Há projetos de todo tipo em andamento no Legislativo Federal. Um deles, tão interessante quanto natimorto, pretende tirar as propagandas das TVs fechadas, visto que já seriam sustentadas por seus assinantes, submetidos a longos intervalos, repletos de anúncios.
Isto me faz lembrar conversa que tive há uns cinco anos com o então Diretor de Marketing da NET Curitiba, Eduardo Valério, e uma equipe do extinto Travel Channel.
Na ocasião eu trabalhava como assessora de imprensa da NET local e este assunto, o das propagandas na TV paga, era um dos mais abordados por jornalistas ou demais pessoas que soubessem de minhas funções.
Questionados sobre o tema, responderam-me que o conceito de TV por assinatura nada tinha a ver com “se livrar de propaganda”. O mote que faz alguém assinar um pacote, disseram, é a qualidade e o diferencial da programação e não a presença ou ausência de comerciais. Disseram ainda que as assinaturas, isoladamente, não sustentariam as operadoras e as programadoras.
Na verdade, tenho bem claro na lembrança, responderam rapidamente... dando pouca importância à pergunta.
Este certo desdém faz sentido. Mesmo aprovado um projeto que tente retirar as propagandas da NET, TVA, SKY ou DirecTV, ou de outra operadora qualquer, a coisa mais fácil será provar, por via judicial, que a medida inviabilizaria o negócio. Isto sem falar em um contingente de assinantes que, gostando ou não das propagandas, assina este serviço sem pestanejar.
Mas o assunto propaganda nas emissoras de TV é controverso. Recentemente confinaram a veiculação de comerciais de cigarros a poucos horários e em uma escala gradual serão totalmente eliminados. Em pouco tempo estarão proibidos inclusive os anúncios institucionais na forma de patrocínios a eventos culturais e esportivos.
Isto significa o fim do Free Jazz Festival, exemplo que me vem primeiro à mente.
Por outro lado, cresce na TV um outro tipo de anúncio que considero tão prejudicial quanto a propaganda de cigarros ou bebidas. Faustão, Xuxa e Ana Maria Braga (para ficar nos que pessoalmente vi), gastam bons minutos de seus programas dando testemunhais sobre a qualidade de ensino das escolas de um grupo aqui de Curitiba.
Não é um anúncio qualquer. É um testemunhal dentro da programação. Não é um merchadising comum.... daqueles que mostram personagens de novelas abrindo contas em bancos, comprando carros etc.
Definitivamente não. Eles param o programa e se colocam a dizer maravilhas sobre um produto que, tenho certeza, nem conhecem. E que é dos mais delicados... educação.
Só como ilustração, há fortes boatos que este grupo educacional teria sido comprado pelo Grupo Sonae (o dos supermercados), dando margem a piadas de todos os tipos, inclusive uma que fala que finalmente tais escolas se consolidam como “educação de prateleira” ou “fast-food” da educação...
Se é verdade isso não tenho certeza... mas é uma boa história. Mas cá pra nós... acho mais grave testemunhais desta natureza inseridos na programação que as desventuras sexuais de Capitu ou os intervalos no Canal da Sony, atuais alvos do Legislativo e Judiciário.
Com educação não se deveria brincar. Definitivamente.