Pular para o conteúdo

3

Dep. Barreto Pinto em foto de Jean Manzon/1946

Os outros são safados, ladrões, corruptos e corruptores. Nós somos aqueles que lutamos pelo que queremos, usando as armas que estão ao alcance. Este é o mundo que estamos testemunhando com lente de aumento na Internet e suas redes sociais.

E calma! Não culpo o meio, ao contrário. É graças a ele que podemos perceber esta hipocrisia com olhar microscópico. Ali as pessoas se colocam. Mostram o que pensam e o que defendem, mesmo quando não é esta a intenção.

Reclama-se do policial que chega com o pé na porta do casebre na favela, atirando em quem estiver pela frente. Mas julgamos em rito sumário qualquer escorregadela de um incauto. Depois a gente vê se ele de fato cometeu "o crime" que imputamos a ele.

Falamos mal da imprensa manipuladora e perversa mas somos ávidos em espalhar boatos em #140. Em replicar maledicências de todo tipo.

Malhamos Bolsonaro quando se manifesta homofóbico e racista mas gargalhamos quando Rafinha Bastos justifica estupro de forma até apológica.

Exigimos comportamento minimamente correto, livre de preconceito, mas detonamos aquele que ousa aparecer na mídia com uns quilos a mais ou trajando algo que julgamos inapropriado. Ou feio.

Execramos Sarney e seus métodos eleitorais mas assistimos impassíveis a robôs manipulando votações de BBB. Até achamos bacaninha quando uma banda tenta conquistar vaga em festival de rock usando artifícios nada lícitos.

Fico realmente impressionada com nossa capacidade de regular a balança conforme nossos interesses.

Falamos, falamos, falamos dos nossos pais mas nos especializamos na arte de pregar moral de cuecas.

Encontrei recentemente esta foto que mostra eu, minha mãe,  meu irmão e nosso velho DKW numa Semana Santa gaúcha, época em que  é tradicional colher macela (marcela?). Ou era. Lindona a danada da D. Alba.

1

Sou a grossa do MSN e demais mensageiros. Quando vejo um amigo, colega ou cliente online e preciso de alguma informação, mando logo uma linha só: "Bom dia! Tudo bem? Seguinte: você pode mandar aquele arquivo...". Assim mesmo. Direta e objetiva. E numa linha só também me despeço: "Então tá. Obrigada. Tchau".

Acho um porre quando neguinho começa com a ladainha: Oi... pode falar?... tudo bem ai?...

E termina mandando duas mil carinhas animadas... uma em cada janela. Transformando o ato de sair de uma conversa no MSN em uma verdadeira cerimônia do adeus.

Mirem-se na despedida da imagem ali de cima, da (por esta e por outras) minha "ídala" @danicascaes.

Já comentei por aqui que decidi desobedecer toda ordem médica e voltei a jogar tênis uns 25 anos depois da minha última raquetada. Pois digo que fiz muito bem.

Em apenas dois meses os progressos são incríveis. Ontem, jogando com um sobrinho de 28 anos, alto e fortão, mantive a bola em quadra por tempo muito superior ao que conseguia no início do retorno. Conseguia correr mais do que supunha ser capaz. Cheguei em bolas que antes nem motivavam o arranque.

As articulações, motivo dos médicos me desaconselharem qualquer exercício com impacto, respondem muito bem. Pra falar a verdade, acho que as dores estão diminuindo.

É claro que não sou louca e só jogo no saibro, uso tênis de boa qualidade, raquete de bom material e investi em meias que são praticamente amortecedores. Comprei uma joelheira mas, sinceramente, não sinto mais necessidade dela.

E o que isso tem a ver com quem porventura esteja lendo este post? Nada. Só mais um exemplo de que se pode mais do que se pensa.

E que ninguém sabe mais dos nossos limites que nós mesmos.

O casamento de William & Kate, como todo grande acontecimento midiático, foi compartilhado no Twitter por diversos de meus contatos. Os mais divertidos, diga-se. Provocou crítica, deboche e lembranças de muitos. @danicascaes, por exemplo, até puxou uma fotinho do casamento dela. Ao que respondi, na falta de casamento (VIU??!!!), com um retratinho do meu baile de debutantes, evento preparatório para futuras bodas.

Mas vai dai que, dois dias antes, com esta mesma interlocutora, mencionei minhas aventuras "pedaladoras", recentemente citadade aqui no blog.

E unindo estes dois momentos pensei que não dá mesmo pra criar imagem de alguém com base em uma coisa ou outra. A mesma mocinha debutante pode ser uma hard-biker. Quem me tirou pra frutinha por conta do vestidinho amarelinho, lascou-se. Da mesma forma quem me acha "fo*ona" só porque cruzei estradas de bicicleta.

E entre uma e outra há mil Márcias.

Tentativa de contato 1:

Eu - Onde você estuda?

Ela - Não adianta dizer pois você nunca ouviu falar na minha escola.

Eu - Mas ainda assim, onde você estuda?

Ela - No Colégio Israelita.

Eu - Hahaha. Nunca estudei lá. Mas já papei uma meia dúzia de garotos circuncidados.

Tentativa de contado 2:

Eu - Que música você está ouvindo?

Ela - Não adianta falar porque você não conhece.

Eu - Mas que música você está ouvindo?

Ela - The Killers

Eu - Ah, sei. Aquela bandinha californiana que tem como espelho o Oasis.

Me viro e vou tomar um café. Espumando. Não o café. Eu. O que diabos pensa esta merdinha de 17 anos pra me lançar aquele olhar arrogante e supor que eu não sei isso ou aquilo?

Tolerância! É só o que eu peço nesta vida. Tolerância! Foi difícil não dar as palmadas que faltaram a esta criança.

Adoro achar justificativa chic para as besteiras que faço. Outro dia a conversa girava sobre coisas absurdas que fizemos e lembrei quando, aos 13 ou 14 anos, ganhei dois convites para show do Johnny Mathis no Gigantinho, em Porto Alegre. E fui!

Passei uma vida sem saber o que tinha ido fazer lá quando hoje, na página 36 da biografia do meu amadíssimo David Bowie (escrita por Marc Spitz) encontro o seguinte parágrafo:

"Quando David começou a aprender violão e saxofone na adolescência, os acordes de The inchworm seriam os primeiros que ele procuraria. Se escutar a estrutura e a melodia, é possível ouvir o padrão de muitas das melhores e mais tristes músicas de David Bowie. Está lá em Life on Mars? e Aladdin sane. Até o cover de Dimitri Tiomkin e Ned Washington, Wild is the wind (gravada inicialmente por Johnny Mathis para o filme homônimo de 1957, mas tornada famosa por Nina Simone em 64, Bowie em 76, e em 2000, por Cat Power, no álbum The covers record), tem um pouco de Inchworm no arranjo e na interpretação".

Vamos considerar que eu não sabia porque estava lá. Mas que sou quem sou também  porque estive lá.

Sempre há uma forma positiva, e cínica, confesso, de se olhar as coisas.

Sei lá onde minha mãe enfiou minhas antigas raquetes de tênis. Mães tem esta estranha mania de tascar fora nossas coisas quando julgam não mais serem necessárias. Ou velhas. A minha, por exemplo, há anos trocou por banana um escritório Cimo composto por mesa, cadeira, longarina e estantes com portas de correr em vidro. Mas isso é outra história.

O fato é que salvaguardei uma raquete de squash da Metalplas. Ainda em madeira e completamente diferente do que se usa hoje.

Mas adorei o adesivo colado na lateral do cabo:

Impensável isso nos dias que seguem.

Obs.: Se clicarem na primeira foto observarão outro detalhe perdido no tempo. No cabo verão meu nome, "Márcia", adesivado com LetraSet. Duvido que algum dos meus sobrinhos saiba o que é isso.

Ontem chegou para mim um pacote pelos Correios. Estranhei pois excepcionalmente não esperava encomenda alguma. Demos folga ao cartão de crédito aqui em casa nos últimos dias. Era da D. Neuza Dietrich, amiga da família há mais de 30 anos e minha velha algoz no tênis.

Abri e eram os guardanapos que compõem jogo com uma maravilhosa toalha rendada. Aquelas famosas toalhas da Ilha da Madeira. Linda.

Disse minha mãe que D. Neusa decidiu regalar as pessoas a quem quer bem, distribuindo entre elas alguns "bens" acumulados ao longo da vida, o que me fez duplamente feliz.

Presente é um assunto que eu gosto. Sou especialista em dar e em receber presentes. Posso afirmar que o melhor presente do mundo é aquele que faz pessoa se sentir lisonjeada, não importa o quanto tenha custado. É aquele que demonstra que o outro pensou na gente quando escolheu.

Em dezembro de 1988 ganhei um presente "seminovo" que guardo em lugar de destaque na minha estante. No amigo secreto da faculdade Cris me deu "Todos os fogos o fogo", contos do Julio Cortazar, com dedicatória épica.

Há uns três aniversários meu amigo Taio me deu uma enorme bola colorida, daquelas de praia. Comprou depois de ter ouvido uma triste lembrança da minha infância. Compensou com sobras o trauma. Repousa em meu escritório e ai da criança que a pegar.

A galeria de regalos é grande. Agora entrou a toalha da D. Neusa.

Alguém no mundo me quer bem.

Há no Brasil um tenista chamado Thomaz Bellucci. Há no Brasil um grupo de torcedores/jornalistas de tênis que acreditam em Bellucci. Pior, há no Brasil um grupo de tenistas/torcedores que querem me convencer a torcer para Bellucci porque, afinal, ele é brasileiro. E ainda pior, há no Brasil um grupo de tenistas/torcedores que querem me convencer a torcer para Bellucci dizendo que com as condições oferecidas, já é um milagre termos um Bellucci.

Hello!!!

Eu não sou daquelas pessoas quer torce por alguém por exclusão. "Ah, é o melhor que temos, vamos torcer para ele". Eu torço por afeição. Se o esportista tem chances, tanto melhor. Eu torço pra Viviane Segnini e ela é a número 353 do mundo.

E não torceria para Bellucci nem se ele tivesse nascido no meu prédio. Ser brasileiro, sinto muito se não concordam, não é afinidade suficiente para nada.

Vou torcer para ele porque, afinal, já é um milagre termos um brasileiro entre os 50 melhores do mundo considerando as péssimas condições ofercidas? Vamos nos lembrar de algo. Não foi Bellucci quem falou mal dos técnicos e ex-jogadores brasileiros, dizendo que eles nada fazem pelo esporte no país? Esquecemos então que estes também enfrentam as mesmas faltas de condições que ele? A comiseração só vale para um lado?

E nem é só por isso. Sou campeã de falar merda também. A proteina dele não bate com a minha. Sou obrigada a gostar?

Não torço contra. Não quero que tenha tennis elbow e vou até aplaudir se assisti-lo jogar bem, perdendo ou ganhando.

Mas ser fã  é pedir demais.