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... só transmitem porque têm sinal

Uma tia minha, já morta, era uma figura fantástica. Conseguia ser a única tagarela que não me aborrrecia. Era daquelas pessoas que perguntam e respondem, deixando o interlocutor quase na posição de ouvinte. Como era de uma vivacidade ímpar - e cultura igualmente inigualável - jamais se tornava enfadonha. No outro extremo, existem pessoas que falam pela única razão de terem boca. Falam porque têm boca, não importa a besteira que saia deste orifício corpóreo. E é nesta linha que segue o telejornalismo nacional, fica no ar porque tem sinal de satélite.


Quando eclodiu o "escândalo" Rafael ex-Polegar, foram feitas inúmeras matérias sobre a situação do rapaz. De seu passado de sucesso, seus romances e coisas do gênero sabemos tudo. Perderam no entanto a chance de fazer uma matéria realmente útil. Vejamos.


Rafael é um adicto. Viciado em crack e sabe-se lá no que mais. Foi preso e na cadeia permaneceu por alguns meses. Alguém por acaso levantou as condições de vida deste rapaz na cadeia? Não, não estou falando de direitos humanos e etc, muito embora o tema que não foi investigado tenha a ver com isso. Refiro-me a como o sistema penal brasileiro lida com viciados presos. Sabe-se que o crack é uma droga altamente viciante e suponho que a síndrome de abstinência deva ter igual proporção. Das duas uma: ou Rafael continuava a se drogar dentro da cadeia, o que seria uma irregularidade, ou foi submetido a algum tratamento que o aliviasse desta situação, o que seria louvável. Em qualquer hipótese... bela matéria.


Preferem no entanto as bobagens. Matéria sobre a grande experiência de criancinhas que dormem na escola, o menino que devolveu a carteira encontrada, o qüinquagésimo pingüim salvo por biólogos abnegados e por aí vai.


Tudo para encompridar um Jornal Nacional e garantir audiência de uma Torre de Babel que balança ante o programa do Ratinho. Se experimentassem combater o frágil roedor com qualidade talvez obtivessem mais resultado. Até porque o mais famoso paranaense está já, ele mesmo, se condenando ao esquecimento com as falcatruas denunciadas recentemente

Sábado à noite me dirijo à casa de amigos que, em consideração a minha árdua tarefa de escrever semanalmente, aceitam assistir Criança Esperança comigo.

Sábado à noite dirijo-me à casa de amigos que, em consideração a minha árdua tarefa de escrever semanalmente aqui no Baguete, aceitam assistir Criança Esperança comigo. Prova de amizade maior não existe, já que nenhum pertence aos grupos de fãs de pagode, axé ou sertanejo. Não mexem as cadeiras com Vinny e muito menos têm idade para gostar de Sandy & Júnior ou Xuxa.


O grupo reunia três jornalistas e algumas crianças. Uma delas, de dez anos, fez o melhor comentário da noite: "ptz... você não gostam de nada"? Resume o que foi a maratona de apresentações.


Até entendo a escolha do mix de artistas. Se a intenção da emissora era atrair público, sem dúvida ali estavam reunidos os maiores discos de ouro do país. Mas o tiro parece ter saído pela culatra.


No meio do show, a Globo - que todo ano repassa o dinheiro arrecadado durante a campanha Criança Esperança para obras apoiadas pela Unicef - comemorava os milhões e meio obtidos até então. No meio da semana falava em 3,5 milhões de reais arrecadados.


Então porque o tiro teria saído pela culatra? Simples. 3,5 milhões na minha conta (aceito doações), me faria um bem enorme. Aposentadoria em vida. Seria fantástico. Mas 3,5 milhões para quem levou ao ar um programa que reunia os maiores vendedores de CDs e shows do país... é nada. Tanto a Globo sabe disso que prorrogou o prazo para doações.


E não me venham as patrulhas. Quando digo que é nada, refiro-me ao potencial desperdiçado. Sei muito bem que "ao menos fizeram", "3,5 milhões são melhores que milhão algum", etc etc etc...


Como parto da premissa de que o Criança Esperança deste ano rendeu muito menos do que poderia, é fundamental, também, que apresente os motivos que me levam a acreditar nisso.


      1. Os artistas convidados não representam qualquer envolvimento com as causas dos desvalidos. Com exceção de Xuxa, que mantém uma Fundação, a imagem daqueles artistas não têm link com trabalhos sociais. E mesmo Xuxa, num discurso de doida varrida, não conseguiu passar qualquer motivação, preferindo falar de Sasha... como se o programa fosse dela. E falando em artistas... onde estava Daniela Mercury, embaixadora da Unicef ao lado de Renato Aragão? Não foi ou não foram com ela?


      2. O programa parecia ter mais audiência quando era aquela verdadeira maratona de final de semana. O horário escolhido, sábado à noite, não é lá muito convidativo. Terminou tarde demais, quando considerável parcela do público já saía para a noite ou dormia.


      3. Faltaram também imagens das obras beneficiadas por campanhas anteriores. O público gosta de ver o que é feito de seu dinheiro e, provavelmente, se mobilizaria mais com pequenas reportagens intercalando as apresentações.


      4. A Leilane no estúdio, dando os resultados parciais, era o quadro do desânimo. Nesta hora, em que era necessária uma personalidade mais mobilizadora, o mala do Galvão Bueno teria feito melhor serviço. Talvez tenha faltado Betinho também, mas isto é culpa dos laboratórios irresponsáveis...


Agora apelo para uma comparação mais mercantilista. Ainda que um programa de caráter social não possa ser analisado intrinsecamente sob este aspecto, canalhamente insisto. Vou considerar que os artistas que ali se apresentaram não receberam cachê. Mas o cenário, digno de entrega de Oscar, imagino que não tenha saído de graça. Iluminação, figurinos, som, corpo de baile, palco, local e tudo mais que um megashow exige... idem. O resultado do sábado à noite, cerca de 1 milhão e meio, não paga o investimento. Teria saído bem mais barato para a Globo fazer um cheque neste valor e chamadas para a campanha durante a programação normal. Mas aí não subiria alguns pontos em seu "Ibope" institucional e o sábado teria sido mais um daqueles com os filmes normais.


Talvez seus espaços publicitários tenham sofrido alguma valorização nesta noite excepcional, algo que estou apenas supondo, e então os custos estariam divididos entre a publicidade vendida e o reforço de uma boa imagem.


Mas isto não conta no momento em que o país se abraça para mais um Criança Esperança e é apenas fruto de minha tendência a desconfiar de tudo.

Recebi, nesta semana, a longa mensagem de uma senhora que assina o improvável nome de D. Gertrudes Mananguá, de Foz do Iguaçu.

Recebi, nesta semana, a longa mensagem de uma senhora que assina o improvável nome de D. Gertrudes Mananguá, de Foz do Iguaçu. Reservo-me o direito de editar suas palavras e tecer alguns comentários, point-by-point... se é que esta expressão existe.


Vamos ao que nos diz dona Gertrudes:


"O que me assusta hoje já não é a tecnologia. São os padrões morais, os valores que devem sustentar a organização da sociedade. Estou estupefata com a novela Torre de Babel. Gostaria que você me explicasse o que entendi, porque me parece, 'não tô entendendo'. No enredo, há famílias exemplares. Com pais, mães e filhos exemplares: Marta e César não parecem pais traumatizados porque perderam um filho adulto e nunca deram conta do envolvimento do filho com as drogas, ao ponto da nora ter que sustentar seu vicío às custas de se prostituir pra sustentar Guiminha. (...)”


Até aí tudo bem. A vidinha nossa está cheia destes exemplos. Pais, como maridos traídos, são sempre os últimos a saber mesmo. César esteve mais preocupado em detonar o detonador Clementino e Marta passou a vida absorta com a paixão que seu marido mantinha por Lúcia. Coisa normais de família...


"O outro filho também adora consumir drogas (primeiro, a Sandrinha, esmurrada com o apoio machista dos telespectadores) e depois a mulher do pai! "


Aí o caso é mais grave. Todo mundo acha normal e não aconselha tratamento para um "saudável" jovem advogado que tem por hábito se apaixonar louca e subitamente por qualquer mulher que apareça em sua frente. Primeiro uma galinácea e depois a ex do pai. Caso tão banal que todos temos um primo igual...


"Irmãos, irmãs e cunhadas exemplares: Clara é irmã de criação de Marta que, em detrimento deste laço, deixa a outra morar numa biboca e depender dos favores de Bina pra montar uma bodega que servirá de ganha-pão."


A Senhora, D. Gertrudes, parece não ser do interior do Brasil. Na sua família nunca existiu a figura da "agregada"? Aquelas figuras que moram na casa da sua família e que são consideradas "como filha" mas que, na verdade, não passam de empregadas sem remuneração. Era este o caso da Clara. César e Marta deram graças a Deus por ela ter ido embora sem jogar pra cima deles uma ação trabalhista após anos na função disfarçada de governanta...


"O cunhadão imoral, aquele mesmo pai do drogado e corno por tabela, por obra do próprio filho, odeia o marido da irmã da esposa e tudo faz pra sabotá-lo. O mesmo César consegue ser o rei dos otários pra sua funcionária vingadora - devia, agora, transar com ela e depois viver feliz para sempre. Aliás, ela deveria ter como alvo o irmão imbecil Alexandre, muito mais fácil de enrolar e bem menos disputado."


Belíssima sugestão. Alexandre, o Boina, teria então mais uma paixão avassaladora, desta vez, por Ângela. Seguiria sua trilha de escolhas insensatas... E, no último capítulo, estariam todos juntos na ceia de Natal. Inclusive a ex-amante do pai, que no momento, ainda é a namorada do filho. Lúcia inclusive, voltando à idéia inicial do autor, terminaria a novela com Marta, concluindo o que não foi possível com a dupla Pfifer/Torloni...


"Filhos bem agradecidos: a mãe de Claudia Raia (que se obriga a conviver com as horríveis cenas eróticas da caidérrima Letícia Sabatella com seu marido inteiraço) trabalha de empregada não só pra lavar, esfregar e servir aos patrões, mas também pra servir à vingança da filha, sentimento altivo cultivado pelas duas em detrimento de todo o conforto e a boa vida que poderiam estar usufruindo."


A Senhora não conhece a máxima que diz: "se você pode ser infeliz... pra quê ser feliz"? Está querendo acabar com a novela? Sinto dizer que é impossível uma boa trama sem uma dose de vingança. Ângela faz tudo para se vingar de César, que, no passado, explodiu sua família em uma construção. Aliás... Sílvio de Abreu tem uma certa obsessão por explosões, parece...


"Vilma ataca de boa mãe, quando volta de longa viagem ao exterior.


O bom pai-padrão de Sandrinha, além de matar a mãe dela é incapaz de um gesto de paternidade prá com a moçoila que, obviamente, herdou a galinhagem e o mal gosto da excelente criação que o próprio pai desnaturado lhe proporcionou.<br>


Bina faz a tia de idiota e a pretensa sogra, mãe Diolinda, vai muito além dos golpes do baú que podem soar como piadas: cria um filho em condições ideais pra ser um estúpido idiota, massa de manobra de um estereótipo de quantas mães chantagistas que este mundo já viu."


Puxa... famílias boas são estas. Pensando bem... existe, na novela, algum núcleo que possa ser enquadrado no que se imagina uma família razoavelmente estruturada?


"Perderam uma excelente oportunidade para mostrar a utilidade do apoio às famílias de dependentes; a possibilidade de felicidade conjugal entre homossexuais; as lições de solidariedade para com ex-presidiários, egressos recentes de casamentos malogrados; ex-prostitutas e avós que, tão comumente hoje, se obrigam a desempenhar papel de pais e mães."


Que idéias são estas, D. Gertrudes? Eles não saberiam fazer isto. Quando tentam ser positivos caem em outros erros: ou se tornam piegas, como em Carossel e Cia, ou maniqueístas, como em "Mulher" e "Você Decide". Os autores de novelas têm tanto trabalho para entregar os capítulos que acabam se tornando malucos. Passam o dia inteiro na frente do computador escrevendo maldades como forma de vingança contra os alegres banhistas que vislumbram de suas janelas com vista panorâmica para a Barra da Tijuca. Ou contra os jovens alegres que passeiam por Jardins...


"A família brasileira deve ter se espantado com a preocupação dos avós Marta e César que, muito além de topar um merchandising (ou plug) prum colégio abonado, falam o seguinte texto: 'As crianças não vêm jantar porque estão fora, foram a um passeio com o colégio'. Que colégio é este que leva crianças daquela idade prum passeio noturno numa grande capital? Devem ter ido assistir Garganta Profunda ou Mamãezinha Querida, onde a sordidez e o escárnio, pelo menos, não estão travestidos de trama light do shopping center..."


Realmente. Como a estória acontece em São Paulo, imagino que a professora tenha levado as crianças para uma rave. Parece que Guiminha, carregando os genes de Guilherme, foi visto embolado em uma almôndega após ter tomado três Ecstasy ao som do melhor techno. Tiffany encontrou um intelectual que a convenceu a tomar café da manhã na loja de mesmo nome, em Nova York, como faria Holly Golightly no livro de Trumam Capote. E Júnior foi o único que voltou para casa aparentemente na boa. Também seguindo a tradição da família, não contou nada do que a irmã e o primo fizeram e hoje compra cartuchos de videogame com a mesada que os dois repassam, religiosamente, para ele em troca do silêncio.


Faz sentido, não? Escreva sempre D. Gertrudes.

A programação da TV esteve tão horrível que não consigo comentar qualquer coisa que tenha conseguido não-ver.

A programação da TV, nesta semana, esteve tão horrível que não consigo comentar qualquer coisa que tenha conseguido não-ver. Parece jogo de dominó... mil e uma combinações para chegar ao mesmo fim... sempre com as mesmas peças.


Infinitas variações sobre um mesmo tema. Ricos e os pobres em uma promiscuidade ímpar, famílias bem constituídas, vilões e um crime. Tudo invariavelmente permeado por paixões, ódios e intrigas.


Uma falta de criatividade terrível. Eu mesma teria uma penca de argumentos a sugerir. Todos estúpidos - Cine B americano - mas com alguma originalidade. O primeiro que me ocorre é o de um seriado semanal.


No futuro, que em termos de ambientação é exatamente igual aos dias atuais, o mundo segue aparentando civilidade. As coisas funcionam socialmente bem, até que um dia, cientistas detectam um fenômeno desconhecido.


Os poluentes emitidos no ar durante anos apresentam agora seu resultado. Após décadas de uma espécie de combustão em bolsões que se localizariam atrás dos famosos buracos do ozônio, esta poluição se materializa em uma força terrível que afeta a gravidade da terra.


Isto significa, descobrem os mesmo cientistas, que em pouco tempo tudo começará a flutuar na terra. Primeiro um pouco, depois mais um 'cadinho... até tudo entrar em órbita, vai se saber. Pois o tal segredo vaza e um tipo destes que andam pregando por aí, cria uma seita que promete a salvação das pessoas.


No desespero, consegue convencer uma pequena legião de fiéis que, entre outras coisas, se comerem muito ficarão mais pesados e, consequentemente, terão uma sobrevida maior. Seus seguidores começam, então, a comer escatologicamente.


Muitos efeitos. Um ou dois explodindo... cenas de catástrofes e humor absurdos, ao melhor estilo latino-americano de realismo fantástico.


Algo no mínimo mais interessante que explosão de shopping e novela requentada, tipo esta que começa agora com Francisco Cuoco e Cia.

Estou com Bárbara Gancia, colunista da Folha de São Paulo, e não abro.

Semana passada mencionei aqui a entrevista de Marília Gabriela com Madonna. Que porcaria!!! Madonna simplesmente não ouvia e sequer respondia o que a jornalista brasileira perguntava. Pior, tem no repertório meia dúzia de respostas prontas que molda às perguntas feitas. Uma chata. E não tem tiete no mundo que consiga me convencer do contrário. Se não está disposta... não conceda entrevistas.


Estou com Bárbara Gancia, colunista da Folha de São Paulo, e não abro. Bárbara conclamou feministas contra as bifas dadas em Sandrinha pelo "civilizado" marido Alexandre Boina. "Você mereceu", disse Bina Colombo. Em que mundo estamos? Apanhar só por galinhagem?


Tascaram Sandrinha pra escanteio. Galinhas do mundo, uni-vos!!!! Acaba de ser criada a ONG-G, organização não-governamental em defesa da galinha. O Dia Nacional da Galinha já foi estipulado. Dia 05 de Outubro, também Dia da Ave.


E agora uma péssima notícia da "vida real". Você anda achando ruins os telejornais? Pois prepare-se para o pior. Anda a maior limpa nas equipes de jornalismo das emissoras. Cortes que chegam a 40%. Isto significa que as matérias de agências internacionais ganharão mais espaços e notícias da sua aldeiazinha... nada ou muito pouco.


A maior sacanagem contra os jornalistas é que notícias de desemprego, demissões em massa, salários atrasados ou aviltantes... só das outras categorias. Ou você acha que os donos dos veículos colocarão em pauta os problemas do setor? Muito pelo contrário... jornalista de novela está sempre com a vida ganha. Pagam fortunas por camundongos e felinos e demitem do outro lado.


Acordo e tenho por hábito assistir Bom Dia Brasil, ao mesmo tempo em que ouço as notícias no rádio. Sei que está na hora de sair quando começa o programa da Angélica, mas outro dia fui obrigada a parar na frente da telinha para me certificar que havia escutado certo. A loirinha da pinta cantava (???) uma musiquinha que, entre outras pérolas, diz: "...eu quero ser seu motoboy..."


Gente... eu juro que não quero ser do contra. Mas não é fácil.

Cada vez que meu super-zapeador entra em ação só vejo futebol nas noites essebetanas.

Será mera coincidência ou o SBT transmite futebol diariamente? Cada vez que meu super-zapeador entra em ação só vejo futebol nas noites essebetanas. O canal vai bem em termos de sucesso popular. Futebol, Chiquititas e Ratinho. Mas o SBT se redime através de Marília Gabriela, que também se redime. Depois de Carla Perez, Roberta Miranda e Hebe Camargo, entre outras celebridades, anuncia para domingo (20/09) entrevista com Madonna. Aquela que virou um mix de Pietá com Princesa Hindú, mas que ainda é campeã de vendas, bilheterias e mídia.


Dizem as revistas do setor que "Torre de Papel" embarca em outra "polêmica": Alexandre se envolverá com Lúcia. Penso seriamente em formar um comitê contrário a esta reviravolta na novela. "Onde já se viu tamanho descaramento?"... perguntaria, ensandecida, nas páginas dos jornais. "Um filho ter um 'caso' com a ex-mulher do pai não é coisa de bom cristão", conclamaria aos seguidores.


Tudo isso só para devolver a Sílvio de Abreu um pouquinho da chatice que ele nos oferece.


E continuando minha maratona pelos canais, vejo Christian & Ralph na Record. Os dois meio acabadões, dizendo que vida de artista não é fácil e que não é um bom negócio. "Desistam", aconselham aos que sonham com o estrelato. E o que há de estranho ou engraçado nisso? É que Chistian fala estas coisas apontando para o relógio em seu pulso, em close, mostrando as horas. O Rolex marca 5h30min. E não é um bom negócio? Já sei. Devem ser da turma de FHC, que acha vida de rico chata. Se as pessoas pensassem antes de falar...


No mesmo horário, a TV Senac/TV Cidadão fazia um programa que defendia tese bem mais interessante. Estimulava jovens músicos a prosseguirem na estrada e dizia: "não importa o estilo, o que vale é ter qualidade". Conseguiu reunir depoimentos de diversos Titãs, Frejat, Hebert Viana, Gilberto Gil e por aí vai, todos dizendo coisas interessantes. Bom trabalho e um custo relativamente baixo não são incompatíveis, provam.


E um leitor escreveu concordando com minha coluna anterior, na qual acusava o Telecine de "falcatrua". Ele mandou alguns cálculos: com os 600 dólares anuais que pagava pela assinatura pode comprar duas passagens ida-e-volta a Buenos Aires, uma a Miami e outras coisas mais. Foi além de minha própria maldade, e diz ser um grande desestimulador da TV por assinatura, responsável por inúmeros cancelamentos.


Olha... para a maioria da classe média brasileira cortar a NET seria no mínimo diminuir 50 reais/mês de entrada no especial. Dá pra pensar nos conselhos do leitor.

Fátima Bernardes falou na queda da bolsa como quem anuncia a entrada da Mangueira na avenida.

Fátima Bernardes mandou ver nas manchetes do Jornal Nacional da última quinta-feira. Falou na queda de 15% da bolsa brasileira como quem anuncia a entrada da Mangueira na avenida. Foi salva pelo maridão que, na hora de chamar a matéria, deu o tom grave que merecia.


Processem a Net!!! Mandem e-mails protestando contra o descaramento da operadora e de sua revista. Vejam só alguns filmes que ela anuncia estrearem na programação do Telecine: Arizona Nunca Mais; O Esporte Favorito Dos Homens; Os Intocáveis; Ironweed; Rede De Intrigas; Reds; Ruas De Fogo; E Se Meu Apartamento Falasse. Pagar um fortuna mensal para ver filmes que a TV aberta já reprisou à exaustão? Puro engodo. Os grandes destaques deste mês são Volcano - A Fúria; e Inferno de Dante. A programação está tão ruim que nem José Wilker agüentou se manter no posto de comentarista na revista da programadora.


Bacana mesmo foi meu retorno a Torre de Babel. Depois de dez dias sem ver a Novela, posso afirmar que não houve qualquer mudança significativa que virasse o foco da trama. Clementino prepara-se para abandonar o posto de "rainho da sucata" e embarcar no reino encantado do chili em uma lanchonete que deverá ser modernérrima e que dará certo, com certeza.


A melhor novidade do novelão ficou por conta do Jamanta. O personagem tornou-se um símbolo de luta contra o celibato compulsório. Mesmo sem entender muito o que aconteceu, Jamanta tirou o pé do barro e transou com Luzineide. Com isto, uma amiga minha que acredita em tudo que a televisão transmite teve renovada a esperança: "se até Jamanta conseguiu...", suspira. Tadinha !!! Do jeito que a televisão anda ruim é bom ela encontrar logo seu Scânia.

Galvão Bueno, "buenamente" diz: "temos aqui conosco Deise Nunes... uma mulher muito bonita, mas muito inteligente".

Tarde de chuva e frio. Um pouco de nostalgia. Ligo a TV para ver Internacional x Corínthians. Lá está ele... Galvão Bueno, que "buenamente" diz: "temos aqui conosco Deise Nunes... uma mulher muito bonita, mas muito inteligente".


A palavra "mas", se o Senhor Galvão Bueno não sabe, exprime oposição ou restrição. Em distintas situações equivale a "porém", "todavia", "entretanto" e "contudo". Estaria ele, ao formular sua brilhante frase, tentando dizer que mulheres bonitas são burras? E que Deise é uma exceção?


Pobre Deise. Tantas provações para ter que um dia ouvir uma coisa destas. A TV é um fantástico veículo para perpetuar estereótipos mesmo.


Melhor tentar ver Roberto D'Ávila em "Conexão" (Domingo, 21 horas, TV Cultura). Nostalgia por nostalgia... D'Ávila jamais apresentará Luiz Fernando Veríssimo como "um homem muito gordo, mas inteligente".


Gostaria que tivessem aprofundado o tema FHC. LFV é praticamente a única voz discordante na mídia nacional, impregnada de uma unanimidade absurda em torno da política econômica brasileira. Mas tudo bem, para alguém os assuntos abordados devem ter constituído novidade.


E já que entrei no tema política... o horário eleitoral tem mostrado uma disparidade sem precedentes na história brasileira. Nunca o nível de produção dos programas foi tão distante um do outro. Há um abismo entre eles. E me refiro apenas a aspectos relacionados a qualidade de imagem, edição, locações etc. Nem entro no campo das idéias.


Curiosamente os programas mais caros são justamente os de candidatos que hoje ocupam cargos públicos ou que estão ligados a partidos que em seus estados ocupam o poder. Qual motivo faz com que sempre consigam mais recursos? Não respondam, por favor.


E explodiram um Planet Hollywood. Taí um filme legal... saem Exterminador do Futuro, Rambo e Duro de Matar à caça dos terroristas. Recorde de bilheteria.


Quanta vilania!!! Turn off.

Duas semanas pelo interior do país são capazes de nos fazer sentir saudade das dublagens do Discovery e da Teleuno.

Volto de um mundo repleto de Ratinhos. Duas semanas pelo interior do país são capazes de nos fazer sentir saudade das dublagens do Discovery e da Teleuno.


Parangolés, Carrapichos, Cadeias... clones ou precurssores de Ratinho e Afanásio. Ou o que eles seriam, caso não fossem...


Defensores e apologistas da pena de morte, afirmam suas virilidades na base do grito. Passam 45 minutos (no mínimo) esmurrando mesas inocentes e aspergindo perdigotos na câmera (é provável que as emissoras tenham seguro dos equipamentos. Ou estes são impermeáveis? Irgh!?...).


Não sei se pior ou melhor, há os programas femininos e suas entrevistas maravilhosas. Segundo uma amiga pé vermelho as apresentadoras do interior sempre estão acima ou abaixo do peso. Deve ser por causa dos infalíveis quadros de receitinhas aos quais agora até o Jornal Hoje sucumbiu. Fórmula fácil para preencher manhãs e tardes intermináveis com personagens que expõem inteligência da "profundeza" de um pires.


E o jornalismo? Trouxe na bagagem, especialmente para meus leitores, uma relíquia: o valente repórter saiu a campo para demonstrar o medo da sociedade ante sucessivos assaltos a ônibus de turismo. Após um texto longo e contundente contra tais ações de "elementos malévolos", entram as entrevistas na rodoviária. Os entrevistados foram de opinião unânime. Todos demonstraram muita segurança e satisfação em viajar de ônibus.


Vixe!! A pauta caiu e só o editor não viu!!


Tem ainda os programas culturais das bucólicas manhãs de sábado e domingo. O desfile de talentos locais só perde pro recital de poemas "de autoria própria" em encerramento de ano letivo na escolinha primária da afilhada.


Nestes insólitos momentos lembro que a natureza nômade dos gaúchos já legou ao país muita coisa boa... mas também muito gaiteiro de 5ª categoria.


Teoria que poderia ser aprofundada pelo colega do Oigaletê.


Colocando na ponta do lápis os jeitos regionais de fazer televisão, a soma dá sempre o mesmo resultado. Trata-se, invariavelmente, de programação doméstica e econômica. Do tipo que até os horrorosos comerciais - de péssimo gosto e baixíssimo nível de produção, apelo e criatividade - conseguem pagar com lucro.


Há quem defenda que, no cômputo geral, o prejuízo é da comunidade. Para conferir o que acontece em seu quintal acaba tendo que aceitar este bombardeio de cretinices.


Os impiedosos diriam que, assim como os políticos, os comunicadores são seres pinçados, representantes de seus eleitores/espectadores. Ou seja, esta televisão - que se multiplica em concessões privilegiadas - seria o espelho de quem a assiste.


* Com a valorosa contribuição de Lara Sfair, a jornalista pé vermelho.

Meninas do Brasil, percorram os sebos atrás da Coleção Cor-de-rosa.

Meninas do Brasil, percorram os sebos atrás da Coleção Cor-de-rosa. O país traiu o plebiscito e a monarquia tomou de assalto as telas. Já temos nossa princesa. Sasha.


Não consigo entender como alguém pode não gostar da Xuxa. Eu, se fosse governadora, compraria uma guerra fiscal para atrair a moça para meu estado. Isenção de impostos, terreno para o estúdio, infra e tudo o mais que ela e a Marlene quisessem.


A empresa Xuxa é muito competente. Gera empregos, divisas. É inclusive uma empresa politicamente correta. Está sempre engajada na defesa da natureza, animais e criancinhas. Parques temáticos à parte.


Pura implicância desta gente que não gosta da Xuxa. Só porque ela é competente ao permitir que seu marketing trabalhe? Boticário, TAM, Bradesco, Volkswagen... não fazem todos o mesmo? São os tempos. A era da informação. Não vão querer seus detratores que ela se abstenha de ganhar dinheiro? Tsk, tsk, tsk.


Ela é rainha. Rainhas precisam de peles, jóias, limousines e menos românticos helicópteros. Rainhas têm propriedades indevassáveis e mesmo ilhas. Quartos com cortinas bufantes e herdeiros.


É claro que - como qualquer rainha - Xuxa comete seus excessos. O principal deles é a péssima mania de contar dinheiro na frente de pobre, via satélite. Nos dias que passam mostrar felicidade pode parecer até provocação. Axé!!


Gosto da Xuxa. Acho um dos mais fantásticos "cases" do país. De Santa Rosa para a liderança da monarquia nacional é um caminho longo. Árduo. Eu gosto de gente de sucesso. Já que doidos todos somos, ao menos bem-sucedidos.


E isto ela definitivamente o é. O que também não significa que eu tenha reunido paciência para cumprir meu papel de súdita em frente à televisão. Sou republicana, afinal.