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Se o mineiro, diria Nélson Rodrigues, só é solidário no câncer... o brasileiro só é solidário na vitória.

Se o mineiro, diria Nélson Rodrigues, só é solidário no câncer... o brasileiro só é solidário na vitória. No início do ano os jornais do país estampavam manchetes do tipo "Guga fracassa". Hoje, novamente campeão em Roland Garros, o garotão de Santa Catarina é o "Brasil vitorioso".


Jamais esquecerei uma vitória de Joaquim Cruz em Olímpiadas da década de 80. Era dia das mães e um repórter se aproximou esperando que o corredor fizesse sua homenagem à data. Nada sutil perguntou: "a quem você dedica esta vitória, Joaquim"? Ao que ele respondeu: "a mim. Eu que batalhei sem apoio algum" (era algo assim).


Bem fez ele e felizmente tive a oportunidade de, anos depois, cumprimentá-lo por esta resposta.


É fácil ter torcida no sucesso. É mole patrocinar um atleta pronto.


Ontem foi sábado e a noite de Paris fervilhava. Enquanto a gurizada dançava enlouquecida em algum clube... Guga dormia em um quarto de hotel. Se é que conseguia dormir.


Esta vitória não é do Brasil, não é de Florianópolis e muito menos minha.


Pode ser dos Kuerten... seguramente é um tanto de Larry... mas é sobretudo de Guga.


Só dele.


Parabéns a ele e à Rede Record. Que ganhada!!!

Vocês lembram do outrora reconhecido como um dos homens mais elegantes do país?

Vocês lembram do outrora reconhecido como um dos homens mais elegantes do país? Era comum ouvirmos, até preconceituosamente, que “Jô consegue ser elegante mesmo gordo”.


Pois é... cadê este homem? Logo após sua estréia na Globo o entrevistador desfilou uma série de combinações pra lá de inusitadas. Algo no gênero casaco listrado + camisa xadrez + gravata de bolinha (ou qualquer variação possível destes elementos).


Talvez alertado sobre o efeito que tais modelitos estariam ganhando na telinha, deu uma nova guinada e agora parece estar fiel aos paletós de veludo (ou tecido da família) em cores, no mínimo, “mudernas”. Vermelho... verde... um horror. Sabem aqueles terninhos de pajem, aqueles meninos que carregam alianças em casamento?


E tudo sobre a supervisão de Julio Rego. Anotem o nome do figurinista.


Propagandas... humpft


Aqui em Curitiba rola uma propaganda que me irrita demais. Tudo começa em uma fila. Diversos homens estão ali e começa um papinho que deixa claro o objetivo da galera... arrumar emprego. “Dizem que aqui é o melhor lugar para conseguir emprego”, comenta um. Ok. Ao final do anúncio, e da fila, eles chegam numa banca de revistas e compram exemplar do jornal de maior circulação no Paraná. Entra então uma voz em off dizendo que são os únicos classificados que garantem resposta ao seu anúncio de oferta de emprego.


HAHAHAHAHAHAHA!!!! Do jeito que estão as coisas se eu pendurar anúncio no poste de uma rua com pouco tráfego vai chover neguinho em minha porta. Quero ver o contrário. Um desempregado colocar anúncio e encontrar empresa interessada. A agência que fez este anúncio vai ganhar o Leão este ano.


Cabo de guerra


As operadoras de TV por assinatura estão na maior guerra. Promoção de um lado e de outro. Todas investindo um monte em campanhas de fidelização do cliente.


De minha parte quero saber duas coisas: quando os canais vão respeitar o público e parar de alterar a grade, reprisando episódios dos seriados sem aviso, e quando a Internet será disponibilizada no meu bairro.


Fora isso... me poupem de tanta correspondência.


Globo x Ibope


Os grandes jornais e revistas do país estão radiantes. SBT e Record têm veiculado páginas e páginas de anúncios comemorando as surras que têm dado na Globo. No caso da Record foi algo bem pontual, a final de Roland Garros. O mesmo não se pode dizer do SBT, que vem ganhando da concorrente em vários e disputadíssimos horários.


A Globo vem apanhando durante a transmissão total ou parcial de Muvuca, Casseta & Planeta, Linha Direta, Sai de Baixo e até Faustão, entre outros...


É fácil conjecturar sobre tudo isso.


Em primeiríssimo lugar temos o advento do controle remoto. Há que se considerar ainda que boa parcela do público da Globo (tradicionalmente “mais qualificado”) migrou para a TV por assinatura e Internet, o que não há de ser um grande problema para o Grupo já que está com os dois pés muito bem fincados em ambas.


Mas eu estou vibrando com isso. Quero mais é que a guerra continue.


É claro que a tendência neste embate está longe de ser a melhoria dos programas... o que me alegra nisso tudo são os anúncios em jornais e revistas, meus históricos patrões.


Com um dinheirinho a mais talvez eles parem com os cortes de pessoal

O que leva seus personagens a sempre colocarem um possessivo antes ou após cada substantivo?

Ao final de Terra Nostra libero uma pergunta que esteve sempre em minha cabeça nestes meses todos. O que leva seus personagens a sempre colocarem um possessivo antes ou após cada substantivo?


Em Terra Nostra não existe amor, não existe marido e não existe mulher. É sempre “amore mio”, “minha mulher”, “meu esposo”.


Não existe sequer filho ou pai... em português ou em italiano, é sempre “filho meu”, “Sr. meu pai”. E isto ocorre tanto com os personagens brasileiros quanto com os imigrantes, de forma que não se trata de um efeito “sole mio”.


Diante disso, leitores meus, começa aqui a coluna minha.


Por sugestão do editor meu, Gilnei, e em comemoração a centésima coluna minha, o leitor que enviar a melhor resposta a este questão vai ganhar de prêmio a antológica Telefunken que inspirou minha primeira coluna, intitulada Verde e Rosa Valvulado.


Escrevam justificando o possessivo usado em Terra Nostra e concorram a este maravilhoso e inestimável brinde.


E para continuar no ritmo Nico Fidenco... não se pode dizer que a ítalo-novela, agora em seus últimos capítulos,  não tenha inovado. Seja premeditadamente ou não, inovou sim.


Nunca vi uma novela com torcida tão contrária ao casal de protagonistas. Não há pessoa que eu fale que torça pelo final feliz de Matteo e Giuliana. Todos querem que a moçoila acabe nos braços de Marco Antonio. De mães a tias, de diaristas a balconistas, taxistas... unanimidade.


Deve ser por conta do carisma de Thiago Lacerda, o mais legítimo herdeiro de Tarcísio Meira. Melhor até que Tarcisinho. Quando Thiagão recebeu a sinopse estava escrito que seria um imigrante bronco. Aí ele esqueceu de imprimir um pouco de ternura em seu personagem (ou não conseguiu). Ficou só nisso.


Pior que Matteo só o que a Sony vem fazendo com seus telespectadores. Mudou a grade de programação, começou a reprisar episódios de seus seriados top e a gente nunca sabe o que vai passar. Ficamos esperando para ver um seriado e quando ele inicia... bomba... as cenas são se duas temporadas passadas.


Perdi completamente a paciência. Tudo bem que estejamos abaixo da linha do Equador... mas ainda somos consumidores. Empobrecidos, é evidente, “pero” consumidores.


E para quem reclama da programação de domingo, uma dica. Assista na Cultura, às 19 horas, Projeto Atlântico. Nelson Motta e Eugênia de Mello e Castro juntam um artista brasileiro com um português e mandam ver no papinho. De quebra umas cantorias legais.


Neste domingo, dia 28, tem Maria Bethânia e António Alçada Baptista, no próximo domingo, dia 04, é a vez de Edu Lobo e Sérgio Godinho. 


Melhor que show de calouros e pegadinhas.


Inté.

Reconheçamos... meia página de FSP para uma atriz que não atuava desde 91 é muito mais do que terá grande parte dos atores-tamagoshi que andam por aí.

Como sempre faço logo ao acordar, pego meu copinho de suco de laranja e ponho-me a ler o jornal. Na capa, além de mais uma fotografia ilustrando a disputa MST x FHC e manchetes sobre a cobrança dos pedágios, dois outros destaques chamam a atenção.


Um, sobre I love You. O vírus transmitido por e-mails que surgiu para deixar, em apenas um dia, 80% das companhias suecas “fora do ar”, para ficarmos somente no que talvez seja o exemplo mais dramático.


O outro destaque, que não tem o singelo nome de I Love You mas que em muitos casos tem tudo a ver com amor, refere-se à morte da atriz Sandra Bréa. Também causada por um vírus que tem deixado “fora do ar” muita gente.


O primeiro recebe uma página e meia. O segundo, meia. Normal. AIDS já não é novidade e, cá pra nós, os computadores estão muito mais presentes na mídia e em nossas vidas do que a atriz.


Mas não foi sempre assim. Alguém que tenha menos de 30 anos dificilmente terá a noção exata do que representou a atriz para os brasileiros. Meu irmão, por exemplo, hoje um quarentão bem apessoado (ressalto para não ganhar um inimigo) era alucinado pela jovem atriz que nos idos de 70 interpretava a filha de Odorico Paraguaçu em O Bem Amado, novela do tempo em que ainda havia boas novelas e em que as sumárias tangas usadas pela atriz ainda causavam clamor.


Cercada pelo misto de adoração e inveja no qual vivem as estrelas, atos como mostrar os seios nus em uma janela porto-alegrense atiçavam o imaginário sexual de uns... e o rancor ciumento de outras (no feminino mesmo).


Mas não quero aqui fazer uma ode a Sandra Bréa. Jamais pertenci ao grupo de seus adoradores e tampouco ao de seus detratores. Pra falar a verdade, nem sequer a considerava boa atriz, apesar de reconhecê-la belíssima.


Quero mesmo é ressaltar como esta mesma pressa com que surgem e se propagam os vírus de computadores... como esta mesma pressa hoje comanda a libido das pessoas.


Com exceção a Vera Fischer, reserva nacional das grandes musas, “deusas” e “deuses” chegam a vão com volatilidade impressionante. Ou você é capaz lembrar quem foi a musa do verão 98/99?


A televisão, esta maquinha que domina nossa sala, é pródiga em criar astros e estrelas. Mas suponho que, ao lançarem novos nomes ao estrelato, as emissoras no fundo gostariam de encontrar alguém que representasse um bom investimento em prazos mais alongados, de duração superior ao período de uma ou duas novelas.


Quem não gostaria de ter sob contrato uma Catherine Deneuve (a reserva mundial de grandes musas)?


Tanto isto pode ser verdade que mesmo com seu comportamento indisciplinado (que já valeu até sanções drásticas), a Globo, com todo seu poderio, não prescinde de chamar Vera Fischer para estrelar uma nova produção.


Me perdoem Débora Secco, Camila Pitanga, Thiago Lacerda e afins, todos umas gracinhas, mas falta a eles o plus que faz uma estrela. Falta-lhes “atitude”, uma expressão que, paradoxalmente, é sempre mencionada pela geração dos atores citados para exemplificar característica pessoal que admiram.


Enquanto isso os “musos” e “musas” vão se como vírus cibernéticos. São criados e distribuídos em profusão até que surja um antídoto, aí seus idealizadores mudam uma ou duas “linhas” do “programa” e tudo começa novamente. Saem dos “chips” novas estrelas que só não são virtuais porque existem biologicamente.


Também como os vírus de computadores, compreensivelmente ocupam mais páginas em jornais que o HIV e a morte de Sandra Bréa. 


Mas reconheçamos... meia página de FSP para uma atriz que não atuava desde 91 (desconsiderando participação relâmpago no último capítulo de Zazá, em 98) é muito mais do que terá grande parte dos atores-tamagoshi que andam por aí.

Começo a coluna da semana fazendo algo inusitado neste espaço... um elogio. A merecedora de tal benesse é a Rede Globo de Televisão, que acaba de lançar a novela Uga Uga.

Começo a coluna da semana fazendo algo inusitado neste espaço... um elogio. A merecedora de tal benesse é a Rede Globo de Televisão, que acaba de lançar a novela Uga Uga


É claro que o elogio não se deve à trama da novela, uma leitura muito rasa de Tarzan, personagem de Edgar Rice Burroughs que recentemente teve excelente versão no desenho animado dos Estúdios Disney.


O que eu gostei mesmo foi do nome escolhido.


Uga Uga, onomatopéia associada a alguns primatas, pode ser compreendida como uma grande gozação do autor da novela pra cima de nós, telespectadores. 


Gosto desta teoria pois faz pensar que só um cérebro primitivo é capaz de acompanhar aquela trama. 


Primeiro... o protagonista e sua língua. Tribo isolada no Pantanal é dose cavalar. 


Não me atenho a comentar muito os papéis de Humberto Martins e Marcelo Novais (Novaes?) pois já foram suficientemente escrachados na mídia nacional por serem repetições de atores/personagens em novelas do mesmo autor. 


Agora... juntar romanticamente Sílvia Pfiffer e Lima Duarte também é forçar a barra. Ainda que no passado... não dá. Ver os dois contracenando é de uma tristeza profunda. Ela, com a falta de expressão de sempre, ainda consegue se salvar por conta de seu indiscutível charme. Ele, nem isso. 


Ao contrário de sua parceira de elenco, a Lima Duarte não falta expressão... sobra. Mais do que nunca o ator over-interpreta. Se alguém por acaso assistiu a abertura da convenção anual da Globo saberá do que estou falando.


Na ocasião foi entregue a Lima Duarte a responsabilidade de ler o texto de abertura do evento. Uga Uga!!! Parecia político interiorano no palanque. Sabe aquela impostação de discurso? Com todas as ênfases e gestos característicos?


É por essas e por outras que a outrora hegemônica emissora tem levado verdadeiras surras no Ibope. Depois que surgiu o controle remoto fica muito mais fácil passear pelos canais e ver que até um filmeco de quinta categoria pode ser melhor que Ugas Ugas, Muvucas e afins.


Afinal a gente pode ter cérebro de símio... mas até os macacos sabem manipular o controle.

Ao surgimento de cada nova tecnologia advém teorias catastróficas sobre o destino do que já está estabelecido.

Ao surgimento de cada nova tecnologia advém teorias catastróficas sobre o destino do que já está estabelecido. As tecnologias de informação costumam ser recordistas nestas discussões.


Foi assim no surgimento do rádio, do cinema, da televisão, do videocassete doméstico e, agora, da Internet.


Acompanhando artigos e entrevistas sobre o assunto noto uma grande diferença nos sentimentos que envolvem este e que envolveram outros embates. Se quando surgiu a televisão havia o temor que acabasse com o rádio e se ao surgimento do vídeo seguiu-se um verdadeiro pavor de que pudesse acabar com o cinema, não percebo qualquer receio generalizado sobre a possibilidade da Internet acabar com a televisão.


Primeiro porque a televisão não acabará. É possível que migre do aparelho receptor tradicional para as telas dos micros, muito embora eu acredite que, com os novos aparelhinhos que se acoplam à TV tradicional, será mais fácil internautas migrarem dos micros para ela.


Desta forma, no micro, na TV ou no equipamento que se sabe lá inventarão, a televisão não acabará. Mas mudará muito?


Com certeza sim. A começar pelas legislações vigentes.


Uma grande mudança, decorrência do mundo pós-TV-por-assinatura, é a internacionalização do que assistimos e do que assistiremos. Enquanto as leis que regem a comunicação tradicional no país ainda não permitem, ao menos não abertamente, investimentos estrangeiros... o que vemos no mundo virtual é uma sucessão de aquisições de provedores locais por empresas internacionais que passam a desenvolver aqui atividades antes restritas a empresários brasileiros, sobretudo o jornalismo.


Quer dizer... o sr. Ted Turner, dono da CNN, não pode montar uma emissora de TV no Brasil mas pode manter um portal com jornalismo. Isto já é uma mudança e tanto.


Outra mudança imediata que percebo, e esta diz respeito a mim e a meus pares, é a regulamentação da profissão de jornalista. Questão de honra há até bem pouco tempo, o discurso que defende a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão tornou-se a coisa mais obsoleta e absurda do mundo.


Pensem bem... se o sindicato da categoria, outra instituição obsoleta, não conseguiu até hoje fiscalizar o jornal que fica na esquina... imaginem se conseguirá ter atuação no mundo do cyber-news? Quá, quá, quá!!!! 


Disse isso noite destas a universitários para os quais fui convidada a palestrar e um dos professores, sindicalista profissional, quase me bateu.


Temos então duas leis que precisam de imediata análise.


Fora isso, há também a questão da forma como a nova TV se apresentará. A mim parece inevitável que aumente a interatividade e as opções do telespectador (será ainda este o nome que receberá a assistência?). Além de escolher quando assistir este ou aquele programa, tal como boa parte dos clippings de notícias que andam por aí, poderemos escolher os assuntos que receberemos.


Isto significa que o Fantástico não acabará (acho que só a hecatombe poria fim naquilo), mas o veremos, ou não, quando quisermos e só os quadros que quisermos.


Basicamente esta será a grande diferença, a considerar os rumos que a questão vem tomando.


Isto me faz voltar a um assunto que já abordei neste espaço há mais de um ano. É impressionante como a tecnologia avança em proporção infinitamente superior às ciências humanas e que a própria arte. Não que TV seja arte, não me entendam mal... mas é feita majoritariamente por profissionais de formação humanística.


Recentemente entrevistei o professor francês Henri Dou, PhD em gestão do conhecimento, que se mostrava muito preocupado com esta realidade. Disse ele neste nosso contato, que o mundo vai ter que se dedicar um pouco mais ao conhecimento humano sob pena de ser devorado pela tecnologia. E olha que ele vive dela.


Infelizmente o que ele pensa não ganha relevância se considerarmos que é um francês, povo com vasta tradição em pensamento mas que há muito deixou de ser uma voz com alcance mundial. Pode até estar certo mas isto pouco importará em uma ordem mundial que relega filosofia e ciências afins a um plano ínfimo.


Desta forma, seja como for a futura televisão, será a mesma droga. Basta pensarmos que os meios de transmissão e os equipamentos de produção estarão sempre cada vez mais rápidos... enquanto nós, os humanos que pilotamos tudo isso, pouco avançamos em termos físicos e culturais.


Quero dizer... neguinho que se ferre pra suprir 24 horas, meses e anos de transmissão ininterrupta para esta indústria. E neguinho que se ferre ainda mais para receber a porcaria que resulta desta loucura toda.


É possível que esta até seja outra causa para a já citada falta de paixão que cerca as discussões sobre a possibilidade da TV acabar. Além de isto não ser plausível... do jeito apressado e descuidado como é feita, quem se importaria?

Quem é capaz de achar engraçado Ed Banana? A quem, diabos, aquele textinho poético do Pedro Bial convence?

É comum aqui nesta coluna eu perguntar, sem qualquer expectativa de resposta conclusiva, quem é o telespectador brasileiro. A programação sei muito bem quem elabora. Todos sabemos. Mas e quem assiste? Quem é capaz de achar engraçado Ed Banana? A quem, diabos, aquele textinho poético do Pedro Bial convence?


Penso nestas perguntas e só vislumbro nuvens.


Já recorri a diversas pesquisas de audiência, conseguidas através de amigos publicitários. Nada concluo pois não posso acreditar em pesquisas que me colocam como Classe A só porque tenho três banheiros em casa. Só eu sei que isto não é real.


Se todo aquele calhamaço que o IBOPE vende às agências nada me diz... restamme poucas possibilidades na busca de resposta razoável para a questão.


Tenho uma amiga que possui o maior depositório de asneira do mundo. Não me entendam mal, por favor, refiro-me a sua "caixinha" de email. Jamais vi tanta bobagem junta, nem mesmo na televisão.


Pois nesta semana ela repassou mensagem que, imagino, já deve correr há algum tempo na rede. Lendo com atenção, contudo, penso que seu conteúdo pode ajudar um pouco a clarear minha mente sobre esta questão.


A mensagem, tida como verídica, é supostamente enviada pelo professor José Roberto Mathas, que teria feito uma seleção de frases escritas por nossos queridos vestibulandos em redação sobre o tema A TV forma, deforma ou informa?


Vamos a elas então. Para ficar no clima de Terra Nostra... se não é vero é bem trovatto... e elucidativo.


-          A TV possui um grau elevadíssimo de informações que nos enriquece de maneira pobre, pois se tornamos uns viciados deste veículo de comunicação 


-          A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação, informação e deformação


-          A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada não.... 


-          A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo intertida, como também as vista


-          A televisão passa para as pessoas que a vida é um conto de fábulas e com isso fabrica muitas cabeças


-          Sempre, ou quase sempre a TV está mais perto de nosco... fazendo com que o telespectador solte o seu lado obscuro


-          A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral 


-          A televisão é um meio de comunicação e porque não dizer de locomoção


-          A TV é o oxigênio que forma nossas idéias.... por isso é que podemos dizer que esse meio de transporte é capaz de informar e deformar os homens 


-          A TV exerce poder, levando informações diárias e porque não dizer horárias


-          Nós estamos nos diluindo a cada dia e não se pode dizer que a TV não tem nada a ver com isso


-          A televisão leva fatos a trilhares de pessoas


-          A TV acomoda aos teles inspectadores


-          A informação fornecida pela TV é pacífica de falhas


-          A TV pode ser definida como uma faca de três gumes. Ela tanto pode formar, como informar e deformar


 E agora os inteligentes leitores esperam meu escárnio? Pois não terão. Acostumada a entrevistar pequenos agricultores e aqueles que compõem o que ficou celebrizado como "povão", acostumei-me a entender o que desejam realmente dizer as pessoas. Há muito tempo descobri que "cãibra de sangue" significa para muitos... hemorragia.Pequenos erros não me assustam.


Fiquei feliz ao ler estas frases. Mostram que, apesar de não terem intimidade com a palavra escrita, seus autores conseguem captar a síntese da televisão. Ou será que, traduzidas para uma linguagem mais acadêmica, estarão tão erradas assim?


Tomara que estas frases sejam verdadeiras pois assim me tranquilizo. Em geral a galera pode não saber escrever mas sabe o que é a televisão e o que significa.


E ela é mesmo "uma faca de três gumes".

Costumo propagar por aí que gente é um produto muito mal acabado, que não passou por controle de qualidade muito rigoroso.

Um de meus mais freqüentes chavões diz respeito ao que penso de nós, criaturinhas. Costumo propagar por aí que gente é um produto muito mal acabado, que não passou por controle de qualidade muito rigoroso.


Pois estava vendo nada na TV, isto é, arrumando gavetas com a TV ligada, quando percebi o óbvio: que sendo fruto do trabalho humano, a televisão repete nossos paradoxos.


Pus-me então a buscar exemplos que confirmassem esta reles constatação e não me foi difícil encontrá-los. Vejamos dois...


Nesta semana a Globo apresentou o primeiro de uma série de programas comemorativos aos 50 anos da TV brasileira e aos 35 dela própria. Desnecessário dizer que a maior parte dos documentos apresentados pertenciam aos arquivos da própria emissora.


Não vou aqui dizer que fez isto com base na filosofia de puxar o assado para sua própria sardinha pois já esgotei, no segundo parágrafo, meu estoque de obviedades. Prefiro acreditar que, por ser mais estruturada que outras emissoras, mantém seus arquivos em melhores condições.


Mas o que importa mesmo são as “humanidades” da televisão...


O programa mostrou trechos de novelas, humorísticos e uma boa quantidade de imagens jornalísticas que justificassem o nome dado ao especial A TV na Vida do Brasileiro. E foi justamente na sucessão de imagens jornalísticas que a burrice humana se evidenciou.


Para mostrar que a TV testemunhou os grandes momentos nacionais ao longo de todos estes anos, uma das cenas escolhidas foi o famoso debate final da disputa Collor x Lula. Ora, ora, ora!!! Se eu tivesse patrocinado aquele debate, anos depois este seria meu segredo mais guardado. Eu sumiria com a fita para que caísse no esquecimento. Mas, tal são as pessoas são as emissoras, estúpidas.


Tão ou mais incompreensível foi a escolha do filme que a Record levou ao ar na noite de quinta-feira: O Germinal, filme que Claude Berri realizou partindo do clássico de Emile Zola. Vejam só... a Record do Bispo Macedo levando à plebe a adaptação cinematográfica da “bíblia” dos finados “anarcas” e “comunas”. Estranho mesmo.


Além de paradoxal prova que, ao contrário do que alguns - talvez muitos –supõem, nem tudo que passa na TV é fruto de um plano maquiavélico para emburrecer e dominar a nação. Como vimos aqui, faltaria competência na montagem de um bom projeto para tanto.


Muito humano isso.


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O melhor da semana:


Padre Marcelo ensinando a oração do emagrecimento. É simples e consiste apenas em pedir a Jesus que feche nossa boca. Isso ao melhor estilo Teletubbies. Repetindo, repetindo, repetindo. Um terço inteiro cada frase: “Jesus... me ajude a me livrar da gula. Jesus... me ajude a me livrar da gula...”


Se o cara ficar o dia inteiro seguindo a oração do Pe. Marcelo sem dúvida emagrecerá por absoluta falta de tempo para comer.

(Ou como os tanques foram substituídos pelas câmeras)

Duas mulheres agem de forma parecida com propósitos diversos. Uma em São Paulo, a Sra. Pitta, outra em Curitiba, a Sra. Martins de Oliveira.


Nicéia Pitta vai para frente da câmera da Globo denunciar o esquema de corrupção que envolve (ou é capitaneado por) seu marido. Cristina, mulher de Cândido Martins de Oliveira, ex-secretário da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, assume o microfone da CBN para defender o marido afastado do governo paranaense no rescaldo das investigações do narcotráfico.


Duas mulheres. Uma movida pela ressaca de um casamento desfeito. Outra, pela lealdade ao maridão. A despeito de ambas denunciarem verdades ou mentiras, tanto faz, são movidas pelo mesmo instinto básico: a paixão.


Discutir se estão certas ou erradas é algo que não me interessa, já que às emissoras e às protagonistas destes episódios sempre restará o argumento do interesse público. Algo pior me ocorre, como sempre.


Ao ouvir o que tinham a dizer penso que os veículos de comunicação substituíram o tanque das lavadeiras (como todo respeito a estas dignas profissionais).


Do primeiro ao último andar de qualquer pirâmide social, a humanidade parece ter escolhido os veículos de comunicação como o novo grande fórum. O tribunal soberano. D. Nicéa e D. Cristina não poderiam simplesmente buscar um promotor de justiça para a ele fazerem suas denúncias ou defesas. Isto seria pouco glamouroso.


E os veículos, ah! Estão adorando. Sai barato colocar no ar um pobre coitado esbravejando contra qualquer coisa. Dá resultado patrocinar estas catarses, acompanhadas avidamente por uma população louca por um espelho que mostre que sua loucura não é original.


E antes de continuar, uma observação: quando falo em “pobres coitados” não me refiro, considerando os exemplos citados, ao contra-cheque. Falo mesmo de uma carência que de certa forma é mais problemática... Carência de equilíbrio emocional.


A TV e o rádio, principalmente, estão passando por um processo de empobrecimento que não sabemos para onde nos levará. Não há emissora que escape. É Ratinho no SBT, Marcelo Rezende na Globo, Leão... Temos até canal especializado em fofoca, o E!


Não há hierarquia social, há baixarias para todos os bolsos. A exploração da miséria, humana e monetária, parece ser a grande pauta.


Fico triste. Não gosto de ver o ponto de degradação a que chegamos. Faz-me mal ver pessoas lutando por um milhão nas noites do SBT, tentando responder, sem sucesso, a questões tão difíceis quanto o nome do produto eletrônico que nos ajuda a fazer contas.


Acho irritante o “estelionato” da Globo, que “vende” como inédito um capítulo de novela que é quase puro flash-back, como disco “novo” do João Gilberto.


Ver TV, para as pessoas minimamente saudáveis tem sido deprimente. Ainda bem que a safra de cinema está boa. Morro de inveja do meu colega Gastal.

O que acharam do Galvão Bueno chamando o Schumacher de “Schummy”?

Tive um colega certa vez que era um verdadeiro sabujo. Quem nunca os teve na vida? Era um sujeito nojento, daqueles que despreza um outro colega, mas quando este é promovido passa a bajulá-lo descaradamente.


Vocês viram o Grande Prêmio Brasil de Fórmula-1? O que acharam do Galvão Bueno chamando o Schumacher de “Schummy”? Depois que o alemão virou parceiro de equipe do Rubens Barrichelo, Bueno agora é velho amigo do cara. Vá se catar... nos tempos do Senna o Schummacher era reconhecido por Bueno como... digamos... a encarnação do Dick Vigarista. Enojante.


E o que era a “estrelice” do Rubens Ewald Filho durante a transmissão do Oscar pelo SBT? O sujeito praticamente ignorava a Babi. E quando se dirigia à moça era com um tom de superioridade irritante. Acha que está com toda a bola porque consegue identificar rapidamente os filmes apresentados nas rápidas montagens mostradas durante a entrega dos prêmios?


Pois não precisa se achar tanto assim... todos os anos os mesmos filmes estão naquelas montagens... ou vocês já viram entrega de Oscar sem O Mágico de Oz, Ben Hur, Cleópatra  e por aí vai? Não precisa ser Rubens Ewald Filho para isso.


Tudo porque ela vê carisma em Arnold Schwarzenegger e gosta da Madonna... e daí? O cara acha legal aquele cavanhaque que usa!! E ainda tem a cara de pau de falar no programa da Ione (CNT) que deu conselhos pra Babi, que alertou quanto à inveja dos coleguinhas...


E já viram que hoje estou como uma metralhadora...


E o mico da semana não foi da TV mas “passeou” por ali. A Globo anunciou exaustivamente seu portal. Segundos e mais segundos em horário nobre... página e páginas em jornais e revistas. No dia marcado para a estréia estou parada em um sinal quando vejo um bando de adolescentes com faixas e “pirulitos” anunciando o tal. Chego no trabalho e a primeira coisa que faço é conectar-me. Quá quá quá... só havia um pedido de desculpas pois não estavam preparados para o volume de acessos e deu pau em tudo.


E onde está o mico? Se foi um sucesso... não há mico. Como não? A Globo não conhece a própria força? Subestima sua própria mídia? E o pior é que, dias depois, acessei novamente e outra decepção... o portal é muito, muito fraquinho. E como sempre auto-bajulativo. A única concessão feita a veículos de outras empresas diz respeito à TV Cultura. No mais... só dava o Grupão velho.


Jô Soares estréia na segunda. Diz ele que deixará os entrevistados falarem. Se for verdade quero o endereço do psicanalista do Jô. Resultado rápido assim nunca vi. Só se o tratamento foi aplicado pela Marluce...


E corre no Fórum dos colunistas do Baguete um quase-debate sobre “falar bem” ou “falar mal” dos artistas. Acho o seguinte: neguinho se expôs fica sujeito a aplauso e cacetada. Quer trabalhar com privacidade vá ser bancário. Inclusive eu.


E vou parar por aqui pois hoje estou muito azeda.