Pular para o conteúdo

Pesos e medidas são grandezas elásticas. Dependem de quem mede, de quem é medido. De quem pesa e de quem é pesado. É sempre a mesma coisa. O "caso" Dado x Luana surge com uma impagável agora.
Gosto de compartilhar indignação com amigos e leitores. Recentemente o ator Dado Dolabella desceu o braço na Luana Piovani e em uma camareira de teatro, fato amplamente divulgado pela imprensa séria e de fofocas. Vejam agora a defesa que outro ator, Zé de Abreu, faz em seu blog, também amplamente divulgada. Ele pede que Luana retire a queixa contra Dado baseado no seguinte argumento:
“Festa de estréia, depois de uns champanhes, numa casa noturna classe A da capital do Rio de Janeiro é bem diferente de porradas diárias de um troglodita bêbado que bate na mulher num barraco no interior do Piauí - com todo respeito ao estado nordestino.”
Se entendi bem este argumento... beber champagne em boate classe A e bater na namorada pode... beber cachaça em barraco do morro e bater na mulher não pode. É isso?
O ser humano é uma coisa I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-N-T-E !!!

A palavra "grátis" ainda é capaz de movimentar o consumidor. No país do levar vantagem, ainda há quem pense existir realmente algo grátis nesta vida. Nem este blog! Vocês estão aqui por minha vaidade. E gratuidade em se tratando de telefonia celular e afins... desista.

Sou usuária do Vivo Zap e nesta semana recebi um lindo cartão da empresa. O cartão, feito com "facas gráficas"* especiais  e em papel de alta gramatura, imitava um notebook e deve ter custado bom dinheiro. Era um presente para mim, que deveria comparecer a alguma loja Vivo e trocar meu modem Evdo Aiko por um moderno aparelho 3G.

Como não acredito em qualquer forma de gratuidade, fiel à crença de que tudo neste mundo tem um preço, antes de me abalar com "sensacional" proposta liguei para o atendimento ao cliente. Bingo! O aparelho era grátis mesmo, mas meu plano sofreria alteração significativa em sua mensalidade. Aham!

Conhecedora da natureza humana, imagino que muita gente foi até tais lojas e, chegando nelas, nem perguntou sobre alterações de valores. As pessoas pegaram o novo aparelho e saíram felizes. Outros até perguntaram mas - já que foram até lá - aceitaram pagar mais. Eu não. De jeito algum.

O atendente da empresa tentou me convencer de que seria um bom negócio, com o que eu até concordaria em outras circunstâncias. Se a Vivo tivesse enviado tal cartão e dito que se eu optasse pelo plano tal, muito mais vantajoso, blá blá blá... ganharia um modem. Eu sinceramente pensaria no caso. Mas me fazer de idiota?

Antes disso mudo de operadora. Com a tal portabilidade está fácil, fácil. Ainda mais que no caso específico número é o que menos me importa.


* Facas gráficas são peças usadas para personalizar cortes em papel para impressão (grosso modo). Geralmente em aço, são bem caras.

Nem 20 anos separam o tempo em que eu mandava notícias por telex e fotografias por telefoto de hoje, com notebook, digitais, 3G e afins. Triste é ver o que se espalha com tanta tecnologia.

Um dos dias em que mais trabalhei na vida foi quando o cantor e compositor Gonzaguinha fez seu último show, em Pato Branco, PR. Na manhã imediatamente após o show, quando supostamente "voltava para casa", sofreu o acidente que o matou e lá fui eu cobrir as primeiras providências. Nesta época atuava no jornal Folha de Londrina e, sendo o jornal mais conceituado a ter sucursal na região, coube a mim e ao Júlio César, então chefe da sucursal, abastecer de informações a imprensa nacional. A séria e a de fofocas.

A primeira vez que me senti muito mal como jornalista foi neste dia. O corpo do artista repousava em um caixão (aberto) no Aeroporto Juvenal Cardoso, de Pato Branco, cercado de fãs e poucos amigos ou familiares. Bem próximo estava sua mulher e houve entre nós uma troca de olhares que jamais esquecerei. Ela ali sentada, chorando, e eu sobre uma cadeira para pegar a foto que melhor mostrasse a dor daquele momento. Ela virou para mim e eu lancei a ela uma cara de pedido de perdão que, delírio ou realidade, julguei aceito, pelo jeito complascivo da mirada.

Mas não lembrei desta história pelo fato dela ter me feito sentir uma cretina "urubuzenta". É que neste dia, além de trabalhar muito, nunca vi o Telex e o aparelho de telefoto trabalharem tanto. E então me dei conta que Gonzaguinha morreu no dia 29 de abril de 1991, há 17 anos. Em termos de tempo é um nada e vejam... telex e telefoto.

Se eu entrar em um curso de jornalismo hoje e comentar sobre estes dois equipamentos vão achar que falo de coisas do início do século passado. E eram, de fato. Só que até bem pouco tempo as inovações tecnológicas duravam muito. Levava tempo para que as superassem.

Lembrei de tudo isso quando hoje arrumava minha mesa de trabalho e vi que tenho aqui um equipamento completo de jornalismo em área que não supera 25 cm x 30 cm. E isso sem falar em iPhone ou Asus Eeepc, que são pouco confortáveis para que se escreva neles e cujas câmeras deixam a desejar em termos de resolução e, principalemente, zoom. Quanta facilidade.

É tão fácil ser jornalista hoje que dá até um desânimo.

Aquela experiência que tive em 1991 foi minha última atuação na linha mórbida. Vejo, contudo, que a facilidade material de catar, registrar e divulgar flagrantes é inversamente proporcional ao bom senso e caráter geral. Com uma câmera na mão e uma conexão rápida ao alcance, o mundo e os indivíduos estão expostos. Para qualquer uso e sem quaisquer critérios.

Na segunda metade da década de 80 meu primo e amigo Rogério morreu. Por ter a mesma idade que eu (e ser um querido) era meu mais próximo companheiro dentro da família. Morreu de complicações relacionadas a AIDS no tempo em que um soropositivo não tinha um décimo da qualidade de vida que pode alcançar hoje e um milésimo do respeito que pode encontrar e que já não é lá estas coisas.


Na segunda metade da década de 80  meu primo e amigo Rogério morreu. Por ter a mesma idade que eu (e ser um querido) era meu mais próximo companheiro dentro da família. Morreu de complicações relacionadas a AIDS no tempo em que um soropositivo não tinha um décimo da qualidade de vida que pode alcançar hoje e um milésimo do respeito que pode encontrar e que já não é lá estas coisas.


Por Rogério ser de família interiorana, desconhecedora das repartições públicas da capital, meu irmão e eu nos incumbimos da burocracia que envolveria atestado de óbito e traslado do corpo para sua terra natal, onde foi enterrado. Naquele tempo, vejam, caixões de "aidéticos", como eram chamados, deveriam ser lacrados para que a "peste" não se espalhasse.


Lá fomos nós ao Instituto Médico Legal em busca da dita autorização. Um servidor público muito "dedicado" e "preparado", imagino, nos atendeu. Quando notou que o atestado de óbito do Rogério apontava pneumonia, parada respiratória e não lembro mais o que causado pela AIDS, gritou para um colega: "mais um viadinho que se vai".


Meu irmão e eu nos olhamos estarrecidos. Estávamos ali tratando do enterro de um ser humano da melhor espécie (a quem amávamos) e ouvimos aquilo. A pessoa que disse esta barbaridade deve, com certeza, ter exercitado seu direito de não aprovar o que supunha ser o comportamento sexual do meu primo. Não era o único, sem dúvida.


Imagino que meu tio, pai do Rogério, não gostasse muito de ter um filho "afeminado". Tio Antônio era homem do campo. Andava de bombachas e se orgulhava do filho mais velho ser campeão de laço e de rima no CTG local. Imagina se gostaria de ver um filho seu andando um pouco rebolativamente, reconheçamos, e trabalhando com teatro em São Paulo. Imagina? Ator!?. Isso lá é coisa de macho? Com certeza tio Antônio não aprovava.


Mas que diferença a aprovação ou não do tio fazia naquele momento? Jamais vou esquecer o discreto mas sentido choro daquele homem, grande e rude, pela morte do filho. O quanto havia neste choro de saudade, culpa ou arrependimento?

A besta erudita é todo ser que tenta convencer o outro de que está certo, usando para isso conhecimentos - profundos ou de almanaque - e citações que dão um ar de seriedade às bobagens ditas.

Uma de minhas mais antigas e constantes relações é com Cândida, minha ex-diarista, atual mensalista. Há 13 anos nos acompanhamos. Excelente profissional e pessoa centrada na realidade, sem delírios ou projeções imaginárias, nos conhecemos e nos respeitamos com todas nossas diferenças. Algumas vezes Cândida diz algo com o qual não concordo, exponho meu ponto de vista e chegamos a um acordo ou a um silêncio sábio. Nunca divergimos naquilo que é essencial, diga-se. Cândida cursou até o 5º ano do antigo primário.


Na outra ponta... vez por outra observo em meu convívio, físico ou virtual, pessoas as quais qualifico de "bestas eruditas". Explico.


A besta erudita é todo ser que tenta convencer aos demais de que está certo, usando para isso conhecimentos - profundos ou de almanaque - e citações que dão um ar de seriedade às bobagens ditas. Deliberadamente distorce o texto lido para que sirva ao argumento que defende.


Vamos supor que eu seja uma "piranha" e que, para convencer aos demais de que não há nada de mal nisso, diga: "está no Novo Testamento, Deus ama quem dá com alegria". Ainda que ele ame, não foi este o sentido do texto bíblico, certo?


Pois é isso o que faz a besta erudita. Lembram de como Hitler se apoderou de Nietzsche, Kant e Wagner para justificar suas teorias sobre a superioridade alemã?


A besta erudita é assim. Escreve um textinho aqui e outro ali, todos repletos de citações que poucos podem rebater. E que outros, como eu, têm preguiça de dar trela.


E eles ganham espaço.

Não basta ter mau gosto. Há que saber compartilhá-lo com a humanidade. Esta parece ser a máxima de um tipo de ignorante a quem não é suficiente mergulhar sozinho na própria imbecilidade. *Segunda tentativa de compreensão de alguns vizinhos.


A uma certa altura do filme Montenegro - Pérolas e Porcos, do hoje sérvio Dusan Makavejev, filme que vi há uns 25 anos, fogos de artifício tomam o céu de um vilarejo sueco habitado por imigrantes da (naquele momento) Iugoslávia. Se não original, foi das mais belas metáforas ao orgasmo alcançadas no cinema de então.


Acabou o lirismo. Esta imagem só me veio à cabeça para mais uma vez comprovar que no mundo existem gênios e beócios. Existem os "Dusan Makavejev" e alguns cretinos aqui do bairro, que não devem ter ou proporcionar orgasmos razoáveis mas parecem hábeis em sublimá-los com rojões que atormentam minha existência todos os domingos, a partir das 7 da manhã.


O que faz alguém sair de casa e gastar seu suado dinheirinho na compra de um artefado que faz barulho, amedronta cães, afugenta pássaros, ensurdece pessoas, eventualmente decepa mãos ou cega e que, ainda por cima, fede e pode provocar incêndios?


Qual a simbologia embutida nisso tudo?


O time faz gol...  bummmmmmmm. O amigo vai casar... bummmmmmm. É ano novo... bummmmmmm O que eu e centenas de outros moradores das imediações temos a ver com isso?


Alegria se mede por volume, quantidade e formato do estouro, em matemática similar à equação que proporcionaliza virilidade x aceleração do automóvel?


Minha ojeriza a sons em alto volume, qualquer um, aumenta ainda mais quando percebo que jamais sou invadida, por exemplo, por vizinho que tasca Schönberg "no talo". Nada disso. É sempre a ultima moda do verão. Algo que vai da "Popozuda" ao "Já sei namorar". Num desfile que transita por funks, axés, pagodes e sertanejos vários.


"Ai que elitista", dirá um ou outro. Posso ser. Mas destaco com orgulho que meu suposto mau gosto não toma de assalto a existência alheia. Não obrigo vivente algum a dividi-lo comigo. E isso, por si só, é de extremado requinte.


Imitem!

Venda de ingressos para os shows de Madonna no Brasil se transforma em verdadeiro retrato do jeito brasileiro de viver e faz com que o mais dançante e alienado dos seres perceba finalmente o significado da expressão "custo Brasil".


Os ingressos para os shows de Madonna no Brasil, marcados para dezembro no Rio de Janeiro e em São Paulo, seriam vendidos a partir dos dias 1º e 3 de setembro. As vendas, segundo a empresa produtora dos espetáculos no Brasil, a Ticket for fun (for fun pra quem???) seriam efetuadas através do site www.ticketsforfun.com.br, do telefone 4005.1525 e em poucos postos de vendas nas capitais paulista e carioca. Um adendo: no site inicialmente só seriam aceitos cartões Bradesco e American Express emitidos por Bradesco ou sei-lá-o-que-pack (o meu).


Abertas as bilheterias virtuais ou não, nada funcionou. O site não suportou o volume de visitas em sua primeira versão e nem na segunda tentativa, com 25 servidores adicionais. O telefone que deveria atender a partir das 6 da manhã, só entrou em ação tempos depois. Bem... entrou em ação não é exatamente termo que se aplique pois saiu do ar mesmo. Com direito a gravação automática de erro e puxada de orelha da Anatel.  Dois dias depois do início das pseudo-vendas para SP a grita dos consumidores era tamanha que o site foi "fechado para remodelação".


Nos postos de venda o terror se implantou com hordas de cambistas ameaçando incendiar as barracas dos fãs e o próprio guichê  em disputa por lugar no início da fila. Consta que uma das fãs que estava há 3 dias na fila foi quem chamou a policia, ausente do local não se sabe porque já que era esperada grande junção de pessoas dado o interesse pelo show.


Soma-se a tudo isso o fato de haver uma tal "taxa de serviço" para a compra do ingresso. Uma vaga na pista-vip, por exemplo, de R$ 600,00 passava a custar R$ 720,00 com o acréscimo institucionalizado.


O resultado de tudo isso: apesar de só conhecer uma pessoa que conseguiu comprar ingressos através do site, no meio de todo este caos só sobraram lugares nas arquibancadas e pista vip, naturalmente os mais baratos e caros, respectivamente. Todos os demais estavam esgotados ao menos até a abertura de uma nova data no Rio de Janeiro, anunciada bem depois do início do caos.


Isso significa que eu, fã de Madonna desde os 80´s, para assistir ao show de São Paulo, tive que dar o famoso "jeitinho". Comprei meu ingresso através de uma operadora de turismo. Um pacote com passagem, estadia, ingresso e translados... que me custará quase 4 vezes o valor programado inicialmente caso conseguisse comprar meu ingresso no site, como tentei de forma alucinada.


Como as operadoras tinham os ingressos? Hummmmmmm já vi este filme antes. Quantas vezes fui no máximo a vigésima consumidora na fila da bilheteria de teatros e, chegando no guichê, só conseguia ingressos para fileiras mais ao fundo?


Este é o retrato do "custo Brasil" a que me referi. Até na diversão se distribui vantagens para os amigos do rei. E nós, servos da gleba, se quisermos usufruir de um tequinho desta festa, que paguemos.


Não me senti bem com tudo isso. Não vi grande diferença entre os pagamentos adicionais que fiz e as propinas distribuidas entre servidores públicos de todos os níveis para a obtenção de benesses, como vemos todo dia na imprensa.


Fiquei com a clara sensação de conivência com o mau-caratismo que assola este país. Só não me castigo mais pois, como já disse Madonna...


"And I´m not sorry... It´s human nature..."

Há a fase das festas de 15 anos, das formaturas, dos casamentos, dos nascimentos... eis que chego na fase dos velórios. Os pais de meus amigos começam a falecer...


Não há novidade alguma que nossa vida é cheia de efemérides, pessoais ou não. Há a fase das festas de 15 anos, das formaturas, dos casamentos, dos nascimentos... eis que chego na fase dos velórios. Os pais de meus amigos começam a falecer e é inevitável que intensifique minha preocupação com os meus, ainda que de concreto nada possa fazer a não ser aproveitar-me deles o máximo possível e preparar-me, se é que isso existe, para o desfecho.


Uma de minhas amigas cujo pai faleceu há uns 5 anos me disse, logo após o velório: "é impressionante a diferença do cumprimento dos amigos que ainda têm pais daqueles que já perderam ao menos um. Os primeiros dizem que tudo vai passar, pra eu ser forte, estas coisas. Os segundos dizem que não passa jamais mas que nos habituamos com a ausência".


Não me coloco em nenhum dos dois grupos de amigos. Eu não digo nada nestas ocasiões pois imagino que minha presença já denuncie solidariedade e fico lá, num canto qualquer. Converso com este ou aquele. Me coloco disponível para tarefas que se façam necessárias, e fim. Normalmente verborrágica, não me arrisco em território desconhecido. Com isso espero poupar a mim e ao amigo das obviedades que, percebo, fazem explodir lágrimas a cada novo abraço que chega.


Se tivesse coragem diria apenas para que os amigos não se sintam culpados por nada, como às vezes percebo sentirem-se. Mas não é o momento para dizer que aquela relação, boa ou ruim, foi construída a dois, às vezes três. E que também não culpem pois se há uma máxima na qual acredito é naquela que diz que uma pessoa só pode dar aquilo que tem.


Na verdade o que eu tenho vontade mesmo de dizer é que só a saudade se justifica nestas horas pois todos os demais sentimentos são inúteis. Tarde demais para eles. Mas eu não digo nada pois como jamais passei por isso, felizmente, posso estar só pensando besteira.


E torço muito para que meus amigos não confundam tanto silêncio com frieza, como é praxe sentirem sobre mim. Eu só estou dando espaço para que sintam o que precisem sentir.


Isso um dia me bastará.

250 crianças e adolescentes fazem passeata no centro de Curitiba e lastimam o fim do grupo RBD.

Não tive filhos. Não por cinismo ou grandeza, como teria ocorrido com Machado de Assis ("não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria"). Não tive porque não os tive. Provavelmente porque nunca os quis, já que oportunidades e práticas para tal nunca faltaram. Nas raras vezes em que pensei sobre o assunto, confesso, só um medo me abateu. "E se for burro"?


Jamais temi que apresentasse alguma deficiência de saúde fisica ou mental, mas sempre pensei: "e se, a despeito de meu empenho com sua educação, mesmo com saúde criar um ser desprovido da capacidade de ligar as informações recebidas de forma lógica (eufemismo para burrice)"? Conhecedora de como um filho pode ser capaz de ferrar com sua própria vida para afrontar pais, sempre imaginei esta como uma hipótese bem real.


Hoje tive certeza de minha escolha ao acompanhar matéria veiculada pela Rádio CBN Curitiba, brilhantemente elaborada pelo repórter Augusto Galarda. Eu não suportaria ver meu filho (ou filha, claro) engrossando as fileiras de uma das marchas mais patéticas das quais tomei conhecimento neste ou em qualquer outro tempo.


Hoje, dia 25 de agosto de 2008, 250 jovens caminharam no centro de Curitiba (seria em outro lugar?), bradando contra  o anunciado encerramento das atividades do grupo mexicano RBD, os Rebeldes da novelinha do SBT.


Lágrimas desesperadas e gritos histéricos marcaram o happening.


Qualquer tipo de marcha coletiva me causa um pouco de desconfiança pois sempre há, por detrás de sentimentos supostamente puros, grande dose de manipulação. Mas há causas e causas. É certo que sempre alguém lucra com tudo, mas às vezes o lucro do outro traz algum benefício coletivo também. Não me parece o caso. Perdoem-me os fãs ensandecidos, este RBD nem esteticamente vale a pena. E falo em estética artística E física.


De qualquer forma acho que vale ouvir a matéria do Augusto clicando abaixo, na logo da CBN. É engraçada de tão non-sense a situação. Ou ler o que registrou o site da emissora.


Eu li, ouvi e fiquei radiante por não ter filhos.



Pesquisa aponta que rapazes preferem seus olhos e não gostam de seus pés. Só faltou medir o quanto amam mentir. Cadê o pênis? Notória obsessão masculina.

No último domingo, 27 de julho, o jornal Folha de São Paulo publicou o caderno "Jovem Século 21", apresentando pesquisa do Datafolha que pretendeu definir quem é o brasileiro entre 16 e 25 anos.


Sinceramente os resultados não me surpreenderam muito e nem vou aqui entrar em detalhes do trabalho realizado pelo instituto de pesquisa e jovens jornalistas. Isso está no jornal e em seu site, para assinantes.


Mas me chamou a atenção um certo levantamento e a falta de observação a respeito dele. Na página 12, sob a cartola "Aparência", um infográfico de nome "Bem-me-quero, mal-me-quero" afere qual a parte de seu próprio corpo o jovem mais gosta. E qual ele menos gosta. Vamos lá!


Os meninos preferem seus olhos, pernas, braços e boca. E não gostam tanto da barriga, do nariz, pés e pernas. As listas seguem e mencionam orelhas, cabelos e tudo o mais... menos... o pênis.


Como assim? A Folha não lê a Folha? O psiquiatra queridinho da molecada, Dr. Jairo Bauer, não aguenta mais responder, no caderno Folhateen da própria Folha, questões relacionadas a dúvidas e insatisfações masculinas com seus pênis. Aliás, isso já é um clássico no colunismo sexual, de Marta Suplicy a Sue Johanson. É uma notória obsessão masculina.


E aí vem uma pesquisa perguntando sobre a parte do corpo que os jovens gostam ou desgostam e eles apontam olhos?  Barriga?


Tá bom.


Ou Datafolha e Folha de São Paulo censuraram, o que não creio, ou faltou a pesquisa medir como anda a mentira entre os jovens brasileiros. O dia em que o maior orgulho masculino for os olhos e a maior preocupação repousar sobre seus pés eu vou declarar que amo meus quadris avantajados.