Domingo fui à igreja. Com clareza só lembro de ter ido à igreja duas vezes. Em uma delas cheguei atrasada para o casamento do meu irmão. Na verdade cheguei na hora mas o bobão havia esquecido as alianças em um lugar que, da família, só seria permitido a mim bisbilhotar. E lá fui eu buscar as tais. Desta ida lembro de ter saído correndo e voltado já no final da cerimônia. Os dois casaram com alianças emprestadas e sem minha presença.
No domingo foi a segunda visita, que tenho certeza será inesquecível. Era batizado da filha de uma amiga e lá estava eu, a postos, antes das 8 da manhã.
Pouco entendi do que acontecia na missa que antecedeu o sacramento. Um espetáculo com texto fraco, direção obscura e atores péssimos. A dinâmica do negócio era assim: o padre e seus asssessores liam trechos bíblicos, um cantor sem qualquer talento entoava canções de igual qualidade, o povo levantava, sentava e ajoelhava, o padre (monocórdio) comentava o lido com uma falta de emoção absurda. Aliás.. falta de emoção e falta de conteúdo. E ao final uma fila de zumbis se dirigia ao altar para a comunhão. Sonados, desanimados, autômatos.
A única manifestação de vida vinha do fundo do altar, por parte de uma menina coroinha que acompanhava a tudo com um pouco mais de energia. Ora reclamava das parceiras, ora bocejava, ora dava umas risadinhas. Concentrei-me nela e no motivo de minha estada ali para suportar.
É claro que esta é apenas minha visão do que acontecia, não poderia ser diferente. Reconheço não ser padrão pois a conexão com a realidade me é mais fácil que a entrega àquilo que não é palpável ou de inconcontestável comprovação científica.
Resumindo... não sou mulher de fé cega... estou mais pra faca amolada.
De qualquer forma, gostando ou não, tenho que desenvolver uma técnica para dar conta de cerimônias religiosas. Concluí que não terei como me livrar de alguns casamentos e batizados vindouros. Sobrinhos e contra-sobrinhos crescem, se apaixonam e já começam a querer se aninhar em parcerias. Calculo pelo menos uns 15 casamentos e batizados nos próximos 10 anos.
Sem falar em formaturas. Ó céus!
Obs.: Só para registrar que na infância até houve tentativas de me tornar uma católica juramentada. Em vão. Fui batizada mas quando chegou a hora da 1ª Comunhão... problemas. Fui expulsa da catequese sob argumento de perguntar demais e, com isso, perturbar o bom andamento do curso. Há alguns anos tenho claro que não fazia perguntas demais... que eles, sim, tinham respostas de menos. Nunca mais voltei.