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Memória é coisa esquisita. Guardamos nela o que queremos e apagamos o que pouco nos interessa. Neste baú cabem lembranças agradáveis ou traumáticas, mas isso não é regra. Minha memória me surpreende com imagens que aparentemente não teriam a menor relevância. Nem para o bem e nem para o mal.

Memória é coisa esquisita. Guardamos nela o que queremos e apagamos o que pouco nos interessa. Neste baú cabem lembranças agradáveis ou traumáticas, mas isso não é regra. Minha memória me surpreende com imagens que aparentemente não teriam a menor relevância. Nem para o bem e nem para o mal.

Uma delas me veio à mente outro dia e desde então não me sai da cabeça. Ela me leva aos 11 anos de idade. Morava em Porto Alegre, no bairro Menino Deus, e frequentava a piscina do clube Grêmio Náutico Gaúcho, para o qual ia sozinha. Era -e ainda é-, uma piscina enorme. "Olímpica" em seus 50 metros de comprimento e 25 de largura. Lembro de minhas sofridas braçadas para atravessa-la uma, duas, três vezes.

Lembro do Omar, um "namorado" abandonado tão logo me pediu um beijo embaixo d'água. Não recordo seu sobrenome mas nasceu em Cruz Alta, onde seu pai tinha uma sorveteria. Guardei esta informação não por ser Omar o "filho do dono"... mas porque até hoje não desvendei um segredo que me foi revelado por ele: "Márcia, não se faz sorvete de melancia. É impossível. Não presta". Se alguém souber o motivo, me avise. Encontrei Omar anos depois, já ambos com uns 20 anos. Estava bonito pra danar  e então dei o beijo negado no passado mas esqueci do mistério da melancia.

Tudo isso eu lembro como uma cena só. Em close, plano geral e traveling sem cortes, embalados pela mais doce de todas as memórias auditivas da minha vida. As braçadas, as tentativas de ornamentar meus saltos, as brincadeiras com Osmar, o beijo negado e a informação da melancia... tudo isso ao som de duas músicas: "Killing me softly with his Song" (..."strumming my pain with his fingers, singing my life with his words"...), na gravação de Roberta Flack, e "Eu só quero um xodó", gravado por Gilberto Gil no álbum "Cidade do Salvador". Ambos sucessos do verão 1973/74.

Engraçado que a tristeza das letras contrastam com a alegria que me transmitiam. Seguramente estavam associadas a departamentos interiores que, aos 11 anos, não contemplam baixo astral.

E felizmente assim as mantive.

Eu só Quero um Xodó

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viver


Killing me softly with his song

Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly, with his song
I heard he sang a good song, I heard he had a style
And so I came to see him, and listen for a while
And there he was, this young bwoy, a stranger to my eyes
I felt all flushed with fever, embarrassed by the crowd
I felt he found my letters, and read each one out loud
I prayed that he would finish, but he just kept right on
Oh, oh, oh... La, la, la, la...

Se frase feita como esta aí acima já é duro de ouvir em qualquer situação, imagine quando ela é dita para justificar o atraso na entrega de um produto? Pois foi esta a última frase que ouvi do superintendente de vendas do site Onda Express.


Aguardando Expedição


Se frase feita como esta aí acima já é duro de ouvir em qualquer situação, imagine quando ela é dita para justificar o atraso na entrega de um produto? Pois foi esta a última frase que ouvi do superintendente de vendas do site Onda Express.


Tudo começou na semana passada quando recebi um boletim de ofertas da loja Onda Express, ligada ao meu provedor de acesso, o Onda. Nele havia um pendrive de 1Gb por precinho legal. Como o meu é de 128 e já está bem comprometidinho, decidi comprar.


Em todo processo de compra não apareceu, em momento algum, que o produto não se encontrava em estoque. Havia, ao final da compra, um aviso de que a entrega poderia levar até 7 dias, mas jamais a menção da falta do produto em estoque.


Esta informação obtive por telefone, depois de por 3, 4, 5 dias... ter encontrado na página do meu pedido a mensagem "Aguardando Expedição". Aliás... tive que ligar pois enviei dois emails através do site e nada... tentei várias vezes acessar o suporte online mas esperei atendimento em vão.


Liguei na semana passada mesmo e me disseram que segunda-feira (hoje) receberiam o produto. Argumentei que vender o que não se tem é característica de estelionato. Tentaram me convencer que não é bem assim. Claro que é. A não ser que este fato estivesse claro no site de vendas.


Hoje liguei novamente e tentaram argumentar que isso é normal... que venderam mais do que o esperado blá-blá-blá. Aos fatos:


1. Existem sistemas bem simples que interligam os pedidos e vendas ao estoque, facilitando todo processo logístico;


2. Responder aos emails dos compradores é básico;


3. É óbvio que todo anúncio, mesmos os ruins, aumentam tráfego e vendas. Se não estiver preparado para um ou outro... não se meta nisso. Internet não é para amadores. Aliás... os negócios não são para amadores; e,


4. Contrate gente capacitada para atender o consumidor. Ele não é um otário que se contentará com expressões como "acontece nas melhores famílias".


Até porque, minha família nem é das melhores e nela isso não acontece. Lembro do meu pai entrando no carro para entregar o jornal reclamado por assinante que disse não ter recebido seu exemplar diário. E meu pai não era entregador de jornal, com certeza.


E eu já banquei a reimpressão de um house-organ inteiro por um errinho que talvez só eu detectasse.


Então, entre as famílias de bem estas coisas não acontecem.


Publicado originalmente em 17/03/2007







Entregaram hoje, 21/03. Meu problema não eram os 7 dias de prazo mas sim o fato de não avisarem que o produto não se encontrava em estoque... e o tal lance das "famílias" .

O Simepar - Serviço de Metereologia do Paraná, anuncia chuva, muita chuva para toda semana. Dizem que uma tal frente fria vai continuar pairando sobre nosso oceano e isso, somado ao calorão que faz por aqui, vai fazer com que o céu caia sobre nossas cabeças.

O céu que nos protege? 15h34min


O Simepar - Serviço de Metereologia do Paraná, anuncia chuva, muita chuva para toda semana. Dizem que uma tal frente fria vai continuar pairando sobre nosso oceano e isso, somado ao calorão que faz por aqui, vai fazer com que o céu caia sobre nossas cabeças.


Eu acredito. É só olhar a foto feita a partir da janela do meu escritório, logo acima.


 

... mas, confesso, sou fã do Gilberto Gil, independente do cara formar ao lado do Lula. Por isso registro aqui o enorme artigo sobre Gil, publicado hoje no The New York Times.


... mas, confesso, sou fã do Gilberto Gil, independente do cara formar ao lado do Lula. Por isso registro aqui o enorme artigo sobre Gil, publicado hoje no The New York Times.


 


Gilberto Gil Hears the Future, Some Rights Reserved  


 


By Larry Rother 


Published: March 11, 2007 


SALVADOR, Brazil 


 


On Wednesday the Brazilian minister of culture, Gilberto Gil, is scheduled to speak about intellectual property rights, digital media and related topics at the South by Southwest Music and Media Conference in Austin, Tex. Two nights later the singer, songwriter and pop star Gilberto Gil begins a three-week North American concert tour.


Rarely do the worlds of politics and the arts converge as unconventionally as in the person of Mr. Gil, whose itinerary includes a solo performance at Carnagie Hall on March 20. More than 40 years after he first picked up a guitar and sang in public, Gilberto Passos Gil Moreira is an anomaly: He doesn’t just make music, he also makes policy.


And as the music, film and publishing industries struggle to adapt to the challenge of content proliferating on the Internet, Mr. Gil has emerged as a central player in the global search for more flexible forms of distributing artistic works. In the process his twin roles have sometimes generated competing priorities that he has sought to harmonize.


As a creator of music, he is interested in protecting copyrights. But as a government official in a developing country celebrated for the creative pulse of its people, Mr. Gil also wants Brazilians to have unfettered access to new technologies to make and disseminate art, without having to surrender their rights to the large companies that dominate the culture industry.


“I think we are moving rapidly toward the obsolescence and eventual disappearance of a single traditional model and its replacement by others that are hybrids,” Mr. Gil said in a February interview at his home here in northeast Brazil, one day before the start of Carnival. “My personal view is that digital culture brings with it a new idea of intellectual property, and that this new culture of sharing can and should inform government policies.”


Raised in the poor, arid interior of the Brazilian northeast, Mr. Gil, 64, has been straddling disparate worlds most of his life. No black Brazilian had ever served as a cabinet minister before he was appointed four years ago, and as a young man fresh out of college he worked for a multinational company at a time when few black Brazilians had access to such jobs. Later, during a military dictatorship, he was jailed and then forced into exile in Britain.


After returning to Brazil in the 1970s he made records that urged black Brazilians to reconnect with their African roots, and was an early champion here of Bob Marley and reggae. But Mr. Gil has also read widely in Asian philosophy and religions and follows a macrobiotic diet, leading the songwriter, producer and critic Nelson Motta to describe his style as “Afro-Zen.”


In person Mr. Gil is warm, calm and engaging, a slim, dreadlocked figure with an elfin, humorous quality that tends to disarm critics. As both individual and artist he has always tended to be open-minded and eclectic in his tastes; the poet Torquato Neto once said of him, “There are many ways of singing and making Brazilian music, and Gilberto Gil prefers all of them.”


A fascination with technology has been another constant in Mr. Gil’s long career. He wrote his first song about computers, called “Electronic Brain,” back in the 1960s, and has regularly returned to the theme in compositions like “Satellite Dish” and “On the Internet,” which was written in the early 1990s and contains this verse:


I want to get on the Web 


Promote a debate 


Bring together on the Internet 


A group of fans from Connecticut 


I want to go on the Web to contact 


Homes in Nepal and bars in Gabon 



“I don’t think there is anyone quite like Gil anywhere in the world,” said John Perry Barlow, the former Greatful Dead
lyricist who is a friend and the co-founder of the Electronic Frontier Foundation, one of the groups in the forefront of the drive to reform the current intellectual property rights system. “He’s a spearhead. He’s been thinking about I.P. issues forever and clearly gets the importance of all of this. But he’s also in a unique position to implement his ideas.”


One of Mr. Gil’s first actions after becoming culture minister in 2003 was to form an alliance between Brazil and the nascent Creative Commons movement. Founded in 2001, Creative Commons is meant to offer an alternative to the traditional copyright system of “all rights reserved,” which the movement’s adherents — from scientists and artists to lawyers and consumers — believe has impeded creativity and the sharing of knowledge in the Internet age.


In its place Creative Commons has devised a more flexible structure that allows artists to decide what part of their copyright they wish to retain and what part they are willing to share with the public. With input from Mr. Gil and many others, the organization has created licenses that permit creators and consumers to copy, remix or sample a digital work of art, so long as the originator is properly credited.


More than 145 million works have been registered with Creative Commons licenses, including videos, photographs, written texts, blogs and of course music. Because Brazil is “a country that has music in its genetic code,” to use Mr. Barlow’s phrase, and because Brazilian music has become a global force, the idea of loosening the automatic control of artistic works by a handful of conglomerates headquartered a hemisphere away has resonated strongly here.


“Look at remixing on music sites, which has become a core of creativity on the Internet and produced a huge archive of legally usable music,” said Lawrence Lessig, the author of “Free Culture” and founder of Creative Commons. “That has allowed a whole bunch of people to display themselves as artists and be picked up by record labels and Web sites, and all of that began because Gil got us to think about what kind of freedom was necessary for music.”


As culture minister Mr. Gil has also sponsored an initiative called the Cultural Points program. Small government grants are issued to scores of community centers in poor neighborhoods of some of Brazil’s largest cities to install recording and video studios and teach residents how to use them.


The result has been an outpouring of video and music, much of it racially conscious and politically tinged rap or electronica. Since Brazilian commercial radio, which is said to be riddled with payola, will not play the new music, the creators instead broadcast their songs on community radio stations and distribute their CDs independently, at markets and fairs, rather than through existing record labels.


With that project, “you’re now creating freely licensed content and demonstrating the creativity latent in the society,” Mr. Lessig said.


Brazil’s official stance on digital content and intellectual property rights is in large part derived from Mr. Gil’s own experience. In the late ’60s he and his close friend Caetano Veloso, along with a handful of others here and in São Paulo, started the movement known as Tropicalismo, which blended avant-garde poetry, pop influences from abroad and home-grown musical styles then scorned as corny and déclassé.


In a way, the Tropicalistas engaged in sampling before digital sampling existed, using cut-and-paste, mix-and-match collage techniques that are common now but were considered bizarre at the time. In recent years their music and approach has been embraced by pop performers as diverse as David Byrne, Nirvana, Beck, Nelly Furtado and Devendra Banhart.


When “world music” first appeared in the United States and Europe and Mr. Byrne, Paul Simon, Peter Gabriel and others began incorporating Brazilian rhythms into their work, Mr. Gil was initially skeptical of the phenomenon, complaining of “cultural safaris” by adventurers in Land Rovers “looking for all the rare specimens.” But thanks in large part to technological advances, he said, that practice has “changed completely,” and pop stars are now “more respectful” of other cultures.


“Today the hegemony of the North has, in a certain form, been broken,” he said. “Local tendencies are allowed to manifest themselves and adopt their own languages and forms of packaging. It’s no longer that vision of transforming some regional raw material into a single, standardized product. Today you have all kinds of local scenes that utilize universal elements,” like Brazilian, South African and Arab rap.


As a Tropicalista, Mr. Gil was also involved in an episode that is Brazil’s equivalent of Bob Dylan being booed at the Newport Folk Festival in 1965. When the Tropicalistas played electric guitars and rock rhythms at a São Paulo song festival in 1967, they were jeered and accused of being agents of American imperialism who were trying to impose noxious foreign influences on Brazilian music.


Mr. Gil’s complaints about the inequities of copyrights are derived in part from his own experience. Like many other musicians he signed contracts early in his career that essentially gave away publishing rights to the songs he wrote. But he waged a seven-year court battle to regain his rights, which ended recently with a favorable ruling that opens the door for other Brazilian artists to regain their rights as well.


“The old contracts were completely concessionary, in which all rights over the work were ceded to the contract holder, in absolute form,” he said. “I fought to bring my own work back under my control, arguing that there exists a unilateral right to break the contract. And we won. It was the first time this happened in Brazil, based on an artist’s rescinding a contract, and without a negotiated accord.”


Now that Mr. Gil has regained ownership of his own catalog of more than 400 songs, he is putting the concept of “copyleft,” as the alternative system is sometimes called, into practice. He retains all rights on some songs, some rights on others and declaring “no rights reserved” on others, which are now free for others for use in remixes or videos.


With such an approach an artist “no longer needs to transfer the administration of his rights to an entity called the record company, the movie studio or the song publisher,” Mr. Gil said. “He can do it himself.”


Despite all his brushes with politics over the years, it was only at the end of the ’80s, when he was elected to the City Council here in Brazil’s third-largest city, that Mr. Gil ventured into conventional party politics. His constituency was an unusual mixture of poor and working-class blacks and middle-class, mostly white, environmentalists.


But he withdrew after one term, turning aside requests he run for Brazil’s Congress by saying he was tired of partisan bickering and wanted to resume his performing career. Many Brazilians were therefore surprised when he jumped back into politics after the country’s first left-wing government was elected in 2002 and he was offered the cabinet post of culture minister, and then again late last year when he agreed to stay on for a second term.


“I still don’t like politics,” he said. “I’d rather see my position in the government as that of an administrator or manager. But politics is a necessary ingredient. You have politics in the government, with ministers, on the issue of how the budget is divided, the cake sliced up, the distribution of resources. You have to choose priorities, to tend to some and not to others.”


Mr. Gil’s tenure has not been without controversy. He is a member of the Green Party, not the ruling Workers’ Party, so when he was first appointed, some party loyalists were miffed that the job had not gone to one of their own, and responded with manifestos criticizing President Luiz Inácio Lula da Silva choice of a pop star thought to be ideologically suspect.


“You have to remember that Tropicalismo was fought by the traditional Stalinist left, and that even today some of those same people are in the Workers Party and the unions,” said Mr. Motta, who is also the author of “Tropical Nights,” a history of Brazilian popular music since the 1960s. “They want to bring culture under state control and know nothing about the digital world and the Internet, so of course they oppose a true revolutionary like Gil, who has always pushed for new things.”


Since Mr. Gil became minister, Brazilian government spending on culture has grown by more than 50 percent, testimony both to his prestige and negotiating skills. As minister he has devoted time to selling Brazilian music abroad, but has also labored to draw attention to Brazilian film, painting, sculpture and literature in foreign markets.


“One thing to remember about Gil,” said Hermano Vianna, an anthropologist, writer and a leading figure in Brazil’s digital culture movement, is that “he sees culture not just as art, but also as an industry. To Gil culture is not just an accessory but an important part of the economy and even a motor of economic development.”


Over the last four years, though, Mr. Gil has cut way back on his own performances, the part of being a musician he says he enjoys most, and nearly stopped recording. His most recent disc, “Gil Luminoso,” is a collection of 15 of his songs, including “Electronic Brain,” that he rerecorded in 1999 with just voice and guitar, to accompany a book about him.


Why give up something as gratifying as playing music for the wear and tear of public administration? “Life is not just pleasure,” he said. “The first phrase of the Vedic scriptures is that ‘All is suffering.’ Difficulty is stimulating, challenging, it’s an element of the pulse of life.”


Besides, he is at a point in life “where I no longer want to have a commitment to my career, in the classical sense of a profession,” he said. “I no longer see music as a field to be exploited. I see it now as an alternative area of action, part of a broad repertory of possibilities that I have. Music is something visceral in me, something that exudes from me, and even when I’m not thinking about it, I will still be making music, always.”

Revigora-se a discussão sobre a confiabilidade da Wikipedia, enciclopédia virtual escrita e revisada por internautas do mundo inteiro.


O jornal The Independent publicou, e a Folha de São Paulo de hoje também, notícia sobre um falso teólogo que teria se arvorado de especialista e reconhecido como tal pela Wikipedia e pela revista The New Yorker. Na verdade Essjay (apelido do malandro) é um estudante de 24 anos que baseava suas "contribuições" no livro "Catolicismo para Idiotas".


Revigora-se agora a discussão sobre a confiabilidade da Wikipedia, enciclopédia virtual escrita e revisada de forma colaborativa por internautas do mundo inteiro.


Ora, ora, ora! Grátis ou não, as inverdades podem estar em qualquer parte. O aluno que copia-cola da internet para um trabalho tanto poderá se dar mal se usar como fonte a Wikipedia quanto o The New York Times. Em ambos existe a chance do equívoco (erro, manipulação... como queiram). Ou não teria a célebre, cult e conceituada The New Yorker mencionado Essjay como um schoolar tanto quanto a Wikipedia?


Reflexão mais proveitosa seria se utilizássemos tal acontecimento como um alerta vigoroso para os males do milênio. Se vivemos mesmo a Era do Conhecimento... aquela em que o valor maior está no capital intelectual... porque acreditar que não surgiriam os estelionatários do saber? Aqueles que ao invés de falsificarem dinheiro ou assinaturas, simulam sabedoria.


Os estelionatários do saber.. hummm... quem vai controlar isso? Sorry povo. Ninguém. Pra controlar saber é necessário que se saiba pelo menos questionar. Coisa rara, muito rara.







Obs.: E para quem acredita que estelionato cultural é coisa nova e que os pensadores de "esquerda" estão todos ultrapassados, sugiro a leitura de "Cultura e Simulacro", de Jean Baudrillard*. Em 1978 ele já dizia:



"Hoy en día, la abstracción ya no es la del mapa, la del doble, la del espejo o la del concepto. La simulación no corresponde a un territorio, a una referencia, a una sustancia, sino que es la generación por los modelos de algo sin origen ni realidade: lo hiperreal".


* Escrevi esta observação no dia em que morreu Baudrillard e nem sabia. Coincidência total pois há pelo menos 10 anos não mencionava o filósofo.

Recebi uns e-cards e e-mails com cumprimentos pelo Dia Internacional da Mulher. Todos estes Dias de Alguma Coisa me causam estranheza. Um sentimento parecido com o que dedico às tais cotas de negros, índios, deficientes em universidade e concursos públicos. Reconheço que têm lá alguma serventia, mas implico com todos estas iniciativas.


Recebi uns e-cards e e-mails com cumprimentos pelo Dia Internacional da Mulher. Todos estes Dias de Alguma Coisa me causam estranheza. Um sentimento parecido com o que dedico às tais cotas de negros, índios, deficientes em universidade e concursos públicos. Reconheço  que têm lá alguma serventia, mas implico com todos estas iniciativas.


Acredito que em um mundo ideal nada disso seria necessário. Como as leis que reservam bancos para idosos e gestantes nos ônibus... com um povo educado tal medida seria tida como ofensa.


Fico pensando se alguma vez fui discriminada por ser mulher. Claramente apenas uma vez. Devo ter sido outras tantas mas nunca percebi pois felizmente em minha família não eram fornecidos privilégios a meu irmão pelo fato de ser homem. Sempre me foi permitido ir a festas, namorar livremente, dirigir automóveis, viajar, dormir fora de casa etc. Estudar e construir carreira não me eram permitidos... mas estimulados. Jamais fui criada para o casamento, como contecia com muitas amigas contemporâneas.


Por conta de minha formação sempre circulei em ambientes relativamente civilizados (ou hipócritas), nos quais seriam intoleradas manifestações preconceituosas de qualquer natureza, sobretudo de forma ostensiva. Menos uma vez.


No final da década de 90 eu pedi demissão de um emprego para abraçar novas e diferentes oportunidades. Quando cumpria o aviso prévio, fui questionada por meu chefe se teria alguém que eu indicasse para a vaga que se abriria com minha saída. Sugeri então o nome de um colega jornalista que conhecia muito bem o setor com o qual eu lidava. Meu ainda então chefe saiu-se com essa: "ah.. ele é bom mesmo. Mas é homem. Se eu contratar terei que pagar mais".


Quem me conhece sabe que em situação normal não deixaria por menos tal absurdo mas preferi o silêncio. Na verdade o impropério até me causou certo alívio visto que, se antes estava temerosa quanto à decisão tomada, agora tinha certeza de que o melhor para mim era mesmo me afastar daquela agência.


Isso explica o motivo para não me sentir confortável com relação ao que considero "deferências". Não gosto de deferências. Gosto do que é certo. Não quero ser lembrada em um dia e prefiro acreditar que tenho o poder de me deixar, ou não, ser explorada.


Mas aí abro o jornal e vejo que somente em julho de 2007, pela primeira vez, o tradicional torneio de Wimbledon, o mais antigo do circuito mundial de tênis profissional, pagará o mesmo valor a seus campeões das chaves masculins e feminina. Em plena Inglaterra.


Isso desmancha um pouco a teoria de que tenho algum poder sobre qualquer coisa. Se eles fizeram isso com as poderosas Sharapova, irmãs Willians, Mauresmo, Chris Evert, Billie Jean King, Monica Selles etc... quem sou eu? Sou uma pobre afegã-somali-nordestina neste circo.


Mas continuo achando errado precisarmos disso. De minha parte acho que dispenso. Ou não acho mais?


Ó dúvida feminina!

Quem merece o descaso apresentado na abertura da venda dos ingressos para o show de Chico Buarque em Curitiba? Produtora, teatro e público se completaram na formação de um cenário vergonhoso.


Hoje fui comprar ingressos para o show que Chico Buarque fará em Curitiba no começo de abril e fiquei estarrecida com tudo o que vi e sofri por lá. Era o primeiro dia de venda e estava lá antes da abertura da bilheteria mas mesmo assim enfrentei filas longas, demora de atendimento, lerdeza, incerteza de ainda haver ingressos, permissão inicial aos cambistas... tudo isso.


D. Verinha Walflor, produtora de evento, parece estar pouco se lixando para a clientela pois apesar da propalada crise, gente disposta a pagar R$ 140,00 (preço "promocional") para ver o compositor não falta. Fico feliz que tantos fãs se disponham a prestigiar e "degustar" tal trabalho mas lastimo enormemente que boa parcela deste valor vá para as mãos de produtora que respeito algum parece ter com seu público consumidor.


Informação é coisa nula. Depois de 4 horas de espera na fila nada se sabia. Haveria ingressos? Quantos poderíamos comprar por pessoa? Quando seriam liberadas as vendas pela internet? Nada.


Policiamento nem pensar. Presenciei dois assaltos e assédios de bêbados. Mais não houve por sorte. Fácil seria. Se ao longo da fila não havia fiscalização, perto do guichê a situação lembrava cenas de motim na penitenciária. Uma massa humana (?) desordenada, desrespeitada e desrespeitosa brigava literalmente por seu lugar na reta final do deveria ter alguma ordem.


Volta e meia eram ouvidos gritos de xingamento contra sei lá quem... se público ou organização.


Sinceramente todo este descaso não me surpreendeu. Aliás, devo confessar que a esta altura da vida poucas são as coisas ainda capazes de me surpreender. Mas há algumas, muitas, capazes ainda de me enojar.


À minha frente, na fila, umas "colegas" jornalistas pretendiam como eu comprar ingressos. Só que, não contentes em deixar que uma e outra amiga se juntasse a elas, telefonavam para amigos e ofereciam-se para comprar mais ingressos, o que pra mim constituiu em furadas de fila descaradas. Calculei que comprariam uns 40 ingressos se somadas as presentes e ausentes.


Pensei: "todo mundo fazendo isso vou me ferrar. Quando chegar minha vez não haverá mais ingressos". E fui além: "olha só este bando de jornalistas... saem daqui e vão pras redações defender a ética. Falam mal das negociatas do filho do Lula mas estão aqui furando fila e oferecendo vantagens a seus pares... êta gentinha hipócrita".


Tudo caminhava para completar cinco horas de fila quando entro em surto e desisto do show. Chico que me desculpe... mas tô fora. Produtora incompetente, teatro sem estrutura para grandes eventos e público cafajeste... é demais pra mim.







Em tempo:


1. O Teatro Guaira precisa com urgência de um telão externo que mostre o andamento das vendas. Não é humano uma pessoa ficar 6 horas em uma fila, sem qualquer segurança de conseguir ou não um bilhete. Se as vendas forem divulgadas com transparência, a pessoa que está na fila terá subsídios mais confiáveis para decidir se fica ou não aguardando;


2. me perdoem aqueles que argumentam ter família grande mas a venda deve ser limitada a no máximo 6 ingressos por pessoa. Com tantos amigos ou familiares não será difícil encontrar mais um ou dois acompanhantes para a fila;


3. é urgente a implantação de um sistema de vendas online mais eficiente; e, finalmente,


4. está caindo de madura a necessidade de concorrência para Verinha Walflor.





Em tempo dois:


Consegui ingresso pela internet. Justiça divina, eu diria se acreditasse nisso, claro (em justiça  e em divindades).

Pode meu mais primitivo ciclo ser utilizado contra mim para desculpar falhas e fraquezas alheias?

Tenho muitos defeitos. Alguns conheço, outros nego e muitos, talvez a maioria, deles nem tenho consciência. Estou definitivamente longe da perfeição mas também não consigo me ver como um ser de difícil convivência. Bem... com certeza não sou simpática e tenho o péssimo hábito de não gostar de preconceitos de qualquer natureza, o que muitas vezes me torna "a chata" politicamente correta.

Muitos acham também que não gosto de pitacos em minha vida, o que é uma verdade parcial. Não são os pitacos ou conselhos que me enervam... é o fato dos pitaqueiros não se contentarem com o pitaco dado. Querem que, além de ouvi-los, eu os acate, deixando visível o descontentamento com minha não adesão à sugestão dada.

Hoje, contudo, descobri que para pelo menos uma pessoa no mundo tenho um defeito (para mim novo) horroroso. Alguém que se considera tremendamente injustiçada porque ousei impedir que pela centésima vez entrasse em MINHA casa, abrisse MINHA geladeira, pegasse MINHAS cervejas e as levasse para SUA casa, apontou para um defeito irreparável em minha pessoa. Achou que poderia continuar entrando em minha casa a qualquer hora do dia e da noite (isso não é força de expressão e nem qualquer figura de linguagem, é fato) e dela levar o que quisesse, sobretudo minha paciência. E tudo isso por que, afinal de contas, eu havia "cagado" na casa dela.

Perdoem-me. A intenção aqui não é ser escatológica e menos ainda baixa. Acontece que os termos "evacuar", "fazer coco", "ir aos pés", "defecar"... nenhum deles caberia nesta narrativa. Fui mesmo acusada de "cagar" na casa alheia.

Pensei em escrever para Danuza Leão e perguntar se é falta de educação usar o banheiro dos outros. E mais... se isso conferiria alguma espécie de crédito ao proprietário do banheiro. Não poderia esquecer de mencionar que destas utilizações (duas ao todo) não teriam restado qualquer resquício indesejável. Minhas "obras" perderam-se tranqüila e derradeiramente nos labirintos do esgoto municipal, sem que delas sobrasse qualquer vestígio.

Tenho certeza que Danuza me absolveria quando soubesse que na casa em questão existe lavabo, peça que usualmente se destina à utilização dos visitantes. Em todas suas necessidades, presumo.

"Posso tomar suas cervejas, usar seu telefone, bater na sua porta às 4 da manhã e ligar pra você a cobrar quando estou bêbada porque, afinal de contas, você cagou na minha casa".

Vou contar uma coisa pra vocês. Não é a primeira vez que esta minha natureza abençoada é motivo de assunto. Sou daquelas pessoas de intestino perfeito, que desconhece a real dimensão do termo "prisão de ventre". Tenho um número infindável de amigos que dão risadas e dizem me invejar quando sumo em meio a compras no supermercado ou lojas para tão natural "trabalho".

Sem querer humilhar, meu corpo e mente chegaram a um ponto de equilíbrio que aceitam perfeitamente minha humanidade. No que há de mais primitivo nela, o básico ciclo digestivo.

Não sou perfeita mas meu defeito, definitivamente, não é este. Ninguém vai me fazer sentir culpada ou em débito por isso. E a quem acha que o fato de usar seu banheiro cria qualquer espécie de vínculo incondicional entre nós, deixo uma frustração. Eu uso o banheiro do Wal-Mart, das Americanas, do shopping... de qualquer lugar.

Alguém aí já visitou o Guartelá? Sabe aquele banheiro precário? Pois é... eu já usei.

E isso não me torna íntima do prefeito de Tibagi.

Você conhece alguém que não separa lixo ou que deixa a torneira aberta por nada?


A amiga da prima da pauteira de um jornal entrou no meu MSN pra perguntar se eu conheceria uma personagem que não separasse lixo ou que deixasse a torneira escorrer água à toa. Enfim... uma pessoa que estivesse pouco se lixando para as questões ambientais. Falei que conheceria pessoas assim de dois grupos:


1. Gente que assim age por ignorância, sem consciência alguma de seus maus hábitos, o que não se enquadraria na matéria em questão;


2.  Gente que assim age por ignorância, mas com total consciência de seus maus hábitos. Neste caso, conhecedores da própria trogloditice, não se exporiam em páginas de jornais.


Este segundo grupo é formado por aquele tipo de pessoa que você já viu em reuniões sociais. Aquele sujeito que acaba de voltar de Miami e declara em alto e bom som que "aquilo sim é que é povo civilizado... a gente não vê um papelzinho na rua". Mesmo que aqui ele joge a latinha de cerveja na avenida costeira de Caiobá.


É o mesmo cidadão que volta do seu pacote europeu alardeando que achou o máximo colococar o pé no meio fio e os condutores de veículos imediatamente darem passagem ao pedestre. Aqui o cretino buzina pra velhinhas e atropela quem estiver um pouco mais devagar que ele. Carros, motos, bikes ou pessoas.


Suspeito que a matéria que a pauteira tentava montar não vá contar com fontes muito interessantes. Veremos...


Obs.: Quero deixar claro que tenho lá minhas restrições ao politicamente correto que se instaurou no mundo e que em Curitiba talvez tenha encontrado belo eito. Acho que certas atitudes são desumanas em nosso país.  Recolher o carrinho no estacionamento do supermercado, por exemplo. Ou recolher a bandeja da mesa, depois que comemos, na praça dealimentação do shopping center. Se fizermos isso vão demitir o moleque que recolhe o carrinho e a moça que limpa as mesas. Em um país como o nosso é absurdo enquanto estes dois não receberam uma preparação para uma ocupação mais qualificada. E que tal ocupação mais qualificada exista de fato. Mas isso é o máximo a que eu chegou. Jogar lixo na rua, desperdiçar água, desmatar ou jogar sal em lesma... nem quando criancinha.

...e me elogiou muito. Me acordou ao telefone elogiando. Fiquei até envergonhada do tanto que ele elogiou...


Desde que tomei para mim a frase de Mark Twain, que abre este site, sempre esperei elogios deslavados. Um e outro até já rolou, mas nada que se compare ao de hoje. Acordei com o Sr. Geraldo Azevedo, de Santos, SP, falando maravilhas sobre o que escrevi em "Dia de Iemanjá e do aquecimento do planeta".


Ok. Não foi bem o que escrevi aqui no link acima. Foi mais ou menos aquele texto, editado por mim mesma e enviado para o Painel do Leitor da Folha de São Paulo. A idéia é a mesma. O certo é que o Sr. Geraldo fica impressionado sempre que alguém valoriza a ciência ante a religião. E estava muito, muito revoltado com a imundice na qual mergularam Santos em honra de Iemanjá. Este post é totalmente sem sal. Só está aqui pra dizer que alguém se deu ao trabalho de buscar meu nome na lista e me ligar elogiando. Só não rolou a vaga de pauteira pedida no artigo original.