Era fã e continuarei sendo. E considero Amy Winehouse uma super artista. Lamento sua morte profundamente. Agora vamos a outros comentários interessantes observados aqui e ali.
Patrulha anti-drogas acha que ela mereceu morrer assim. Que devemos lastimar, isso sim, a morte dos jovens no atentado na Noruega. Pergunto: o que uma coisa tem a ver com a outra? Parece gente que olha pra mim e diz que eu não deveria tratar tão bem meus cachorros pois tem gente passando fome no mundo.
A culpa é do sistema, que suga a alma e os níqueis de suas vítimas, artistas talentosos. Por favor. A vida tá puxada para todo mundo. Cartão de crédito, cheque especial, patrão, cliente, ex-mulher, parente abusado, vizinho mala, trânsito, SERASA, doença, velhice, desemprego, desamor... não está mole pra ninguém. Uns dão conta "de cara", uns tomam umas talagadas, outros dão umas "baforadas". Há a turma do Rivotril, Frontal, Fluoxitenia etc. Os que perdem o controle, os que sublimam e seguem em frente. Há de tudo. Amy se entorpecia mas parece que nunca era suficiente e consta que teria perdido o prumo. Lastimável. Acontece. Bad choices.
Ai entra a turma das viúvas que, apaixonadas, acham que ela era style e tudo de bom. E isso me faz lembrar meu amigo Fernando.
Fernando era minha sombra. Onde andava um ia o outro. Doidos, passavamos noites e noites encarnando personagens de Dostoievski. Eu, Martiuska, ele, Fernandosvi. Insuportáveis.
Ela era a pessoa que, naquele momento, eu julgava mais inteligente no universo. E sob certo aspecto era mesmo. O cara que me apresentou Rimbaud. Mas um dia, durante o Festival Cio da Terra, em Caxias do Sul, isso acabou. Eu estava lá para cantar com minha banda (???) e ele pra fazer festa tão somente. Quando terminou nossa apresentação fui procurar Fernando. Em vão. Ele havia partido em uma ambulância após injetar conhaque nas veias.
Conclui que sua inteligência não era a mesma minha. Ali percebi que minha inteligência era mais voltada à busca de equilíbrio. Algo que alguns "doidões" qualificam como mediocridade.
Neste dia Fernando não morreu. Não ali, apenas alguns anos depois e de complicações decorrentes da AIDS. Era um Tom Sem Freio. Intenso em tudo. Errava na dose e errava no amor. Um bareback na vida.
Não há quem consiga controlar alguém assim. Fazer o que? Dizer um "que merda" e seguir em frente. Sem apedrejar e nem santificar. Só isso.