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Nunca um nome de personagem de novela foi tão apropriado: Helena.

Nunca um nome de personagem de novela foi tão apropriado: Helena. Uma típica mulher de Atenas, como tão bem cantou Chico Buarque. Mirem-se em seu exemplo.

Helena não é uma mulherzinha qualquer. Destas que fecham o barraco quando vêm seus homens partirem nos braços de outras. Ela é maior do que isso. Aceita até que esta outra seja sua filha.

Mais do que isso. Fica feliz quando a pimpolha engravida de seu ex e consegue até recebê-lo em casa e preocupar-se com a incipiente carreira médica de seu ex-amor agora genro.

A Helena de Atenas não põe a filha a correr. Sequer torna um inferno os almoços dominicais com indiretas e provocações. Ela não corta a mesada da filha e sofre, de verdade, a cada pequena tristeza da moça. Esta Helena não prepara armadilhas e retaliações aos traidores.

Com voz doce e olhar lânguido, Helena de Atenas diz para a filha grávida: "aceitar tudo do filho. Isto é ser mãe". E, ironicamente, este olhar e voz melíflua são de Vera Fischer, a escancarada. Aquela que notadamente vive paixões e ódios intensamente. Ah, a ficção!

Mas Helena de Atenas vai mais longe. Supera todos os complexos embasados em seu conterrâneo Édipo e aceita que seu lindinho... seu único filhinho homem... seja apaixonado por uma garota de programa que já traz no nome o estigma da traição machadiana, Capitu.

Que estigma tem esta Helena. Começou a vida tendo que mostrar sua magnitude. Entregou ao marido a paternidade de filho que não era dele. Fez por maldade? Nada! Fez por amor à filha e respeito ao cônjuge. Abdicou, pela primeira vez, da felicidade ao lado de Pedro, o amor juvenil.

Mas Pedro volta à cena e pulamos, da Grécia antiga para um filme spagetti. Nossa heroína divide o coração entre três homens: o feio (Tony Ramos), o bruto (Pedro) e o belo (Edu). Quem vencerá?

É esta a crise básica de identidade em Laços de Família. Entre a Grécia antiga, a brasilidade de Machado de Assis e o exagero italiano... só resta o pastiche.

"Pobre mas limpinho"... êta bobagem! E esta foi repetida por André Rezende no Mãe de Gravata, programa vespertino do Ronnie Von.

"Pobre mas limpinho"... êta bobagem! E esta foi repetida por André Rezende no Mãe de Gravata, programa vespertino do Ronnie Von. Também... quem mandou sintonizar minha TV num programa destes?


E o pior é que não dá pra falar muito mal do velho Príncipe da Jovem Guarda pois a modernidade decidiu rever sua obra e descobriu três discos "fantásticos". Isto nada mais é que ressaca pós-revival dos Mutantes, grupo batizado e incentivado por Ronnie.


Falando sério, considerando-se ser possível levar TV a sério, gosto mais do Ronnie Von que da maiorias das apresentadoras de programas femininos. Ao menos ele não tem risada histérica. Mas não é por isso que ele precisava tocar sua interpretação de A Banda na minha orelha.


O melhor do programa é a inteligência. Ali não tem lugar para metáforas ou qualquer outra figura de linguagem. É preto no branco. Para deixar bem claro que "Fon" é uma "mãe de gravata"... o cara pilota fogão, bate bolo, pinta pano de prato... de gravata. O tempo inteiro. Chique e sutil. Imagino a gravata mergulhando na panela de feijão.


E já que falamos em sutileza... nenhuma relação, ou insinuação, com o assunto de cima... mas alguém aí já viu que o Eurochannel virou uma Gay TV? Vejam os destaques de setembro: especial George Michael, promoção Pedro Almodóvar e a estréia de Queer as Folk?


Dos três vale a pena assistir a série Queer as Folk que vai ao ar toda quarta-feira, à meia-noite, e é no mínimo interessante, colocando o puritanismo de Ellen no chinelo.


O trio de protagonistas é composto por Stuart, a bicha Oscar Wilde (desvairada); Vince, a bicha Tenesse Willians (recatada); e Nathan, a bicha Rimbaud (novata). Os três passeiam pelo universo clubber-profissional-bem-sucedido de forma, digamos, escancarada.


É óbvio que não é programa feito para pit-bull pois um preconceituosozinho qualquer não dará conta de tanto realismo.


A não ser, é claro, que estejam certos aqueles que não acreditam tanto assim na macheza da cachorrada.


Mas veja que é engraçado

O horário das competições em Sidney é tão desfavorável ao Brasil que a Globo antes mesmo de transmitir a solenidade de abertura já anunciava a reprise.

O horário das competições em Sidney é tão desfavorável ao Brasil que a Globo antes mesmo de transmitir a solenidade de abertura já anunciava a reprise.

Anunciar, aliás, é com a Globo mesmo. Durante a semana não foram poucas as chamadas para o Festival que, segundo textos da emissora "está revelando os novos talentos brasileiros".

Realmente com este festival a emissora está lançando novos talentos. Renata Ceribelli de jornalista transforma-se em atriz. Decora texto alheio e manda ver na enganação. Brito Júnior também abandona o jornalismo para virar um bobo alegre. E Serginho Groisman... bem... este já está conformado no papel de dublê.

Só está faltando fazerem um jogralzinho de louvor aos novos talentos revelados no programeco para a cretinice ser total.

Vocês devem querer saber o motivo para tanta ira. Simples: ouvir um flash de Ceribelli dizendo que o festival conquistou as ruas (ou algo do mesmo quilate) é mais grave que nos enfiar Rubinho Barrichelo garganta abaixo. É desprezar a inteligência das pessoas.

Faz lembrar o livro lançado por Jerry Mander, há mais de 20 anos, "Quatro argumentos para a eliminação da televisão". Neste livro, entre muitas bobagens, Mander escreve algumas coisas interessantes e não me refiro a suas teorias sobre grande complô mercadológico das redes de televisão.

Gosto quando fala que assistir TV não nos faz descansar nem sequer ficarmos agitados. Aprecio quando diz o óbvio, que a única coisa que a TV tem a oferecer são... ofertas. Em minha livre tradução ele diz que a televisão nos deixa sem pensar mas não como em um exercício de meditação que nos leve à liberdade da mente, ao relaxamento ou à renovação. Como ele diria, a mente nunca está vazia, a mente está cheia. Só que cheia de pensamentos e imagens obsessivas alheias.

E a única maneira disso não acontecer é... desligando a TV. Mudar de canal só lhe dará mais da mesma coisa.

E imagino serem os ideólogos desta natureza os verdadeiros gurus de nossos programadores, que ao invés de usarem a literatura para a correção dos rumos, a usam como manual de estilo para prender aqueles que ainda suportam ver TV.

A estes é fácil programar, deixa claro o escritor.

Trocaram Kátia por Claudete no Note & Anote. Sai a moça da voz esganiçada e entra a moça do cérebro esvaziado.

Trocaram Kátia por Claudete no Note & Anote. Sai a moça da voz esganiçada e entra a moça do cérebro esvaziado. Eu aumento mas não invento... Nélson Rubens parecia um pastel. Tentava agir naturalmente mas foi impossível disfarçar seu constrangimento pelo fato de, na sexta, ter dito "até segunda, Kátia", e na segunda encontrar Claudete na bancada, a mesma Claudete que há pouco tempo pisoteou uma foto do Bispo Macedo.

No mundo das fofocas televisivas quem saiu ganhando com a troca foi Sônia Abrão, concorrente direta no horário, que agora corre solta (se perder pra Claudete, vai empatar com quem?).

Manoel Carlos inova mais uma vez. Laços de Família é a primeira novela sem enredo, sem uma trama central. Só romances pontuais, uma doença aqui e ali e mais nada. Impressionantes a criatividade do cara, a cara de pau da Globo e a paspalhice da galera que assiste.

Enganação pura. Parece horário eleitoral gratuito. Passa aquele monte de carinha, uma atrás da outra, nenhuma dizendo qualquer coisa que preste. Vez por outra, para dar um ar cultural... uma ópera, uma dica de livro...

Tá faltando crime em Laços de Família. Crime na trama, não o crime de torrar milhões e milhões pra fazer aquela droga. Um crime do tipo "quemmatouodeteroittmann". É só abrir um jornal popular e se inspirar. Ou alguém acha que mãe e filha não se matam por causa de homem?

Helena poderia matar Camila e, além de esquentar a novela, nos livraria da chata da Carolina Dieckerman que, registre-se, já ganhou um site na linha "eu odeio Camila".

E agora vou-me. A maior compensação por morar em Curitiba (sempre há uma) é que o feriado da padroeira do município é em 8 de setembro. Estou de feriadão. Morram de inveja.

- Caetano, qual a importância de um Festival como este? - A resposta a gente só terá depois.

Muito antes de ir ao ar a primeira edição do Festival da Música Brasileira, organizado pela Rede Globo, eu já sabia no que iria dar. Nem as vinhetas das canções eram ainda veiculadas e fui ao site da Globo para ver o que agora está claro: das 48 canções classificadas, quase 75% foi inscrita em Rio ou São. E os jurados... 50% cariocas e 50% paulistas.


Isto significa pasteurização. Mas este não é o maior problema... o chato mesmo é a ruindade. Boa foi a resposta de Caetano à pergunta idiota da repórter:


- Caetano, qual a importância de um Festival como este?
- A resposta a gente só terá depois.


Pois já temos a resposta: pelo que vimos... nenhuma.


Soninha segura a onda


Dei uma olhadela no novo programa da Soninha, RG - Um programa de identidade, na TV Cultura. O programa é de produção precária... mas a ex-VJ da MTV segura a onda. Se não há câmeras suficientes para cortes ágeis e nem entrevistáveis fazendo fila por um minuto de glória. Quem agiliza o andamento é ela mesma, que não deixa o ritmo cair.


Estava pensando outro dia na debandada de VJs da MTV. Pô, os caras saem de lá para programas de orçamentos pequenos, algumas vezes inexpressivos... e saem de lá até para a "geladeira" (vide Casé). A MTV é cheia de charme... o que faz com que este pessoal prefira quase que qualquer coisa a continuar na emissora?


Não vou falar em salários pois não sou da Receita Federal. Além de não ter acesso aos números, se os tivesse não diria. Acho que o problema da MTV é outro. Ocorre que uma aparição do Casé em dois segundos de um programeco qualquer da Globo dá muito mais repercussão que duas horas na MTV, cuja audiência dificilmente ultrapassa 1%, segundo pesquisas do Ibope.


Desta forma, se quase ninguém assistir o programa da Astrid na Band, ela já terá muito mais público que na MTV. O mesmo com Soninha ou qualquer outro que decida sair de lá.


Cara de pau


Vocês já viram uma propaganda do Governo que mostra um paraplégico subindo sentado uma escada, carregando sua cadeira de rodas? A propaganda é a maior vergonha nacional. Os caras do governo querem incentivar a vacinação contra pólio e mostram uma imagem que é o próprio retrato do descaso com o qual são tratados deficientes físicos no país. Ou não seria obrigação do próprio governo (de qualquer nível) fazer ali uma rampa e, desta forma, poupar o cidadão de subir a escadaria com tal dificuldade? Além de incompetente em ações... incompetente em marketing.


O melhor da semana


Cada um com seu mau gosto, diria um amigo inconsolável com minha adoração a David Bowie. Pois para me tirar do marasmo televisivo, o Multishow decidiu passar, no dia 28, às 21h30, um especial com o David Bowie. Pelo que prometem, o especial vai englobar do início da carreira até Hours, seu último álbum (Alex, mesmo CDs são chamados de álbuns?).


E vai ter falação do nem tão moço mas ainda... bem... do artista.


As músicas do especial são: Life on Mars; Rebel; Thursday´s Child; Can´t Help Thinking About Me; China Girl; Seven; Drive in Saturday; e Word on a Wing.


Não me liguem neste dia e hora.

Quando uma atração da emissora se transforma em fonte permanente de pauta para o jornalismo da mesma emissora... as coisas vão mal.

Quando uma atração da emissora se transforma em fonte permanente de pauta para o jornalismo da mesma emissora... as coisas vão mal. Há alguma inversão de valores aí.

Pois é exatamente isto o que acontece com No Limite, programa criado para ver até onde chega a paciência do telespectador brasileiro. No Limite está no Fantástico, no pós-Fantástico, no Jornal Hoje, no Vídeo Show, no Jornal Nacional... Jornal da Globo... ufa!!!

Ok! No último domingo, na grande São Paulo, as "aventuras" propostas pelo programa conquistaram 43 pontos no Ibope. Isto, vezes 80 mil telespectadores, dá 1 milhão 860 mil pessoas assistindo. Ta, e eu com isso?

Tanto "carnaval" em torno do programa faz lembrar aquela mãe que, em dia de festa, diz: "fulaninha, toca piano pras visitas". Nojento!

Mas a gente deveria imaginar o que viria pela frente, já que o programa que "inspirou" No Limite tem o dedinho de Bob Geldolf. Lembram dele? Aquele que teve a idéia de reunir um bando de malas para cantar "We are the World", música mais mala ainda (mesmo que a causa tivesse lá suas qualidades). Pois é... a idéia surgiu da produtora dele.

Este negócio da Globo ficar dizendo "ai como sou lindinha" não é novidade. Sempre foi assim.

Dá para perceber também na campanha de lançamento de Ana Paula Padrão como âncora do Jornal da Globo. Em uma mesma edição do Jornal Nacional eles tiveram a capacidade de fazer matérias sobre No Limite e Jornal da Globo.

Falando nisso, a estréia da moça foi bacana. Descontado o nervosismo inicial, com direito a alguns pequenos tropeços, salvou-se. O pessoal pôs a galera a trabalhar. Num só bloco entraram boletins de Milhomem, Trali e Monforte, mais o comentário de Jabur. Dinâmico foi.

Mas, é claro, houve probleminhas e problemões.

Faltou a Ana Paula um pouco de consistência em seus comentários. Este negócio de "âncora" é complicado pois o cara sentado ali na bancada tem que tecer comentários e, nem sempre, estes comentários são felizes ou acrescentam qualquer coisa à notícia. Mas ela aprende. Burra não é.

Problema maior foi a matéria de Caco Barcellos em Miami. Não que tivesse sido mal feita, ao contrário. Mas não gostei.

Imagine o leitor encrencado com a justiça. Vem a Globo na sua casa (na sua ausência, já que você está foragido) e convence seu síndico a entregar-lhe a chave do apartamento. Entram lá repórter e cinegrafista e registram tudo. Sua adega... suas anotações... suas cuecas...

Ora... não importa se este apartamento é do Lalau... é uma puta invasão de privacidade. E arbitrária. Se a Justiça estiver interessada no que existe dentro do apartamento de Lalau... que através de seus mecanismos adentre o imóvel.

Vivemos tempos de inversão total. Primeiro ruiu o executivo, com Collor e sucessores; depois foi a vez do legislativo, com anões & cia; finalmente veio abaixo a Justiça, com Lalau e sua "turba". Arvorou-se a imprensa então de arauto da dignidade.

Mas está extrapolando. Há muito tempo está extrapolando.

E aí o problema é mais complicado... quem vai denunciar a imprensa? Vai sair na capa de Veja?

Hahaha... só se for desmando de um concorrente.

"Sandy brilha no aniversário de Júnior". Pô eu mato uma irmã assim.

O salão de beleza é o único lugar do mundo em que nos é permitido, sem culpa, ler revistas do tipo Caras ou Chiques & Famosos. Não sei se foi enquanto me entregava à manicure ou ao tinturista que vi uma das manchetes mais cruéis de minha vida (e olha que uma das mais remotas lembranças de minha infância é o velho Correio do Povo sendo jogado na sacada do nosso apartamento).

Estava lá: "Sandy brilha no aniversário de Júnior".

Não bastasse, em geral, ele só fazer coro para a irmã... não fosse suficiente ele estar sobrando naquele videoclipe no qual aparece também o Iglesias pimpolho.... não fosse já ele uma sombra da adolescente mais docinho do país... agora decidiram sacanear o aniversário do cara.

Isto não se faz! Depois o menino vira um Michael Jackson e cai todo mundo em cima...

Fico impressionada com o que é feito com crianças neste universo televisivo. O mundo se mobiliza pra conter o uso de mão de obra infantil nas fábricas do Timor... nas minas de carvão... na colheita de cana... mas pululam na telinha programas que são verdadeiros atentados contra a infância.

O tal de Gente Inocente, por exemplo. Eu não consigo ver crianças ali. Parece um bando de ventríloquos. Se eu tivesse um filho daqueles...

Costumo dizer que a programação infantil é cuidadosamente elaborada para formar o telespectador de amanhã. A criança começa assistindo Teletubbies... passa para Pokemón... adere a Angélica... vira fã de Malhação...

Quando vê... a criatura está vidrada no Caldeirão do Luciano Huck e daí a fazer parte do público cativo de Faustão, "Seo" Sílvio, Ratinho & Cia. é um pulo.

O pior é que a única maneira de você não ter um filho assim é... não ter filhos. Não ter TV não resolve. Sempre vai ter um coleguinha traficante desta droga.

Isto é que é Criança Esperança...

Adeus TV

One Night of Too Many


 Honey
please turn off the tv
I want to talk
I want to be free
I need to hear my own voice
I need to make a different choice.


Iris Denyse Arsenault



 


Adolescentes são seres facilmente irritáveis e quando eu pertencia a esta classe não era diferente. Algo, contudo, conseguia fazer com que eu me transtornasse ainda mais. Bastava alguém mandar que eu me calasse para dar voz à TV que o tempo virava.


Jamais entendi a supremacia da TV sobre a voz humana. Não via uma razão sequer que justificasse ser a eletrônica mais importante do que o mais reles de meus comentários.


Hoje continuo não concordando com isso... mas entendo. Quanto mais assisto TV, mais entendo esta lógica.


Ver TV é como tirar férias de nós mesmos. É o vazio total. A completa ausência de sentido.


Diante da telinha o tempo passa, deixando nossa vida congelada. Naquele momento pouco importa o trabalho acumulado, o dinheiro escasso e o tesão raro.


Fica tudo em stand by. Como a beleza de Vera Fischer.


Ainda que muito se especule em as pesquisas, teses de mestrado e doutorado, acredito que é nisso em que apostam os nossos queridos produtores: tanto faz o que vai ao ar... muitos verão. E 1% do total de telespectadores, creiam, é muita coisa. Não fosse assim não existiriam tantas emissoras abertas ou pagas.


Querem exemplo disso? Vamos a um bem recente...


Quando narrava o gol sofrido pela seleção brasileira em partida contra o Uruguai, Galvão Bueno, sempre ele, destacou falha de Aldair. No dia seguinte, apesar de todos concordarem que a seleção jogou mal, muitos repetiram que foi falha do Aldair.


Ora, ora... se pegarmos a imagem que enquadra Aldair e o uruguaio, fica claro ele levou um baile. Mas quando a câmera abre... a gente vê que Aldair, bem ou mal, era nosso único defensor na área naquele instante. Logo... Aldair era o único que estava no lugar em que deveria estar. Os demais é que falharam.


Considerando que isto sempre acontece com Bueno e que ele permanece imutável em seu posto de narrador oficial do esporte brasileiro... está comprovado que tanto faz o que ele ou qualquer um disser na TV.


É por isso que, como a TV, esta coluna não faz qualquer sentido. Não posso, por convicção, analisar a televisão sob o ponto de vista artístico, visto que é indústria.


Não devo analisar a televisão brasileira sob uma ótica mercadológica pois não tenho em mãos dados para isso. Além de ser algo que julgo ser de interesse restrito.


Sequer seguir em ritmo de deboche me parece viável, visto que a própria TV já é fruto do trabalho de um bando de gente muito bem paga para debochar da nossa cara.


Sou uma vítima da TV brasileira e, como ela, estou sem rumo... chata e entediante. Boring, diriam nossos irmãos americanos.


Salvo nosso editor concordar - e em comum acordo acharmos um novo tema para eu escrever – este será meu último texto por aqui.


Não sei se para vocês será... mas para mim é lastimável.


Inté.


E uma última dica. Visite o site “Mate sua televisão”.

O que leva seus personagens a sempre colocarem um possessivo antes ou após cada substantivo?

Ao final de Terra Nostra libero uma pergunta que esteve sempre em minha cabeça nestes meses todos. O que leva seus personagens a sempre colocarem um possessivo antes ou após cada substantivo?


Em Terra Nostra não existe amor, não existe marido e não existe mulher. É sempre “amore mio”, “minha mulher”, “meu esposo”.


Não existe sequer filho ou pai... em português ou em italiano, é sempre “filho meu”, “Sr. meu pai”. E isto ocorre tanto com os personagens brasileiros quanto com os imigrantes, de forma que não se trata de um efeito “sole mio”.


Diante disso, leitores meus, começa aqui a coluna minha.


Por sugestão do editor meu, Gilnei, e em comemoração a centésima coluna minha, o leitor que enviar a melhor resposta a este questão vai ganhar de prêmio a antológica Telefunken que inspirou minha primeira coluna, intitulada Verde e Rosa Valvulado.


Escrevam justificando o possessivo usado em Terra Nostra e concorram a este maravilhoso e inestimável brinde.


E para continuar no ritmo Nico Fidenco... não se pode dizer que a ítalo-novela, agora em seus últimos capítulos,  não tenha inovado. Seja premeditadamente ou não, inovou sim.


Nunca vi uma novela com torcida tão contrária ao casal de protagonistas. Não há pessoa que eu fale que torça pelo final feliz de Matteo e Giuliana. Todos querem que a moçoila acabe nos braços de Marco Antonio. De mães a tias, de diaristas a balconistas, taxistas... unanimidade.


Deve ser por conta do carisma de Thiago Lacerda, o mais legítimo herdeiro de Tarcísio Meira. Melhor até que Tarcisinho. Quando Thiagão recebeu a sinopse estava escrito que seria um imigrante bronco. Aí ele esqueceu de imprimir um pouco de ternura em seu personagem (ou não conseguiu). Ficou só nisso.


Pior que Matteo só o que a Sony vem fazendo com seus telespectadores. Mudou a grade de programação, começou a reprisar episódios de seus seriados top e a gente nunca sabe o que vai passar. Ficamos esperando para ver um seriado e quando ele inicia... bomba... as cenas são se duas temporadas passadas.


Perdi completamente a paciência. Tudo bem que estejamos abaixo da linha do Equador... mas ainda somos consumidores. Empobrecidos, é evidente, “pero” consumidores.


E para quem reclama da programação de domingo, uma dica. Assista na Cultura, às 19 horas, Projeto Atlântico. Nelson Motta e Eugênia de Mello e Castro juntam um artista brasileiro com um português e mandam ver no papinho. De quebra umas cantorias legais.


Neste domingo, dia 28, tem Maria Bethânia e António Alçada Baptista, no próximo domingo, dia 04, é a vez de Edu Lobo e Sérgio Godinho. 


Melhor que show de calouros e pegadinhas.


Inté.

Nas últimas duas semanas recebi a mesma mensagem (span???) umas cinco vezes.

Nas últimas duas semanas recebi a mesma mensagem (span???) umas cinco vezes. Dizia ela, em seu primeiro parágrafo (e depois de lê-lo recusei-me a prosseguir), que “um deputado baiano (só podia ser baiano)”... estaria propondo lei que impediria ou dificultaria a investigação de casos de corrupção na esfera pública.


Aos cinco remetentes enviei a mesma resposta... que algo tão politicamente incorreto - apesar de não gostar da expressão – dispensava.


É impressionante como somos capazes de repetir preconceitos. Eu quase estava escrevendo que repetimos preconceitos sem pensar, o que seria redundância pois qualquer pessoa que pense jamais será racista, misógina, homofóbica, anti-sionista ou anti seja lá o que for.


Coincidência ou fruto de uma atenção maior ao caso, na mesma semana vi, no programa Mais Você, a Ana Maria e seu partner Louro José em mais uma sessão de charadinhas. Uma delas perguntava: “o que é preto mas vale mais do que branco”? Ora... por mais que a resposta fosse o chopp preto, causou-me certo constrangimento a brincadeira.


Talvez no mesmo dia, em Terra Nostra, Gumercindo (Antônio Fagundes) diz querer sentir-se orgulhoso do recém descoberto filho. “Negrinho mas doutor”, disse.


Semanas antes a mesma Globo coloca no ar uma entrevista com a tia de um jogador, negro, que declara ser o rapaz “pretinho mas bem bonitinho” (algo assim). Não estranhei que a própria tia, também negra, tivesse esta visão distorcida já que ela está em nossas piadas, na televisão, na internet e o que é pior... incrustado no inconsciente de parcela significativa da população.


Algo está errado, muito errado quando há sem um mas, espécie de “apesar de”, em todas estas frases.


Sou chata com isso. Sou uma espécie de patrulheira do racismo. Minha melhor ação, lembro bem, foi levada a termo há mais ou menos um ano. 


Estava em um táxi quando paramos em um sinal e, no carro ao lado, um casal formado por homem preto e mulher branca, se beijava. O motorista de táxi soltou uma piada horrorosa qualquer e então eu disse: “qual o problema. Meu marido é negro”.


Foi uma boa mentira. Tenho certeza que este cidadão poderá até pensar... mas nunca mais externará tamanha asneira.


Lorena Calábria aporta no Multishow



A jornalista e apresentadora Lorena Calábria, a partir de junho, comanda dois novos programas no Multishow. Os programas são Bate-Papo Digital e Ensaio Geral, ambos prometem entrevistas com personalidades do país e participação da audiência através da internet. O primeiro a entrar no ar é Bate-Papo Digital, a ser lançado em 5 de junho, às 23 horas. O programa terá entrevistas com personalidades, falando sobre as influências que seus trabalhos tiveram de outras formas de artes.


As entrevistas terão a linguagem de um chat. Sempre que um assunto despertar muita curiosidade poderá ser ilustrado como se fosse um web site aberto e alguém tivesse clicado naquele link. Bate-Papo Digital promete ser o primeiro programa convergente da TV / WEB no Brasil.


As entrevistas serão acompanhadas por uma web cam para que os internautas possam assisti-las na rede em tempo real. Quem estiver conectado na internet poderá ver cenas dos bastidores. Todo o material poderá ser usado, posteriormente, na edição do programa.


Ensaio Geral, que estréia no dia 28 de junho, às 21h30, terá uma hora de música brasileira com a mistura de apresentações musicais, bate-papo, videoclipes e informações sobre o universo musical.


O programa terá diversos quadros que se intercalam com as entrevistas:


*         BRAZIL COM Z – Notícias internacionais sobre música brasileira.


*         DICIONÁRIO - Palavras ou expressões curiosas tiradas de letras de música. 


*         PERDIDOS NO ESPAÇO – Resgate de músicas e de artistas que sumiram da cena ou já morreram.


*         NA TRILHA – Como e por quem foi feita a trilha sonora de filmes, comerciais ou programas de TV.


*         BASTIDORES DA INDÚSTRIA – Assuntos do show biz: gravadoras, mídia, produção de shows, marketing. 


*         DA BANDA – Apresentação de um músico que toca com um artista famoso. 


*         SITE MUSICAL – Lorena Calábria navegará por sites de música brasileira ou de um artista ligado a MPB; 


*         DEU NO MULTISHOW – Seleção do arquivo do canal ligado à MPB: uma matéria, um trecho de show, um making of, um videoclipe novo;


*         AQUELE VÍDEO – Videoclipe do acervo Multishow escolhido pelo assinante;


*         NAS LOJAS – Comentário sobre os últimos lançamentos de álbuns nacionais. Poderão ser comentados também livros e vídeos que estejam ligados a música brasileira;


*         ENQUETE DA SEMANA – Sempre com questões relacionadas com a música para o assinante testar sua cultura musical. A resposta sai no programa seguinte; e, 


*         HORA DO BIS – O entrevistado escolhe um trecho de um show de sua preferência que faça parte do arquivo exclusivo do Multishow . Poderão também ser exibidos videoclipes musicais do acervo do canal.


Pátria de raquetes?


Eu e Otávio, do Comando de Ataque, bancávamos outro dia as tias velhas. Lamentávamos os tempos em que transmissões de tênis eram especialidade da Rede Manchete.


Isto mesmo, jovens leitores, por paradoxal que pareça, quando não tínhamos nenhum top-ten os grandes torneios eram transmitidos para todos, sem distinção. Agora que o esporte se “populariza”... (hehehe)só é transmitido pelas emissoras pagas.


Deste jeito fica difícil o país se transformar na “pátria de raquete” estampada na matéria de capa da edição do dia 28/05 de Veja.


Gosto de tênis, e dou minhas raquetadas, desde os tempos em que a maior polêmica (excetuando a presença de Reneé Richards nos torneios) era o uso do top-spin. Acostumados ao chapado estilo australiano, os tenistas mais conservadores não aprovavam a aplicação de batidas que provocassem efeito na trajetória da bola. Priscas eras... tempos em que empunhar a raquete com as duas mãos era igualmente tido como deselegante.


Mas apesar de lamentar a ausência do tênis da programação aberta, o que efetivamente contribuiria para um aumento significativo de torneios de gabarito, entendo os motivos. Com partidas que podem durar até 3, 4 ou mais horas, não há fôlego para uma transmissão. É possível até que, como ocorreu no vôlei, alguém em breve proponha mudanças nas regras de pontuação, encurtando os embates (o tie-braker em todos os sets já é um passo para isso. Mesmo assim cada game ainda pode durar muito).


Desta forma tenho assistido os jogos, ou parte deles, na ESPN. Os comentários têm sido, em geral, legais. É claro que pérolas como “perder o primeiro set numa melhor de cincos não é tão grave quanto perder o primeiro set numa melhor de três” são desnecessárias. Mas isto é nada se comparado ao que teríamos que ouvir do especialista em todos os esportes, Sr. Galvão Bueno.