


 


Banalização de tudo. Da violência, do sexo, da miséria, do mau gosto... tudo é normal, corriqueiro. Pais e filhos, tal o mito de Édipo, disputam a mesma mulher em novelas quase vespertinas. Apresentador faz paródia de novela e batiza sua obra de A Xupadora, numa alusão a A Usurpadora...


 


Um jogador de futebol tem sua idade adulterada em documentos oficiais para que possa disputar campeonatos profissionais e a crítica diz claramente: "tem tanta gente roubando... ele só quer trabalhar". Como se não se tratasse de crime de falsidade ideológica.


 


Enfim... como em Tangos e Tragédias, o mais que decano espetáculo dos gaúchos Hique Gomes e Nico Nicolaiévski (??), isto aqui é mesmo uma Sbórnia.


         


Agora a banalização chegou ao máximo com a colaboração do nosso presidente. FHC perdeu completamente o senso de realidade para viver um mundinho só seu. Virou Alice no País das Maravilhas.


         


Nesta semana, um grupo de ex-acampados foi para frente da propriedade rural do presidente reivindicar recursos para a agricultura. FHC, questionado sobre as ameaças do grupo, ironizou a situação dizendo que provavelmente estariam ali para homenageá-lo pelo tanto de terras que já distribuiu entre os integrantes do MST.


         


O grosso da população urbana brasileira, que nada sabe sobre a realidade rural do país, com base na cobertura feita pelas emissoras de televisão, deve ter pensado: "estes petistas... já ganharam terra... o que querem mais"?


         


Pois as emissoras perderam uma excelente oportunidade de mostrar o que efetivamente acontece no universo dos pequenos proprietários agrícolas. Desculpem se fujo um pouco ao meu estilo para adotar tom um pouco mais sério. Se vocês já leram minha apresentação ao final da coluna sabem que esta é minha "praia". Ou melhor, meu "campo".


         


Ocorre que os sem-terras, agora transformados em pequenos produtores, não melhoraram muito de status. Sem um programa sério de custeio agrícola, sem um programa efetivo de investimentos oficiais em tecnologia... danaram-se.


         


É claro que os juros praticados em empréstimos para o setor são mais baixos que os demais. Só que não há dinheiro para todos e, mesmo que houvesse, quais garantias dariam os pequenos produtores já endividados? Ou quem avalizaria um empréstimo dos novos-produtores? E por que os bancos investiriam no setor se outras linhas de crédito são tão mais rentáveis?


        


A prova do que escrevo é o que está acontecendo em regiões de minifúndio como o Sudoeste do Paraná, tradicionalmente agrícola. Em Pato Branco, por exemplo, as revendas que representam duas das maiores indústrias de máquinas agrícolas em operação no Brasil estão atravessando grandes dificuldades, enfrentando até concordata e falência. Se estão assim as duas não será por má administração, seguramente. Ao menos não ambas, seria muita coincidência. Ocorre que os pequenos proprietários da região não conseguem renovar seu parque de máquinas como, de alguma forma, fazem seus colegas ricos do Centro-Oeste do país, que conseguem se auto-sustentar.


 


E aí vem a propaganda do governo, SEBRAE e o "escambau" falando que só terá sucesso quem investir em produtividade... que o novo mercado global, agora comandado pelas tais commodities, exige uma agricultura moderna... blá blá blá.


 


Este povo então tem que agüentar as ironias de FHC.... vê-lo tripudiar sobre a situação, como se ele não fosse também responsável pela falta de um projeto agrícola no país.


 


E vem a televisão novamente banalizando tudo. Como se por trás daquele grupo pequeno não houvesse milhares de brasileiros que não sabem mais o que fazer para sobreviver no campo.


         


Mas a TV prefere discutir sementes transgênicas... desconhecendo que a maior parte dos produtores só consegue plantar com um punhado de semente de galpão.

Se o público mais crítico não acha graça nas piadinhas da apresentadora... e o público mais crédulo não as entende... para quem este programa se destina? Aceito sugestões.

Estive muito ocupada nas últimas três semanas conciliando trabalho com arrumação da casa. Mudança é fogo. Não bastasse o terror que é encaixotar e desencaixotar tralhas, com o inevitável encontro de fantasmas em minhas gavetas, ainda tive que enfrentar uma horda que promete entregar o novo móvel e não vem... aquele outro que ficou de vir pendurar os lustres e desaparece... a maldita e imperfurável laje da área de serviço que não aceita o varal... ufa!!!


Mas dentro de tudo isso conheci um senhor, que chamei para pendurar os quadros, muito interessante. De poucas palavras, estava ele em meu escritório fazendo as marcações nas paredes enquanto eu trabalhava, como sempre com a TV ligada. O programa era Mais Você, e Ana Maria Braga, agora sem luvas, apresentava mais uma de suas infalíveis receitas. Lá pelas tantas ela brinca com o cozinheiro, fazendo uma pergunta propositadamente idiota. "Seo" Roberto, em geral tão calado, diz então: "que burra esta mulher, não sabe que isto é impossível.


Foi então que me veio uma grande dúvida. Se o público mais crítico não acha graça nas piadinhas da apresentadora... e o público mais crédulo não as entende... para quem este programa se destina? Aceito sugestões.


E dando continuidade às dúvidas (para contrabalançar a coluna anterior, tão cheia de certezas), prossigo na Globo. Os jornais publicaram nesta semana a contratação, pela emissora, do chatérrimo Cazé (MTV). Fiquei então pensando em como a emissora abrigará tantas novas atrações "jovens" em sua grade de programação. Vejamos... já trabalham por lá Xuxa e Angélica, que há um bom tempo estão investindo também no público adolescente


Há ainda Zeca Camargo com suas intervenções dominicais no Fantástico e o famigerado Malhação. Não podemos deixar de colocar como "jovem" os programas Casseta & Planeta, Muvuca e Sandy & Júnior. E agora terão também que achar lugar para Sérgio Groissman, Luciano Huck e Cazé. Sei não... sinto cheiro de fritura no ar. Alguns vão dançar feio. E se isto não acontecer, em que horário serão colocados todos no ar. Não esqueçam que há ainda a necessidade de ser acomodado Jô Soares


Já sabemos que Mulher sai do ar. Pode também sair Sai de Baixo, que parece esgotado. Nas novelas duvido que mexam e filmes, bem, faz tempo que a Globo só mantém Sessão da Tarde e os noturnos, tão noturnos que dificilmente caberia qualquer outro tipo de programação no horário


É claro que eu não me ocupo com este pensamento por muito tempo pois isto em nada contribui para o andar da minha vidinha... mas, como costumo dizer, se não fosse curiosa não seria jornalista.


         E como sou curiosa... gostaria ainda de pedir um favorzinho aos meus leitores. Infelizmente não recebo o número de e-mails que gostaria e estou precisando saber quem são vocês. Se tivesse dinheiro contrataria uma empresa de pesquisa, como não é o caso, peço que respondam ao seguinte questionário:


1. Quais os três programas de sua preferência na TV aberta?


      a) 
     
b)
      c)


2. Quais os três programas de sua preferência nos canaisc por assinatura? (cite os canais)


      a)  
      b)

     
c)


3. Qual operadora de TV à cabo ou por satélite que você assina?

A mídia, não é novidade e nem segredo, tem o dom de tornar célebre uma nulidade qualquer.

A mídia, não é novidade e nem segredo, tem o dom de tornar célebre uma nulidade qualquer. Homens e mulheres que não chamariam a atenção quando desfilassem por calçadões ou shoppings de qualquer cidade, são alçados à condição de símbolos sexuais depois de uma ou duas aparições em rede nacional. Vejam o exemplo do que aconteceu nesta semana com um vereador de Umuarama, interior do estado do Paraná. Ele não virou símbolo sexual, é claro, mas recebeu muito mais atenção do que mereceria, não fosse o bizarro de suas idéias. Que sequer são originais, diga-se.


O tal vereador é um dos mais produtivos da Câmara Municipal de Umuarama. São de sua autoria, por exemplo, as propostas de "emplacar" cachorros e colocar fraldas nos animais para que não sujem as ruas (qualquer semelhança com a novela O Bem Amado não é mera coincidência). Também de sua mente criativa saiu o projeto para que o serviço de ação social pare de distribuir pílulas anticoncepcionais e preservativos.


Brilhante!


Me pergunto então sobre o que faz com que as emissoras de televisão se interessem por este tipo de personagem. O inusitado? Bom... vereadores medíocres existem em todas as Câmaras Municipais mas este, admitamos, não apenas é medíocre como se orgulha do fato. Tanto que é contumaz em seus pleitos "engraçadinhos", diferencial importante.


Ou seria o patético? Será que nós, "produtinhos" mal acabados que somos, temos algum prazer especial em nos defrontarmos com o ridículo do outro para justificarmos nossa própria cretinice e por isso as emissoras tão seguidamente nos presenteiam com estas pérolas?


O argumento que cita o baixo nível de escolaridade brasileiro como responsável por esta realidade não me convence. Fosse assim eu não teria que suportar, a cada segunda-feira, tantos comentários sobre Topa Tudo Por Dinheiro, Sérgio Mallandro e afins, já que ao meu lado só se encontram mestres e doutores.


Definitivamente não sei o que passa pela cabeça dos pauteiros e programadores. Não creio que fiquem sentados em suas cadeiras pensando em formas de idiotizar ainda mais as pessoas como parte de um grande projeto que sabe-se lá qual objetivo final teria. Talvez os programadores e pauteiros sejam apenas brasileiros que, como os políticos, são pinçados de nossa sociedade e, logo, a representam. Isto explicaria a matéria do vereador...


As pessoas que colocam este sujeito no ar são da mesma espécie que deu a ele seu quarto mandato. Somos nós. 


Ai que triste.

Sinopse "criativa" apresenta duas mulheres que se apaixonam pelo mesmo homem mas que são impedidas de amá-lo, cada qual por um motivo.

A Globo anuncia a novela que substituirá Andando nas Nuvens. O elenco conta com Edson Celulari, Cristiana Oliveira e Maitê Proença, sob direção de Jorge Fernando. A sinopse da sinopse da novela foi dada pelo diretor, que diz: "apresenta duas mulheres que se apaixonam pelo mesmo homem mas que são impedidas de amá-lo, cada qual por um motivo".


Que os atores que representam os personagens principais são sempre escolhidos através de combinações entre poucos elementos participantes já temos como verdade absoluta... mas confesso que ainda tinha alguma esperança em ver um pouco de criatividade nos roteiros.


E criatividade, ao menos isso, não faltou para a CNT quando há algum tempo lançou o programa Mãe de Gravata, conduzido por Ronnie Von nas tardes da emissora. Trata-se de um programa feminino apresentado por um homem. Não como um dia aconteceu com Ney Gonçalves Dias em TV Mulher, extinto programa matinal da Globo. Em Mãe de Gravata o "Príncipe da Jovem Guarda" coloca o avental e vai para a cozinha. Faz gracinhas, dá risada e presta serviços típicos em programas do gênero.


Só que Ronnie Von faz isto melhor do que as chatas apresentadoras que povoam os horários nada nobres da televisão nacional. De um modo geral ele se sai bem no modelito "dono-de-casa", posição que, como sua assessoria gosta de destacar, está muito próxima da vivência do dono de já nem tão sedosos cabelos mas ainda com certo charme.


E já que hoje estou toda concatenadinha... falando em charme... isto é o que não consigo ver em Suzana Alves, a Tiazinha. Mas não quero entrar neste mérito pois desde que um amigo confessou-me ser fã e admirador da "doce e meiga" Sandy, desisti de discutir sobre gosto. O que me chama a atenção é a pobreza do personagem Tiazinha. Fake perde. É sadomasoquismo padrão Ratinho, rasteiro. Fantasia de filme classe Z. Não tem qualquer requinte.


Pois Tiazinha acaba de lançar - no dia 4 - seu programete de 10 minutos diários na Band, As Aventuras de Tiazinha, que tem a pretensão de querer remeter o telespectador ao clima das H&Q


A moça "interpreta" personagem futurista e cheio de poderes, que vive situações beligerantes contra o mal. E o mal, creiam nas intenções socializantes de Tiazinha, é encarnado por dirigentes de grandes corporações.


O problema disso tudo é que no papel a história até funciona. Depois de assistir um capítulo da noveleta, com duração semanal, fui até o site da emissora para ver a ficha técnica. Lá encontrei uma espécie de apresentação do programa e vi que, no papel, ou na cyber-telinha, ele é bem melhor. Talvez porque o papel e o monitor não exijam muito dinheiro, o que não acontece na televisão onde produções similares da Globo, por exemplo, chegam a custar um mínimo de 30 mil dólares por capítulo.


O programa segue a sina de sua protagonista. Fetiche para aqueles que são desprovidos de maiores possibilidades de sonhos... produziu programa igualmente pobre.


Mas isto já era esperado.


Obs.: A melhor frase da televisão nos últimos tempos veio na forma de resposta do Ronaldinho. Provavelmente já cheio das insinuações de que Milene estaria dando o maior golpe da barriga ele perguntou aos repórteres se eles por acaso achavam que ele, o jogador, não sabe como evitar filho. Êta mundo que não evolui. Continuam achando que a obrigação de evitar filhos é da mulher e que estas se fazem engravidar por inocentes homens, vítimas de suas teias. Tsk, tsk, tsk.