Estaciono o carro no Museu Oscar Niemeyer, abro o bagageiro e retiro dali minha bike dobrável para dar uma desopilante pedaladinha. Ato contínuo ao início da montagem, aproxima-se um senhor de idade entre 67 e 72 anos e começa a conversar. A falar sozinho, digamos.
Gente do céu!!! Uma descarga de negativismo disfarçada sob voz melíflua. Primeiro falou que eu era muito corajosa. Que ele tinha 17 bicicletas (17 TVs também) mas que não andava mais com elas pois havia sofrido diversos assaltos na ciclovia. Sugeriu que eu não andasse pois era muito perigoso. Que já foi assaltado aqui, ali, acolá...
E não parou. Quando o tema assalto o cansou, fez um olhar curioso e perguntou, já sabendo a resposta, qual a marca do meu carro. "Um Lifan 320. Chinês", respondi.
Pra que?! "Você teve a coragem de comprar um carro chinês"? E ai derramou em minhas orelhas um rosário de queixas sobre a infinidade de produtos chineses que comprou e que estragaram em pouco tempo. "Nada presta", dizia.
Eu dava umas risadinhas sem graça. Terminei a montagem da bicicleta mas ele não encerrava a falação. Quando finalmente consegui me desvencilhar, subi na bike, andei 100 metros e... chuva.
Voltei. Ele havia conseguido estragar meu passeio com tanto "estímulo". Olhei pro céu e pensei que a chuva logo passaria.
Passou. E eu pude passear observando belos recantos como o da foto acima.
Chupa véio urubuzento!