Há um erro de origem em “Torre de Babel”. Se a novela se passa em um shopping deveria ter apenas adolescentes no elenco.
Depois de fazer uma versão tropicalizada de Plantão Médico a Globo agora nos coloca diante do George Clooney brasileiro. Vocês viram o cabelinho do Edson Celulari em “Torre de Babel”? Ou o novo penteado é uma reciclagem de Calígula, que o mesmo ator interpretou no teatro há algum tempo?
Aliás, em matéria de cabelos a novela de Sílvio de Abreu está fantástica. Os modelitos de Adriana Estevez e Christiane Torloni são lindos. Acho que vou ao “ instituti” fazer um igual pra mim. E pedir ao namorado que adote o estilo boina de Marcos Palmeira.
O Marcos Palmeira eu acho de uma versatilidade incrível. Quando faz personagem rural deixa o cabelo naturalmente rebelde e capricha num falar cheio de cacoetes. Quando interpreta um tipo urbano e inteligente coloca óculos. A mesma estratégia do velho Mário Sérgio de Vale Tudo. Quer dizer: Palmeira crespo é peão. Palmeira de óculos é intelectual.
A estorinha da novela até que é legal. Vingança sempre rendeu bons filmes, romances e novelas e é um respeitável tema recorrente. O elenco também é bacana. A Globo tirou do armário seu estoque de campeões de cartas e audiência. Aliás, tirar do armário é uma expressão bastante apropriada para associarmos a esta novela.
Lá estão La Torloni e La Pfiffer adentrando os lares brasileiros na linha lesbian-chic. Difícil não é agüentar este tema na novela. O porre é suportar a mídia dando bola pra isto. Dizem as más línguas que a loja que elas têm no shopping é uma franquia Samello. Maldade.
Gilnei, o editor do Baguete, adorou os cenários da novela. Especialmente da Torre de “papel”, diz ele. Ora... cenário jamais foi o forte das novelas brasileiras. São sempre “fakes”. Eu nunca tinha prestado atenção nisso até que uma australiana que vivia lá em casa nos idos da adolescência me chamou a atenção para o fato. E ela estava certa.
Parece que a Globo prometeu, quando terminada as gravações da novela, doar a “ Torre” para alguma fundação cultural. Se a teoria do Gilnei estiver certa é bom que esta locação tenha sido construída no canto mais agreste do nordeste. Se chover no papelão dançou.
No mais resta esperar para ver como Sílvio de Abreu se sai nesta empreitada. Ele é mestre em novela das 7. Junto a Jorge Fernando foi responsável pelos melhores pastelões do horário. “Novelão” não é bem sua praia.
Pensando bem... talvez ele pudesse jogar com isso. Imprimir um pouco de humor ao horário, o que jamais foi experimentado, ao menos de forma mais contundente.