Esta dracena, presente da @mayasfair , já esteve à beira da morte algumas vezes até que finalmente achou seu lugar na casa. E reviveu tão bem que está florescendo pela segunda vez.
Olhava para ela aqui do meu lugar de almoço lembrando que achava feia sua flor. Mas quem sou eu pra decretar o que é belo ou feio neste mundo? Pra negar o corpo ou a vida do outro, seja ele animal, vegetal ou mineral?
Hoje olhando os perrengues desta dracena eu só celebro que ela tira força do c* pra florescer. Que é o que a gente faz todo dia ou tentamos.
Quase dois anos de pandemia e mais quase dois do inominável. Para quem teve o privilégio de poder cumprir real quarentena, no meu caso por já atuar em home office antes do caos, foi seguro mas puxado. Morando sozinha e amando informação então... a desgraceira entrava sem parar na minha vida.
Alternando entre absurdos vistos e lidos na TV, jornais e rede sociais (as piores pois com possibilidades menos eficientes de seleção), neste período li, vi séries e filmes e ouvi música em muita quantidade. Confesso que houve momentos em que não conseguia fazer os dois primeiros e só a música me apaziguava.
E foi ai que deu-se a grande revelação.
Por caminhos da vida.. mudanças, uniões, separações e, confesso, alma novidadesca, me vi uma pessoa ouvindo música em caixinhas bluetooth espalhadas pela casa. Apesar de equipamentos das melhores marcas do mercado, são caixinhas bluetooth mono, de qualidade limitada. Saudades do meu velho system Gradiente.
Até que o home theater quebrava um galho mas o fato é que são pensados para audiovisual, não para música. Comecei a pesquisar por systems até que achei um lá que me servia e que está na foto do alto. Que avanço! Como alguém que ouve tanta música pode ter se privado de qualidade mínima por tantos anos? E com a aquisição obtive de quebra estimulo para não receber tanto lixo mitomaníaco.
White people problems, sei. É que os problemas de verdade eu deixo na terapia. Aqui é só pra marcar que eu preciso pensar melhor em minhas pequenas decisões cotidianas mas que também grande parte delas não é tão grave que não possa ser corrigida.
Chove em Curitiba e sou medrosa. Já tomei minha dose de reforço da vacina mas não me sinto confortável para frequentar ambientes públicos fechados, tipo cinemas, teatros, restaurante e afins.
Então sigo em meu solitário habitat. Mas não que isto me cause grandes aborrecimentos. Jamais me aborreço comigo mesma. Vantagens de quem não despreza livros, bons filmes e música...
Como há pouco o que se pode controlar hoje sigo empenhada naquilo que depende majoritariamente da minha dedicação. Na minha imersão verde. Sou daquelas que seguem o isolamento social à medida do possível. E meu possível é bem amplo. Isto dito... passo muito tempo de pijama ou em roupas "de ficar em casa", o que era desconfortável para lidar com minha velha e linda horta de temperos localizada em área coletiva do meu prédio, como mostra a foto abaixo.
Há menos de um mês localizei pessoa interessada na minha estante e propus a troca por uma horta Greenleaf. Bingo. Eis que agora tenho em minha cozinha este equipamento autônomo em termos de iluminação e auto irrigável. Basicamente se cuida sozinha. Um milagre do hoje tão questionado dueto ciência e tecnologia.
Manjericão, manjerona, alecrim, sálvia, tomilho e hortelã à mão, prosperando cheios de viço no canto mais escuro de minha cozinha.
Trancada em casa pois sou do tipo que acredita na finitude, na letalidade do vírus e na responsabilidade que temos com o outro. E porque posso, obviamente. Neste cenário fico matutando sobre o que posso fazer pra acomodar minha vida e alma neste ambiente.
Já quebrei espelho, lixei e pintei parede. Joguei fora mesa e diminui numero de cadeiras. Coloquei chaise, rede e plantas no lugar. Tudo na minha cabeça.
Mas se há coisa que aprendi é que pensar é bom. Nos poupa de erros imensos. E a primeira avaliação foi que minhas necessidades em tempos pandêmicos não são as mesmas dos tempos normais. Que esta mesa grande bem que me alegra quando cheia de pessoas queridas ao redor.
Outra fato certeiro é que quando tenho a vontade de mudar um ambiente ou acomodar novos objetos (no caso minhas plantas) o melhor a fazer é esperar. Olhar o espaço atentamente. Pesquisar. A ideia certa vem.
E veio.
Apresento minha nova estante de plantas. Sem obras e sem perdas. Só ganhos.
Da janela vi chegar uma cadeira de escritório para algum vizinho. Lembrei do meu pai.
Há anos ele recebeu uma herança que veio de forma parcelada. Ele então me deu um dinheirinho que eu poderia ter usado de mil formas mas tive a iluminação de comprar a cadeira ali da foto.
Mais um daqueles momentos em que não ser a louca do shopping traz benefícios.
Aninho desgraçado este. E pra piorar, mais longo por bissexto.
Passo bem. Sem maiores sequelas por enquanto. Algum problema de concentração que me fez, apesar do excesso de tempo livre, ler menos que o usualmente faço. Filmes e seriados... só coisa leve. Não dou conta de nada muito tenso.
Tento fugir dos noticiários mas morando sozinha não há como escapar da internet. Mesmo sem querer sou obrigada a ver que somos comandados por uma intelligentsia que abriga pessoas que usam a língua do p como código secreto.
Noto que muitas pessoas mudaram coisas em suas casas neste período. Aqui fiz pequenos reparos nos lascadinhos em quinas de paredes. Virei um às da massa corrida, lixa e rolinho de tinta. Consegui liberar espaço trocando a churrasqueira por uma menor. Pensei em me desfazer da mesa de jantar por pouco uso mas desisti. Esta ideia precisa de mais tempo de maturação.
O que fiz de melhor, disparado, foi integrar plantas em casa. Não cheguei a criar uma urban jungle tão em moda, mas minha casa ganhou mais vida. Muita. Tentam me convencer a ter um bichinho só que, apesar de aprecia-los, sou uma canceriana e a possibilidade de ter meus estofados arranhados, roídos e/ou mijados me cai muito pior que a falta de um rabo abanando.
As plantas não. Elas dão vida e ficam na delas. Rego. Uma com a qual troco idéias me parece estar se desenvolvendo mais rapidamente. Pode ser loucura minha visto que é a que me chegou menor, normal que tenha mais potencial de arrancada.
Como sou novata na coisa, e sistemática, abri um Moleskine exclusivo com as dicas sobre cada uma. Dicas da minha fornecedora oficial, Turiya Brechó das Plantas. Cute!
Estou gostando deste hobby que foi se formando nesta ordem:
Estas plantinhas chegaram somando à minha horta e verdejaram minha vidinha por aqui.
E este post é só porque nada havia escrito este ano. E apesar do que dizem, 2020 existe.
Há algum tempo comentei com um amigo, no Twitter, que gostaria de ser como aquelas tias que têm o dom de catar, plantar e fazer vingar mudinhas de plantas.
Não creio ter chegado a este ponto mas hoje flagrei o primeiro resultado positivo de um processo completo. Há anos D. Soely, mãe da Denise, deu para ela umas cicas. Um jardineiro que não merece este título cortou com a roçadeira duas mudar que as plantas produziram. Consegui salvar uma terceira. Um ano ou mais depois, eis o que eu vi hoje:
Amei.
Aliás, os experimentos com jardinagem aqui em casa andam frutificando:
Uma semana separa o último dia de obra e hoje, o primeiro em que usamos a academia como academia. Outra vida receber nosso professor (não adoto a palavra personal) em um lugar apropriado, ainda que sem todos os equipamentos que desejamos.
Quero deixar claro que a implementação deste projeto não foi um inferno. Não foi sequer horrível. Para ser bem sincera, não fossem os cachorros se verem limitados por dois meses, nada teria nos tirado do sério.
É importante destacar que o positivo resultado físico (e psíquico) só foi possível por cinco "detalhes":
Pesquisa prévia para a escolha do método construtivo.
Encontro com o arquiteto Danilo Corbas, autor deste projeto bonito, simples (jamais simplório) e funcional, totalmente de acordo com o que buscávamos.
Não bastasse o projeto, Danilo ainda nos apresentou o engenheiro Pedro Mestres, que não "amarelou" quando exigimos um prazo máximo de dois meses e esteve sempre presente na obra com seu bom astral e prontas soluções.
A mim e Denise, que fomos capazes de encontrá-los e deixá-los trabalhar. Seja por não mudarmos o projeto inicial, por estarmos disponíveis para responder a qualquer dúvida surgida ou tão somente por termos dimensionado a obra em acordo com nossa capacidade financeira, sem delírios.
E ao Guilherme Reichmann, que emoldurou tudo isso com um jardim espetacular.
Sem estes fatores não há santo que construa coisa alguma em dois meses.
Aos resultados, então:
E como podem perceber, não é exatamente o fim da obra. Falta, como escrevi, comprar os equipamentos desejados (estação multifuncional, plataforma vibratória e mesa de massagem), espelhos e armários, assentar as pedras do caminho para a academia, comprar um "bauzão" que esconda a manta térmica da piscina...
Mas a academia está em nossa casa e uma casa, ou lar, sabemos que é algo em permanente construção.