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Ratinho homenageando Chacrinha. Uau!!! A coisa mais engraçada que vi nos últimos tempos.

Sábado fui ao cinema para ver A Vida em Preto e Branco e quando saí de sessão (não entro em detalhes para não invadir a seara do colega Ney) tenho a grande idéia de telefonar para uma amiga que diz: “venham para cá... estou esperando”.


Ela não mora muito perto do centro da cidade mas a viagem, longa, valeu a pena. Chegando lá ela, ao ouvir o carro estacionando, abriu a porta e gritou: “Márcia, entra correndo. Sua coluna da próxima semana está passando na TV”!!!!


Entro e olho para aquele monstro de 29 polegadas que ela tem na sala. Os alto-falantes tremem.  “Ainda ontem chorei de saudade...”


Está no ar... Ratinho homenageando Chacrinha. Uau!!! A coisa mais engraçada  que vi nos últimos tempos.


Por conta do lançamento de um CD que reúne aqueles que seriam os cantores favoritos do Velho Guerreiro, Ratinho conseguiu juntar o que estava completamente esquecido.


Ratinho é Deus e ressuscitou os mortos!!!


Que eu lembre estavam lá Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, The Fevers, Jair Rodrigues, Sidney Magal, Vips e... pasmem... Luiz Américo e Odair José. E Luiz Américo de boné, como sempre. Só faltou Márcio Greyck, se é que também não ressuscitou e eu perdi.


Ratinho estava vestido a caráter, estilo Chacrinha, mas o melhor eram suas “chacretes”. Perfeitas. A mesma coreografia de quinta categoria, as mesmas caras-e-bocas, a mesma falsa-loirice.


Mais engraçado ainda era o ignóbil roedor repetindo a todo instante: “isto é uma homenagem. Ninguém aqui está querendo tomar o lugar do Chacrinha, que é insubstituível”.  Dizia a frase a cada bloco do programa, previamente ressabiado com as crítica que antevia.


Definitivamente foi muito engraçado ver todos aqueles “astros” desfilando na telona da minha amiga. A única ressalva ao programa tem a ver com a filha de 12 anos da minha amiga, a Mayã. Não parava de reclamar. Dizia que Chacrinha deveria ser um chato pra gostar daqueles artistas.


Não era de se esperar que Ratinho pudesse mostrar a dimensão do que foi Chacrinha, e menos ainda que conseguisse levar a seu programa um outro time de artistas do qual ele também seguramente gostava e que não estava ali.


Ele gostava do Rei, gostava de Chico, Caetano, Gil, Bethânia, Gal, Djavan, Legião Urbana, Barão, Paralamas, Ultraje... Mas aí o problema é do Ratinho, que não tem o cacife que tinha Chacrinha.


Ou Gilberto Gil cantaria: “alô alô seu Ratinho... aquele abraço”

Globo é a maior fatia no bolo publicitário das campanhas do Ministério da Saúde... nos programas jornalísticos vive falando em AIDS... e em suas novelas as moças engravidam, provavelmente por não usarem camisinha.

Beth (Viviane Pasmanter) está grávida na novela Andando nas Nuvens. O filho, atribuído a Arnaldinho (Márcio Garcia), também poderia ser do fotógrafo Raul (Marcelo “marido da Letícia Spiller” Novaes).


Já viram esta? A Globo é a maior fatia no bolo publicitário das campanhas do Ministério da Saúde... nos programas jornalísticos vive falando em AIDS... e em suas novelas as moças engravidam, provavelmente por não usarem camisinha.


Moça de sorte a Beth!!! Transar com dois “galinhas” altamente promíscuos daqueles e só engravidar é uma dádiva.


Porque não integrar a camisinha aos cenários românticos das novelas, já que são os programas de maior audiência? Confiná-la ao jornalismo e à publicidade é pouco.


E associá-a aos estereótipos dos antigos grupos de risco também. Em Suave Veneno, por exemplo, foi mencionado num capítulo que era preciso que o personagem Leozinho se cuidar. Ele disse que não saia sem “a borrachinha”. É uma avanço.. mas só os michês, ocupação do talzinho, devem usá-la?


Repito... é preciso integrá-la ao cenário romântico. Paixão, romantismo , amor não são antídotos.


Fórmula esgotada


Você sabe que um programa já deu todo o pouco que tinha que dar quando começa a apelar para idéias tão estapafúrdias quando cretinas. Num dos últimos Você Decide o tema era: você continuaria uma relação mesmo sabendo que seu amorzinho é um lobisomem?


Se eu fosse uma freudiana convicta, daquelas que encontra significado em tudo o quê vê, eu ainda poderia argumentar que na verdade o lobisomem apresentado nada mais é que um símbolo para manifestações psicóticas. Poderia acreditar que na verdade o lobisomem proposto é na verdade, por exemplo, um maníaco como o do parque... ou um fetiche da moça.


Mas além de não ser freudiana... falta qualidade ao programa para creditarmos a ele qualquer espécie de tentativa de significado.


E o pior está por vir... Luciano Szafir foi anunciado como o novo apresentador do programa.


Debate literário


Luiz Fernando Veríssimo e João Ubaldo andaram recentemente escrevendo crônicas sobre a televisão. Falavam ambos sobre a falta de qualidade dos programas da TV aberta e, um deles, anunciou o surgimento dos “sem-TV-a-cabo”, deixarando a impressão de que há um “mundo melhor” correndo por cabos e antenas pizza.


Isto é uma parcial verdade. A TV por assinatura consegue ser melhor e pior ao mesmo tempo. Há alguma coisa legal mas muita porcaria também... igualzinho a sua “irmã” aberta.


O que acontece é que com 100 canais chegando a sua casa é natural que os programas com alguma qualidade aumentem na mesma proporção. Claro... se você tem mais canais é normal que isto ocorra.


Mas alguns canais intelectualmente aceitos como bons são, na verdade, quase bons. É legal um canal de documentários? Depende. Se rolarem o dia inteiro temas sobre nazismo, a vida dos guepardos, o segredo da tribo sei-lá-o-que”...  aí é um porre. Interessan6te de vez em quando, mas insuportável depois de passada a novidade.


E novidade, cá entre nós, é o que menos existe na TV paga, que sobrevive vive à base da repetição, nos fazendo pagar pela mesma coisa. E mudam a grade sem qualquer anúncio, deixando você sem entender porque um personagem determinado está mais jovem agora do que no episódio passado de sua série favorita.


Na verdade a TV aberta não é tão pior que a outra. Como disse... é só uma questão de proporcionalidade. Eu não acharia justo comprar 100 blusas para gostar de 10... o mesmo com canais.


A TV paga deveria ser toda separadinha e você só compraria os canais de seu interesse.

Uma amiga, cuja família é proprietária de um restaurante e lojas às margens da BR 376, comenta que de toda a família Teletubbies o bonequinho com menos saída é o Tinky Winky. Parece que as crianças até gostam do personagem da bolsinha vermelha... mas os pais se negam a comprá-lo por causa da má fama que usufrui.

Uma amiga, cuja família é proprietária de um restaurante e lojas às margens da BR 376, comenta que de toda a família Teletubbies o bonequinho com menos saída é o Tinky Winky. Parece que as crianças até gostam do personagem da bolsinha vermelha... mas os pais se negam a comprá-lo por causa da má fama que usufrui.


Na mesma semana em que me conta isso vou até a redação de um dos veículos para os quais trabalhos para dar uma olhada na correspondência. Confesso que havia material enviado por assessorais de imprensa de todo país acumulado... e dentre eles chamou minha atenção justamente um grande envelope da Brinquedos Estrela.


Era ainda sobre a participação da fábrica na 16ª Abrin – Feira Internacional de Brinquedos, que aconteceu no início de junho (se alguma assessoria descobrir o atraso com que vejo os materiais que me enviam... estarei livre deles... hahaha... brincadeirinha).


Em meio a toda informação enviada, excepcionalmente boa, fico sabendo, por exemplo, que a Estrela investiu R$ 5,8 milhões no projeto de lançamento de uma linha completa de bonecos em diversos materiais – inclusive alguns que falam. Bonecos estes que custarão entre R$13 e R$ 99 e que deverão, só neste ano, terem 1.2 milhão de unidades vendidas, representando um faturamento estimado de R$ 14 milhões.


E não é só isso. O mesmo material mencionava ainda que outras indústrias estão lançando produtos com a marca dos Teletubbies, é o caso da Trifil (meias, calcinhas e cuecas), Marisol (roupas), Grendene (sandálias e chinelos), Dermiwil (lancheiras, estojos e babador), Som Livre (CDs e fitas de vídeo), Inajá (artigos de festa) e de muitas outras. Mesmo tomando por base as expectativas de faturamento da Estrela... é impossível calcular até onde os “números teletubbies” podem chegar no Brasil.


Mas não são estes números que nos interessam aqui. O que mais me chamou a atenção no material foi a fórmula encontrada para de certa forma anular a crítica que se possa fazer ao programa inglês. O “marketing-teletubbie” diz: “muitas vezes incompreensível para os adultos, os Teletubbies têm um jeito todo especial de se dirigir ao público infantil”.


Bom... então se é incompreensível para mim, que sou adulta, como posso chamá-lo de imbecilizante? Muito hábil esta frase solta no meio a tantas páginas. Mas ainda assim ouso dizer: é imbecilizante. E nem os argumentos supostamente “técnicos” utilizados me convencem do contrário.


Dizem, seus idealizadores e divulgadores, sobre a fórmula Teletubbies:




  • Estimulam a fala: o vocabulário é composto pelas mesmas palavras e frases utilizadas pelas crianças pequenas, fazendo com que se sintam mais confiantes para assistir ao seriado.



  • Facilitam o aprendizado: os Teletubbies oferecem aos menores um mundo de surpresas.



  • Ensinam a ouvir: como os Teletubbies são muito atraídos pelos sons, as crianças passam a prestar mais atenção nos sons.



  • Ensinam por meio de repetição: como as crianças não vêem e ouvem ao mesmo tempo, precisam de tempo para suas adivinhações... essencial no desenvolvimento das habilidades psicológicas.



  • Promovem a afeição: Como os personagens possuem em comum o amor e a vontade de tomarem conta de si próprios, as crianças descobrem como funciona o relacionamento afetivo entre eles.



  • Criam confiança: As brincadeiras inocentes ajudam as crianças a relaxarem e se tornarem confiantes.



  • Ajudam o auto-conhecimento:  as crianças se entusiasmam mais por personagens e situações com as quais possam se identificar.



  • Aumentam a auto-estima: os Teletubbies apresentam um mundo onde cada criança se sente bem consigo mesma. Fazem coisas das quais sentem orgulho.



  • Desenvolvem coordenação motora: promovem a percepção de movimentos e encorajam as crianças a participarem de atividades.



  • Chamam a atenção das crianças para a individualidade: mesmo que os Teletubbies passem a maior parte do tempo juntos... também brincam sozinhos. Com isso as crianças aprendem a enxergar que é normal ser diferente e ter interesses diferentes dos demais.


Não é por nada... mas todos estes argumentos muito mais me parecem fórmula para pegar espectadores do que real preocupação em oferecer a eles algo que efetivamente os ajude em seu crescimento.


Repetir, repetir, repetir, neste caso, é hipnotizante e não didático. Didático é instigar ao novo. Eu não gostaria de ver em meu filho o que acontece com o de minha vizinha. Quando entra o periscópio na “hora de dar tchau” o menino levanta, dá tchau e desliga a TV. Isto é robotização


Querem mesmo saber? As ONGs e a Ragdoll Productions (UK) Ltd. que me perdoem mas eu ainda acho que jogar sal em lesma no jardim é muito mais interessante que ficar em frente da TV assistindo Teletubbies.


Brinquedinho por brinquedinho... sou mais o Kenny (South Park) que ganhei de aniversário. E olha que também não compreendo o que ele fala

Pequenos comentários, alguns totalmente equivocados.

·        Vocês viram a penúltima capa da revista  Chiques & Famosos?  Nela estão estampados os rostos de Sandy Xororó e Lucas Lima (Família Lima) sob manchete que revela estarem os dois apaixonados. Isto é quase a comprovação de profecia feita aqui nesta coluna há alguns meses. Nela eu dizia que, os que sobreviverem ao tempo e a isso, ainda verão os netinhos de Sandy & Júnior cantando na televisão brasileira. Perfeito... bate Hugo e Eliane de longe.


·        E finalmente o melhor programa do ano começou. Tenho assistido ESPN Brasil direto, tudo para ver os X-Games, uma espécie de olimpíadas radicais que desta vez ganhou o poderoso reforço de Renata Falzoni nos comentários.


·        No início de Suave Veneno em acreditava que o desempenho de Letícia Spiller melhoraria com o passar dos capítulos. Qual nada... é totalmente fake. Parece aquelas novelinhas propositalmente mal feitas de Casseta e Planeta. Os gestos são falsos, a entonação é forçada e os olhares... bem... definitivamente não convence. E o pior é que recebeu um dos melhores personagens da trama. É notório que vilões bem interpretados consagram os artistas e ela perdeu sua chance.


·        E falando em Suave Veneno... o autor esbanjou criatividade para “batizar” seus personagens. Valdomiro, Lavínia, Ualber, Elíseo, Emiliana, Romildo, Eleonor, Alceste, Claudionor, Eliete, Ediberto... Parece o novo filme de Maurício Yared, Realidade Virtual. A trama do filme deste jornalista é bem legal e mostra a vida de um carinha que trabalha, consome, se diverte e transa pela Internet. E se chama Ronervaldo.


·        filme é uma comédia dramática com 12 minutos de duração e será lançado na rede, com a possibilidade do público interagir, escolhendo o rumo do filme. Uma espécie de cyber-Você Decide. Mas com roteiro bem mais requintado. Ao menos é que transparece nas entrevistas do cineasta.


·        E apesar dos pesares... bacana a abertura do SBT. Noite destas, com direito a reprise, entrevistaram um diretor da TV Cultura de São Paulo e lá pelas tantas ele disse (mais ou menos isto): “vamos cada vez mais fazer um jornalismo sério, diferente do que se vê usualmente na televisão”. Bacana. Por mais que a TV Cultura não consiga efetivamente representar concorrência para as outras emissoras... com certeza não seria em  qualquer emissora que ele poderia dizer isto.


·        Finalmente gostei de algo ouvido em Sai de Baixo. Magda não para de falar na novela que está assistindo e alguém comenta:  “eu não sabia que Magda estava acompanhando a novela... ela não consegue acompanhar  nem os Telettubies”. Acho que as loiras vão levar mais esta...


·        Estava jantando com um grupo de jornalistas (Você já teve esta experiência?) e o assunto descambou para a “dança” de profissionais de televisão. Todo mundo queria saber o que a Globo resguarda para Ana Maria Braga, sua nova contratada. Eu apostei que não farão nada. Vai ser uma espécie de Mônica Waldwogel do entretenimento. Isto é: contrata e coloca na geladeira. O que pode não ser um fim de todo mal para a entrevistadora recordista de permanência no ar.


·        E é só por hoje.

Outro dia perguntaram qual seria meu método de trabalho e expliquei... passo os dias em frente ao World com TV, pilhas de jornais e revistas, rádio e telefones ao alcance das mãos e dos olhos. De quebra ainda fico conectada na Internet pois neurose pouca é bobagem.


Outro dia perguntaram qual seria meu método de trabalho e expliquei... passo os dias em frente ao World com TV, pilhas de jornais e revistas, rádio e telefones ao alcance das mãos e dos olhos. De quebra ainda fico conectada na Internet pois neurose pouca é bobagem.


Então, entre zapeadas, telefonemas, sites e notícias vou escrevendo, entrevistando e resolvendo pepinos. Uma vida normal, diria. Só percebo eventuais distúrbios quando consigo lembrar dos sonhos que tenho à noite... invariavelmente ligados ao que passou durante o dia ou semana.


Quinta-feira à noite, seguramente tomada pela avalanche de (des)informação que recebo diariamente, misturei televisão e computadores em meus sonho. Sonho não... pesadelo. E daqueles.


Sonhei que poderosos vírus atacavam minha televisão, ao molde do que fazem estes pestinhas nos PCs. Os vírus eram visíveis na telinha da TV, que funcionava em aparente normalidade. Mas não... enquanto eram transmitidas suas imagens... os vírus corroíam o tubo de imagem e as válvulas (no caso do meu Telefunken 76), criando efeitos aterrorizantes.


O pior destes vírius adentrava minha TV durante a exibição do programa Roberto Leal. Lembram dele? Aquele portuguesinho mala que agora tem programa na CNT/Gazeta. Ele apresenta a Família Lima e enquanto o grupo canta e rebola numa imitação barata de Michael Jackson entro em desespero ao ver meu estimado aparelho se desfigurando.


Tento fazer download do novo McAfee e  “acesso” a TV Cultura (para alguns Educativa). Não consigo pois a versão de Antunes Filho para Vestido de Noiva, por mais “cultural” que seja, é teatro gravado... muito antiga para combater o vírus que me aborrece e que ganha novos formatos, se multiplicando em grande velocidade.


A TV, num descontrole total, cria sozinha uma sucessão de imagens desconexas, como um clip  ensandecido. Todas as homenagens que registravam o primeiro aniversário da morte de Leandro estouravam como pipoca no vídeo. Era Leandro no Jornal Nacional, na Marília Gabriela, no Serginho Groissman, no próprio Roberto Leal... ufa!!!


O suor toma conta do meu corpo e saco o controle remoto para sintonizar na MTV. “Aqui não terá Leandro e nem Família Lima para acabar com meu winchester”, penso. Mas que nada... como em um filme de Hitchcock, se tratava apenas da tradicional trégua que precede o pânico final.


Não... não era Phill Collins, que eu até preferiria nesta situação.


"Nosso amor foi feito pra ficar, vou te amar... Fernando”... era o vírus Perla entrevistado por João Gordo. O rosto da cantora paraguaia ganha a tela num close que chega até a boca. E dela sai, em voz gutural como no filme O Exorcista, a última frase... no estertor: “você se ferrou... você se ferrou... hahahahahaha”.


Eu já avisei. Um dia ainda processo as emissoras de TV por perturbarem meu sono. E não me venham dizer que vejo esta droga toda por que quero.


Os tabagistas conhecem o perigo do fumo mas ganham rios de dinheiro processando as indústrias norte-americanas.

Janaína, entre o espanto e o pânico, não soube o que fazer ante a frase acima, gritada da porta.

Segunda-feira à noite, fugindo ao habitual, fui procurar um restaurante para jantar com “velhas” colegas de trabalho. Depois de percorrer alguns quilômetros atrás de uma casa aberta na metrópole em que vivo, encontramos um buffet de sopas que viria muito bem considerando-se o frio que fazia. Na chegada ao restaurante encontramos Janaína e então, ao seu melhor estilo, Juliana grita: “Oh my God! They killed Kenny”!


Janaína, entre o espanto e o pânico, não soube o que fazer. Ela jamais assistiu ao mais politicamente incorreto desenho animado da televisão mundial, South Park. Nada sabe sobre Cartman, o glutão; Kenny, o tartamudo eternamente morto ao final de cada episódio; Kyle, o esperto judeu; e Stan, líder do grupo e proprietário de um cão gay.


E não sabendo de tudo isto também não poderia saber que a resposta à frase “Oh my God! They killed Kenny” seria “You bastard.


Ante a perplexidade de Janaína eu e Juliana, que sempre tivemos grande prazer em implicar com tão doce criatura, perguntamos: “Em que mundo você vive? Você não conhece South Park”? Ao que ela respondeu: “eu não tenho TV por assinatura.


Foi o quanto bastou para que começássemos a discorrer sobre o vasto universo da qual nossa colega está afastada. Para deixá-la um pouco mais sintonizada (e dar vazão ao nosso talento histriônico), iniciamos um verdadeiro bombardeio de informação sobre o mundo dos seriados norte-americanos.


Explicamos a ela que Felicity (Keri Russel) é uma mocinha que, ainda no “high school”, apaixona-se por um rapaz que vai estudar em Nova York e que, por isso, decide mudar seus planos e para seguir o jovem Ben (Scott Speedman). Informamos que Felicity deixa pra trás, contra a vontade da família, os planos de cursar medicina e que logo ao chegar a NY vê seus sonhos românticos ruírem. Mas que tudo bem... logo se envolveria com o monitor da espécie de “Casa do Estudante” em que vive, Noel (Scott Foley). Vamos além... contamos até o episódio da sua “primeira noite.


Ela também nada sabia sobre Felicity e então passamos para Friends. Cruzes!!! Para nosso espanto Janaína não apenas jamais assistiu as aventuras de Monica, Rachel, Ross, Chandler, Joey e Phoebe, os seis companheiros que desde 1994 dão a seus intérpretes prêmios e mais prêmios nos EUA. Pra falar a verdade, nossa amiga sequer conhece Courteney Cox, que faz Monica no seriado. Tentamos lembrá-la de seu trabalho em Ace Ventura, Cocoon ou o mais recente Razão e Sensibilidade... nada.


Sendo bem clara... nossa amiga não conhecia também a família Salinger, de Party Of Five, e menos ainda as crônicas adolescentes de Dawson’s Creek, baseadas nas experiências de juventude do roteirista Kevin Williamson (Eu vi o que você fez no verão passado), vivida na Carolina do Norte.


Mas nem nosso animado empenho em esmiuçar cada um dos seriados comoveu nossa interlocutora, que agora não apresentava mais um olhar de desculpa por não receber o canal Sony em sua casa. Ela agora mostrava um olhar de incredulidade ante nossa cultura televisiva.


Não era um olhar de crítica pois Janaína não é capaz de detonar qualquer pessoa... por qualquer motivo. Sempre foi a mais boazinha do grupo.


Era até um olhar de admiração por nossa capacidade de decorar roteiros, nomes, biografias e fichas técnicas.


Só que este olhar foi o mais cruel de todos pois me fez pensar na serventia de tudo isto. Possivelmente tanto “conhecimento” só serviu mesmo pra eu matar a coluna da semana.


We bastard!

Tenho uma amiga que costuma dizer, quando estou um pouco chateada com algum comentário feito, “liga não, Márcia... ele fala porque tem boca”. E é impressionante como existem muitas pessoas que falam porque têm boca.

Tenho uma amiga que costuma dizer, quando estou um pouco chateada com algum comentário feito, “liga não, Márcia... ele fala porque tem boca”. E é impressionante como existem muitas pessoas que falam porque têm boca.


Já é notória a quantidade de besteiras que fala Galvão Bueno, tanto que é até conhecido, créditos para o José Simão, como “Magdo”. Estava assistindo o jogo entre São Paulo e Corínthians, aquele em que o convidado era o Meligeni. E o Galvão, lá pelas tantas decide explicar para os telespectadores o que é o Grand Slam, formado pelos quatro maiores torneios de tênis do mundo.


Bem... então ele enumera os quatro e diz que “sem dúvida alguma Rolland Garros é o mais charmoso”. Deve ter dito isto para valorizar os feitos de Guga e Meligeni. É a única explicação para que nosso maior ufanista dissesse tal besteira. O torneio mais charmoso do Grand Slam é Wimbledon, meu caro.


Ele jamais deve ter sequer ouvido falar no que significa comer uma taça de morangos com nata nos jardins do famoso clube inglês nos intervalos das partidas. Mas classe não deve ser o forte de alguém que “criou-se” nos boxes engraxados do circuito mundial de Fórmula 1.


Mudando radicalmente de assunto, uma leitora desta coluna comenta a entrada da Band no mundo do sitcom... dos seriados de televisão ao molde do que fazem os norte-americanos. Ela acredita que não vai dar certo pois só os americanos sabem fazer grandes tolices alcançarem bons resultados e cita Dawson, Friends, Felicity, Party of Five, Barrados no Baile e por aí a fora.


Concordo e discordo dela ao mesmo tempo. Temos algumas experiências neste sentido no Brasil. “Confissões de Adolescente” e “Malhação”, são mais recentes mas há ainda “Malu Mulher”, “Plantão de Polícia”, “Amizade Colorida” etc.


Desta forma acredito que a iniciativa da Band é interessante mas, se olharmos para o setor de teledramaturgia nacional e o encararmos como uma empresa, eu diria que se trata de uma distorção de vocação. E explico.


Os melhores produtos da televisão brasileira são as minisséries, que me parecem a verdadeira vocação nacional. E há uma razão para que sejam nosso melhor produto. Vejamos o que acontece com as novelas. As novelas são muito bem feitas mas longas demais e por isso se perdem no meio do caminho. Para encompridá-las é necessário colocar o que popularmente se chama de “encheção de lingüiça” e os roteiros são alterados de acordo com a repercussão de determinado personagem ou tema.


Nas minisséries nada disso acontece. Aproveitam a técnica desenvolvida na indústria das novelas mas por terem poucos capítulos não há o período de “banho-maria”. E por serem obras fechadas, que só vão ao ar depois de concluídas, são bem mais autorais.


Neste sentido os seriados se assemelham com minisséries e podem dar certo. O que me faz também concordar com minha leitora é que enquanto ela me falava sobre sua descrença no sucesso dos seriados é que eu ia ouvindo e associando tudo isto com literatura.


Seriados são curtinhos. Cada episódio tem início, meio e fim, ainda que exista uma ligação entre eles. Isto é mais ou menos como são os contos. E ninguém bate os americanos em short-stories.


Talvez seja mesmo um desvio de vocação.

Há dias nos quais acordo com sentimentos tão... humanos. E refiro-me obviamente, ao pior sentido da palavra.

Há dias nos quais acordo com sentimentos tão... humanos. E refiro-me obviamente, ao pior sentido da palavra. Noite destas, assistindo a um trecho de Suave Veneno, vibrei ao ouvir de Luana Piovani a seguinte frase: "isto é pra aprender que não tinha nada que vim fazer aqui". Eu, que em geral não sigo qualquer credo ou mantenho qualquer crença, me vi agradecendo a Deus pela oportunidade de ver que ela não é perfeita. Sentimento pequeno e típico da "mulherzinha" que sou.


Fico mais feliz ainda (outro estranho e mesquinho sentimento) ao dar uma olhadela nas manchetes da semana e constatar que não estou sozinha em minha pequenez. Vejam o exemplo do que aconteceu com Gustavo Kurten, o Guga, em Rolland Garros.


Guga vinha bem no Aberto Francês. Estava embalado e feliz com seus resultados. A mídia exultava com a possibilidade de ver novamente nosso tenista erguendo a "bacia". Mais do que isto, a mídia já fazia os cálculos para mensurar os pontos que nosso "herói" precisaria para chegar ao Olimpo, ao primeiro lugar do ranking da ATP. E o que aconteceu então? No dia em que Guga entraria na quadra para tentar vaga nas quartas-de-finais, os jornais, as TVs... até o Baguete... todos... saem-se com esta manchete: "Guga não pode mais ser o nº 1". Bacana! Animador! Que grande incentivo ao jogador.


Neste dia, acordei às 7 da manhã para ver a transmissão da ESPN, e o que pude ver foi um jogador apático, sem garra, sem qualquer tesão. Um cara que entrou derrotado na quadra. De que vale um título no Gran Slam se não há a possibilidade de ser o nº 1? Introjetaram no nosso garotão esta porcaria de sentimento e não me venham dizer que um atleta do porte dele deve ter equilíbrio suficiente para superar estas situações. Tênis, muito mais do que aparenta, é um esporte individual. Nem com o técnico é permitido falar durante a partida. E nesta hora de extrema solidão, um ânimo derrotado não reverte nada.


Marília Gabriela, a que um dia já foi considerada nossa Oriana Fallacci (grande repórter italiana, musa de uma geração de jornalistas), é capaz de perceber a miudeza humana como poucos. Só que por alguma estranha razão abandonou a boa prática do jornalismo e caiu em um mundanismo primário inqualificável. Quarta-feira à noite, durante minha "zapeada" habitual, paro um pouco para ver SBT Repórter (que original nome!).


A idéia do programa, me pareceu, era mostrar um pouco da história do Brasil Imperial via história de príncipes e princesas. E então deu-se um gancho (era preciso linkar) maravilhoso. Depois de mostrar Caroline, Stephanie, Lady


Di e a nova esposa do príncipe Edward, Marília sai-se com esta: "no mundo, milhares de mulheres sonham com a possibilidade de se tornarem princesas. Ninguém melhor do que um príncipe para nos contar o que é necessário para conseguir isto". E corta para nosso modelo mais próximo de príncipe... D. Joãozinho, que diz: "ela deve ser discreta, blá, blá, blá, blá...".


Que vergonha de mim, da mídia e de Gabi.

Leitor defende que o barateamento dos aparelhos levaram ao empobrecimento da programação.

Um leitor escreve mencionando o desenvolvimento industrial dos últimos anos e, de certa maneira, credencia a transformação a má qualidade do que nos é apresentado hoje na televisão. Em resumo ele defende que, com o barateamento dos aparelhos, eles se popularizaram e que, com isso, a programação também teria seguido este rumo.


Hum... pode ser. É uma teoria interessante e defensável, muito embora eu não goste de associar o termo "popularizar" a mau gosto. Fosse assim, algumas manifestações absolutamente populares não seriam maravilhosas. Mas isto é outra história, vou adotar o termo "popularizar" como quase sinônimo de má qualidade.


Em primeiro lugar, não estou tão certa assim que a TV de outros tempos seria melhor que a de hoje. E não porque a de hoje tenha mais gabarito, não é isto o que quero dizer... mas acho que são igualmente boas e ruins. Tudo bem, O Bem Amado era melhor que Suave Veneno, mas as minisséries feitas atualmente são tão boas quanto.


Lembro que há mais ou menos duas décadas eram feitos experimentalismos em novelas, o que hoje não é sequer cogitado. Houve uma novela, Espelho Mágico, que não apresentava linearidade alguma. Os atores interpretavam atores que faziam uma novela e uma peça de teatro dentro da novela. Muito interessante e de pouca valorização. Houve ainda a novela Sinal de Alerta, meio futurista, e O Rebu, cuja trama transcorria em a “couple of hours”, que as traduções insistem em verter erradamente para "duas horas".


Mas neste tempo os televisores ainda eram caros e nem assim estas foram novelas de grande audiência para os padrões da época, o que pode derrubar a teoria do meu caro leitor e que no momento defendo.


Da mesma forma associar industrialização e qualidade é perigoso. Se por um lado havia O Sítio do Pica-pau Amarelo, Vila Sésamo e todos os musicais infantis maravilhosos que já foram produzidos... é bom não esquecer que Balança Mas não Cai, Escolhinha, A Praça é Nossa, Hebe Camargo etc não são invenções dos 90's.


Achar que a popularização do aparelho exerce a maior influência no baixo nível da programação pode simplificar demais as coisas. Dentro desta linha, contudo, penso que três fatores relacionados a este fato contribuem para que nós, que de um modo geral não gostamos do que é feito, larguemos paulatinamente o veículo:


1. Apesar de tudo, da falta de investimentos e incentivos públicos, ao menos a classe média está mais escolarizada;


2. A industrialização - videocassetes, CDs, Internet, publicações etc - melhorou muito o processo de informação no país. Houve um avanço tecnológico que não foi acompanhado pelo artístico;


3. Trata-se de um veículo de massa e, por ser assim, é feito para o telespectador médio. Jamais agradará aos mais exigentes no Brasil, na Inglaterra ou em qualquer lugar do mundo. E nunca foi tão "de massa" quanto é hoje.


Pode mesmo ser que algumas pessoas não estejam mais gostando de televisão porque, como disse meu "missivista-eletrônico", antes poucos tinham TV. Se ele estiver certo, imagino que estes poucos talvez hoje estejam saturados de ver sempre a mesma coisa, já que vêm a mesma coisa há mais tempo.


Raciocínio elitista? Não. Se tudo der certo, daqui a alguns anos todos estarão igualmente saturados.

O mais interessante do patético é que ele é tão... patético.

O mais interessante do patético é que ele é tão... patético. Estava noite destas, era uma terça-feira, visitando uma amiga cujos telefones não paravam de tocar. Como as crianças dela estavam já dormindo, não me restou outra alternativa a não ser prostrar-me diante da televisão. Pego o controle e canal up e canal down... "estaciono" no programa da Hebe Camargo. Ops, desculpem-me. Era o programa do Fábio Júnior.


Gente, que gracinha! Tem sofá igual ao da Hebe, entrevistas que nem na Hebe, apresentador-cantante como a Hebe... e os mesmos eternos convidados da Hebe. Estavam lá Tiazinha, Monique Evans, Adriane Galisteu e os "famosos" Joel Moreno e outro que nem sei o nome.


Ao fundo dança, um bando de moças trajando maiôs, com faixas de misses, ladeadas por rapazes em black-tie. E uma orquestrinha ao fundo para acompanhar as cantorias do apresentador e de seus convidados.


Enquanto Tiazinha cantava (???), um dos famosos olhava insistentemente para bunda da moça. E Fábio Júnior com cara de tédio no sofá. Depois foi a vez de cantar o tal Joel Moreno. Fábio Júnior levantou para dançar, mas percebendo que ninguém mais o acompanhava teve um súbito ataque de consciência do papel ridículo que fazia e decidiu sentar novamente, voltando à cara de tédio já mencionada.


A observação mais consistente do programa foi do apresentador, que comentou a "coincidência" de todos os convidados vestirem preto enquanto ele, somente ele, estava totalmente de branco. Uau!!! O sequer-traço-no-Ibope que assistia ao programa nem havia percebido.


Mas isto não foi o pior. Calma. Lá pelas tantas, o programa saiu do auditório e passou a apresentar um esquete cômico.


Acho que percebi que era cômico quando ouvi as risadas eletrônicas. Brincadeirinha, nem lembro se havia isto.


O programa é muito medíocre, "brega", "cafona", "kitsh" ou seja lá o nome que queiram dar. Não consigo entender as opções de cada um. Fábio Júnior, a despeito de não ser sua fã, seria mais respeitável se continuasse apenas cantando, que seu repertório também mereça os adjetivos acima. Ou então fazendo o galã em novelas da Globo, algo que só não faz atualmente, imagino, por não querer.


Deve ser aquela mania de querer chutar o balde e tentar novos veículos que vez por outra acomete a gente para nosso próprio e posterior arrependimento.


E mudando de conversa... e o Dias Gomes? Pois é, coitado. Que azarão. Quando vi as 3.952 entradas ao vivo durante o Jornal Nacional e mais as 4.934 matérias em jornais do dia seguinte não pude deixar de me lembrar do livro "O Furo", cujo personagem central é um jornalista especializado em escrever necrológios e que os têm em arquivos, à espera do momento de serem publicados.


Confesso que mais do que lastimar a morte do grande autor que efetivamente era, fiquei pensando em algumas hipóteses. Será que se a TV não falasse tanto no acidente, tantas pessoas estariam no velório? Será que se a TV tivesse feito uma retrospectiva do trabalho de Luiz Armando Queiroz, morto um dia antes de Gomes, seu enterro não teria sido tão concorrido quanto?


Pensem bem... mostra ele de Tuco (A Grande Família), mostra ele como o mendigo de O Estúpido Cupido etc. Será que se em enterro de artista não houvesse tantos artistas vivos eles seriam tão concorridos?


Por favor, não me acusem de morbidez. Penso nisso com sinceridade.


Eu também acho que Dias Gomes foi responsável por alguns dos momentos mais felizes da TV brasileira, por pelo menos um grande momento do cinema nacional e por boas peças de teatro. Mas não consigo me comover ao ponto da histeria.


Não consigo olhar tudo isto sem enxergar um grande show com participação popular orquestrada.