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Estaciono o carro no Museu Oscar Niemeyer, abro o bagageiro e retiro dali  minha bike dobrável para dar uma desopilante pedaladinha. Ato contínuo ao início da montagem, aproxima-se um senhor de idade entre 67 e 72 anos e começa a conversar. A falar sozinho, digamos.

Gente do céu!!! Uma descarga de negativismo disfarçada sob voz melíflua. Primeiro falou que eu era muito corajosa. Que ele tinha 17 bicicletas (17 TVs também) mas que não andava mais com elas pois havia sofrido diversos assaltos na ciclovia. Sugeriu que eu não andasse pois era muito perigoso. Que já foi assaltado aqui, ali, acolá...

E não parou. Quando o tema assalto o cansou, fez um olhar curioso e perguntou, já sabendo a resposta, qual a marca do meu carro. "Um Lifan 320. Chinês", respondi.

Pra que?! "Você teve a coragem de comprar um carro chinês"? E ai derramou em minhas orelhas um rosário de queixas sobre a infinidade de produtos chineses que comprou e que estragaram em pouco tempo. "Nada presta", dizia.

Eu dava umas risadinhas sem graça. Terminei a montagem da bicicleta mas ele não encerrava a falação. Quando finalmente consegui me desvencilhar, subi na bike, andei 100 metros e... chuva.

Voltei. Ele havia conseguido estragar meu passeio com tanto "estímulo". Olhei pro céu e pensei que a chuva logo passaria.

Passou. E eu pude passear observando belos recantos como o da foto acima.

Chupa véio urubuzento!

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Pessoa tem que olhar DE FATO pra outra para ser capaz de dar um presentinho desta categoria, né?

Olha só o que a BB trouxe pra mim de sua viagem! Um carregador de iPhone e afins do South Park.

Sem falar na coleção de cafés Starbucks. Me aguentem!

Operadora de celular é um espetáculo a parte na recente história da humanidade. Chegaram sedutoras, cheias de regalitos e, depois de tudo dominado, estão nem ai pra paçoca.

O que interessa pra Tim/Oi se eu sou/era cliente há 12 anos? Do tipo cliente satisfeita que nunca cogitou mudar. Com bom plano pós + internet 3G,+  pacote de SMS e de sei lá mais o que que eu nem usava mas pagava sem reclamar.

Nadica. Nos últimos tempos via duzentas mil ofertas para abocanharem novos clientes e nadica pra me fidelizar. O que prova que a  máxima do Kotler... aquele papinho de que custa muito mais conquistar novo cliente que manter o antigo ser completo bullshit.

Pois ai veio uma oferta da Vivo, incluindo celular-fetiche por bagatela, e fui obrigada a aderir.

Mas sou uma sentimental. Peguei amor pelo meu velho número e, para não romper de vez, pedi para a Tim/Oi mudar meu plano para o mais barato dos pós-pagos. Um de 27 pilas/mês até que me decida por ficar só na Vivo, manter os dois ou voltar ao meu velho reduto.

O que fizeram? Imploraram para eu ficar? Ofertaram melhores condições? Não. Não apenas aceitaram de pronto como, parecendo retaliação, aparentemente desligaram minha linha.

Liguei para lá e pediram cinco dias de prazo para ajeitarem as coisas.

Não é muita coisa para quem está na linha de fogo?

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Moa é um cartunista, ilustrador etc de Porto Alegre. Dos bons. É bom não é de hoje e isso você podem ver aqui. Mas Moa também é um muito querido ex-colega de faculdade que hoje é presença perto/distante nos facebooks e afins da vida.

Nunca gostei de beber e jamais bebi muito. Neste momento lastimo. Se tivesse bebido durante a convivência com Moa seria mais fácil e aceitável eu hoje chegar na frente dele e dizer que alcancei o nono passo dos AAs e, portanto, preciso me desculpar com ele. "Desculpa, Moa. Foi mal".

E o que eu teria feito de tão ruim para ele? Eu fui irritantemente mulherzinha. Ele era meu amigo mais querido. Um carinhoso amigo. Tinha um cuidado enorme comigo. Daqueles de me levar pra almoçar na casa da família dele e de ter pena do enorme apartamento em que eu morava... sozinha. E eu ficava exercitando meu charmezinho otário querendo que ele, inutilmente, me desse trela. E eu nem de perto era apaixonada por ele. Era uma idiota pensando que "como assim ele não me quer?".

Era um cara de caráter e não se deixou engambelar pelo meu poderzinho mixuruca. Bem fez.

Moa é o melhor dos meus fracassos e isso fica evidente no desenho acima.

Ele parece continuar o mesmo terno ser que ficava rabiscando seu caderno na faculdade e desconfiando da sua capacidade de discorrer um filosofês básico nas provas daquele pré-socrático professor de quem nem lembro o nome.

Em meu favor posso apenas pensar que neste quesito eu dei uma ajudinha. Mas ainda assim, foi mal. Tá?

Descobri que eu e a cantora Adele temos algo em comum, além da boa forma, claro. E não é a voz.

Olha o daschund que ela carrega.

E já que estou me apropriando de fotos mesmo... abaixo uma que retirei do blog  Don´t touch my moleskine. Esta é a melhor foto que vejo em anos.

Dedico a quem se acha muito requintado por ter perdido o rabo e virado erectus.

Com a proximidade do verão aumentam os convites para fazermos cruzeiros. Cruzeiro pro Nordeste, pro Caribe, pra Punta... até para um tal cruzeiro caríssimo que vai da Noruega a Rússia nos chamaram.

Não, obrigada. Nunca fui e não gostei. Destestei, aliás. E não porque sofra enjôos. Não tenho qualquer problema quanto a balanços de qualquer intensidade.

Ocorre que a idéia de ficar dias e dias "presa" em um treco chacoalhante me enerva. Como poderia gostar de lugar do qual não posso escapolir na hora que me der na telha? Gente... eu só vou a lugares de onde posso ir embora quando quiser. A pé, de carro, táxi ou ônibus. Como não tenho cacife para helicópteros, navios estão fora de questão.

Tenho uma certa síndrome pessimista ao modo Woody Allen e sempre que me vejo em um navio logo  imagino que vai colar em mim algum chato e que, por maiores que sejam estas embarcações, fugir do xarope só será possível me trancando na cabine. Isso ou ser grossa. Estou errada?

Outra coisa que me incomoda é a água. Calma, não a água do mar, que adoro. Adoro velejar. Penso na água parada dentro do navio. A água armazenada para nosso banho, para cozinhar. Esta é a água que me incomoda. Não é a toa que toda hora lemos nos jornais que o navio tal atracou de emergência e xx passageiros apresentaram quadro de intoxicação.

Razão semelhante me impede de usar a piscina do navio. Aliás, de resorts também. Lembro que quando fui a Budapeste todo mundo se deliciava nas piscinas do Gellert e eu, bem, nem pensar que vou me jogar na mesma água daquele europeu porcão que chegou junto comigo. Não sou daquelas pessoas que vivem a lavar mãos mas também não vou me misturar em águas aquecidas e repletas de unhas com micose.

Argumentam com as festas, shows e jantares. Assim coisa só piora. Pesadelos, para mim.

Não consigo ser feliz ao ponto de gritar uhuu ao som de djs de festa de casamento e similares. E show de navio, mesmo do Rei, não me interessa. Não exatamente o show mas é que não rola de ir só na hora do espetáculo e sair.  Já os jantares, o que dizer? Há alguns anos abandonei o estágio estomacal do desenvolvimento humano. Gosto de comer mas não entro em fila para isso desde os tempos de RU (restaurante universitário).

É, pareço ser insuportável, sei. Mas não sou. Seria se aceitasse a convite e ficasse infernizando os amigos durante toda viagem.

É por mim e pelos demais que não faço cruzeiros.