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Há projetos de todo no Legislativo Federal. Um deles pretende tirar as propagandas das TVs fechadas.

Há projetos de todo tipo em andamento no Legislativo Federal. Um deles, tão interessante quanto natimorto, pretende tirar as propagandas das TVs fechadas, visto que já seriam sustentadas por seus assinantes, submetidos a longos intervalos, repletos de anúncios.


Isto me faz lembrar conversa que tive há uns cinco anos com o então Diretor de Marketing da NET Curitiba, Eduardo Valério, e uma equipe do extinto Travel Channel.


Na ocasião eu trabalhava como assessora de imprensa da NET local e este assunto, o das propagandas na TV paga, era um dos mais abordados por jornalistas ou demais pessoas que soubessem de minhas funções.


Questionados sobre o tema, responderam-me que o conceito de TV por assinatura nada tinha a ver com “se livrar de propaganda”. O mote que faz alguém assinar um pacote, disseram, é a qualidade e o diferencial da programação e não a presença ou ausência de comerciais. Disseram ainda que as assinaturas, isoladamente, não sustentariam as operadoras e as programadoras.


Na verdade, tenho bem claro na lembrança, responderam rapidamente... dando pouca importância à pergunta.


Este certo desdém faz sentido. Mesmo aprovado um projeto que tente retirar as propagandas da NET, TVA, SKY ou DirecTV, ou de outra operadora qualquer, a coisa mais fácil será provar, por via judicial, que a medida inviabilizaria o negócio. Isto sem falar em um contingente de assinantes que, gostando ou não das propagandas, assina este serviço sem pestanejar.


Mas o assunto propaganda nas emissoras de TV é controverso. Recentemente confinaram a veiculação de comerciais de cigarros a poucos horários e em uma escala gradual serão totalmente eliminados. Em pouco tempo estarão proibidos inclusive os anúncios institucionais na forma de patrocínios a eventos culturais e esportivos.


Isto significa o fim do Free Jazz Festival, exemplo que me vem primeiro à mente.


Por outro lado, cresce na TV um outro tipo de anúncio que considero tão prejudicial quanto a propaganda de cigarros ou bebidas. Faustão, Xuxa e Ana Maria Braga (para ficar nos que pessoalmente vi), gastam bons minutos de seus programas dando testemunhais sobre a qualidade de ensino das escolas de um grupo aqui de Curitiba.


Não é um anúncio qualquer. É um testemunhal dentro da programação. Não é um merchadising comum.... daqueles que mostram personagens de novelas abrindo contas em bancos, comprando carros etc.


Definitivamente não. Eles param o programa e se colocam a dizer maravilhas sobre um produto que, tenho certeza, nem conhecem. E que é dos mais delicados... educação.


Só como ilustração, há fortes boatos que este grupo educacional teria sido comprado pelo Grupo Sonae (o dos supermercados), dando margem a piadas de todos os tipos, inclusive uma que  fala que finalmente tais escolas se consolidam como “educação de prateleira” ou “fast-food” da educação...


Se é verdade isso não tenho certeza... mas é uma boa história. Mas cá pra nós... acho mais grave testemunhais desta natureza inseridos na programação que as desventuras sexuais de Capitu ou os intervalos no Canal da Sony, atuais alvos do Legislativo e Judiciário.


Com educação não se deveria brincar. Definitivamente.

Estamos acostumados a ver na televisão um brasileiro que aceita de bom grado até injeção na testa.

Estamos acostumados a ver na televisão um brasileiro que aceita de bom grado até injeção na testa. Qualquer brinde oferecido é disputado como se fosse o prêmio máximo da loteria.


Pois fico feliz que a história não seja bem assim. Assistia Contato, na MTV, quando tive uma agradável surpresa.


Marcos Mion e Adriana atendiam o telefonema de uma garota disposta a participar de um dos tantos quizz da emissora. Ao acertar as quatro perguntas os apresentadores fizeram a maior festa e anunciaram os prêmios. A menina então refugou, para espanto dos VJ’s, um dos CDs ofertados.


Como assim?


Simples... ela não gostava da banda. Pegar o CD para fazer volume não era sua vontade e nem dar a alguém algo que de que não gostava, me parece.

Felizmente não é todo mundo que se deixa envolver por qualquer coisa.

Aqui em Curitiba, onde moro, inventei um tal ateliê de jornalismo para crianças (eles preferem ser chamados de pré-adolescentes) de 5ª e 6ª séries do Colégio Integral. Estou em minha terceira turma e a esta altura já descobri que muito mais útil que ensiná-los a fazer (mal) um jornal, um programa de rádio ou um site... será estimular neles a leitura crítica destes veículos.


Com este propósito temos tidos belos debates. Pois na última aula, quinta-feira, recebi de uma aluna comentário sobre Malhação, do qual destaco um trecho:


"Faz já muito tempo que esta novela existe. Antes a trama ocorria em uma academia, por isso o nome da novela é Malhação. Agora a novela se passa no Colégio Múltipla Escolha, onde os únicos esportes praticados são o pólo aquático e o futebol.


O nome da novela não deveria mudar? Eu acho que sim.


Além do mais... esta novela conta sempre a mesma história. Tem a menina boa e a má, namorados vivem brigando e depois ficam juntos etc.


Mesmo assim as pessoas não enjoam pois a novela sempre acaba em uma parte interessante, que deixa uma vontade de vê-la novamente no dia seguinte. E também ajuda a novela só durar 30 minutos". (Mayã  Sfair)


Viram só?! Nem tudo está perdido. Existe quem não acredita que Vale tudo por dinheiro e adolescentes que não gostam de Malhação.


Ganhei a semana e por alguns dias não fiquei com vontade de ver TV.

Está no ar o mais novo sucesso da TV brasileira: "A Liminar".

Está no ar o mais novo sucesso da TV brasileira: "A Liminar", novela baseada no best-seller "Portaria 766", protagonizada pelo galã Siro Darlan, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro e que tem como principal coadjuvante veterano ator, conhecido por viver há muitos anos o papel de arcebispo do Rio de Janeiro.


Se eu fosse da Globo contrataria Sebastião Salgado para um ensaio fotográfico sobre a vida das crianças em seus estúdios. Ao invés de proibições teríamos mais uma exposição de sucesso.


E no rodo da nova proibição dançou até a pimpolhinha do Manoel Carlos. Vejam só que decisão acertada... onde já se viu uma "criança" de 17 anos (Júlia Almeida, a Stela de Laços de Família) dividir o altar com uma garota de programa? Tão novinha.


Manoel Carlos pode emancipar a moça se assim o desejar... mas não pode autorizar seu trabalho em uma novela.


Proponho que todos os personagens infantis das novelas morram vitimados por alguma epidemia bem típica de país subdesenvolvido. Cólera, por exemplo. Já pensaram que bonito vai ficar para o país quando as novelas chegarem na Europa?


Retaliação melhor que essa não imagino.


Mas como yo soy uma mujer que mira adelante... já saquei as verdadeiras intenções destes arautos da decência. Sempre desconfiei que por trás de um convicto justiceiro-carola repousa um taradão de primeira.


Eles devem imaginar que, ao não poder usar crianças nas gravações, a Globo lançará mão de adultos em papéis infantis (como no Chaves). Já pensaram... vai ter fila de marmanjo querendo colinho de Capitu.


Mas... aplico aqui o princípio do contraditório. No caso da utilização de templos religiosos estou com a Igreja. Onde já se viu conceder direito de uso a um bando de hereges. Quantos profissionais da Globo contribuem com o dízimo?


Vera Fischer por acaso recolhe o dízimo para querer casar sua filha na Igreja? Business são business. Ficção ou realidade, o dízimo é sagrado.


E uma das principais conseqüências destas decisões judiciais e religiosas é a unanimidade. Conseguiram até fazer com que eu e a Folha de São Paulo saíssemos em defesa da Globo.


Já estou em contato com meus advogados e vou entrar com uma ação por danos morais contra judiciário e católicos. Onde já se viu me fazerem pagar este mico?

Estava escovando os dentes hoje pela manhã quando pensei que o programa eleitoral gratuito precisava de uma mudança radical.

Estava escovando os dentes hoje pela manhã quando pensei que o programa eleitoral gratuito precisava de uma mudança radical. Ao invés de bancados pelos próprios candidatos, os programas de rádio e televisão seriam sustentados por um fundo qualquer destes que existem por aí e que parecem não ter fundo mas onde sempre rola uma “graninha”.


Pois bem...


Ao invés das “criações” que nos são ofertadas, faríamos dos candidatos algo como participantes de um reallity show. Pensem que bacana seria uma câmera, nos quarenta dias que antecedem as eleições, acompanhando dia e noite os passos dos nossos futuros governantes.


Isto sim seria realmente “No Limite”.


Vocês podem imaginar a vida de um candidato que, na longa e decisiva reta final, fique impossibilitado de falar a sós com seus assessores... comparsas... e financiadores?


Gostaria de vê-los obrigados a não falarem qualquer coisa que os pudessem comprometer. Suspeito que faltaria conversa e ação neste programa... mas quantos não deixariam cair definitivamente a máscara?


As pesquisas apontando queda do candidato e o comitê dele ali... sem um contato privado sequer. Nem um mísero segundo.


Imagine qualquer um filmado o dia inteiro? Neguinho algum agüenta quarenta dias sem mostrar sua verdadeira face. O que agüentar, ou é o mais canalha ou o mais santo.


E tudo com fiscalização dos partidos (na ínfima hipótese que permitam tal tipo de programa já que decisões como esta acabam sendo deles... depois de alguns acordos entre as bancadas).


Bem... é claro que o banho dos candidatos seria gravado mas não veiculado. Nada a ver com moral e bons costumes... É pra não corrermos o risco de daqui a pouco sermos governados pelo Cláudio Heinrich ou uma popozuda qualquer. Ou alguém votaria em nossos usuais candidatos depois de vê-los no chuveiro?


Cenas de escatologia também seriam afastadas. Quarenta dias sem... digamos... soltar gazes é para poucos. Não eructar depois da décima Coca-Cola do dia? Heróico!!! Não... pouparemos os candidatos deste constrangimento. Para isso já nos bastam as câmeras em elevadores. Sexo? De jeito algum! Não queremos cenas bizarras.


“Grava mas não mostra!”, bradaria Maluf.


A audiência poderia ser baixa, mas não menos do que já é. E veríamos muito... muito mais.


Mas como sei que está proposta jamais receberá apoio dos partidos, armei um contraplano.


Pensei que, ao invés do realitty show, pudéssemos fazer então uma gincana. Que beleza! Uma gincana aos moldes das feitas em qualquer programa de auditório.


Na bancada estariam os candidatos. Campainhas e microfones a postos para que respondam às questões apresentadas. Cada resposta certa corresponde a um determinado número de pontos.


Eles podem responder, apostar, passar e até consultar suas  equipes, compostas pelos secretariados propostos pelos candidatos.


Entrariam perguntas referentes aos municípios e estados pelos quais se candidataram. Mas entrariam outras perguntas também. E o povo teria participação percentualizada, ao vivo e gratuita através de telefone, fax e e-mail. Ou de câmeras espalhadas nas ruas.


Aquele que alterasse a voz ou desqualificasse um oponente perderia pontos. E por aí vai. No final é declarado o vencedor. Se o vencedor o convenceu, vote nele. Se não... escolha aquele que o convenceu por alguma razão (nem sempre aquele com o qual nos identificamos é o mais rápido e gincanas são vencidas pelos mais ágeis física e mentalmente... não necessariamente pelos mais competentes).


Programas eleitorais são longos. Especialmente os de segundo turno. Não são coisas para publicitários, mais ambientados com espaços de 30 ou 60 segundos. Fica aquele videoclipe de bobagens fenomenais. Uma música que, se não é cretina, acaba se tornando uma depois de tanto atormentar nossas orelhas. Seguem imagens de crianças, apertos de mãos e passeios em bairros... aí entra o candidato, no estúdio, falando suas propostas (?). Corta e entra um monte de imagens em palanques, carros de som etc. Uns três ou quatro depoimentos de populares nem sempre tão populares assim... alguns apoios... uma vinheta do partido... uma faixa com slogan ou denúncia contra o principal opositor... e pronto.

Censura é uma medida tão anacrônica que relega a um segundo plano modificações basais da sociedade.

Censura é uma medida tão anacrônica que relega a um segundo plano modificações basais da sociedade. Uma ONG mineira que luta por uma “TV do bem” conseguiu que o Ministério Público se envolvesse na questão Banheira do Gugu. Isto resultou (ou estaria resultando) em uma portaria do Ministério da Justiça. Através desta medida o quadro só poderá ser veiculado após as 21 horas.


E daí? Estes caras são do tempo em que crianças dormiam às 8 da noite? Se é para defender nossas pobres criancinhas prefiro a ONG do pessoal da Candelária, o orfanato da Xuxa, o trabalho do Olodum e a Fundação Airton Senna, que são mais preocupados com os pequenos habitantes das ruas.


Mineiro tem cada uma... come feijoada naquele calorão... quer censura na TV... elege Itamar... nem parece coisa da galera tão simpática das Alterosas.


Sou contra a censura de qualquer natureza. Pra falar bem a verdade... sou até contra a regulamentação que estão tentando implantar na TV brasileira.


Em primeiro lugar porque só quem se interessa por censura são os defensores da “moral” e dos “bons costumes”... e se o mundo fosse deixado nas mãos deles ainda estaríamos sem a Lei do Divórcio, mulheres não votariam e negros estariam na senzala. Não tenho qualquer dúvida que os avanços sociais são obras de “devassos” e “permissivos”.


Sou contra também porque, ao lado da fila, o controle remoto é a materialização da democracia no mundo. Onde fica o arbítrio? Se as pessoas querem emburrecer ainda mais assistindo porcaria... que emburreçam. Não gosto da Banheira do Gugu não porque afronte meus padrões morais e menos ainda porque me afronte como mulher. Não gosto porque é um programa do Gugu, o cara mais chato e sem graça da TV brasileira, talvez só equiparado ao Luciano Huck. Carisma passa longe de ambos.


Quando escrevo que Laços de Família é uma novela absurda não o faço por achar indecente mãe e filha disputarem o mesmo homem. Escrevo por acreditar que jamais tal embate teria o nível de civilidade apresentado por Manoel Carlos... sem barraco... sem histeria... Façam um reallity show, tão em moda, numa casa onde algo assim esteja rolando e me digam se estou errada.


Também não gosto da idéia de censura ou regulamentação por conta do meu lado vampiresco. Se, num surto de qualidade, a TV brasileira só transmitisse o que prestasse, como eu faria esta coluna? Viraria boazinha de uma hora para outra? Coisa boba!


Além do mais, se o telespectador estivesse interessado em qualidade a Cultura daria muito mais Ibope... e  Cultura, Discovery, GNT etc só dão Ibope na hora de responder enquete: “- que canais você assiste”? “- Cultura, Discovery e GNT”.


Chique, não?


E, finalmente, a prova que censura é sinônimo de hipocrisia? A Igreja Católica não deixou que a Globo gravasse as cenas do casamento de Edu e Camila (Laços de Família) em seus templos. Para eles, sexo só depois do casamento e mãe solteira nem pensar. Não concordam com a liberalidade das novelas da Globo.


Mas o que faz Padre Marcelo cantando ao lado da Xuxa? Casou-se a moça e eu não sabia?

Para Lélia Almeida, escritora gaúcha que um dia chorou ao descobrir que dragões nunca existiram e, ao ver morrer aí o sonho do príncipe encantado, descobriu-se uma mulher de verdade... ou ao menos tem lutado por isso.


Uma das "notícias" mais quentes da semana foi o suposto noivado de Gisele Bünchen e Leonardo di Caprio. Como que para dar veracidade ao fato, desmentido pela modelo, foi divulgado até o preço do anel: 190 mil dólares.


Até o momento em que escrevo a coluna não estava comprovado tratar-se de verdade ou mentira tal anúncio... mas isto pouco importa. Vale mesmo registrar o imenso interesse da mídia em tornar realidade o fato.


O casamento entre Gisele e "Lio" seria a consolidação de um conto de fadas, sonho enterrado junto a Lady Di (ainda viva) mas sempre recorrente.


Estranho como os anos passam, as mulheres avançam, os homens se libertam do enclausurante (imagino) papel de superprovedores... e ainda corremos atrás do delírio realesco. Estão aí Xuxa e Sacha, corroborando esta tese.


No último sábado um tipo que eu nem sei quem é, mas que me pareceu um astrólogo ou coisa que o valha, foi ao programa da Xuxa e, entre várias premonições, garantiu: "Xuxa nos dará (a todos nós??) mais um filho". Fiquem tranqüilos, brasileiros! O trono está garantido.


Coisas do gênero justificariam comentário creditado à menina, após uma de suas saídas às ruas. Consta que ela disse gostar de "acenar ao povo". Aos súditos, entenda-se.


E o que mais me entristece é não ver em tais delírios monárquicos um fenômeno terceiro-mundista. Se assim fosse teria, ainda que de forma tênue, a esperança em um projeto educativo salvador. Qual nada... o sonho de ser "manequim-modelo-profissional", como dizem entrevisteens nos Fantásticos da vida, espraiou-se pelo mundo... do Oiapoque ao Tenesse.


Estava pensando sobre estas coisas quando adentra em meu computador uma mensagem sobre a nova linha de produtos Secrets by Sandy. "Como uma verdadeira amiga, Sandy (da dupla Sandy e Júnior) é quem dá as dicas de como manter o corpo, os cabelos e a pele bem tratados nessa fase. A cantora empresta seu nome e sua amizade para a linha teen..." (grifos meus).


Lá se vai mais uma chance de patrocínio a esta coluna... mas não dá! Que a galera queira fantasiar um mundo de fadinhas tudo bem... mas não vou colocar azeitona no pastel alheio.

Nunca um nome de personagem de novela foi tão apropriado: Helena.

Nunca um nome de personagem de novela foi tão apropriado: Helena. Uma típica mulher de Atenas, como tão bem cantou Chico Buarque. Mirem-se em seu exemplo.

Helena não é uma mulherzinha qualquer. Destas que fecham o barraco quando vêm seus homens partirem nos braços de outras. Ela é maior do que isso. Aceita até que esta outra seja sua filha.

Mais do que isso. Fica feliz quando a pimpolha engravida de seu ex e consegue até recebê-lo em casa e preocupar-se com a incipiente carreira médica de seu ex-amor agora genro.

A Helena de Atenas não põe a filha a correr. Sequer torna um inferno os almoços dominicais com indiretas e provocações. Ela não corta a mesada da filha e sofre, de verdade, a cada pequena tristeza da moça. Esta Helena não prepara armadilhas e retaliações aos traidores.

Com voz doce e olhar lânguido, Helena de Atenas diz para a filha grávida: "aceitar tudo do filho. Isto é ser mãe". E, ironicamente, este olhar e voz melíflua são de Vera Fischer, a escancarada. Aquela que notadamente vive paixões e ódios intensamente. Ah, a ficção!

Mas Helena de Atenas vai mais longe. Supera todos os complexos embasados em seu conterrâneo Édipo e aceita que seu lindinho... seu único filhinho homem... seja apaixonado por uma garota de programa que já traz no nome o estigma da traição machadiana, Capitu.

Que estigma tem esta Helena. Começou a vida tendo que mostrar sua magnitude. Entregou ao marido a paternidade de filho que não era dele. Fez por maldade? Nada! Fez por amor à filha e respeito ao cônjuge. Abdicou, pela primeira vez, da felicidade ao lado de Pedro, o amor juvenil.

Mas Pedro volta à cena e pulamos, da Grécia antiga para um filme spagetti. Nossa heroína divide o coração entre três homens: o feio (Tony Ramos), o bruto (Pedro) e o belo (Edu). Quem vencerá?

É esta a crise básica de identidade em Laços de Família. Entre a Grécia antiga, a brasilidade de Machado de Assis e o exagero italiano... só resta o pastiche.

"Pobre mas limpinho"... êta bobagem! E esta foi repetida por André Rezende no Mãe de Gravata, programa vespertino do Ronnie Von.

"Pobre mas limpinho"... êta bobagem! E esta foi repetida por André Rezende no Mãe de Gravata, programa vespertino do Ronnie Von. Também... quem mandou sintonizar minha TV num programa destes?


E o pior é que não dá pra falar muito mal do velho Príncipe da Jovem Guarda pois a modernidade decidiu rever sua obra e descobriu três discos "fantásticos". Isto nada mais é que ressaca pós-revival dos Mutantes, grupo batizado e incentivado por Ronnie.


Falando sério, considerando-se ser possível levar TV a sério, gosto mais do Ronnie Von que da maiorias das apresentadoras de programas femininos. Ao menos ele não tem risada histérica. Mas não é por isso que ele precisava tocar sua interpretação de A Banda na minha orelha.


O melhor do programa é a inteligência. Ali não tem lugar para metáforas ou qualquer outra figura de linguagem. É preto no branco. Para deixar bem claro que "Fon" é uma "mãe de gravata"... o cara pilota fogão, bate bolo, pinta pano de prato... de gravata. O tempo inteiro. Chique e sutil. Imagino a gravata mergulhando na panela de feijão.


E já que falamos em sutileza... nenhuma relação, ou insinuação, com o assunto de cima... mas alguém aí já viu que o Eurochannel virou uma Gay TV? Vejam os destaques de setembro: especial George Michael, promoção Pedro Almodóvar e a estréia de Queer as Folk?


Dos três vale a pena assistir a série Queer as Folk que vai ao ar toda quarta-feira, à meia-noite, e é no mínimo interessante, colocando o puritanismo de Ellen no chinelo.


O trio de protagonistas é composto por Stuart, a bicha Oscar Wilde (desvairada); Vince, a bicha Tenesse Willians (recatada); e Nathan, a bicha Rimbaud (novata). Os três passeiam pelo universo clubber-profissional-bem-sucedido de forma, digamos, escancarada.


É óbvio que não é programa feito para pit-bull pois um preconceituosozinho qualquer não dará conta de tanto realismo.


A não ser, é claro, que estejam certos aqueles que não acreditam tanto assim na macheza da cachorrada.


Mas veja que é engraçado

O horário das competições em Sidney é tão desfavorável ao Brasil que a Globo antes mesmo de transmitir a solenidade de abertura já anunciava a reprise.

O horário das competições em Sidney é tão desfavorável ao Brasil que a Globo antes mesmo de transmitir a solenidade de abertura já anunciava a reprise.

Anunciar, aliás, é com a Globo mesmo. Durante a semana não foram poucas as chamadas para o Festival que, segundo textos da emissora "está revelando os novos talentos brasileiros".

Realmente com este festival a emissora está lançando novos talentos. Renata Ceribelli de jornalista transforma-se em atriz. Decora texto alheio e manda ver na enganação. Brito Júnior também abandona o jornalismo para virar um bobo alegre. E Serginho Groisman... bem... este já está conformado no papel de dublê.

Só está faltando fazerem um jogralzinho de louvor aos novos talentos revelados no programeco para a cretinice ser total.

Vocês devem querer saber o motivo para tanta ira. Simples: ouvir um flash de Ceribelli dizendo que o festival conquistou as ruas (ou algo do mesmo quilate) é mais grave que nos enfiar Rubinho Barrichelo garganta abaixo. É desprezar a inteligência das pessoas.

Faz lembrar o livro lançado por Jerry Mander, há mais de 20 anos, "Quatro argumentos para a eliminação da televisão". Neste livro, entre muitas bobagens, Mander escreve algumas coisas interessantes e não me refiro a suas teorias sobre grande complô mercadológico das redes de televisão.

Gosto quando fala que assistir TV não nos faz descansar nem sequer ficarmos agitados. Aprecio quando diz o óbvio, que a única coisa que a TV tem a oferecer são... ofertas. Em minha livre tradução ele diz que a televisão nos deixa sem pensar mas não como em um exercício de meditação que nos leve à liberdade da mente, ao relaxamento ou à renovação. Como ele diria, a mente nunca está vazia, a mente está cheia. Só que cheia de pensamentos e imagens obsessivas alheias.

E a única maneira disso não acontecer é... desligando a TV. Mudar de canal só lhe dará mais da mesma coisa.

E imagino serem os ideólogos desta natureza os verdadeiros gurus de nossos programadores, que ao invés de usarem a literatura para a correção dos rumos, a usam como manual de estilo para prender aqueles que ainda suportam ver TV.

A estes é fácil programar, deixa claro o escritor.

Trocaram Kátia por Claudete no Note & Anote. Sai a moça da voz esganiçada e entra a moça do cérebro esvaziado.

Trocaram Kátia por Claudete no Note & Anote. Sai a moça da voz esganiçada e entra a moça do cérebro esvaziado. Eu aumento mas não invento... Nélson Rubens parecia um pastel. Tentava agir naturalmente mas foi impossível disfarçar seu constrangimento pelo fato de, na sexta, ter dito "até segunda, Kátia", e na segunda encontrar Claudete na bancada, a mesma Claudete que há pouco tempo pisoteou uma foto do Bispo Macedo.

No mundo das fofocas televisivas quem saiu ganhando com a troca foi Sônia Abrão, concorrente direta no horário, que agora corre solta (se perder pra Claudete, vai empatar com quem?).

Manoel Carlos inova mais uma vez. Laços de Família é a primeira novela sem enredo, sem uma trama central. Só romances pontuais, uma doença aqui e ali e mais nada. Impressionantes a criatividade do cara, a cara de pau da Globo e a paspalhice da galera que assiste.

Enganação pura. Parece horário eleitoral gratuito. Passa aquele monte de carinha, uma atrás da outra, nenhuma dizendo qualquer coisa que preste. Vez por outra, para dar um ar cultural... uma ópera, uma dica de livro...

Tá faltando crime em Laços de Família. Crime na trama, não o crime de torrar milhões e milhões pra fazer aquela droga. Um crime do tipo "quemmatouodeteroittmann". É só abrir um jornal popular e se inspirar. Ou alguém acha que mãe e filha não se matam por causa de homem?

Helena poderia matar Camila e, além de esquentar a novela, nos livraria da chata da Carolina Dieckerman que, registre-se, já ganhou um site na linha "eu odeio Camila".

E agora vou-me. A maior compensação por morar em Curitiba (sempre há uma) é que o feriado da padroeira do município é em 8 de setembro. Estou de feriadão. Morram de inveja.