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Minha maior fraqueza são as soap operas americanas. Isto mesmo... os seriados que enchem os dias da Sony, por exemplo.

Tenho duas falhas na vida. Uma, a mais irritante, fica na altura da nuca... onde me falta um - para os outros imperceptível - tufo de cabelos. 


A outra é que tenho um gosto que, sem muitas sutilezas, demonstra certa fraqueza de caráter.


A fraqueza a qual me refiro é o vício de assistir as soap operas americanas. Isto mesmo... os seriados que enchem os dias da Sony, por exemplo.


Não que eu veja todos, indistintamente. De um modo geral não aprecio os que têm risadas eletrônicas (com exceção de Friends). Gosto daqueles mais "dramáticos".


Como entre os jornalistas sérios não é muito aceitável gostar destes programas, volta e meia leio alguns textos bem "cabeça" sobre o gênero e programas específicos.


Lembro de um artigo escrito há pouco tempo por uma dupla de articulistas que analisava os seriados norte-americanos. Sobretudo Dawson's Creek.


Como já é praxe, escreveram os nobre coleguinhas os maiores chavões do setor. Disseram que os personagens de DC moravam numa cidade maravilhosa, estudavam numa ótima escola, eram bonitos e tinham todas as condições para desenvolverem seus talentos.... blá, blá, blá...


Enfim... aquele batido papo que no cinema (e por conseqüência nos seriados) a vida é cor-de-rosa e só resta aos personagens se preocuparem com futilidades. 


Mas, apesar de artigos desta natureza serem aparentemente bem embasados, no caso específico faltou aos articulistas um detalhe: assistir o seriado.


Em primeiro lugar, sintam a depressão, em Dawson's Creek, por razões diferentes dos quadrinhos de Walt Disney, ninguém tem mãe.


Jen - a primeiramente execrada "galinha" nova-iorquina é mandada à força para a casa da avó pela mãe, que na idade dela era também uma "galinha". Os pais da menina vivem viajando, brigando e nunca ligam para a pobre.


Joey - a garota perdeu a mãe, com câncer, e o pai foi parar na cadeia por ser traficante.


Pacey - sabe-se que existe um pai para ele mas este só aparece no seriado para mostrar sua ausência. A mãe... ninguém jamais viu.


Dawson - claro que o protagonista tinha que ser filho de pais separados e ainda por cima a mãe, jornalista, foi para a Costa contrária.


Andy e o irmão gay - A mãe da dupla ficou louca depois que um outro filho morreu. O pai não dá conta de ter um filho gay e nunca está em casa.


Como vemos... a vida é mesmo cor-de-rosa na pequena cidade de Dawson e sua gang.

Em uma caixa de papelão, ganhei a coleção quase completa de discos do Roberto Carlos. Isto mesmo... uau!!!

Minha fama de juntadora de tralhas espalhou-se de tal forma que volta e meia bate um a minha porta, carregado de porcarias que julga serem de meu interesse. O mais curioso é que raras vezes sou consultada para estes presentes. Eles chegam pronto. 


Mas nesta semana veio aqui um velho amigo, grande gozador, que pensando que me deixar indignada, trouxe-me verdadeira pérola. Em uma caixa de papelão ele me entregou a coleção quase completa de discos do Roberto Carlos. Isto mesmo... uau!!!


Era algo que até pensei comprar depois que os velhos discos em vinil do Rei foram lançados em CD. Longe de ser prioridade, deixei pra lá. Lucrei... tenho os originais todinhos aqui comigo. É verdade que ele não precisava ser tão generoso assim. A mim bastariam os discos da fase inicial, que vai de 61 ou 62 a até, no máximo, 74. Considero os demais como um bônus ao verdadeiro presente.


Desnecessário dizer que imediatamente me pus a ouvir "bolachão" atrás de "bolachão". Fiquei feliz por não ter me desfeito do pick-up (alguém aí não sabe o que é isso?). Vibrei com músicas conhecidas, dei gargalhadas de algumas ingenuidades próprias da Jovem Guarda, comprovei a tão propagada alienação do Rei, que teve seu apogeu em pleno estado de exceção, desprezei diversas... mas me surpreendi com muitas canções que não conhecia.


É estranho ver como alguém que um dia fez roquinhos como Nada vai me acontecer (1969) possa se transformar num bajulador de gordinha, baixinhas e caolhas. Será que Belchior (irgh) estava certo e vamos todos nos transformar em cópias exatas dos nossos pais? Não quero crer.


De qualquer forma... por O Astronauta, É Proibido Fumar, História de um Homem Mau, Eu te Darei o Céu, Por Isso eu Corro Demais, Se Você Pensa, As Curvas da Estrada de Santos, 120 150 200 km por hora, Detalhes, Não Vou Ficar, O Portão e muitas outras... valeu a pena o presente. 


E para vocês entrarem no clima de reverência a Bob Charles, lá vai uma música que me surpreendeu muito. É Preciso Ser Assim, do álbum Splish, Splash (1963). Ouça a música de Roberto e Erasmo Carlos. Pasmem! É um sambinha muito melhor que os pagodes que andam por aí.


Um abraço

Olho para o velho Telefunken e penso: como deixamos isto tudo se criar?

·        Todo mundo sabe, até o próprio Ministro Paulo Renato disse: ''a Educação particular é o melhor negócio do Brasil, na atualidade"! 


Meus antigos leitores sabem que uma das peças mais destacadas de meu patrimônio é um aparelho de TV Telefunken, ano 76, que em sua bonita caixa de madeira funciona muito bem, apresentando apenas um levíssimo esverdeado em sua imagem. Uma vez ameaçou o último "suspiro" mas, fiel, voltou à vida. 


Pois bem... credito a ele um tanto de minha memória televisiva. Olho para aquele tubo de imagem (ainda dos "gorduchos"), para a caixa e seus botões deslizantes, e vou lembrando de programas vistos.


O curioso é que não faço isto enquanto assisto reprises. É quando olho "novos" programas mesmo. A moldura é a mesma, a imagem já foi um dia melhor... só mudam artistas e pouca coisa mais.


Nesta semana, lendo os jornais, vi que praticamente todos os colunistas de TV apontaram o exagero de "referências" de Esplendor, novela da Globo que teve estréia nestes dias. Diante disso não vou ficar aqui repetindo tudo o que falaram sob pena de ser acusada de plágio (triste sina de uma coluna publicada às sextas-feiras).


Mas algo que passou batido por meus colegas posso mencionar: vocês perceberam que a música incidental para os momento de suspense nos remete ao clássico Psicose?


Entro novamente no velho tubo-de-imagem-do-tempo e lembro de Chacrinha, que como todos sabem dizia: "na TV nada se cria, tudo se copia". Imediatamente vem à cabeça a célebre e famigerada frase de um antigo anúncio, hoje renegado por seu intérprete Gérson: "a gente gosta de levar vantagem em tudo".


Frases distintas, significados aparentados, que me remetem a uma outra frase, repetida à exaustão nestes 3580 seminários, palestras e workshops que, por compromisso profissional, sou obrigada a participar.


Dez entre dez painelistas dizem: "o poder está nas mãos de quem tem a informação". Toda informação, qualquer tipo de informação. Referem-se, de um modo geral, à informação tecnológica, científica e de números dos mais diversos mercados. Sem dúvida alguma, no entanto, o poder está nas mãos daqueles que detêm o poder de veicular a informação.


E este poder, como temos visto, se transforma em dinheiro. Dinheiro que só serve para ser transformado em mais dinheiro. E mais poder, evidentemente.


É lógico que não sou freira pra ficar aqui esbravejando contra o capitalismo, afinal... sou uma mulher moderna. Mas tenho estômago sensível, e quando fico sabendo de certas coisas... ai!!!


Aqui no Paraná, e acho que é um "fenômeno" nacional, as universidades proliferam a uma proporção tal que estou pensando seriamente em emoldurar meu diploma, coisa que nunca fiz. Algo me diz que dentro de pouco tempo ele poderá valer muito. Não pelo ineditismo mas pelo diferencial. É diploma de uma séria instituição, item que deverá ser raro dentro de pouco tempo.


Mas vamos ao que interessa...


Este fonômeno ultrapassa os limites das capitais e chega ao interior dos estados. E aqui no Paraná, acreditem, um dos investidores no setor é quem? Ele... o ignóbil roedor.... Sr. Carlos "Ratinho" Massa.


Seus fãs dirão: "que bonito. O Ratinho agora oferece educação a seu povo". Eu, como nada tenho a ver com isso, pergunto: "que compromisso este senhor tem com a educação? O que sabe ele sobre o assunto"?


Mas convenhamos que ele está com tudo. Se o futuro pertence àqueles que detêm o poder da informação... nada melhor que a situação de Ratinho. Forma ignorância na frente da telinha... e "lustre" nos bancos escolares.


Olho para o velho Telefunken e penso: como deixamos isto tudo se criar?

Nesta semana decidi ser menos ranzinza com a programação de TV e liguei meu aparelho com olhos generosos.

Nesta semana decidi ser menos ranzinza com a programação de TV e liguei meu aparelho com olhos generosos. Despi-me de todas as armaduras e pensei: "não pode ser tão ruim assim". O principal beneficiado com o surgimento da new-Márcia foi Gente Inocente, programa apresentado por Márcio Garcia aos domingos da Globo.


Num dia comum eu diria que o programa deveria ser chamado de Gente Inocente... Útil. Sabe como é... não gosto muito deste negócio de criancinhas cantando e dançando as maliciosas músicas dos axé-groups e coisas do gênero.


Ah... mas o programa tem uma sutileza que adorei!! É aquele negócio de colocar a mãe da criança embaixo de um chuveiro para que, caso o pimpolho seja desclassificado pelos jurados no quadro de calouros, a genitora tome um banho.


Um quadro destes é o sonho do chefe do departamento que recruta novos talentos de qualquer emissora, sobretudo da Globo. Imagine o que esta pobre criatura tem que agüentar de mãe-mala? Filas e filas de progenitoras tentando provar que os lindinhos delas são geniais: "dança pro moço fulaninha", "conta aquela piada"... e por aí vai.


Achei esta idéia genial pois aqui mesmo no meu prédio tem uma criança que inferniza minha vida e juro... tenho vontade de bater na mãe.


Finalmente um programa que se justifica.


Esta repentina generosidade tem também efeito justiceiro. Ana Maria Braga, a até bem pouco tempo, era sempre mencionada como a "recordista de permanência no ar". Isto em virtude da duração e periodicidade de seus programas anteriores. Injustiça.


Duvido que alguém no Brasil supere os apresentadores do Shoptime em termos de permanência no ar. A qualquer hora do dia ou da noite você liga o canal de vendas e lá estão eles: o loirinho, a loirinha e o japonês (apesar de tudo não sei os nomes deles e lanço mão dos estereótipos).


O loirinho, coitado, está quase sumindo. De um ano para cá emagreceu uns 18 quilos. A moça, pobrezinha, está visivelmente estressada, trocando as bolas a cada 3 segundos. O japonês ainda segura a onda mas deve pirar a qualquer momento. Ainda bem que Rodolfo Bottino, Monique Evans e o carinha que vende aparelhos para ginástica dão umas pequenas tréguas para eles.


Justiça já!!! Transfiram o título de Ana Maria para eles.


Mas tanta generosidade tem seu motivo. Nesta semana recebi mensagem de uma leitora que deseja iniciar a campanha "Salve o Júnior". Fiquei tocada por seus sinceros sentimentos. No e-mail ela comentava diversos assuntos até que chegou ao ponto central de seu pensamento.


Ela sugere que a mídia, de forma delicada e politicamente correta, trabalhe para a dissolução da dupla Sandy & Júnior e que o menino vá cuidar das fazendas da família. "O menino está sofrendo e pode entrar para o rol dos animaizinhos em extinção! Mandem-no para seu habitat", conclama a leitora.

Se isto será bom ou ruim não sei. Será "muderno", sem dúvida.

Eu adoro os portugueses, sempre gostei. Depois que eles fizeram uma passeata contra o gerúndio passei a gostar ainda mais deles. Coloco-me então no lugar da D. Maria José, doceira portuguesa que foi preparar um de seus acepipes em Mais Você. Já na apresentação Ana Maria Braga pisoteou os ouvidos da lusitana: "Maria José é portuguesa de nascência".


 


Não contente com isso Ana Maria decidiu fazer uma associação entre a ascendência da doceira e o Descobrimento do Brasil. Saiu-se com esta: "há 500 anos chegaram aqui seus descendentes". 


 


Márcia Cipro Neta novamente em ação. Faz lembrar Lucélia Santos em A Escrava Isaura, há trezentos anos. Interessada em demonstrar um falar culto, saiu-se com esta: "Senhor, façai com que eu..." Acho que vem daí minha obstinação em detectar besteira na televisão, trabalho que me é facilitado por demais.


 


Besteira grande, por exemplo, é o anúncio que a ABERT - Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão -  faz veicular nas principais emissoras do país. Na referida propaganda a ABERT alerta contra os "perigos" das rádios piratas, cujas transmissões causariam interferência nos serviços de comunicação da polícia, hospitais, bombeiros e aeroportos.



Santa hipocrisia!!!


 


Anúncio desta natureza faria sentido se partisse das entidades prejudicadas. Do que a ABERT não gosta, e isso sabemos, é da concorrência das rádios piratas tanto no que se refere a anúncios quanto a interferências em suas próprias transmissões. É como a briga do comerciante estabelecido com os camelôs.


 


E vem se fingir da benemérita agora...


 


Vocês querem apostar que esta briga da TV Cultura com a Embratel vai terminar na reforma do estatuto da Fundação que dirige a emissora? 


 


Simples: a TV Cultura não pode pagar pelo sinal. A Embratel entende que a TV Cultura é um cliente como outro qualquer. São Paulo não tem dinheiro para bancar ainda mais a emissora. Logo... a solução é abrir as possibilidades de receita da TV, que passará a oferecer anúncios ao mercado.


 


Se isto será bom ou ruim não sei. Será "muderno", sem dúvida.


 


E o melhor da semana foi o "encontro" promovido no programa Note & Anote, vespertino da Record (99% de certeza que foi aí mesmo). Cátia e Leão entrevistavam Ralph no estúdio. A cada resposta do moço o contraponto vinha de uma entrevista gravada com Christian. O assunto era a separação da dupla sertaneja "mais afinada do país", segundo palavras de Leão Lobo.


 


Enquanto Christian "Please Don't Say Goodbye" soltava farpas pra cima do irmão, Ralph desfiava seu rosário, louvando Jesus a cada 2 minutos. Hilariante.


 


Quem não viu perdeu um dos momentos mais patéticos da TV brasileira nos últimos anos. O assunto, que por falta de bom senso recíproco não mereceria mais do que 5 minutos, durou uma eternidade. Pra vocês terem uma idéia, Christian até acusou Ralph de não visitar a própria mãe.


 


E Ralph, o bom moço, dizia que tinha a consciência tranqüila por carregar Jesus no coração... enquanto se vangloriava por ser casado com a mesma mulher há 23 anos. Subliminarmente insinuava com isso que Christian, dono de uma vida afetiva atribulada, seria mais propenso a, perdoem-me o termo, sacanagens.


 


No comando de todo este show, Cátia e Leão, apesar de patrocinarem a lavagem de roupa, repetiam a todo momento que adorariam ver a dupla superar os problemas e voltar aos palcos junta. Comovente.


 


No final ficou a certeza de que Christian é o malvado pois além de mulherengo, como também disse Ralph... é ateu.


 


Mulherengos e ateus do mundo, cuidado com a Record.

Mundial de Clubes passa de "Campeonato Mundial de Times de Várzea" a manchetes grandiloquentes.

Abro a Folha de São Paulo de sexta-feira e antes de começar a ler, como de costume dou uma olhadela geral. Estranho a capa do caderno de esportes: "A quem pertence o mundo"? É claro que a manchete faz referência à final do primeiro Mundial de Clubes, organizado pela FIFA. O estranhamento se justifica quando comparo a grandiloqüência da chamada à tudo que foi dito do campeonato, dentro da própria Folha, inclusive.


Longe de ser respeitado, tal campeonato era até chamado de "Campeonato Mundial de Times de Várzea" e coisas do gênero. Notícias sobre o descaso com que times como o Manchester, por exemplo, a tratavam eram freqüentes.


O que mudou? Na minha modesta e paranóica opinião uma coisa: a final é entre Vasco e Corinthians. A glória para imprensa paulista e carioca, que encontrou uma arena para o que eles consideram uma disputa para ver "a quem pertence o mundo". Já que nunca conseguiram chegar juntos a uma final em Tóquio, eis que estão felizes.


E já que hoje estou me metendo na seara do meu colega Otávio, comento também algo ouvido na tarde de quinta-feira, na Rádio CBN. A repórter estava na fila para a compra de ingressos no estádio São Januário, no Rio de Janeiro.


Lá encontrou um "personagem" (é assim mesmo que nós, jornalistas, chamamos nossos entrevistados... sobretudo em matérias de comportamento... numa clara prova de que antes de serem escritas as reportagens já estão com roteiro praticamente pronto).


Voltando... lá encontrou um personagem que estava na fila desde as 6 horas da manhã de quarta-feira. Já não acho muito normal mas fiquei imaginando o que pensava a mulher do cara, que segundo o "personagem" estava no hospital pois o filho do casal havia nascido enquanto ele estava na fila de ingressos. E ele nem havia visto o filho ainda, o que não é nada ante uma decisão sobre a propriedade do mundo. Algo bem mais relevante. 


Putz... já falei de jornal e de rádio. Cadê a TV? Objetivo desta coluna. Vamos lá... Não falarei de programas específicos, mas de algo que venho observando há algum tempo na Globo. O assunto me veio à cabeça depois de assistir uma entrevista com Hans Donner durante o lançamento de seus relógios comemorativos aos 500 anos de descobrimento.


Aliás, estou convencida de que quem descobriu o Brasil foi o próprio. Que achado para ele! Praticamente monopolizou o posto de "fazedor" de abertura de novelas e vinhetas na Globo. Fez grandes trabalhos na emissora e ali permanece até hoje... se repetindo. Ou o que é pior... nem isso.


Não chego a dizer que o cara é ruim. Longe disso. Só não sei se é realmente o melhor pois não vejo outros. E já me cansei dele.


Fui aos mecanismos de busca procurar um site que mostrasse a lista dos trabalhos do artista. Encontrei o do próprio mas não continha tal enumeração. Achei, em contrapartida um site trazendo entrevista com o próprio. Não apresentava a lista mas o site tinha o sugestivo nome de Movimento Amigos do Garantido.


Isto explica. 

A solução encontrada para tapar o buraco deixado pelo desmanche de Jô Soares Onze e Meia foi levar novamente para o horário noturno o velho Programa Livre,

Sai Jô, entra Babi. A solução encontrada por Sílvio Santos para tapar o buraco deixado pelo desmanche de Jô Soares Onze e Meia foi levar novamente para o horário noturno o velho Programa Livre, atração recordista em mudança de horário no SBT.


A idéia de dar a Babi o comando do programa celebrizado por Serginho Groissman não foi ruim. O mesmo se pode dizer da troca de Jô pela musa da sexologia teen. O problema não é esse.


O que não está legal no "novo" Programa Livre, no ar desde a noite de 3 de janeiro, é que Babi não conseguiu ainda imprimir sua marca. O programa mudou pouco (pra pior) e a moça travestiu-se de Serginho, adotando inclusive o famoso "o Programa Livre volta... já".


Entendo que com o tempo a atração deverá incorporar um pouco mais da personalidade da apresentadora. Mais do que vem tentando com o bloco destinado a tirar as dúvidas dos adolescentes sobre sexo, marca registrada dela.


Mas precisa mudar mais pois Malcolm Montgomery (ex Sr. Milla Crystie) está muito longe de ser Jairo Bauer, o cara mais queridinho do país, ex-companheiro de Babi no MTV Erótica.


De qualquer forma, não é a falta de personalidade e nem e substituição de Jairo por Malcolm que está mesmo ruim. Ignoremos a recente tentativa de fazer Programa Livre com apresentadores diversos, para substituir Serginho, vamos comparar com o original. 


Nos tempos de Serginho o Programa Livre tinha unidade. Hoje parece que cada bloco termina antes do que deveria e um não tem ligação com o outro. Está vazio.


Melhor sorte teve a Globo na estréia de A Muralha. Sempre disse aqui nesta coluna que o melhor produto da emissora são as minisséries. E A Muralha não fica atrás.


Não chego a dizer que a produção é hollywoodiana, como fizeram muitos colunistas, mas um produto que foge um pouco ao esquema industrial de gravação sempre é melhor acabado (sem falar nos anunciados 220 mil reais por capítulo).


É possível que esta consiga ser a versão definitiva do romance de Dinah Silveira de Queiroz (já houve três novelas baseadas no romance). Canastrões por canastrões... Alexandre Borges não fica atrás de Carlos Alberto. É uma boa estréia depois do fiasco que foram os dois programas das 100 Músicas do Século.


Por mais que eu tente, por mais que o neo-liberalismo tenha vencido, não consigo rechaçar minha formação frankfurtinana. Não discuto a escolha das músicas pois acho mesmo que eram aquelas mesmas. Mas conseguiram fazer com que verdadeiros clássicos parecessem um sucesso a mais num Globo de Ouro qualquer que nem mesmo arranjos de Paulo Jobim, Dori Caymmi e outros conseguiram salvar.


Ficou um festival de simulacros. Falsamente "culto", falsamente requintado, falsamente tudo.


Quase todas as músicas tiveram um andamento mais lento do que o usual e muitas delas ganharam um tom dramático que não combinava. O pior caso foi a interpretação de Ana Carolina para Desafinado.


O mais engraçado foi o duo formado por Fagner e Elba Ramalho. A Globo conseguiu reunir a dupla mais exagerada da cena musical brasileira. Temi pela explosão do meu tubo de imagem a cada salto das veias do pescoço de Fagner e a cada guincho da Elba.


E cá pra nós... Daniel cantando Chão de Estrelas deve ter feito com que o velho "caboclinho" (Sílvio Caldas), apesar das intermináveis despedidas, pensasse em voltar de onde estivesse para retomar o eterno posto.

Quando morreu Tom Jobim a mídia derramou-se em justas homenagens. E como seria impossível falar do músico sem mostrar sua ligação com o Rio de Janeiro, fomos brindados com as mais belas cenas cariocas.

Houve época em minha vida que mantinha o hábito de escrever ao ombudsman da Folha de São Paulo, então Caio Túlio Costa. Nem lembro o assunto sobre o qual escrevi na primeira vez, mas lembro que em sua resposta me convidava a escrever sempre que o desejasse. Coitado, mal sabia que abria terrível brecha pois naquele momento, morando no temporariamente no interior do Paraná, sofria por uma total falta de interlocutores.


Deve ter nascido ali, ou ao menos ali se fortalecido, esta minha mania de observar o que acontece nos veículos nacionais de comunicação. Caio sempre respondia. Gentil, algumas vezes concordava e acrescentava importantes argumentos às colocações feitas por mim. Gentil, outras vezes discordava com aceitáveis, ou não, argumentos. Sempre gentil.


Acho que minha mania de escrever para o ombudsman da Folha parou com a entrada de Júnia Nogueira, não tão gentil. Seja como for, lembro de uma carta escrita para Caio quando da morte de Tom Jobim. Na ocasião todos os jornais e emissoras de TV derramaram-se em justas homenagens ao compositor. E como seria impossível falar do músico sem mostrar sua ligação com o Rio de Janeiro, fomos brindados com as mais belas cenas cariocas, usadas como personagens de clipes ao som do Samba do Avião.


Era de arrepiar pois os brasileiros haviam esquecido que o Rio de Janeiro realmente continuava lindo. Eram tempos de rixa entre Globo e Brizola e daquele estado só saíam notícias negativas na emissora. Só seqüestros, arrastões, tráfico, escândalos...


Não tenho comigo a carta dirigida ao ombudsman mas o teor do que escrevi lembro bem. Falava que havia ficado feliz com a cobertura da morte do meu ídolo. Que graças a ela o país viu uma cidade linda pela TV. Sugeri que aquelas imagens não teriam resolvido os problemas dos cariocas mas que, sem dúvida alguma, melhoraram a vida dos demais brasileiros, cansados de tanta violência via satélite no almoço e no jantar.


Isto, dito aqui, pode não fazer sentido para quem nem era nascido ou era pequeno demais. Também não fará sentido para quem não se liga nestas coisas ou tem memória fraca.


Mas foi o que brotou em minha cabeça ao assistir a edição do Jornal Nacional no dia 25. Tomados pelo "espírito natalino", os editores do programa abdicaram de falar sobre Brasília (e nem teriam o que mostrar pois o recesso era total), deixaram de lado o plantão policial, renegaram as informações bélicas e descartaram totalmente as notícias sobre doenças.


O mundo era lindo naquela noite. Terno e meigo como nunca. Vendo aquilo muitos devem ter pensado que o Brasil pode ser maravilhoso quando saem de pauta os políticos e a polícia, juntos ou separadamente. Não chego a tanto mas, confesso, foi uma alienadinha legal.


É complicado este negócio da comunicação. Não sou do tipo que acha que jogos eletrônicos forjam bandidos e nem que filmes criam vândalos. Mas há fatos coincidentes, isso há.


Quando era criança pude assistir, em paz, muitas partidas de futebol. Sentava com meu pai na geral do Beira Rio e tudo o que víamos era uma ou outra briga isolada, nada comparável aos terrores de hoje. As pancadarias ao final dos jogos são eventos pós-hooligans (???).


Aqui em Curitiba um bando assaltou um condomínio inteiro, prendendo seus moradores no salão de festas. Deu manchete em rádio, TV e jornais. Não demorará muito para tal fato se multiplicar por até-bem-pouco-pacatas cidades do interior.


É óbvio que a mídia não cria personalidades criminosas. Isto é trabalho da vida. Mas ela até que dá "boas" e novas idéias. Como eu disse... complicado este negócio da comunicação. Se não mostra, aliena. Se mostra, (des) educa.


Há de haver uma maneira...

Canal 3... pesca, camping e lazer... Canal 4... artigos femininos e infantis...

Enquanto ampliam-se os canais de distribuição de entretenimento (não ouso lançar mão do termo "cultura"), em alguns setores diminuem-se vertiginosamente as opções disponíveis no mercado. 


Tenho tentado ir ao cinema e não consigo. Tenho tentado assistir televisão ou escutar rádio... e nada.


Aqui em Curitiba, nos últimos anos, multiplicamos pelo menos duas vezes o número de cinemas. Dos mais ou menos 12 existentes há 5 anos, saltamos para uns 30. E quantos filmes em cartaz? 12. E qual a diversidade de filmes? Pouquíssima. De um lado Xuxa e Didi, do outro a nova moda de filmes de suspense e terror e muita, muita pancadaria. Restam as três salas da Fundação Cultural que, apesar de heróicas, são de um desconforto massacrante e nada convidativo.


Na TV é a mesma coisa. Nos canais abertos pouca variedade, muita novela, muito talk-show, dezenas de programas femininos, infantis, cama, mesa e banho... A personalidade de uma loja de departamentos. 


Nos canais fechados o mix muda um pouco mais. Há uma ou outra idéia interessante... mas sempre repetida à exaustão e, não se iludam, para cada Eurochanel eles jogam 10 AXN (ex-Teleuno).


Rádio nem se fala... por mais que tentem variar os estilos, os escolhidos são sempre os mesmos. Sempre a mesma música, do mesmo CD, do mesmo cantor. No meu trabalho o rádio fica sintonizado sempre na mesma emissora e todos já decoraram a imutável programação.


Estas observações nada têm de inéditas... mas são movidas por uma espécie de "balanço" que faço para escrever a penúltima coluna do ano. É paradoxal que com tantas novas possibilidades de multiplicação fiquemos condenados à mesmice em termos de comunicação de massa. Deve ser por isso que alguns outros setores tenham "acordado" nos últimos tempos.


O setor editorial, por exemplo. A variedade de livros disponíveis nas prateleiras é crescente. As editoras começam a investir em gêneros que até bem pouco tempo não existiam no país. Biografia é só um exemplo e em outros gêneros há até alguns novos autores por aí. Já foi pior a situação.


Ainda na área editorial vê-se um enorme avanço em termos de publicações periódicas. O que surgiu de revistas não é mole. Há segmentação da segmentação. Vi outro dia a Revista do Joalheiro. Existem publicações para todas as etnias, preferências sexuais, políticas e econômicas. Tem até revista dirigida a sabe-se lá quem (o caso da Você, por exemplo).


A Internet também é responsável por uma maior gama de possibilidades, ainda que hoje alguns provedores-portais comecem a me irritar profundamente por conta de uma política de marketing exagerada (irritação ampliada ao receber o 26º kit-instalação de um famoso provedor, desta vez anexada a uma caixa de sucrilhos). Parece o Bugú, personagem da Turma da Mônica que vive atrás de exposição.


Mas tirando isso... é um dos poucos lugares onde é viável o surgimento e a descoberta do diferente.


É ela também que nos salva das megastores padrão que começam a tomar conta do mercado fonográfico. Não fosse o MP3 eu jamais teria encontrado músicas que tocam direto em meu PC e que nem em sonho freqüentam a programação musical de emissoras de rádio e TV.


Como se vê... dá pra colocar de um lado TV paga, livros, revistas e Internet. Do outro ficam rádio e televisão. Os primeiros precisam ser tratados com algum capricho pois são pagos... os segundos, por serem teoricamente gratuitos, não precisam muito esmero. 


E no meio disso tudo o cinema, que apesar de pago está integralmente nas mãos de dois ou três distribuidores, dublês de produtores e ao mesmo tempo projecionistas, já que monopólio pouco é bobagem.


Não há lógica que resista a uma exceção destas. 

Hoje estou me sentindo a Babi. Não pelo charme e menos ainda pelo provável novo salário da moça... mas ai que tédio!!!

Hoje estou me sentindo a Babi. Não pelo charme e menos ainda  pelo provável novo salário da moça... mas ai que tédio!!! Não  agüento mais a minha "MTV". Tô topando até um esse-be-te  qualquer.


E risada sobre TV esta semana, só se for por conta do meu  humor negro. Leio nos jornais que roubaram os perus da Globo.  O ladrão pensou que no caminhão estaria o time de galãs mas  eram apenas os presentes de Natal dos funcionários da  emissora, por isso devolveu tudo pra Sadia. Assim fica difícil  não ser acometida por uma síndrome de José Simão.


Certo está um amigo mineiro. Cansou de ver televisão e decidiu casar com uma antiga colega de faculdade. Agora tem um filho e freqüenta sebos de vídeos. Está com a coleção completa do Walt Disney e passa horas assistindo sob pretexto de mostrar ao garoto. Além de fugir das bobagens da TV, de quebra consegue  escapar dos noticiários sobre o Atlético Mineiro, já que é cruzeirense roxo.


Esperto ele, que deve ser da mesma tribo do Paulo Autran. O ator brilhou na última edição da revista Bravo. Resumiu em  poucas linhas o que acontece com as novelas e, por extensão,  com a TV brasileira. Vejam só:


"Televisão, em resumo, é o quê? É ibope. É a luta pelo ibope.  É o ibope que vai determinar o valor do segundo da televisão.  Então, a única preocupação em todas as tevês é agradar ao gosto médio da população, que cada vez mais se avalia por baixo. A televisão está totalmente sujeita ao ibope, e daí resulta que todas as novelas se resumem a duas perguntas: ou é quem casa com quem? Ou é quem matou?".


O pior é a força desta porcaria toda. A TV é um veículo tão forte que até quem nunca foi ao ar já é alçado à condição de celebridade. Noutro dia acompanhei a confecção de uma reportagem. A repórter cumpria sua primeira pauta, nunca havia aparecido na TV. Tanto é assim que era monitorada por profissional mais experiente.


Mas lá estava ela... microfone na mão... diante de uma câmera com conhecido logotipo estampado. Deve ter uns 22 anos. Uau!!! Foi a criançada ver que a câmera era de uma emissora e já cercaram a moça com pedidos de autógrafo. Jornali-star, a nova categoria do mundo da mídia. A matéria nem entrou na programação mas isto pouco importa. Era só um teste mesmo. Melhor ainda vem do meu vizinho de 15 anos. Assistindo a um velho filme do The Doors pela MTV ele comentou que aquele não era o Morrison. Rolei de rir... o coitadinho achava que o líder da banda era o Val Kilmer. Mais um caso extremo de confusão entre ficção e realidade. Se assistir a um filme da Janis Joplin é capaz de achar que aquela é uma impostora que entrou no lugar da Bette Midler.


E pra não dizer que tudo é tão ruim... vi nesta semana um longo documentário sobre Leonardo Pareja no Canal Brasil. Assisti com algum atraso, é verdade. Realizado em 96 por Régis Farias, trata-se de um dos melhores testemunhais que já assisti. Quem ler esta coluna na sexta ainda tem chance de assistir (ou gravar)na madrugada do dia 18, às 4 horas, sua reapresentação.


E é só