Adoro achar justificativa chic para as besteiras que faço. Outro dia a conversa girava sobre coisas absurdas que fizemos e lembrei quando, aos 13 ou 14 anos, ganhei dois convites para show do Johnny Mathis no Gigantinho, em Porto Alegre. E fui!
Passei uma vida sem saber o que tinha ido fazer lá quando hoje, na página 36 da biografia do meu amadíssimo David Bowie (escrita por Marc Spitz) encontro o seguinte parágrafo:
"Quando David começou a aprender violão e saxofone na adolescência, os acordes de The inchworm seriam os primeiros que ele procuraria. Se escutar a estrutura e a melodia, é possível ouvir o padrão de muitas das melhores e mais tristes músicas de David Bowie. Está lá em Life on Mars? e Aladdin sane. Até o cover de Dimitri Tiomkin e Ned Washington, Wild is the wind (gravada inicialmente por Johnny Mathis para o filme homônimo de 1957, mas tornada famosa por Nina Simone em 64, Bowie em 76, e em 2000, por Cat Power, no álbum The covers record), tem um pouco de Inchworm no arranjo e na interpretação".
Vamos considerar que eu não sabia porque estava lá. Mas que sou quem sou também porque estive lá.
Sempre há uma forma positiva, e cínica, confesso, de se olhar as coisas.