Sai Jô, entra Babi. A solução encontrada por Sílvio Santos para tapar o buraco deixado pelo desmanche de Jô Soares Onze e Meia foi levar novamente para o horário noturno o velho Programa Livre, atração recordista em mudança de horário no SBT.
A idéia de dar a Babi o comando do programa celebrizado por Serginho Groissman não foi ruim. O mesmo se pode dizer da troca de Jô pela musa da sexologia teen. O problema não é esse.
O que não está legal no "novo" Programa Livre, no ar desde a noite de 3 de janeiro, é que Babi não conseguiu ainda imprimir sua marca. O programa mudou pouco (pra pior) e a moça travestiu-se de Serginho, adotando inclusive o famoso "o Programa Livre volta... já".
Entendo que com o tempo a atração deverá incorporar um pouco mais da personalidade da apresentadora. Mais do que vem tentando com o bloco destinado a tirar as dúvidas dos adolescentes sobre sexo, marca registrada dela.
Mas precisa mudar mais pois Malcolm Montgomery (ex Sr. Milla Crystie) está muito longe de ser Jairo Bauer, o cara mais queridinho do país, ex-companheiro de Babi no MTV Erótica.
De qualquer forma, não é a falta de personalidade e nem e substituição de Jairo por Malcolm que está mesmo ruim. Ignoremos a recente tentativa de fazer Programa Livre com apresentadores diversos, para substituir Serginho, vamos comparar com o original.
Nos tempos de Serginho o Programa Livre tinha unidade. Hoje parece que cada bloco termina antes do que deveria e um não tem ligação com o outro. Está vazio.
Melhor sorte teve a Globo na estréia de A Muralha. Sempre disse aqui nesta coluna que o melhor produto da emissora são as minisséries. E A Muralha não fica atrás.
Não chego a dizer que a produção é hollywoodiana, como fizeram muitos colunistas, mas um produto que foge um pouco ao esquema industrial de gravação sempre é melhor acabado (sem falar nos anunciados 220 mil reais por capítulo).
É possível que esta consiga ser a versão definitiva do romance de Dinah Silveira de Queiroz (já houve três novelas baseadas no romance). Canastrões por canastrões... Alexandre Borges não fica atrás de Carlos Alberto. É uma boa estréia depois do fiasco que foram os dois programas das 100 Músicas do Século.
Por mais que eu tente, por mais que o neo-liberalismo tenha vencido, não consigo rechaçar minha formação frankfurtinana. Não discuto a escolha das músicas pois acho mesmo que eram aquelas mesmas. Mas conseguiram fazer com que verdadeiros clássicos parecessem um sucesso a mais num Globo de Ouro qualquer que nem mesmo arranjos de Paulo Jobim, Dori Caymmi e outros conseguiram salvar.
Ficou um festival de simulacros. Falsamente "culto", falsamente requintado, falsamente tudo.
Quase todas as músicas tiveram um andamento mais lento do que o usual e muitas delas ganharam um tom dramático que não combinava. O pior caso foi a interpretação de Ana Carolina para Desafinado.
O mais engraçado foi o duo formado por Fagner e Elba Ramalho. A Globo conseguiu reunir a dupla mais exagerada da cena musical brasileira. Temi pela explosão do meu tubo de imagem a cada salto das veias do pescoço de Fagner e a cada guincho da Elba.
E cá pra nós... Daniel cantando Chão de Estrelas deve ter feito com que o velho "caboclinho" (Sílvio Caldas), apesar das intermináveis despedidas, pensasse em voltar de onde estivesse para retomar o eterno posto.