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Alguém pode me explicar porque novela de época sempre tem um núcleo ambientado no bordel?

Alguém pode me explicar porque novela de época sempre tem um núcleo ambientado no bordel? Não venham me dizer que é porque todos os freqüentavam pois isto não é justificativa suficiente... fosse assim os grandes romances também deveriam traze-los e não me recordo de algo no gênero em "Crime e Castigo", por exemplo.


Mas é claro que não ouso tentar equiparar clássicos da literatura a Gilberto Braga, que apesar de excelente novelista está longe de ser genial. Foi talvez só um exemplo infeliz.


Vou me centrar no que interessa. A Globo lançou nesta semana "A Força de um desejo" e realmente espero que não seja apenas mais uma novela ambientada no período pré-abolicionista, com escravos bondosos, mocinhos idealistas, mulheres sofredoras e "coronéis" malévolos. Para isto já tivemos Escrava Isaura (z?).


E falando em novela de época... vocês já repararam que sempre que as coisas vão mal a melhor fórmula é lançar uma novela ou minissérie de época? A audiência não andava lá estas coisas e então veio "Hilda Furacão", seguida quase que imediatamente por "Chiquinha Gonzaga". Parece que o povo gosta de um passado e a Globo agradece. Dá pra repetir figurino e adereços adoidado.


Mas não serei injusta... até o momento as coisas vão bem. Elenco bonitinho, com Malu Mader e Fábio Assunção retomando a parceria de uma minissérie recente e tão relevante que nem lembro o nome. Fotografia e cenários bacaninhas. Nada mal. É claro que isto é o início e como diria a avó do meu sábio amigo Fabiano Kubrusly, "vassoura nova sempre varre bem".


E sem qualquer preconceito, é apenas uma associação de idéias... falando em vassoura nova... vocês viram a Sônia Braga? O pior não é ela estar, digamos, pouco "inteiraça". Isto é normal e para lá todos caminhamos. Mas precisava falar 


com aquela vozinha tão doce, meiga e forçada? Pode ser exigência do personagem mas Sônia Braga não é atriz suficiente para sufocar sua própria personalidade e forte presença.


Há quem diga que a idéia é fazer com que o público lembre dela, numa espécie "esquentamento" da regravação de "Dancing Days", um de seus maiores sucessos... sob a capa protetora de Gilberto Braga.


A história não é de todo ruim. Fazendeirão maltrata a mulher por conta de algo feito, ou supostamente feito por ela no passado. Filho herói e revoltado, rebela-se contra a situação e sai de casa. Encontra então a "mocinha", que foge um pouco aos padrões pois é Malu Mader liderando o bordel citado lá em cima. E segue por aí.


É claro que esta boa impressão causada pelas primeiras imagens deverá ruir por volta do 40º capítulo, momento em que o fôlego dos novelistas parece sucumbir ante as exigências de uma produção industrial. Aí começa a encheção de linguiça, a baba, o melodrama e o tédio.


Tédio igual ao que anda mergulhada a novela das 8, com seus 20 pontos no Ibope. Número de tirar o sono de qualquer executivo acostumado com antigos 60, 70 pontos.


Qualquer hora a Globo vai fazer novelas de época ambientadas nas décadas de 70 e 80. Tempos em que dominava a telinha de forma indiscutível e em qualquer horário.


Duro vai ser agüentar merchadising dela mesma nas telinhas dos personagens.

No Baguete, ao contrário do que pensam alguns colegas (leiam réplica recebida e publicada no Baguete), eu escrevo em geral sobre televisão... e o que quero escrever. O que me dá na cabeça.

- Triiiimmmm
- Alô!
- Bom dia. Por favor, eu gostaria de falar com o Sr. Daniel Filho?
- E quem deseja falar com ele?
- Meu nome é Márcia, sou colunista do Baguete.


Segundos depois, dada a importância do veículo que represento, me atende Daniel Filho, um dos todos poderosos da Globo.


- Sim Márcia... em que posso ajudá-la?
- Seguinte Sr. Daniel Filho... eu gostaria de saber se quando vocês escrevem o roteiro de Mulher é aquilo mesmo que querem dizer ou se na verdade só jogam palavras fora? Ou então... se fazem seriamente... por que a gente entende como bobagem ainda assim?


E então ele começa a responder e eu vou registrando o que ele diz. Depois sento em meu computador e começo a escrever minha coluna, com base no que ele me respondeu.


Isto seria jornalismo e não é o que faço no Baguete. No Baguete, ao contrário do que pensam alguns colegas (leiam réplica recebida e publicada no Baguete), eu escrevo em geral sobre televisão... e o que quero escrever. O que me dá na cabeça.


Querem alguns exemplos do que posso fazer nesta condição? Vamos lá:


- Este país deve estar com algum problema para ter o Hugo como um dos programas preferidos dos jovens. Este moço, hábil em vender seu peixe, é totalmente sem graça, chato e sem imaginação. Agora que Tiazinha está iniciando carreira solo descolou uma tal de Feiticeira que nada mais é do que um similar da outra. De olhos encobertos e tudo. Hugo é burro... vai acontecer com ele o mesmo que com o Tchan... não dá pra inventar outra Carla Perez.


- Marília Gabriela torturou os brasileiros na última quarta-feira. Fez um programa sobre devotos da Virgem Maria e conseguiu reunir as duas mais insuportáveis cantoras brasileiras: Fafá de Belém e Simone. 


- Hebe Camargo, na segunda-feira, extrapolou qualquer limite ao dedicar seu programa a Andrea Bocceli (é assim que se escreve?). Não que eu tenha algo contra o italiano... e nem a favor. Mas Hebe babava no ombro do cara como se fosse um Deus. Insistia tanto que ele é o máximo que o próprio cantor pareceu constrangido.


- Jô Soares está pior do que nunca. Na entrevista com o psicanalista Magno não deixou que o entrevistado falasse e a toda hora puxava a conversa para o lado do fetiche... mesmo sem gancho algum para fazê-lo. A ego-trip do Jô está cada vez pior.


- Faustão, no domingo anterior, promoveu a maior "volta dos mortos vivos" que a TV brasileira já patrocinou. Desfile de atrações em comemoração aos dez anos de programa. Mal editado, apelativo... deixou claro porque Faustão tem levado sustos de Sílvio Santos e Gugu no Ibope.


- Termina a novela Pecado Capital e parece que ninguém está percebendo. Desta vez a dupla Du Moscovis-Carolina Ferraz não deslanchou. A idéia do remake, se não foi totalmente infeliz, foi totalmente mal elaborada.


- Angélica não precisava ser uma imitadora da Xuxa. Aquela coisa de sofazinho e entrevistados é pura cópia do programa da tia-loira. Quando falta imaginação e sobra preguiça só resta investir na fórmula já conhecida.


Viram só? Isto é o que eu faço no Baguete. Vejo TV e comento o que se passa por lá. Da mesma forma posso assistir a vida e comentar o que se passa nela.


E isto não é jornalismo. É só meu deleite.

É em homenagem a meus críticos que escrevo nesta semana só para ter o prazer de, mais uma vez, contrariá-los.

Recebo semanalmente algumas mensagens de leitores que acompanham meus escritos e de um modo geral eles estão divididos em duas categorias: os que concordam comigo sobre a baixa qualidade da televisão nacional (tem um que consegue detestar Mulher mais do eu)...e outros que reclamam que eu jamais gosto de programa algum.


É em homenagem aos últimos que escrevo nesta semana, talvez só para ter o prazer de mais uma vez ser do contra... e contrariá-los.


Você já viram um programa chamado Ponte Aérea, que vai ao ar por volta da meia-noite na TV Cultura/Educativa? Se entendi direito o programa é dividido entre o Caderno 2000 e a Rede Brasil Revista. O primeiro é um programa de variedades e o segundo é um telejornal.


Pois Ponte Aérea é de uma honestidade impar no cenário da TV brasileira. Com produção paupérrima mesmo para os padrões estatais (é bem mais modesto que Vitrine, por exemplo), Caderno 2000 diferencia-se de tudo o que há nos canais abertos.


Imagine que em apenas 30 minutos conseguiu, na última quarta-feira, abordar com rara inteligência cinema, literatura, música e balé. E sem a "literatice" pela qual algumas vezes resvalam iniciativas do gênero.


A abertura do programa foi uma reportagem sobre Orfeu, o filme de Cacá Diegues, com depoimentos de figurinhas carimbadas e outras nem tanto. É claro que abriu espaço para Caetano, o autor da trilha, consolidar-se como a mais verborrágica figura nacional (depois de Wally Salomão, que não ganha tanto espaço por razões óbvias). Mas até nisso foi eficiente.


Democrático, colocou ao lado de comentários sobre programas que são feitos com exclusividade para os países lusófonos e de uma reportagem sobre Dom Casmurro de Machado de Assis, assuntos tidos como "elevados"... uma matéria sobre o hip hop, gênero considerado por muitos uma espécie de submúsica.


Aproveitando o gancho da estréia do balé O Armário, da Bem-vinda Companhia de Dança de Minas Gerais, citou ainda a autora da obra em que o espetáculo se baseia, Clarice Lispector.


E finalmente, não esqueçam que o programa tem só meia hora, enquanto as televisões brasileiras nos empurravam duas mil e quinhentas matérias sobre os 499 anos do Descobrimento... sobre o centenário de Hitler... Caderno 2000 nos brindava com belíssimos comentários de Nando Gabrieli sobre Duke Ellington, que também estaria completando 100 anos por agora.


Viram só?! Eu não sou tão má assim. O problema é que é difícil ser engraçada quando o programa avaliado é bom. Via de regra minhas colunas são bem melhores quando eu dou risada da cretinice geral.


É por isso que às vezes eu, Dra. Estigma, tenho medo de mim mesma. 

Eles estão por tudo. Nos camelôs, nas conversas, nas rodinhas. Eles são... os Teletubbies.

No trabalho não falta uma mãe que repete-repete-repete seus bordões, em uma lista de discussão recém-pós-teenager-mas-nem-tanto da qual participo, volta e meia, o assunto são eles. Eles estão por tudo. Nos camelôs, nas conversas, nas rodinhas. Eles são... os Teletubbies. Seres coloridinhos, gordinhos, meigos, repetitivos e telemaníacos como quase todas as crianças de idade entre 2 e 5 anos. E, para o meu gosto, chatinhos como quase todas as crianças desta faixa etária.


Eles são muito educativos, temos que convir. Ensinar crianças a soma de 1 + 1 realmente justifica sua produção milionária. Brincadeirinha. Outro dia até vi algo interessante sobre as formas geométricas, com uma bola se transformando em quadrados, triângulos, retângulos...


Há também aquela espécie de televisão que eles carregam na barriga e que, como sempre, repete tudo quantas vezes for acionada para tal. Na verdade este é o melhor achado do programa. Você já levou seu irmãozinho na videolocadora para escolher uma fita? Não importa quantos lançamentos as prateleiras exibam... ele sempre vai querer o mesmo desenho, num ato que desconfio ser absolutamente deliberado para enlouquecer pais, mães e irmãos.


Outro ponto até bacaninha destas televisões é que, apesar de serem uma criação inglesa, os Teletubbies abrem espaço para que, a partir das telas abdominais saiam reportagens sobre temas locais. Lembre-se que o programa é comprado por mais de 20 países e sempre é interessante permitir, com uma simples edição, a inclusão de conteúdo local.


Os Teletubbies diferenciam-se por cor, por estranhas formas que prolongam suas cabeças e alguns adereços. Tinky Winky, o roxo, carrega uma bolsinha vermelha; Laa-laa, a amarela, brinca com uma bola; e Po, o vermelho, tem um patinete; e Dipsy, o verde, um chapéu estilo vaca holandesa. Impossível não decorar quem é quem.


Também como crianças de 2 a 5 anos, não andam... correm. Não conseguem simplesmente caminhar. O cenário, bem, não lembro como eu via as coisas quando era criança, mas aquele mundinho chapado, de vastas planícies gramadas e flores arrumadinhas parece corresponder ao que imagino, fosse minha visão naqueles dias. E falo isto baseada na minha crença em que, depois da morte, nos sentamos em nuvens e ficamos comendo moranguinhos.


Outra semelhança com as crianças pequenas é a eterna luta para dormir. Sempre ao final do programa sai do gramado um periscópio-falante que repete algumas vezes "é hora de dar tchau". É claro que os pequenos seres não se deixam comover de primeira e só não prolongam a "cerimônia do adeus" porque trata-se de um programa de televisão, com tempo de duração rígido.


Sobre os Teletubbies muito se tem falado e escrito nos últimos tempos. Há quem veja na bolsinha vermelha de Tinky Winky uma espécie de referência gay. Pode ser... vai se saber as referências do criador deste personagem. Mas não seria impossível também simplesmente tratar-se de mais uma reprodução do universo infantil. Posso dizer que muitos machos de camisa xadrez que andam por aí, quando criança, vez por outra se travestiram por brincadeira. Normal.


Imaginar conteúdo gay no programa pode muito bem ser obra de gays, que adoram lembrar que grandes nomes da história eram homossexuais... até como forma de mostrar à sociedade que gays também brilham (sem trocadilho, por favor). Da mesma forma, esta colocação pode ter partido da patrulha anti-gay. Irrelevante portanto a discussão, visto que infrutífera.


Olhando Teletubbies assim, rapidinho, o que dá para perceber é sua clara intenção de colocar na telinha o jeito das crianças. É um pouco forçado nesta infantilidade, pois acho que criança não gosta de ser tratada como imbecil, não fosse assim, Vila Sésamo, Sítio do Pica-Pau-Amarelo e Rá-Tim-Bum não teriam feito tanto sucesso.


Mas na verdade o que mais me interessou, depois de assistir, o programa foi a avaliação do meu amiguinho Lucas, de 9 anos.


Lucas, quando perguntei o que ele achava dos Teletubbies, começou a cantar e dançar pela sala, do jeito desengonçado e rodopiante do quarteto televisivo. Seu rosto lindo de Leonardo di Caprio transfigurou-se. O queixo foi para a frente e o olhar ganhou um caráter alienado. A voz, normalmente rouca e forte para um garoto de sua idade, tornou-se um pouco mais aguda e infantil.


Ao final daquela estranha dança, ele virou pra mim, ainda com as feições e voz encarnadas, e disse: "é completamente débil, é completamente débil, é completamente débil”.


Aí fiquei tranqüila. Isto passa. Agora... se você conhece alguém de mais idade que consiga curtir os Teletubbies, encaminhe a um tratamento. Se seu filho abandonar o programa para passar a ver e ouvir Sandy & Júnior... o caso pode ser grave.


Já as crianças de 2 a 5 anos... bem... estas a gente só vai saber daqui a um tempo.


É hora de dar tchau, é hora de dar tchau, é hora de dar tchau.

Segunda e terça-feira estive totalmente envolvida com a visita de Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama.

Segunda e terça-feira estive totalmente envolvida com a visita de Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, que veio a Curitiba para o seminário Valores vHumanos e sua Prática na Vida Cotidiana. Sua Santidade, como o chamam os budistas, é uma figura engraçada. Ri dos próprios “erros do seu inglês ruim” e responde infinitas vezes as repetitivas perguntas que lhe fazem. E por mais distintas que sejam estas repetitivas perguntas, as respostas sempre seguem o mesmo caminho e desembocam na mesma questão, a valorização das possibilidades humanas.


Como não gostar de um homem que acredita que o importante é a prática de se viver a vida eticamente? Que sem ser tolo ou inerte também não se deixa cair na beligerante neurose que temos visto entre tantos povos e facções do mundo moderno. E olha que ele bem teria motivos para uns atos de terrorismo de uma Ação Revolucionária Tibetana da vida.


Mas este não é o papinho dele, que prefere refletir sobre a raiva e o ódio e que está convencido de que estes dois sentimentos não são meios para solucionar problemas. Prefere falar sobre compaixão. Do you know it? Sobre ser feliz.


Fala de uma maneira tão óbvia que é impossível discordar. É tão óbvio que se torna um pouco irritante ver que é necessário o Sr. Tenzin sair de seu mosteiro e percorrer o mundo porque o óbvio, infelizmente, às vezes precisa ser dito. E ele diz e diz e diz. Tornou-se seu ofício e ele o realiza com grande prazer, percebe-se claramente.


Apesar de rir como criança e falar com a pureza só imaginável em uma criança, não é bobo. De jeito nenhum. Sem dizer uma palavra sequer sobre o assunto, conseguiu ser recebido por Fernando Henrique Cardoso depois de dias de negativas. E conseguiu isto não como uma deferência. Conseguiu como uma vitória política num mundo de lobos. Não, bobo ele também não é.


Esta sua falinha mansa que a uns conquista e a outros irrita, a muitos deixa uma sensação de ser politicamente incorreto não apoiar sua causa, por mais que sequer a entendam direito. Talvez até levados um pouco pela doce criança que foi segundo a versão Brad Pitt de sua vida, o filme Sete Anos no Tibet.


Dalai Lama, tirando os chineses, é quase uma unanimidade. É bem verdade que os chineses são muitos e desequilibram qualquer balança... mas foi por isto que FHC o recebeu, a despeito do temor de ver complicada a relação diplomática entre Brasil e China. O presidente deu um jeito de se encontrar fora do Palácio do Planalto com o líder tibetano. Ficaria chato para ele se não o fizesse. Comprovaria a tese de Luiz Fernando Veríssimo e teríamos todos a certeza de que este FHC é mesmo um clone daquele outro, o sociólogo.


Mas e o que isto tudo tem a ver com televisão? Há um link, sempre há. E calma, não vou falar da cobertura que as emissoras fizeram do evento, o que até poderia ser interessante. Vou contar um certo burburinho que circulou entre os 2500 participantes do seminário.


No Teatro Ópera do Arame, em Curitiba, havia pessoas de toda parte do país e até de outros países, próximos e distantes. Havia budistas, havia simpatizantes, estudantes, jornalistas, pesquisadores... havia de tudo. E havia artistas. Artistas famosos e outros nem tanto.


Sim. Estavam lá Christiane Torloni, Maitê Proença, Karina Barum, Ruth Escobar, Fernando Eiras, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Baby (Consuelo) do Brasil, Rita Lee...


A imprensa, é óbvio, abriu espaço para eles e isto irritou profundamente uma boa parcela de "autênticos" budistas. Era comum ouvir comentários do tipo "ele só quer aparecer" e outros menos lisonjeiros. E eu lá, ouvindo tudo isto e pensando que todo mundo acha legal o Richard Gere ser budista... mas a Maitê? Aquela loira??? Quanto preconceito! Que sentimento pequeno e nada ligado aos ensinamentos do líder. Que paradoxo.


De repente me vi, a grande gozadora dos “televisíveis”, defendendo a galera. Será que só porque são famosos não podem ter admirações e crenças? E se as tiverem devem escondê-las? Aí entendi porque a missão de Dalai Lama sobre a terra é repetir, repetir e repetir as mesmas coisas. É ser óbvio. Nem seus seguidores entendem o que fala. Até os budistas têm muito o que aprender sobre compaixão.

Minha vida televisiva mudou. Agora sim o prazer e a emoção de assistir televisão é uma realidade.

Minha vida televisiva mudou. Agora sim o prazer e a emoção de assistir televisão é uma realidade. Recebi a revista da NET e uma das novidades do mês é a ampliação da cobertura esportiva pelo pay-per-view, que passa a incluir os principais campeonatos de golf do mundo.


Com isso, a partir de abril, não mais precisarei zapear tanto e passar pelo constrangimento de ver reunida em um só programa a dupla Ratazana & Afanásio dando lição de moral na minha orelha.


Ou então, na mesma noite e horário, ter que agüentar a apresentação de A Volta (Rooters - Dir. Robert M. Young), no CNT. Ver Sônia Braga dublada numa TV brasileira só não é mais patético do que imaginar-me assistindo o programa anunciado durante os comerciais.


Roberto Leal 500 anos. Atrações? Família Lima, Márcio Greyck e a sensacional entrevista com uma celebridade que eu sequer lembro.


Bom... terminado este desabafo entediado e tedioso, volto a falar em Mulher, o seriado. Não tenho qualquer intenção de tornar-me a inimiga nº 1 do seriado mas recebi uma mensagem do jornalista F. Kubrusly e me vejo obrigada a retomar o tema.


Ele menciona rapidamente as diferenças entre homens e mulheres do programa. Não são muitas e na verdade poderiam ser resumidas em uma só palavra: clichê.


As mulheres de Mulher, tirando Patrícia Pillar e sua colega de apartamento, são invariavelmente chorosas. As pacientes que chegam à clínica estão geralmente envolvidas com homens canalhas, mandões ou intransigentes, quando não reúnem todas estas características.


Adolfo (Cássio Gabus Mendes), o chefão da clínica, é um salafrário dinheirista. O marido da médica chefe (Carlos Zara e Eva Vilma) não consegue aceitar o envolvimento da esposa com a profissão. Os maridos (ou amantes, ou namorados) das pacientes raramente são companheiros, via de regra estão fugindo da raia quando o papo é gravidez ou entornando o caldo quando é doença grave. E por aí vai.


E o pior de tudo é que ganhou prêmios recentemente. Estava lá na TV a cara alegre de Daniel Filho com o troféu na mão. Este é um típico caso a justificar a dito... terra de cego...


Mas tudo bem. O pior está por vir. Já pensaram o que será o domingão? Uma tarde inteira com Faustão, as mil e uma atrações do Fantástico, Sai de Baixo e... Muvuca.


Esta é pra rezar que a segunda-feira chegue logo.

Ele voltou, e desta vez sem boina na cabeça. Marcos Palmeira, só pra me contradizer, encarna um personagem urbano em “Andando nas Nuvens”

Ele voltou, e desta vez sem boina na cabeça. Marcos Palmeira, só pra me contradizer, encarna um personagem urbano em “Andando nas Nuvens”, nova novela da Globo, com os cabelos em selvagem desalinho. Lembram que eu dizia que a versatilidade do ator se resumia ao penteado? Personagens urbanos... cabelo engomadinho. Personagens rurais... cabelinhos in natura. D. Gertrudes Managuá, minha fiel leitora de Foz do Iguaçu, pouco liga pra estas coisas. Vidrada no moço, viajou até o Rio de Janeiro para vê-lo no Sambódromo, sacudindo a maravilhosa bunda que Deus lhe deu.


“Andando nas Nuvens”, pasmem, me agradou. É claro que primeira quinzena de novela costuma ser legal, mas há algo de interessante nesta. A começar que é uma comédia, o que já é um ganho depois daquele drama "ai roubaram minhas crianças no berçário e o que é que eu faço agora contra a bruxa da Marília Pera"?


E depois... finalmente deram uma caprichadinha no elenco. Marco Nanini, Débora Bloch, Suzana Vieira e Marcos Palmeira seguram melhor uma trama. Bem melhor que Murilo Benício. Mesmo com Cláudio Marzo, Felipe Camargo e Márcio Garcia... ainda assim dá pra encarar.


Dizem as resenhas sobre a novela que ela é inspirada nas velhas comédias românticas estilo Rock Hudson/Doris Day. É verdade. Palmeira e Débora Bloch se conhecem em situações tipo “esbarrão”, criam antipatia mútua à primeira vista e, é lógico, se apaixonarão. Igualzinho às velhas sessões da tarde, sem Billy Wilder, lastimavelmente. Com todo respeito ao tal Núcleo Dênis Carvalho.


Mulher


Voltou, em edição empobrecida, “Mulher”, seriado UTI também da Globo. Há um ano, a atriz Carla Daniel escreveu para esta coluna reclamando, entre outras coisas, que eu não reconhecia o valor de se fazer um seriado em película na TV brasileira. Pois até que eu reconhecia ao menos isto... Mas e agora que nem isto mais o seriado tem a seu favor?


Continua a mesma chatice, a mesma sucessão de casos perdidos-soluções emocionantes de sempre e culpa. Muita culpa. A Dr. “Eva Wilma” sente-se culpada porque o filho morreu e ela acredita não ter sido uma mãe suficientemente dedicada já que passou a vida entre o ambulatório e o tratamento intensivo. E  quem precisa da culpa alheia? Ainda mais tão absurda.


Depois reclamam quando eu digo que “Mulher” é uma espécie de “Você Decide” sem a opção do voto...

Programa reba encontra a solução para o desemprego no país.

Encontrada a solução para o desemprego no país. Os desempregados viram bandidos e em assaltos à mão armada matam trabalhadores. Desta forma, abrem-se vagas no mercado de trabalho. Não é genial?


Esta beleza de raciocínio foi perpetrado por uma entrevistada do programa Canal Livre, que a Band de Curitiba leva ao ar diariamente ao meio dia. Um destes programecos porta-de-cadeia que proliferam por aí e cujo nome em nada honra o velho sucesso de Roberto D'Avilla.


Fico em dúvida se não existe qualquer programa que preste na televisão ou se só atraio baixaria. Juro que tento sintonizar em algo decente, inteligente ou simplesmente passável, mas não consigo. Outra noite ouço uma chamada para o “Jornal da Globo” que me fez tremer na cadeira: "população de São Paulo se protege de assaltos com automóveis blindados". Como assim? Quantos paulistas têm automóveis? Destes, quantos podem pagar R$ 80 mil por uma blindagem? Quem escreveu isto? Sabotagem do contínuo contra o editor?


É por isso que ninguém mais consegue discernir entre ficção e realidade... com frases absurdas como estas saindo dos telejornais. Deste jeito não dá para culpar meu vizinho por estar pensando seriamente em encabeçar movimento contra Valdomiro, personagem over-interpretado por José Wilker em Suave Veneno.


Meu vizinho é presidente da Animar - Associação Nacional das Indústrias de Marmoraria. Ele diz que em seu setor não existe alguém tão imbecil quanto Valdomiro e que o personagem estaria denegrindo a imagem do segmento.


Não concordo muito com meu vizinho (que se recusou a dar um desconto para a troca do piso no condomínio), pois acho que imbecil tem em tudo que é lugar. E depois... achar o personagem cretino só porque ficou anos e anos casado-separado, levou uma desconhecida "desmemoriada" para casa e se apaixonou por ela, produziu ao menos duas anti-filhas, entregou seu império de bandeja para viver em paz o grande amor e deixou roubarem o que restou de sua fortuna pessoal (toda transformada em pedras preciosas que carregava numa maleta)?


Como assim "imbecil"? P. injustiça.


Imbecil sou eu, que na coluna passada repeti algumas vezes a expressão DJ (disc-jockey) quando na verdade deveria ter grafado VJ, já que me referia aos apresentadores da “MTV”. E atenção: eu mesma percebi o erro, não recebi uma mensagem sequer sobre o assunto. Isto significa que terei que apelar para a grosseria em meus próximos escritos para garantir maior índice de leitura.

Pessoal anda escrachando os torno dos novos rumos da MTV?

Êba, design novo no Baguete!! Estamos avançando, muit bem. Página nova, vida nova. Vocês viram a polêmica em torno dos novos rumos da MTV? Pessoal anda escrachando. Tem gente que passou mal com a inclusão de pagodes, Rei e na programação da rede.


Pessoalmente não vejo motivo para tanto espanto. mesmo a DJ Soninha anunciou Phill Collins cantando “True Colors” e porcaria porcaria... que diferença existe entre Só Pra Contrariar e o velho Phill?


Percebo que, antes de serem consideradas ruins, as  mudanças ainda não se consolidaram. Soninha está neste momento entrevistando Ney Matogrosso e ambos parecem absolutamente fora de habitat. Ele aparece do alto da sua  maturidade e equilíbrio. A moça demonstra um pouco de aflição ao querer impor um espírito festivo na conversa.


Não deu certo e quando a entrevista terminou ficou um  vazio no ar. Imaginem que ela perguntou a Ney se ele vê alguma semelhança entre sua  performance e a de Manson. É evidente que o cantor nem se dignou a responder com algo além do “nada a ver”. Pior que isto só agüentar o Casé. Muito chato.


O que é aquele “VJ por um Dia”? Sob a capa de  modernidade e deboche pra cima dos programas de auditório só conseguiram fazer mais um              péssimo programa de auditório. Casé anda como Sílvio Santos, senta no sofazinho como Sílvio Santos, “pressiona” os candidatos como em “Tudo por dinheiro” Só que Sílvio Santos é melhor.


Contudo confesso não ser a pessoa mais indicada para  avaliar profundamente as mudanças ocorridas na MTV e por isso busquei apoio de quem realmente pode palpitar. Pedi auxílio a uns cyber-amiguinhos e recebi respostas muito  interessantes. O André Pase, de Porto Alegre, conseguiu a proeza de me fazer abandonar a insuportável tendência a ser do contra para me obrigar a concordar integralmente com tudo o que escreveu.


Não é preguiça minha (confesso que um pouquinho é) mas sou obrigada a reproduzir o que ele pensa sobre as mudanças na MTV. A ver:


“Oi Márcia,


seguinte... para mim só decai. A MTV tá muito mal das  pernas mesmo, e teve de apelar para um reborn como medida desesperada na busca de salvação. Um aspecto bom é que ela ficou mais nacional, com menos porcaria gringa, mas eles continuam forçando a barra com alguns clips que você nunca viu mais gordo (nada contra, mas sempre tem um americano, rapper ou pop, desconhecido por lá).


Mas nem tudo é tão ruim. Pelo menos ficou o “Quis” (ADRIANEEEEE !!) e “o Pé na Cozinha”... mas as outras poucas coisas que me interessam, “SouthPark”, “Fúria” e “Beavis & Butt-Head” continuam na mesma “sombra” de sempre. O “Fúria” é um programa que vive sendo deslocado de quarta para domingo sem aviso.


E também não explicam porque o Gastão -boy -mas-namorado -sortudo -da -Sabrina saiu. A solução para o programa é tri barbada... coloca um VJ que não escorregue no roteiro e na programação, como o Gastão fazia, e joga o programa para a madrugada de quarta para quinta, da 1 da manhã até as 3 da matina. Se é pra ficar de escanteio, que fique bem.


Do cenário novo, saído dum filme B de Sci-Fi, só se salva o “iMac” tangerina (não tinha cor melhor?)”.


Valeu André.


E pra fechar a rosca comento algo bem lembrado pela Daniela Fetzner. Em outras palavras ela diz que estas mudanças fazem com que a MTV brasileira ganhe personalidade internacional junto a suas co-irmãs... mas a tornam igualzinha a todas demais do país com seus pagodes, Bob Charles, auditórios...

Para não perder o hábito, e certa de meu compromisso semanal com o Baguete, ligo a TV em meu tradicional zaping, desta vez em Buenos Aires.

Contrariando minha apresentação ao final da coluna, felizmente, nem só de expedições pelo Brasil rural vivo eu. Vez por outra tenho a chance ganhar outros rumos e esta é uma delas. Estou em Buenos Aires, magnificamente instalada no Hotel Hyatt após chegar de um belo jantar na Recoleta. Para não perder o hábito, e certa de meu compromisso semanal com o Baguete, ligo a TV em meu tradicional zaping.


Entre Anas Marias Bragas que pululam pelos canais da CableVision, encontro algo que me faz mais uma vez ver o quanto a malfadada globalização nos obriga a suportar o que há de pior no mundo. Incrível como conseguimos homogeneidade na ruindade, no baixo. Não bastasse uma humanidade seguindo inteira o mesmo padrão... o padrão eleito é da pior espécie.


Giro pelos 65 canais da CableVision e só encontro baixaria. Uma das maiores é a versão “La Proxima Victima”. Novelón brasileño.


Morro de rir ao ver Natália do Valle, Toni Ramos, Suzana Vieira e demais em dublagens que deixariam a singela professora Helena roxa de inveja (lembram Carrossel?). A impressão que tenho é a de que apenas uma dubladora faz todo trabalho. Não consigo perceber qualquer diferença entre as vozes. De quebra temos Rita Lee em espanhol na abertura.


Agora entendo porque os argentinos nos mandam tanta porcaria. Vingança.Desisto rapidinho desta opção e engato meu zapeador automático.


Chego ao bloco dos canais musicais, quatro seguidos, incluindo MTV, obviamente. Divertidíssimo o programa que passam no momento, “Much”. Um bando de teenagers num estúdio que tenta dar a impressão de animada pista de dança. 15 minutos de péssimo techno e corpos roboticamente dançantes. Até torneio de golf consegue ser mais animado.


E isto nem é tão grave considerando-se que anunciam um show dos “Autenticos Decadentes”, banda sei lá de onde, composta por um bando de velhotes cabeludos  e suas gracinhas que fazem juz ao nome do grupo.


É verdade que nada vi equivalente ao ignóbil roedor mas isto deve ser uma distração minha pois o conceito do personagem não é criação brasileira. Felizmente este ônus não carregamos.


Este negócio de programação é intrigante. Muitas vezes a TV até transmite algumas coisas legais... mas nisso também a uniformidade toma conta e se repete na Argentina um fenômeno. Como em muitos lugares, o melhor é condenado a horários que só são visto pelos insones. Parece que num estranho jogo de compensações, os programadores reservam apenas para os que não conseguem dormir o melhor. Vejo agora, 2h45min, um especial com Pablo Milanez. Não sou tiete do cubano mas devo reconhecer que é um nome que se destaca da mesmice.


Mas até nisso tudo é muito igual.