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Nossa Senhora da Aparecida foi alçada à condição de pop star. Num ano é chutada por evangélicos... em outro é cultuada por ídolos populares.

Nossa Senhora da Aparecida foi alçada à condição de pop star. Num ano é chutada por evangélicos... em outro é cultuada por ídolos populares. Um, Roberto Carlos, vai até seu santuário e canta para seus fiéis (dele e dela). Outro, Didi Mocó Sonrisal, vulgo Renato Aragão, promete ir andando até lá.


Posso não ter entendido o porquê de uma das canções escolhidas pelo rei Bob Charles para louvar a padroeira do Brasil ser italiana. Mas, há um bom tempo venho entendendo direitinho tanta devoção de Roberto Marinho e Sílvio Santos, interessadérrimos em registrar e multiplicar o fervor católico.


Liga no SBT... Padre Marcelo. Liga na Globo... aquela figura patética que canta com o Padre Zeca e que não sei quem é. A fé é linda e comovente... ainda mais quando junto a ela vem uma jogada para tentar esvaziar os repletos templos evangélicos que dão sustentação ao Grupo Record.


Se eu fosse dona de televisão escancarava de vez. Não me preocuparia com os parcos pontos no Ibope que me tiram estas emissoras construídas à base de dízimo. Seria mais esperta e produziria um quadro em programa típico de Faustão e Sílvio Santos. Católicos X Evangélicos. As perguntas seriam formuladas a partir dos textos da Bíblia para dar um pouco mais de emoção ao programa. Os impasses surgiriam rapidamente, pois há interpretações e interpretações das leituras... e versões e versões do próprio conteúdo do livro, que sofre alterações de acordo com as tendências religiosas do editor.


No final brigariam todos pois estes assuntos são altamente passionais e, como sabemos, fanatismo cega. A situação poderia até nos levar a uma situação estúpida como a da Irlanda... mas eu não me importaria pois a audiência estaria garantida. E ninguém poderia me acusar de qualquer coisa pois eu teria a meu favor o argumento da democracia. Quem mais dá espaço a todas facções?


Lembro que quando Pe. Marcelo iniciou sua carreira pop era anunciado no Fantástico, Gugu, Sílvio Santos e Faustão como fenomenal catalisador da mobilização popular e renovador da fé romana.

Ok, santa!!! Então porque não levam também os cantores gospel que igualmente arrasam quarteirões? Ou melhor... porque não esquecem todos?

Vou ao Rio de Janeiro e me hospedarei na casa da Tammy Luciano, colega aqui no Baguete, como castigo por me fazer assistir Linha Direta.

Vocês sabem aquela voz de narrador de desenho animado? "Enquanto isso na delegacia de Gotham City..." Pois o narrador de Linha Direta fala igual. "Neuma e Dona Maria levavam uma vida tranqüila..."


E o Marcelo Rezende então? Que olhar!! Esbugalhado. Que seriedade!! E que texto bom!! "Com honras militares e medalhas no peito, o capitão..."


Já sei que terei férias grátis no próximo verão. Vou ao Rio de Janeiro e me hospedarei na casa da Tammy Luciano, colega aqui no Baguete, como castigo por me fazer assistir Linha Direta para ver sua participação na simulação do primeiro crime mostrado no episódio da última quinta-feira.


O castigo só não foi pior porque ela saiu-se muito bem na poderosa fala: "viu mãe que netinho lindo você tem"? Ou algo assim. Eu já estava pensando que haviam cortado todas as falas da moça. Tsk tsk, tsk.


Quando comentei com um amigo que a Tammy estaria lá ele imediatamente perguntou: "em qual dos dois papéis? É a vítima ou o bandido"? É verdade, só tem estes dois papéis.


E falando nisso... já perceberam que as vítimas de Linha Direta são sempre pessoas alegres e afetuosas? Bons filhos, bons maridos, bons alunos. Deve ser porque "depois de morto todo mundo vira Santo".


Dá a entender que se a vítima gostar de festa, for gay, for meio galinhosa, um aluno relapso ou qualquer coisa... o crime perde em crueldade.


Mas chega disso. Já contei, ainda que do meu jeito, que a Tammy apareceu na "Grobo"...

"Rafael... a mamãe está chamando"... "Rafael... vem colocar seu casaquinho"... Coitadinho!!

O melhor da TV nesta semana surgiu no Esporte Espetacular do feriado. A equipe do programa cobria um campeonato de rugby no Rio de Janeiro e tentava entrevistar jogadores brasileiros, derrotados por mais de 40 pontos pelos uruguaios. O primeiro, despeito da trogloditice do esporte que pratica, chorava copiosamente e nada conseguiu dizer. O segundo... bem... o segundo quer matar a equipe da Globo.


O menino não queria falar. O que faz o repórter? Busca a imagem da mãe do mocinho, que diz: "Rafael, você não quer falar um pouquinho?". Uma, duas, três vezes. Com aquela voz terna de mães que realmente padecem no paraíso. De mãe querendo convencer a criança a comer a papinha.


Dá pra imaginar o que este menino vem pasando na escola e no bairro? Todo mundo gritando: "Rafael... a mamãe está chamando"... "Rafael... vem colocar seu casaquinho"... Coitadinho!!


Tudo pelo business...


E o pior é que este veículo é um dos mais poderosos elos que forma a cadeia do imaginário popular. Nulidades viram celebridades louváveis. Vejam notícia desta semana...


A ex- Spice Girl Geri Halliwell lançou um livro de memórias. Isto mesmo, uma biografia. Parece que ali ela conta como saltou de uma vida de pobreza para um sonho de Cinderela, com direito a bulimia, que é para dar um toque Lady Di à história. O resultado das vendas será revertido a instituições de combate ao câncer, muito nobre... mas o caso não é este. O fato é que, cada vez mais, vamos dando importância ao que não tem qualquer importância.


Ou alguém realmente precisa do programa da Ana Maria Braga? Aquilo é um lixo!!! É claro que é um lixo de bairro nobre... ou então não teria convidados tão melhores que os de outras emissoras menos glamourosas... mas é lixo. Garrafa vazia é garrafa vazia, seja ela de caninha ou champanhe. A apresentadora até parece bem à vontade. Até demais, eu diria. Tanta "soltura" pode ser a razão para sua voz estar ainda mais anasalada e sua risadinha ainda mais irritante. Nem vou entrar no mérito das inseparáveis luvas, cuja imagem fala sozinha.


Ah... e tem ainda o coadjuvante da apresentadora, um papagaio que em breve deverá virar brinquedo, acompanhando o festival de licenciamento de marcas que anda por aí. Vide revista da Hebe, da própria Ana Maria Braga etc. Até agora o maior lucro, para o telespectador, na entrada de Ana Maria Braga foi o espaço de domingo à noite que ganhou o VideoShow. No mais é uma cretinice só. Um programinha que toma por alvo uma mulher que nem deveria mais existir e que só existe por conta do total descaso com o qual este país trata a educação. E, sejamos justos, também pelo total desinteresse dos veículos de comunicação em, realmente, conferir algum caráter sério à programação.


Estamos confundindo falar muito com ter o que dizer. Ana Maria fala muito e fala relativamente bem, é descolada. Mas nada tem a dizer. Mais Você deve ser um programa destinado às mães do Rafael, Paulinho, Antônio Augusto, João Otávio, Paulo Henrique...

E descobri algo muito pior do que a programação da TV. Meu programão do último final de semana.

Está tudo pronto para começar Telemania. A coluna começa com a autora sentando diante de seu poderosíssimo Pentium III, com a TV ligada ao lado e três telefones a postos. O texto já está estruturado em sua cabeça...


Gostaram do início da coluna? Se não perceberam é uma imitação do novo modelo de abertura do Jornal Nacional, agora sob edição de William Bonner. Demais... é telejornal ensinando ao cidadão comum o que é, por exemplo, uma ilha de edição.


E descobri algo muito pior do que a programação da TV. Meu programão do último final de semana. Fui ao supermercado e fiquei "anos" na fila do caixa. Até aí... normal. Mas para agradar seus clientes o supermercado estava com um karaokê. Êta combinação legal... fila e vozes desafinadas gritando nos ouvidos do pobre consumidor. No supermercado, enquanto aguardava na fila, um galanteador mentia descaradamente para a moça do caixa: "você é igual a Giuliana", referindo-se ao personagem de Ana Paula Arósio em Terra Nostra.


Supermercado, karaokê e cantada baixa... mais um sábado desses vou preferir ficar em casa assistindo Sérgio Mallandro. E quase cheguei a isso na quarta-feira. Assisti, no Canal Brasil, a centésima apresentação de Roberto Carlos em Ritmo de Aventura. O filme começa com o Rei no alto do Cristo Redentor. Prenúncio do que iria virar quase três décadas depois? Tenho um amigo que adora o Canal Brasil e o define muito bem. Diz ser um ótimo espaço para que nossos cineastas, na falta de produção mais profícua, falem sobre cinema. O Canal Brasil então, segundo ele, não é um canal de filmes... mas um canal de cineastas falando sobre filmes.


Injustiça dele. Tem também depoimentos e entrevistas de atores, técnicos, roteiristas...


E duas boas notícias na semana: a mudança de horário do Programaço e a estréia de Como Ser Solteiro, no Multishow. Apresentado por Astrid Fontanelli na Band, Programaço, sai do horário vespertino e passa a ser transmitido às 22 horas de sábado. Depois de boatos sobre a retirada do programa da grade, esta deve ser uma tentativa de fazer decolar a investida da apresentadora em canal aberto.


Já Como Ser Solteiro é um seriado tipo Sony, que vai ao ar semanalmente (quinta-feira), às 21h30min. Bacaninha o programa. Feito em película e com um elenco simpático, tem tudo para seguir o rastro de Confissões de Adolescente.


As notas baixas da semana...


A estréia de Carla Perez no domingo do SBT (14 de novembro). No momento em que escrevo ainda não foi ao ar mas já posso adiantar que não gostarei, que ela é ruim e tudo mais.


Outra baixaria foi a aparição do nosso presidente em entrevista no GloboNews. Um dos entrevistadores pergunta se FHC vê terra firme (referindo-se evidentemente às condições sociais e econômicas do país) e ele responde: "terra firme eu vejo mas tenho medo de tempestades". Ele disse isso rindo. Mais do que rindo... quase gargalhando. Imagino que rindo de nossas caras de palhaços. Só pode.

Horas de programação própria surpreende,

De um modo geral não acho que a TV brasileira ande produzindo muita qualidade, tenho que admitir, contudo, que em quantidade melhoramos muito. Quando era criança, em priscas eras, o número de enlatados a que era submetida extrapolava qualquer nível. Eram seriados e mais seriados. À tarde, à noite. a TV brasileira era quase como o canal da Sony, ou o ex-Teleuno, o que é pior.


Hoje não. Peguei o caderno de programação de uma quinta-feira e constatei que, à despeito da qualidade, estamos fazendo muitos programas aqui no país. Isto é legal pois dá um monte de emprego pra gente feito eu. Talvez, seja uma das indústrias com maior crescimento no Brasil. Vejamos:





































Band CNT Educativa Globo Record SBT
Transmissão 20h40 20h35 19h45 24 horas 20 horas 21 horas
Internacional 2h30min 0 3 horas 5h25min 2h10min 4h40min
% nacional 89 100 84.6 78 89.6 791

É claro que tem dias em que uma passa mais filmes que outras... então esta escala é variável.


Maldade com os fãs de South Park


As criaturas que não têm mais nada a fazer a não ser inventar maldades atacam novamente e desta vez para cima do meu desenho animado favorito, South Park. Os calhordas agora criaram o tal de PrettyPark, um vírus parecido com o Happy99, e que vai de carona nos e-mails. Só faltava ele cantar "I can see crearlly..."


Para se livrar da praga o usuário do Norton AntiVirus pode baixar o update a partir do endereço. Caso deseje remover o vírus automaticamente, a Symantec também explica como fazê-lo.


Velhas e novas novelas


Sai Suave Veneno, sem deixar saudade, e entra Terra Nostra com jeito de "já vi esta coisa". Ou Raul Cortez já não foi um italiano em novela recente? Inimigo de Antônio Fagundes, inclusive

Eu odeio a revista da NET. Ela é a materialização de minha sensação de ser roubada... de minha burrice.

Fiz um passeio na Serra Gaúcha em julho e, visitando Bento Gonçalves, toda gauchada me aconselhava a comprar o tal Cabernet Sauvignon, da Miolo. Pois, nem na vinícola o achei mas, para não perder a viagem, saí de lá com uma caixa de Merlot. Não me arrependi... vinho honesto.


E é sob efeito de uma garrafa inteirinha que escrevo nesta semana. O que seguramente justificará eu achar minha coluna genial... e vocês a detestarem.


É final do mês e com ele chega, além das contas, a revista da NET. Eu odeio a revista da NET. Ela é a materialização de minha sensação de ser roubada... de minha burrice.


Se eu usasse o dinheiro que gasto para ter o pacote mais-mais da NET em locação de filmes, sairia ganhando. São R$ 65,77 que, divididos por R$ 4 (valor médio das locações), resultam na possibilidade de alugar 16 filmes/mês, um número infinitamente maior do que consigo assistir na TV por assinatura.


E asseguro que isto não se deve ao fato de eu não gostar de filmes. De jeito algum. Mas vejam os destaques dos cinco canais Telecine, carro-chefe da operadora: Segredos de Um Crime; Carrossel de Emoções; Um Passe de Mágica; Um Tiro na Noite; Testemunha de Acusação; e, Por Uma Vida Menos Ordinária. Aí vão misturas de Melanie Griffith com Elvis Presley; de Kathleen Turner e John Travolta em períodos de decadência total; e de Ewan McGregor pagando os pecados ao lado de Cameron Diaz. Só restaria mesmo o prestígio do bom e velho Billy Wilder dirigindo Marlene Dietrich para salvar a "safra", não fosse este um filme realizado em 1957 e já diversas vezes visto.


Lixo. Nada de novo.


Eu só assino TV porque sofro de uma neurose que me faz sofrer muito apenas ante a possibilidade de, eventualmente, estar perdendo alguma coisa. Nada de concreto... só o medo de não ter acesso a algo a que deveria ter. Só que esta tal coisa imperdível nunca passa!!


Medo infundado, comprovam meus três anos de assinante. Mas sai mais barato deixar o medo fluir que me tratar.


Observação: Muita gente lamentando o fim do jornal 60 Minutos, da TV Cultura. É um paradoxo o fato de que só uma empresa estatal consiga não ser "chapa-branca" no jornalismo. Lastimável.

Quiz MTV não reconhece "Saló: 120 de Sodoma" e muito menos Pier-Paolo Pasolini.

Ai, ai, ai, ai!!!! Eu ouvi isto! Eu vi isto! Estava, como sempre, trabalhando com a televisão ligada. O programa era Quiz MTV, com Adriane Galisteu e Rafael, o "gritão". Nele rolava, também como sempre, uma espécie de gincana pop. A equipe que primeiro escrevesse e colocasse as respostas sobre um pedestal vencia.


Bom... não foi bem assim. Lá pelas tantas a questão era: "três filmes cujos nomes comecem com a letra S". Risk, risk, risk... sai correndo o menino orgulhoso, de Brasília. Ao ver a resposta o "gênio" Rafael não dá os pontos ao menino pois ele teria inventado o nome de um dos filmes.


Ai, ai, ai!!! De novo.O filme que "não existe" é apenas Saló: 120 de Sodoma, do também não existente Pier-Paolo Pasolini. Independente de ser considerado bom ou não... ultrapassado ou não... nojentão... saber da existência deste filme do ensandecido diretor é básico.


Como uma emissora ousa colocar no ar o que parece ser um programa "cultural" e não preparar os apresentadores? Ou ao menos ter uma boa equipe na retaguarda.


Isto me faz pensar na programação destinada ao público adolescente e em sua qualidade. Mais do que isto, nos investimentos inócuos que as emissoras estão fazendo em cima deste nicho.


De um lado temos Malhação, seriadinho chinelo com o qual a Globo tortura diariamente nossos pimpolhos. Um desfile que mistura falta de talento com falta de senso crítico. Os atores (??) over-interpretam, gritam, forçam a barra para parecem "mudernos"... tudo aparentemente de comum acordo com roteiristas fracotes e diretores inoperantes (ou ruins mesmo).


Isto sem falar nas mensagens...Isto na mesma Globo... que surge com a promessa de melhorias de Serginho Groissman mas que prefere chamar Luciano Huck a valorizar Zeca Camargo.


Zeca, seguramente melhor preparado que Huck, foi preterido por não ser suficientemente débil para garantir audiência fácil, o que suponho seja o motivo para sua "não promoção".


Na mesma esfera a Band ataca com uma Astrid Fontanelle que ainda não achou o tom de seu Programaço, mas que promete um pouco de vida inteligente. Apesar do horário. Sábado, 13 horas é dose.


Quer dizer... o futuro da programação televisiva é funesto.


Vejam o telespectador que estão preparando: dos 2 aos 4 a criança assiste Telettubies; dos 5 aos 10 vê Xuxa; dos 11 aos 14 curte Malhação; e dos 15 aos 17 assiste Luciano Huck e Quiz.


E tem pai que deixa.

"Aquele pessoal da Bundas continua entrevistando gente que conta como foram difíceis os anos de ditadura. Quem ainda quer saber disso?".


Outro dia estava na loja da NET para pagar minha fatura e enquanto esperava atendimento tabulei conversa rápida com um senhor já aposentado, aparentando uns 70 anos. Ele, quando soube que sou jornalista, começou a discorrer sobre a qualidade dos jornais e revistas brasileiros e até demonstrou algum conhecimento sobre a situação de penúria na qual vivem muitas destas publicações e, conseqüentemente, seus funcionários.


Comentou que a revista Bundas, por exemplo, foi um sucesso na largada mas que hoje está sobrando nas bancas. E disse, em tom de explicação: "também... aquele pessoal da Bundas continua entrevistando gente que conta como foram difíceis os anos de ditadura. Quem ainda quer saber disso?"


Vim para casa com isso na cabeça e comecei a lembrar dos meus tempos de criança, sob regime militar. E, é claro, sobre a televisão naquela época. Mais precisamente pensei na programação de 7 de Setembro.


Lembro que a patriotada era total. Todas as TVs transmitiam ao vivo as paradas, das quais participavam militares, escolares... todo mundo. Quem não desfilava ficava ao longo dos imensos cordões. E quem nem isso fazia assistia pela televisão.


Eu, felizmente, era do time que assistia na TV... quando muito. Descendente de uma longa linhagem getúlio-brizolista, meu pai jamais aceitou me ver coadjuvando aquele espetáculo e sempre dava um jeito de me livrar da marcha. Acho que através de atestados justificadamente falsificados por seus amigos médicos, companheiros ideológicos.


Como de costume alonguei-me na introdução mas era necessário. Diante de tantas lembranças imediatamente comecei a procurar na Internet o que as emissoras brasileiras prepararam para o Dia da Independência... o 7 de Setembro.


As coisas mudaram. Parece que não há mais espaço para patriotadas. Há pouca programação comemorativa à data e imagino que os registros da efeméride ficarão, em sua maior parte, restritos à cobertura dos telejornais.


No site da Globo - www.redeglobo.com.br - não há qualquer menção à data. O que mais se assemelha a uma comemoração nacional é a transmissão do amistoso entre Brasil e Argentina, se é que isto pode ser chamado de "amistoso". O mesmo em relação à grade da Band - www.redeband.com.br -, que também transmite o jogo às 16 horas do feriado.


No Canal Brasil, da NET, há uma tímida tentativa que mais parece ser algo para descarregar a consciência e justificar o nome da emissora. Está lá na revista da operadora: 15 horas, Especial Dia da Independência: Independência ou Morte, o filme recorrente para estas horas.


O SBT - www.sbt.com.br -, salvo Ratinho, Sérgio Groissmann ou Jô terem agendado algo... nada de paradas, filmes ou programas especiais, o mesmo na CNT - www.cnt.com.br -, onde não há qualquer referência a algo especialmente preparado. Mas, em contrapartida, a TV Cultura - www.tvcultura.com.br - praticamente dedicará toda programação à Independência. Cedinho o X-Tudo, 8 horas, chega com matérias especialmente feitas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, palco do verídico ou não "Independência ou Morte". Há também algo interessante e absurdamente non-sense. Rafael Meira faz uma "tradução" do Hino Nacional para que qualquer criança consiga, finalmente, entendê-lo.


Logo a seguir, das 8h30m ao meio-dia, a emissora transmite o Desfile da Independência, direto do Sambódromo paulista, com flashes de Brasília. Não bastasse este massacre, o telejornal 60 MINUTOS faz um "resumão" dos desfiles em vários estados.


Às 14 horas... surpresa!!! Tarcísio Meira e seus crespinhos imperiais em Independência ou Morte. O mais interessante vem a seguir. Às 15h45 passa O Brasil dos Viajantes, documentário que retrata 300 anos da história do País através de obras de artistas europeus.


Segue então o baile, com O Grande Concerto da Independência, às 16h45, ao vivo. O concerto reúne no Parque do Ipiranga a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Lírico Municipal, sob regência de Isaac Karabtchevsky... com direito a apresentação musical dos Cavalarianos do Regimento 9 de Julho da Polícia Militar, que encenam os acontecimentos históricos. E se você pensa que acabou... nada disso. Às 19 horas entra em cena a Turma da Cultura, ao vivo e em edição especial na qual convidados no estúdio debatem o serviço militar obrigatório com telespectadores. Segue ainda Nossa Língua Portuguesa Especial, 20 horas, com o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho, falando sobre a história da imprensa brasileira nesses seus 80 anos dedicados ao jornalismo (está com 102). Depois é a vez de A Redescoberta do Cinema Nacional, às 22h30, com dois filmes: o longa-metragem O Descobrimento do Brasil, de Humberto Mauro, e o curta A Carta de Pero Vaz Caminha, de Lúcia Murat.


Faltou alguma coisa? Ah, sim... faltou a Record - www.tvrecord.com.br -. Navegando pelo site não vi qualquer programação alusiva à data mas, em compensação, fiquei feliz por ver o que a emissora está programando até o final do ano.


Se for verdade tudo o que anuncia, nenhuma emissora aberta (e poucas fechadas) terão um mix de filmes tão poderoso. Provavelmente alguns destes filmes já passaram... mas a lista é boa. Confira:


  O Quinto Elemento, com Bruce Willis, Gary Oldman, Milla Jovovich
 
Ladrão de Corações, com Sandra Bullock
 
Diabolique, com Sharon Stone e Isabelle Adjani
 
A Colônia, Jean Claude Van Damme e Dennis Rodman
 
Despedida Em Las Vegas, 2 prêmios Oscar com Nicolas Cage e Elisabeth Shue
 
Emma, com Gwyneth Paltrow Anaconda, com Jeniffer Lopes e Eric Stoltz Fiel
  Mas Nem Tanto, com Cher e Chazz Palminteri

 
O Espelho tem Duas Faces, com Barbra Streisand Matilda, com Danny DeVito
 
O Paciente Inglês, com Ralph Fiennes e Juliette Binoche
 
Pânico, com Drew Barrymore, Neve Campbel e Courtney Cox
 
Jerry Maguire, com Tom Cruise, Cuba Gooding Jr
 
Íntimo & Pessoal, com Robert Redford e Michelle Pfeiffer
 
Breakdown, com Kurt Russell
 
O Casamento do Meu Melhor Amigo, com Julia Roberts e Cameron Diaz
 
O Sucesso a Qualquer Preço, com Al Pacino e Jack Lemmon
..Sem Fôlego, com Harvey Keitel e Madonna

 
Tempestade de Gelo, com Sigourney Weaver
 
Inimigo por Natureza, com Donald Sutherland Sandino, com Victoria Abril
  A Cidade dos Anjos, Maik Dacascos

 
A Verdadeira História de Marilyn Monroe, com Mira Sorvino
 
As Filhas de Marvin, com Meryl Streep, Diane Keaton, Leonardo DiCaprio e Robert De Niro
 
Arizona Dreams, com Johnny Deep, Faye Dunaway, Lerry Lewis
 
Mediterrâneo, Oscar de melhor filme estrangeiro
 
Kika, de Pedro Almodóvar
 
Kolya, Uma Lição de Amor, Oscar de melhor filme estrangeiro
 
The Doors, de Oliver Stone, com Val Kilmer, Meg Ryan e Mimi Rodgers
  Primary Colors, com John Travolta e Emma Thompson

 
Knock Off, com Jean Claude Van Damme e Paul Sorvino
 
Cop Land, com Sylvester Stallone, Robert De Niro, Harvey Keitel
 
Mistério Na Neve, Júlia Ormond, Gabriel Byrne
 
O Segredo de Mary Reilly, Julia Roberts, John Malkovich
 
Brincando de Seduzir, com Uma Thurman, Matt Dillon, Mira Sorvino, Lauren
 
Nirvana, Christopher Lambert, Emmanuelle Seigner
 
Marcas do Silêncio, de Angélica Huston com Jennifer Jason Leigh e Christina Ricci
 
Basquiat - Traços de Uma Vida, com David Bowie, Gary Oldman, Courtney Love
 
Mrs. Winterbourne, com Shirley Maclaine e Brendan Fraser


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Nesta semana, em meu afã de encontrar erros no que nos é mostrado na televisão, mergulhei em mais uma intrépida busca.

Tentar não dizer bobagens, e o que seria pior, escrever bobagens, algumas vezes me obriga a pesquisar exaustivamente algum assunto. Nesta semana, em meu afã de encontrar erros no que nos é mostrado na televisão, mergulhei em mais uma intrépida busca.


Assistia com amigos ao Jornal da Globo, na noite terça ou quarta-feira, quando Lílian Witte Fibe anunciou duas matérias. 


A primeira seria sobre o U.S. Open e a outra sobre o Cirque du Soleil. Tão logo ela leu as duas "cabeças" (texto do apresentador) eu saltei... "nossa!! Quanta desinformação ao público"!!!


Eu estava errada na primeira, que comentava o fato de fazer 35 anos que o Brasil não chegava tão longe no torneio de tênis, desde Thomás Koch. Apesar de imediatamente ter lembrado o grande feito de Carlos Alberto Kirmayr, vi que estava errada. Não foi este o torneio vencido pelo brasileiro mas sim o T.O.C. Forrest Hills, em 1981, pra cima do John McEnroe.


Enganei-me feio e só pude constatar 8.367 sites depois (não encontrei site brasileiro sobre Kirmayr).Mas como minha vó dizia que "alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo"... na segunda dúvida eu estava certa. O Cirque du Soleil (www.cirquedusoleil.com) não é francês, conforme anunciou o Jornal da Globo. Na homepage do grupo está bem claro que surgiu em Quebéc, CANADÁ. Aliás, querem tirar dos canadenses aquilo que os redime de terem jogado ao mundo Neil Young.


Registrado isso...vamos a amenidades. A reta final de Suave Veneno está muito engraçada. Regina, descontada a interpretação óbvia de Letícia Spiller, endoidou de vez. 


Quando falou que não pagaria o salário mensal de seus empregados por julgá-los incompetentes e vadios eu ri muito. Não pela idéia em si e nem por achar que alguém jamais faria isso. É que eu lembrei de uma matéria que fiz outro dia em uma empresa e que até agora rende boas risadas.


Nesta empresa, que passou recentemente por um remodelamento de seus escritórios, não há salas fechadas a não ser as da diretoria. Então praticamente todo mundo trabalha junto, em pequenas "baias", e o que difere um "chefete" de um subalterno é... a cadeira.


A cadeira dos "chefetes" tem espaldar alto. A dos "peões", baixo. Isto não é incrível? E depois falam que novelas não mostram a realidade....


E vocês já viram TV Gente, nas tardes da Record? Tem um quadro com o Nelson Rubens, aquele que assumidamente "aumenta mas não inventa", que é a versão televisiva das revistas de fofoca. Querem saber o nível de informação? Lá vai...


Na festa de aniversário de Luciano Huck, Fabiana Kherlakian (???) e Nívea Stelman estavam de vestidos iguais. Com fotos e informações sobre onde cada uma havia comprado a peça. Não sei como poderia viver sem esta notícia.


E falou também que Sabrina, da (ou ex da) MTV, foi para Miami convidada por Chris Duran e que uma colega da apresentadora teria dito que "tem gosto pra tudo", referindo-se aos atributos físicos do cantor francês. Outra bela demonstração que tem gente ganhando a vida de forma muito fácil... e me refiro ao Nelson Rubens, obviamente.


Vale registrar que o assunto fofoca sobre artistas até rendeu um SBT Repórter, com Marília Gabriela, nesta semana. O melhor do programa foi o depoimento de Leão Júnior, que defendeu a livre falação e a fofoca como instituições saudáveis, inclusive para a imprensa.


Boa também foi a cara de "pastel" da Cláudia Raia ao falar sobre aquele velho processo que movia contra um médico que teria dito que ela é portadora de HIV. Com cara de envergonhada, mais do que de injustiçada, disse que já perdeu em duas instâncias.


Parece que alguns artistas, como demonstrou o programa, vez por outra se beneficiam com as fofocas pois ganham muita visibilidade e se aproveitam do momento para a divulgação de seus espetáculos: "pois é... eu não estou com AIDS e inclusive vou estar em Porto Alegre no dia tal, no teatro tal...".


Êta mundo!!!

Ele está na mesa... a gente até come... mas ninguém diz: Ôba! Hoje temos xuxu.

Pela primeira vez assisti todo programa Amigos, que a Rede Globo leva ao ar imediatamente antes do Domingão do Faustão, e tenho duas análise e muitos comentários a fazer. A duplicidade de análise se deve ao fato de que não sou dona da verdade e menos ainda sei o que passa na cabeça dos idealizadores do programa... só faço conjecturas.


Meu espírito magnânimo diz que se trata de uma honesta produção que abre as "porteiras sertanejas" a tudo que é feito no país. Do mesmo jeito que faz Mariza Monte, e tantos outros (as) cantores (as), se abre ao ecletismo musical apresentando desde canções do mais autêntico cancioneiro popular até popinhos FM, passando por compositores respeitáveis como Sivuca.


Meu espírito malévolo vê a coisa de modo diferente... os "breganejos" estariam tentando dar um pouco de legitimidade cultural e de modernidade à causa, emprestando a juventude de J.Quest e a aceitação unânime de Milton Nascimento, por exemplo, para ampliar o público.


A meu ver não conseguem atingir qualquer dos objetivos. Ao sentarem à mesa com J.Quest é visível a falta de intimidade dos Amigos com o grupo mineiro, que está ali como quem se oferece para cantar no aniversário do Luciano Huck. Quer dizer... tanto faz o lugar, eles querem mídia.


Com relação a Milton Nascimento... nem se fala. Este é outro que decidiu trabalhar o novo CD (que inclui participação de Zezé de Camargo) em qualquer arena e não se pode culpá-lo pois a vida está difícil para todos.


E já que citei Milton Nascimento... O Brasil tem uns pactos que eu não consigo entender. Não sei se porque consideram que ele já fez muito e que não precisa provar mais nada... ou se por alguma espécie de caridade com quem viu a morte de perto... mas me expliquem porque até agora eu não li qualquer artigo que mencione esta incontestável realidade: Milton Nascimento está semitonando... ou desafinando mesmo.


Vi Milton no Jô, no Faustão, em Amigos... e ele desafinou em todos. Será que é porque tornou-se inatingível? Mas quando Chico Buarque de Hollanda lançou Cidades a crítica caiu de pau. Até onde sei... serviços prestados por serviços prestados... sou mais a carteira de trabalho de Chico. Mas voltemos a Amigos...


O melhor do programa foi Luciano cantando enquanto Zezé de Camargo tocava sanfona. Deveriam trocar as bolas e deixar que as segundas-vozes se tornassem primeiras nestas duplas pois assim estaríamos livres daqueles sons estridentes. Seria bem mais suportável. No caso da dupla citada... Zezé ficaria bem melhor tocando, já que se revelou bom músico, e compondo aquelas melosidades. Vez por outra faria um "backing" para o irmão.


No mais... puro vazio. Esquetes bobos e um roteiro mal costurado, onde qualquer preocupação com linearidade inexiste. Parece que o único compromisso está em preencher seu tempo de duração. Quando fecha a pauta, fim.


E assim termina. Sem conclusão, sem emoção e sem gosto. Igual xuxu. Está na mesa... a gente até come... mas ninguém diz: Ôba! Hoje temos xuxu.