Não vou me prolongar, prometo, mas preciso relatar tentativa de roubo sofrida em concessionária. O alarme do meu carro parou de funcionar. Achei que fossem as baterias, troquei e nada. Levei até uma destas empresas de som e alarmes e lá me disseram que era problema sério e que só na concessionária seria resolvido. Fui a uma concessionária Volks no Cabral, em Curitiba, e sem nem abrirem o controle remoto, que é acoplado à chave, disseram que teria que trocar a chave, o controle... e o alarme. "Noves fora", R$ 600,00. Como não estou podendo e nem sou otária, vim pra net em busca de soluções alternativas. Encontrei algumas mas não lancei mão delas. Hoje, sábado, fui fazer umas fotocópias e, por desencargo de consciência (e conselhos de um vizinho), parei em outra loja de som e alarme. Expliquei a situação e pimba... minutos depois estava com o controle funcionando em toda sua plenitude e funções. Por R$ 30,00. Nem preciso dizer o que penso da concessionária, né?
Elton John me desaponta
Tenho aqui em casa um daqueles CDs "the best of" do Elton John. É impressionante a quantidade de singles campeões da Bilboard e afins reunidos nos dois disquinhos. Quem só conhece o gordinho emperucado dos shows-tributo a Lady Di talvez não consiga imaginar a importância deste artista que atravessa décadas sem jamais cair no ostracismo. Sou fã do Elton John baladeiro de Your Song, do roqueiro de Pinball Wizard (ópera-rock Tommy, do The Who), do pop de Don´t go Breaking my Heart... de todos. E é na qualidade de grande admiradora do Elton John como artista e como cidadão que sempre esteve ao lado das boas causas que fiquei estarrecida com o cara nesta semana. Soube através da mídia que um dos meus compositores favoritos pediu o fim da internet para salvar a indústria musical. Segundo notícia amplamente divulgada, Elton teria dito: "A Internet fez com que as pessoas deixem de se comunicar e se encontrar e evitou que coisas fossem criadas. Em vez disso, (os artistas) se sentam em suas casas e criam seus próprios discos, que algumas vezes são bons, mas que não têm uma visão artística a longo prazo". "Estamos falando de coisas que vão mudar o mundo e a forma como as pessoas escutam música e isso não vai ocorrer enquanto continuarem aumentando os blogs na internet". "Esperamos que o próximo movimento no mundo da música acabe com a internet. Saíamos às ruas, marchemos e façamos protestos, em vez de nos sentarmos em casa e entrarmos em blogs". "Há muita tecnologia disponível. Estou certo de que, em termos de música, (sem a internet) seria muito mais interessante do que agora".
Ó céus!!! Torço para que seja mentira tudo isso por que fiquei muito desapontada. Cada uma destas frases me faz revirar o estômago. Todas já foram ditas quando do surgimento do rádio, da TV e do vídeo. Até meu pai, aos 72 anos, sabe disso e tem a internet como aliada, vendendo seus serviços e livros exclusivamente através da rede. Sem minha ajuda, deixo claro e registro com culpa. Sugiro que Elton John também se modernize para não sofrer pelo fato de seu último disco, The Captain & The Kid, ter vendido apenas 100 mil cópias. Atualizar-se é melhor que culpar os downloads e chorar feito uma tia saudosa dos tempos de "antão".
Em contrapartida, e para reforçar o que penso, vejam o belo exemplo de dois contemporâneos de Elton John, de quem sou também fã. Gilberto Gil e David Bowie.
Gil batizou sua atual turnê de Banda Larga, com direito a lançamento de música no YouTube. Na contramão do que se vê nos espetáculos em geral, com a proibição de fotos, gravaçoes e vídeos, Gil conclamou seus fãs a registrarem cada espetáculo seu e a enviarem o resultado para ele, para publicação deste conteúdo em seu site. Lá no site Gil ainda oferece músicas para que os internautas façam seus próprios remixes e mais algumas brincadeirinhas.
Quanta diferença!
Já David Bowie, o eterno visionário do pop, recebeu neste ano o Weeby Award pelo conjunto da sua obra e por sua importância no processo de união da arte e com a tecnologia, de Ziggy Stardust ao BowieNet, provedor que criou em 1998 e no qual incentivou seus fãs a contribuirem com letras, downloads e remixes. Sem falar no BowieArt, que inova ao conectar jovens artistas com colecionadores do mundo todo.
Ambos, Gil e Bowie, têm algo em comum e que falta a Elton John: disposição de aprender. Enquanto Elton reclama que a internet afasta as pessoas, Gil e Bowie as foram buscar. E cada um achou sua maneira de ganhar dinheiro sem lastimar o eterno bla bla bla do fim da indústria fonográfica. Gil está em turnê (Europa e Brasil), faturando. Aqui no país sua mulher toca as empresas da família, que incluem produtora, selo, editora, empresa de carnaval e sei lá mais o que.
E David Bowie.. bem... a este ninguém precisa ensinar como se ganha a vida. Nunca dormiu sobre a glória e, goste-se ou não dele, é especialista em se reinventar.
Reconheço que Elton John está certo quando saca que não dá mais pra viver da venda de discos. O próximo passo é o que interessa e parece que não está aberto a dar: aprender a usar esta ferramenta. Sim, isso mesmo. Não pensem que aquela verborragia anti-tecnologica signifique que ele não tenha sua lojinha no cyber-espaço. A despeito do que dá a entender através de seus supostos pronunciamentos anti-net, Elton John tem um site. É ruim demais, mas tem.
Lá estão a agenda de shows (com direito a comprar os tickets pela net), fórum, alguns vídeos, muitos releases e poucos serviços aos fãs. Ah, uma lojinha de quinquilharias que vende até sunga, caneca e camisa de boliche "eltonjohn".
É pouco para astro de tal grandeza. Se contentar em vender ingresso e cuecas não pode ser suficiente para quem criou Crocodile Rock.
Eu me envergonharia de ser Elton John e não conseguir fazer nada melhor. Mas eu não iria propor o fim da internet. Acho que contrataria uma aquipe melhorzinha.
Semântica
Hoje, em seu caderno Equilíbrio, a Folha de São Paulo publicou artigo da psicóloga Anna Verônica Mautner no qual ela fala sobre nossa incapacidade de receber críticas e sobre como "criticar, desaprovar e apontar diferenças viraram tabu". Denuncia a psicóloga que nos tornamos seres açucarados que desmancham a qualquer chuvinha. Ou seja, desmontamos a qualquer crítica ou comentário não positivo, digamos assim.
Entendo o que ela quer dizer mas olho de forma mais ampla. É claro que um amigo apontar que estamos com a blusa virada do avesso em uma reunião de trabalho ou festa é uma coisa. Apontar pontos que possam ser eletivos e não acidentais, é bem outra.
É comum considerar franqueza aquilo que é simplesmente grossura. Olhar na cara de uma pessoa e dizer: "nossa, como você engordou" pode ser verdadeiro e franco... mas é de uma grossura abissal. Observar que nossa roupa marrom e verde não combina só vale se isso for questionado, caso contrário é estúpido.
Na casa dos meus pais esteve hospedada, através do intercâmbio do Rotary Internacional, a russa Olga Popova. Olga, imagino que por questões culturais, não mentia. Jamais. Meu pai bem que tentou ensinar a ela os conceitos básicos da hipocrisia social, em vão. Se minha mãe fazia um prato diferente e do qual, como sempre, se orgulhava, Olga comia e, se não tivesse gostado, lascava: "não gostei. É ruim". Conseguiu, por estas e por outras, que minha mãe desenvolvesse verdadeiro asco por ela e por todos os russos que porventura tenham a péssima idéia de passar pela frente da casa da minha família para sempre.
Ela não conhecia a hipocrisia social e sequer teve a sensibilidade de observar que uma das maiores vaidades da minha mãe é seu reconhecido talento culinário. E menos ainda teve a grandeza de reconhecer que há formas e forma de dizer uma mesma coisa.
No ano passado uma amiga ficou um mês inteiro perguntando o que eu queria como presente de aniversário. Eu não dizia pois para mim ela poderia comprar qualquer coisa que achasse legal. Mas tanto insistiu que eu mostrei o que gostaria de receber. Ela olhou e pimba: "nossa, que feio". Perguntou pra quê mesmo?
Foi franca, sei.
Há que se ter cuidado com as palavras. Casar sujeito, verbo e predicado é difícil mesmo.
E dar aos fatos a denominação correta é uma arte. No mesmo texto da psicóloga, por exemplo, não concordo quando diz que o acidente da TAM seria fruto desta nossa adquirida complacência. Os olhares que ela qualifica como complacentes por terem deixado passar vários enganos em Congonhas são para mim apenas negligentes. Muito diferente.
Às palavras seu real significado. Franqueza não é grossura. Negligência difere de complacência.
E com certeza eu não sou de açúcar.
Memórias…
Gosto de cantar no chuveiro e nisso nada tenho de original. Mas não canto como uma pessoa qualquer e nem canto músicas quaisquer. Quando canto de brincadeira gosto de imitar discos de vinil em rotação acelerada. Há quem diga que minha imitação é perfeita. Quando canto a sério, também dizem, não sou ruim. Pra falar a verdade gosto de me "estrebuchar". Só que o que chama minha atenção, contudo e de fato, é o repertório. Nesta segunda-feira, por exemplo, comecei a cantarolar uma música do Lupicínio Rodrigues. "Nunca, nem que o mundo caia sobre mim, nem se Deus mandar, nem mesmo assim...". Até aí tudo bem, não tivesse emendado esta canção com "Nervos de aço", "Esses Moços, pobres moços", "Se acaso você chegasse" e "Vingança". Credo! De onde eu tirei isso? Tudo bem que não tenho mais 20 ou 30 anos, mas Lupicínio morreu em 1974, há tempos demais até pra mim. Mas o fato é que as cantei. E se o fiz é porque estavam guardadinhas em algum canto de mim. O canto das curiosidades diversas, provavelmente. O mesmo cantinho onde repousam informações sobre coisas que vocês nem imaginam. Você sabia, por exemplo, que Charles Chaplin participou de um concurso de imitadores do Carlitos e ficou em segundo lugar? Eu sei disso desde pequeninha. Não serve pra nada esta informação mas eu sempre a tive. Como sei que os terríveis Tomtom Macout formavam a guarda pessoal dos ditadores Papa e Baby Doc, do Haiti, muito antes de este nome ser usada por uma banda de rock portuguesa na década de 80. Hahaha... duas informações na maior relevância e de seu total desconhecimento, né? São informações que não servem para nada mas que eu tenho. E não me faz mal tê-las porque permitem, entre outras coisas, que eu fique aqui enchendo linguiça até começar um assunto que eu acho um pouco mais importante: o desinteresse pela informação e o desinteresse por bem informar. Em dois dias seguidos morreram dois dos mais renovados cineastas de qualquer tempo (deste ou futuro), Ingmar Bergman e Antonioni. O período mais profícuo de ambos não acompanhei ao vivo, mas muita aula na faculdade matei para assistir os ciclos do extinto cinema Bristol, de Porto Alegre. E lá estavam estes e mais os antigos ou então contemporâneos Truffaut, Fellini, Godart, Fassbinder, Herzog, Saura, Wajda etc. A maior parte um bando de chatos mas até hoje indispensáveis para quem quer conhecer minimamente o que é cinema e suas reais possibilidades, não aquelas simplesmente geradas no computador. Bem, ocorre mesmo que morreram e esta notícia não deve ter causado qualquer impressão, positiva ou negativa, em 98% dos que a ouviram na televisão ou a leram no jornal. Muitos pela completa ignorância de quem seriam os falecidos e outros, também muitos, por diferente tipo de ignorância, aquela que os impedia de buscar saber quem DE FATO seriam. Não compreendo mas aceito. Fazer o que? Patético mesmo foi ver as caras de William Bonner e Fátima Bernardes anunciando as mortes dos "grandes cinestas que o mundo perdeu". Eu até acredito que ambos, como eu, foram a um ou outro ciclo de cinema dito de arte. Mas que trabalho cruel ter que dar ênfase a uma notícia que caiu num total vazio, vazio este em grande parte criado pela própria emissora para a qual trabalham. É estranho ver a Globo lastimar a morte de dois cineastas que jamais tiveram qualquer de seus filmes transmitidos pela emissora. Nem nos horários mais madrugadeiros e sem audiência. Tudo bem que os cacos de vidros introduzidos na vagina de uma personagem, cena mostrada em Gritos e Sussuros, do Bergman, não cairia muito bem após Paraíso Tropical e mesmo depois do Jô, mas daí a terem esperado os caras morrerem para, finalmente, mencioná-los, já é demais. Como vemos, este aglomerado de informações aparentemente inúteis sempre me ajudam. Eu sei quem foi Bergman, sei quem foi Antonioni, imagino que Bonner e Fátima não sejam ignorantes, sei porque as TVs sempre ignoraram aquilo que foge ao padrão (e que não seja o tal "padrão Globo de qualidade"), sei que as emissoras sabem que há chatos como eu que sabem tudo isso e, só por isso, noticiaram as mortes. Para que eu não pensasse que elas não soubessem delas, as mortes (ufa!). Eu sou sabida. Muito sabida. Eu cantarolo as músicas do Lupicínio Rodrigues. Se cuidem com minha memória.
Sentimentos humanos
Em pleno Pan a falta de um número mais significativo de medalhas não me surpreende. Me entristece, sim, saber que tivemos anos para uma preparação que trouxesse um pouco mais de resultados já que jogamos "em casa", mas isso já era esperado. Triste mesmo foi ouvir a ginasta Khiuani Dias, de apenas 15 anos, dizer: "eu não consigo fazer nada certo", em lágrimas pela nona classificação entre as 24 finalistas da prova geral individual da ginástica artística. Como assim, Khiuani? Quem não consegue fazer nada certo somos nós. Olha só que título vergonhoso o repórter Renato Alexandrino tascou na sua matéria "Dia para ser esquecido pela ginástica feminina", publicada no site O Globo. Ele sim deve se envergonhar. Sabe Khiuani, 90% da população mundial jamais realizou qualquer dos seus sonhos. Aliás, 90% da população mundial sequer tem sonhos. Parcela significativa das meninas deste país, quando perguntas sobre o que querem ser da vida, dizem que querem ser "famosas". A outras não damos sequer a chance de escolha. Os shoppings centers, neste mês de férias escolares, estão repletos de jovens ociosos e seus cabelos "emo". Grande parte com quilos a mais, pelo sedentarismo, e outra com quilos a menos, por falsos valores estéticos. E esta menina acha que fez tudo errado? Quem disse isso a Khiuani? Tire já isso da cabeça. Se alguém a convençou de tamanha sandice, ignore. Provavelmente será mais uma criatura a querer compensar sua mediocridade pra cima de você. O ser humano tem destas coisas. Até uma semana atrás ninguém sabia quem era Khiuani Dias. Depois Khiuani Dias passou a ser "aposta nacional". Com não obteve o resultado esperado, passou a protagonista do "Dia para ser esquecido". Se tivesse vencido seria o orgulho nacional, a "cara" do Brasil, "o fenômeno". Pergunte a Guga ou a Ronaldo Nazário. Siga o exemplo de Joaquim Cruz, aquele que acendeu a pira olímpica na abertura dos jogos. Há muitos anos o deixei surpreso ao, durante entrevista, parabenizar o atleta por algo que ele havia dito há pelo menos 20 anos. Num Mundial de Atletismo vencido por ele, em pleno Dia das Mães, um repórter se aproximou e perguntou a quem ele dedicava aquele título, certo de que homenagearia as mães brasileiras. Qual nada. Joaquim Cruz, que eu gostaria que fosse exemplo de Khiuani, disse: "dedico este prêmio a mim, ao meu esforço e dedicação ao longo destes anos" (algo assim). Certo ele em não dar trela pros outros.
CRM de mão única
Estou há 3 dias sem Net na minha casa. Ligo para o atendimento ao cliente e, depois da insuportável e infindável gravação, tudo o que consigo é falar com um/a atendente muito simpático/a mas que nada pode fazer a não ser encaminhar minha reclamação e impedir que eu fale com quem efetivamente tem o poder de resolver as questões apresentadas. Primeiro mandaram um técnico que nada concluiu. Quero crer que conhecesse o ofício, apesar de ostentar crachá que o identificava como profissional em treinamento. Este saiu aqui de casa dizendo que o problema era na rua. No dia seguinte, não tendo resolvido o problema, liguei para a Net e me informaram que o problema seria na rua e que logo solucionariam. Nada. Depois falaram que a pane era no bairro inteiro. E nada. Mais um dia e então descobriram que o problema seria no meu prédio. De qualquer forma, novamente nada. Agora à noite ligaram para dizer que o problema definitivamente era na rua. Seja como for... outra vez nada. O que me deixa mais impressionada nesta bagunça toda não é a incompetência da Net em resolver o problema (em menos de dois meses de Net digital, duas chamadas aqui em casa). Isso não me surpreende em um sistema em implantação. O que me deixa arrepiada é a incompetência no lidar com o cliente. Eu não ficaria tão louca da vida se eles ligassem para mim e dissessem (com todos os gerúndios): "D. Márcia, estamos ligando para dizer que não conseguimos localizar o problema em sua rede de TV a cabo. Pedimos desculpas pelo incômodo mas queremos informamor que nossos técnicos estão empenhados em solucionar esta falha. Sabemos que isso não resolve o problema mas informamos que estes dias serão descontados da sua fatura e esteja certa que estaremos empenhados no sentido de normalizar o serviço. Pedimos desculpas, mais uma vez, e agradecemos sua compreensão". Pronto. Eu estaria desarmada pois o que um ser humano pode fazer contra a verdade? Mas não... é um festival de desculpas. E quando eu falo em não ser cobrada por estes dias o que ouço? Que tenho que entrar em contato com o departamento financeiro pois o técnico não tem acesso a ele. Como assim? Se eu não pago a fatura logo o financeiro solicita ao técnico para que me cortem a Net... mas se a Net não me presta serviço, seu departamento técnico não comunica a ocorrência ao financeiro? CRM (Sistema de Relacionamento com o Cliente) de mão unica? Só serve quando é bom pra eles? Isto me deixa louca. R$ 140 por dois pontos inoperantes e um atendimento de péssima qualidade é demais para mim.
Obs.: E pra piorar, além de não ter TV quero registrar que a animação Ratatouille, único filme que me interessaria assistir nos cinemas curitibanos em meio as porcarias que assolam as salas durante as férias escolares, passa apenas em versão dublada. Quem merece ir ao cinema para ver filme dublado? Só a mesma idiota que paga pra ouvir desculpa esfarrapada da Net.
As faces da grossura
Pena que uma da maiores características da grossura é sua capacidade de nos surpreender. Nunca chega avisadamente... é sempre um choque que nos deixa sem ação. Uma amiga contou sobre episódio ocorrido com uma colega jornalista que chegou pra Fernanda Young e perguntou se poderia falar com ela. A escritora, fina como ela só, respondeu que não, que ela poderia conversar com sua irmã. A pobre repórter, surpreendida, sai dizendo simplesmente "não, obrigada", quando deveria ter entrevistado a tal irmã e começado por perguntar como ela se sentia sendo uma dublê de babaca. Sempre detestei grossura, que considero um dos piores males da humanidade. Até porque não tem fim. A ignorância tem cura mas a grossura... não conheço caso algum de melhora. Os exemplos que tenho apontam para trajetórias lineares: crianças grossas se tornaram adolescentes grossos, adultos mais grossos ainda e idoso grossérrimos. O pior de tudo é que o grosso não tem consciência da sua completa falta de traquejo. Ele costuma se achar autêtico e até engraçado. Estava assistindo ao Prêmio Multishow quando chamaram ao palco o Bruno Mazzeo. Bruno, lembro bem, quando criança foi notícia não só por ser filho de Chico Anísio e Alcione Mazzeo. É que por ser filho de ambos teve a capacidade de perpetrar um livro. Fosse um qualquer tal manuscrito teria se mantido na gaveta por muitos anos, talvez eternamente, o que, imagino, puderia ter contribuido para que fosse mais humilde e menos... grosso. Como foi hoje. O cara subiu ao palco fazendo o gênero mal-humorado. E em plena festa da música tascou que achava muito errado os cantores, durante os shows, pararem de cantar pra platéia fazer coro, Afinal, disse, "paguei pra ver o cantor e não pra participar do maior karaokê do mundo". Logo em seguida subiu Ivete Sangalo ao palco e, ela que não é do tipo que se surpreende com grossura, como a repórter mencionada anteriormente, colocou o molecote no devido lugar. "Eu acho que tem muita gente que pagaria para estar no meu lugar ouvindo este povo cantando comigo, gritando meu nome". Foi algo assim. A grossura tem destas coisas, ela se traveste. Quando disfarçada de conhecimento é pedante. Quando se acha humorada, lancinante. Quando impositiva, arrogante. Mas é tudo grossura. Não se iludam os grossos.
Que roubada!
Às 3 horas da madrugada de sábado para domingo o celular tocou. Era o vizinho da praia perguntando se havíamos emprestado a casa para alguém. Como não emprestamos, a notícia: "então tem ladrão". Tiro pra cima, segurança privada acionada e polícia na porta, eis que nossa casa foi quase roubada. E que roubada foi arrumar os estragos!
Como a astúcia e agilidade do vizinho os cretinos não levaram muita coisa. Pior, o pouco que levaram não será de grande lucratividade. Até o momento nos demos conta do sumiço de uma escada e do varal, ambos em alumínio, produto que já tem rede receptadora de grande capilaridade graças aos catadores de latinhas e afins. Orgulho nacional! Somos campeões mundiais em reciclagem de alumínio! Viva!
Bateram asas também uns 30 CDs que não farão falta pois estavam lá aqueles que tínhamos em duplicidade e que, somados aos brindes de O Boticário, Caras e afins, formam acervo nada relevante. Na mesma mãozada que pegou os CDs se foram 1 par e meio de luvas para andar de bike e os controles remotos do vídeo e da televisão, ambos em estado lastimável de funcionamento (tanto os aparelhos quanto os controles).
E, finalmente, o mais arcaico dos objetos... um discman. O discman (igual ao da foto) é uma tralha mesmo. Não é como uma vitrolinha plástica da Philips, que ainda teria valor afetivo ou até histórico. O tocador de CD portátil da Sony já era uma das coisas mais inúteis quando foi criado, anos depois é ridículo. Aquilo nunca funcionou direito pois os CDs sempre pulavam, as pilhas se acabavam num zas-trás, enfim... uma m... Adoraria ver a serventia do negócio para os ladrões.
Pior que o prejuízo do que nos foi levado foram os prejuízos dos estragos. A grade de ferro eles arregaçaram. A porta foi quebrada ao meio. E nosso final de semana.. ai ai ai! Foi uma beleza. Correr atrás dos itens avariados e de mão de obra para as arrumações devidas num balneário ermo como aquele, num município "progressista" como aquele... foi demais!
Eu quero dormir. Boa noite!
Tennis elbow*
Escrevo aqui de Londres para onde viajei com o único objetivo de assistir aos jogos do torneio de Wimbledon que, como todos sabem, é o mais tradicional do circuito, o mais chique dos quatro campeonatos do Gran Slam. Entre um jogo e outro, e as muitas pausas por conta da chuva que todo ano cai insistentemente aqui no complexo do All England Tennis Club, sento à mesa para saborear minha taça de morangos com nata e escrever.
Quem me dera isso fosse verdade. Dou-me por satisfeita por poder ser assinante da Net e, desta forma, assistir a alguns jogos no Sportv. Não completamente satisfeita, claro. Na verdade gosto mais das transmissões de tênis da ESPN mas eles não tinham os direitos sobre este evento. E também não muito satisfeita porque eles preferiram transmitir o jogo Sharapova x Sugiyama ao embate Mauresmo x Santangelo. Tudo bem que Sharapova é a segunda do ranking da WTA e é a musa do momento (reinado estético sob séria ameaça da sérvia Ana Ivanovic), mas a francesa Amelie Mauresmo é quem está defendendo o título em Wimbledon, já que ganhou no ano passado.
Ok, aceito que o "produto" Sharapova venda mais e reconheço que a montagem da grade de transmissões foge completamente ao meu controle. Tenho então outras duas escolhas: comprar o pacote pay-per-view ofertado no próprio site da competição por $24,99 euros ou deixar de delirar, como no início deste texto, e bancar uma viagem que custaria, por baixo, uns 20 mil euros incluindo passagens, estadia, alimentação e alguns ingressos para as quadras central e 1.
Por qual vou optar? Hummmmmmmmmm acho que vou me contentar em escrever pra minha velha amiga e colega Janaína Tupan Frare, da produção do Sportv, e perguntar como é feita a escolha dos jogos a serem transmitidos. E pedir que Maria Esther Bueno faça mais intervenções.
Tênis na TV é complicado de assistir e comentários sobre bastidores, com um pouco de gossips vão bem.
*O Tennis Elbow, doença comum em tenistas, é uma inflamação dos tendões de alguns músculos responsáveis pela extensão do punho e dos dedos. Estes músculos se inserem em uma região do úmero (osso do braço) chamada Epicôndilo Lateral, por isso também é chamada de Epicondilite Lateral.
Sintomas:
Ao sofrer de Tennis Elbow, o tenista sente dores repentinas (às vezes graduais) no cotovelo, sendo que essa dor pode se propagar para o antebraço. Além disso:
- Dificuldade para pegar objetos;
- Dor, rigidez ou insuficiência nos movimentos da mão e do cotovelo.
Obs.: não sofro de Tennis Elbow... tenho mesmo é dor de cotovelo por não estar lá.
Cybermico
Pessoas me perguntam porque eu não tenho espaço para comentários aqui. Simples... porque não quero. Sou jornalista e minha vida inteira mostrei textos para editores ou clientes aprovarem, mudarem, estraçalharem, acrescentarem, elogiarem etc. Aqui não. Eu quero escrever a merda que for sem palpite.
E também não quero polemizar nada e discutir coisa alguma. Pra falar a verdade eu nem divulgo este endereço, que existe apenas para eu ter a falsa impressão de que minha gaveta não está tão cheia. Como se o que importasse de fato não permanecesse nela.
Sou uma pessoa discreta. Falo baixo e não me coloco como centro das atenções. Não tenho fotos no Orkut, apago recados e desabilitei aquele sistema que deixa rastros. Não me interessa quem anda me visitando e não me interessa contato com a maior parte das pessoas de quem vejo as páginas. É como andar na rua... vejo milhares de pessoas todos os dias, e daí?
Não acredito que a grande rede mundial de computadores faça para todos o mesmo sentido. Gosto de comprar, pagar contas e sanar dúvidas. Sou usuária desta coisa desdes os tempos de BBS. Fui uma das primeiras usuárias do primeiro provedor de Curitiba. Era tão inovador por aqui este negócio que minha maior decepção foi, instalado o poderoso modem de 28kbps, não ter com quem conversar até que encontrei meu amigo Gilnei Quintana Marques (este sim um pioneiro de verdade).
Isso resultou, em outras palavras, na minha total falta de qualquer deslumbramento com as possibilidades desta ferramenta. Pra mim são apenas isso... ferramentas. Eu as adoro pela utilidade e não pela falsa idéia de inserção social, intelectual, profissional etc. Inclusive lastimo que a mesma porcaria que se pense no mundo real ganhe contornos de grande raciocínio em blogs e afins. A chatice se amplifica e a mediocridade, inclusive a minha, se espalha. É o cybermico.
A net não é um espaço democrático, definitivamente. Aí estão os cookies, os bancos de dados do Google, os sistemas de delação de bloqueios no Messenger, os rastreadores do Orkut, os keyloggers, o spam e tudo o mais.
É por isso tudo que, ao menos aqui, eu não quero comentários. Isso mesmo... calados! Quietinhos! Não quero saber o que pensam.
Como muito bem já disse Mark Twain na frase que abre este espaço, vocês jamais elogiarão o suficiente. E isso é problema só meu. Esta carência não resolverei aqui, com certeza.
Obs.: A 1/2 dúzia de pessoas as quais esta restrição de comentários não se aplica sabem muito bem quem são.