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O que vocês acharam das imagens colhidas no Senado? Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho são um pouco canastrões para meu gosto... mas ainda assim brilharam.

Muitos homens não sabem onde ele fica. Outros não sabem o que fazer com ele. Mas pelo amor Deus!!! O certo é CLITÓRIS, com acento no Ó. É uma paroxítona. Não é CLÍTORIS, proparoxítona, como diz Ludmila, substituta de Babi no Erótica da MTV, para desespero de Jairo Bauer que arregala os olhos a cada vez que ouve o impropério.


Feito o desabafo inicial é inevitável que fale um pouco sobre a grande estréia da semana. O que vocês acharam das imagens colhidas no Senado? Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho são um pouco canastrões para meu gosto... mas ainda assim brilharam.


Posso imaginar a dupla disputando um karaokê no Faustão. Jader vai de pagode... “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”... ACM manda uma marchinha: “daqui não saio, daqui ninguém me tira...” O vencedor levaria de prêmio a presidência do Senado.


Picos de audiência.


Este “programa” inclusive ofuscou um pouco a estréia de Jô Soares na Globo.


Aliás... Jô mudou o cenário, que agora está ainda mais parecido com os de seus similares norte-americanos. O telão está maior. Os músicos fazem menos intervenções... mas o apresentador continua tomando conta. Ele até tenta se controlar mas na anti-entrevista com Tarcísio Meira ficou evidente que não consegue calar-se totalmente.


Muito chata a parte de imagens do arquivo e, com todo respeito a Roberto Marinho, faltou legenda em sua entrevista.


Mais? Nada a declarar. Jô mudou de canal. Ponto.


Abro a Folha de São Paulo de ontem e um anúncio de página inteira em Esportes diz que, com Batman, o SBT bateu a Globo e seu Muvuca. 27 x 17 pontos no Ibope em São Paulo.


Pudera! Muvuca já mudou de horário algumas vezes mas parece jamais ter emplacado de verdade. Regina Casé é sempre Regina Casé e, cá entre nós, isto cansa. Ela é boa mas não é “tudo”, mesmo tendo voltado um pouco à fórmula de Brasil Legal, quando viajava em busca de reportagens, encheu.


Melhor apreciação tem a apresentadora de Super Pop, Adriana Galisteu. Apresentado às 22 horas, na Rede TV, o programa segue o modelão entrevista-no-sofá.  Vi Galisteu entrevistando Bruno Barreto e Amy Irving e achei bem legal o comportamento da moça. Firme, sincera e nada bajulativa ou tola. Totalmente equivocados aqueles que a colocam no mesmo balaio das “scheilas”. Não fica jogando charme para cima dos entrevistados, como Fábio Júnior, e nem babando tal tiete, como Hebe.


Uma vez fiz uma entrevista com um empresário que disse: “a situação do país está tão ruim que até quem não paga não está comprando”. Deve ser por isso que a Record decidiu parcelar filmes agora, apresentando O Paciente Inglês em duas noites. Isto é demonstra desconfiança na capacidade do filme manter as pessoas acordadas ou tentativa de garantir audiência por duas noites?


Façam suas apostas. Inté.

Não vejo muita diferença entre marketing religioso e marketing de vendas. Eu quero meu presente!

Sei que Páscoa e Natal um dia tiveram significado religioso até serem expropriadas por comerciantes e se tornarem o que hoje são... pretexto para vender. Sei de tudo isso e não me importo... quero meu chocolate e quero meu presente. Até porque, não vejo muita diferença entre marketing religioso e marketing de vendas.


Fiz este preâmbulo para deixar claro a meus leitores que não sou do tipo purista, que acredita na intocabilidade de ícones ou seja lá o que for. Acho inevitável que falsas manifestações populares sejam forjadas para que poucos se deleitem e locupletem. Considerando o grau de entorpecimento em que vive parcela considerável da humanidade, compreendo até que se deixe envolver por atmosferas criadas em determinadas circunstâncias.


Mas com o perdão dos termos, não encontro outros... puta que pariu... não agüento mais este papinho de 500 Anos de Descobrimento. É Especial 500 Anos... Seriado 500 Anos... Invasão 500 Anos... Flechada 500 Anos... 500 anos de Arte Brasileira... os 500 Anos no Cinema... Peninha (Eduardo Bueno) no Jô, na CBN... TV5 faz programa 500 Anos... RTPI... DW... que dor!!!


O mala do Hans Donner, não bastasse aquele relógio cretino, outro dia fez uma pintura 500 Anos em sua Globeleza. Qualquer semelhança com carnaval não é mera coincidência, basta ver o estilo do nosso mestre de cerimônias oficial, o Ministro Rafael Greca, dono de perfil e espírito que mais se aproximam ao de uma figura momesca.


E a coitada(*) da criança que inocentemente declama I-Juca Pirama é editada ao lado do igualmente coitado Pataxó. E a polícia baixa o cacete na galera para que os olhos das autoridades acomodadas nos palanques de Cabrália não fiquem conspurcados pela visão do outro lado da festa.


Vai faltar espaço no Fantástico para mostrar tantas genuínas promoções em comemoração aos 500 Anos. Ainda mais quando precisa reservar espaço para as Paixões de Cristo, Autos da Cruz e Lava-pés. Não esqueçamos que é, ou terá sido, Páscoa.


A coincidência das datas prova, inclusive, o que já sabemos. Que FHC e Roberto Marinho não são tão poderosos assim. Se fossem, teriam ligado para o Papa, com necessária antecedência, e dito:


-         “Karol, vê se adia a Páscoa por uma semana. Vamos perder muita grana deste jeito”.


(*) Nunca entendi o fato de ser feio escrever fodido, mas não ser feio escrever ou dizer coitado, até pesquisar e descobrir que a expressão coitado vem do termo latino coctare (afligir, desgraçar) e não do também termo latino coitu (coito, relação sexual). Sempre imaginei serem sinônimos.


P.S.: Na próxima semana não deixem de ler as 100 colunas de Telemania. Se eles podem... porque não eu? É verdade mesmo, esta é a coluna de número 99.

“Quais limites? Os seus? Deve ser pois eu... posso ir muito além”.

Tinha uma colega de trabalho impagável. Era tão endiabrada que certa vez nossa chefe perguntou se ela não achava que estaria passando dos limites com suas gracinhas. Ela, espirituosa e rápida como sempre, respondeu: “quais limites? Os seus? Deve ser pois eu... posso ir muito além”.


Lembrei desta história porque vejo que a TV também não tem limites. Quando penso que já conseguimos atingir o estágio mais baixo da cretinice, descubro em um zapping que não. Que eu ainda não havia assistido a Ed Banana, a  quintessência da falta de critérios.


Não acreditava no que assistia. Um sujeito com a cara do Christian, vestido em um terno amarelo e vermelho e chapéu igualmente amarelo. Um autêntico exemplar da cultura brega-country que a emissora diz ser baseado em o Máskara, personagem de Jim Carey.


As atrações vão de dublagens estúpidas a provas de coragem do tipo colocar, de olhos vendados, a mão em caixas com animais “peçonhentes” para advinhar a espécie. O cenário pretende mostrar alguma paradisíaca praia tropical e os assistentes... bem... no coments. Tem até Maria “Fio Maravilha” Alcina, que estava melhor no esquecimento.


Ed Banana é um tal Edilson Oliveira, “descoberto” pela produção de Eliana.


Fui ao site da Record, onde esta pérola é produzida, para ver o que tinham a dizer. Segundo o próprio Ed, a idéia do programa é debochar de tudo: “os atuais apresentadores estão muito sérios e o Ed Banana vai tirar sarro de tudo e de todos. Vou colocar mais alegria na casa dos telespectadores".


Alegria? Aquilo é de uma tristeza profunda. Deboche é outra coisa.


Fico então pensando sobre como pode sobreviver um programa como este. Sobre quem empresta sua cara a esta droga.


Então lembrei do que vejo todo dia no trânsito. Parada no sinal assisto, diariamente, gente em pleno vigor distribuindo filipetas, vestida com roupas esdrúxulas para propagandear algum maravilhoso produto... gente que, para viver sem roubar, está fazendo qualquer negócio.


Somam-se a isto os famosos minutos de “fama” e “glória” e está explicado como um programeco destes consegue alugar a identidade dos que dele participam.


Mas do lado de cá da tela... quem assiste... aí já não entendo. Talvez sejam os mesmos tipos, sei lá.


O fato é que estamos sustentando a estética do “quanto pior, melhor”. E as emissoras, com seus Gugus, Ratinhos, Bananas, Leões e Cia., competem para ver quem vai chegar mais baixo.


Ed Banana, TV Record, de segunda a sexta-feira, sempre por volta das 21 horas.

A obsessão que os autores de telenovelas têm pelos amores "em família".

Algumas vezes já comentei a obsessão que os autores de telenovelas têm com amores "em família". É um festival de filhos se apaixonando pela mulher do pai... irmãos disputando mulheres... uma gandaia.


Vejo nas bancas que as revistas especializadas da semana estão trazendo na capa a informação que Angélica (Paloma Duarte) estaria apaixonada por Matteo (Thiago Lacerda), ex-marido da sua irmã em Terra Nostra.


Pois vejam só... mais uma caso de incesto disfarçado.


Ao contrário do que muitos imaginam... o problema das novelas não está em apresentarem casos inverossímeis. Nada disso. Se formos traçar um paralelo com a realidade veremos que esta última é bem pior que a ficção.


O problema é que jogam fora oportunidades de fazerem alguma coisa que preste para se perpetuarem na superficialidade do gênero.


Tudo o que acontece nas novelas encontra eco na realidade. Mesmo as situações mais absurdas e os personagens mais esquisitos, idiotas ou sejam lá o que forem... tudo existe neste mundo. O caso é que não aproveitam os dramas sugeridos para uma análise razoável. Fatos acontecem porque acontecem... não há explicação, plausível ou não, para eles.


O que leva filhos a cobiçarem as mulheres de seus pais? Pelo que os novelistas deixam antever... apenas o amor. Não há uma doentia concorrência, um desejo subliminar de vingança sabe-se lá do que, um simples Édipo.... qualquer explicação, cretina ou não, para o que ocorre. Se apaixonam e pronto.


Exagerando "só um pouquinho"... parecem aqueles pais que, dentro de sua ignorância e doença, dizem ante ao juiz: "eu não sabia que não podia", referindo-se abuso sexual infantil cometido dentro do próprio ambiente doméstico.


A diferença é que nas novelas o final geralmente é feliz para alguém. O pai volta para a mulher, o filho arruma outra namorada... sem traumas e com muito perdão.


Imagine você, cara leitora, chegar ao almoço de domingo e dizer que está interessada no cunhadão. Está armada a cena rodriguiana. Sua irmã, cega de ódio, chamando você de canalha, vagabunda, piranha e por aí vai.


O cunhado, se fingindo de morto, implora em nome das crianças que você não revele as aventuras de alcova. Diz que a ama mas que as crianças precisam dele. A mãe, desesperada, corre para a Igreja ou para o analista, conforme classe social, cultural etc. De qualquer forma passa a infernizar sua vida com aquele ar materno de "onde foi que eu errei". O pai intensifica os plantões pois nada entende do que acontece.


E enquanto isso a "familhona", composta por tios, primos e agregados, se diverte entre comentários maldosos e infinitamente aumentados dos fatos. A única parte boa de você assumir tal paixão será a eterna dispensa de freqüentar as festas de final de ano em família. O único alívio para sua cabeça nesta história toda. Quem mandou você não ter nascido personagem de novela?


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No decorrrer da semana recebi algumas mensagens sobre meus comentários feitos a respeito do programa Ed Banana. A que me chamou mais atenção, contudo, foi a do leitor Harlley Guimarães. Longa e contestatória. Concordo quando ele diz que a TV brasileira nunca foi uma maravilha e cita exemplos... mas algumas conclusões por ele apresentadas merecem alguns comentários. A eles então:


"Não é mais interessante ver um desconhecido conquistar seu espaço, competindo com as poderosas Terras Nostras da vida?"...


Isto é muito relativo. Em geral as pessoas confundem "pequenos" com "alternativos". Não creio que os objetivos do proprietário de uma pequena fábrica regional de refrigerantes sejam mais nobres que os de uma Coca-Cola, por exemplo. É só uma questão de poder de fogo. Acho bom que o Ed (íntimo, não?) consiga trabalho e se sustente com ele, até gerando alguns empregos, mas daí a apreciar seu estilo e achar meritório o que ele faz... sei não. E quanto a Terra Nostra... gostar ou não de novelas da Globo é facultativo, mas não gostar só porque é da Globo me parece um tanto ultrapassado. Coisa do tempo em que ainda havia "camaradas" e em que a emissora representava a "voz do imperialismo ianque".


"Será que, se a sra. estivesse assistindo a sua colega de trabalho ao invés do Edilson Oliveira, a sra. seria tão dura?"...


Acho pouco provável que fizesse isso pois se fosse minha colega significaria que trabalho junto a ela e não seria ético escrever sobre meu próprio trabalho. De qualquer forma, se isto interessa... costumo ser bem crítica em relação ao que eu e meus colegas fazemos. Aqui mesmo, no Fórum do Baguete, recentemente corrigi pequeno mas fundamental equívoco cometido pelo editor desta publicação virtual. Da mesma forma já fui por diversas vezes bastante crítica com a Globo, mesmo, à época, prestando serviços para uma empresa do mesmo Grupo. E finalmente... não existe uma "entidade que baixa" na hora em que escrevo esta coluna. O tom aplicado aqui neste espaço norteia minha postura em qualquer situação, para o bem e para o mal. Meus colegas que o digam.


"Ou, finalizando, não seria mais fácil discutir o sexo dos anjos do que a questão qualidade/demanda? Acho que, a dureza de suas palavras não mudará a opinião das pessoas com relação ao que elas assistem na TV convencional. O problema não está na qualidade dos programas e sim na qualidade do povo"...


Ai, ai, ai, ai!!!!! Tenho que lhe dizer que nunca foi minha intenção mudar a opinião de qualquer pessoa através desta coluna. Jamais sugeri que parassem de ver aquilo que gostam de assistir. Apenas me reservo o direito de não gostar e de externar o que penso. E quanto a este negócio de "qualidade do povo"... o povo adora um pagodinho mas na hora de escolher a música do século fica mesmo com Ary Barroso, Tom Jobim etc. A pergunta é: o povo, via de regra, só vê porcaria por opção ou por que não lhe é dada opção?


Um abraço

Minha maior fraqueza são as soap operas americanas. Isto mesmo... os seriados que enchem os dias da Sony, por exemplo.

Tenho duas falhas na vida. Uma, a mais irritante, fica na altura da nuca... onde me falta um - para os outros imperceptível - tufo de cabelos. 


A outra é que tenho um gosto que, sem muitas sutilezas, demonstra certa fraqueza de caráter.


A fraqueza a qual me refiro é o vício de assistir as soap operas americanas. Isto mesmo... os seriados que enchem os dias da Sony, por exemplo.


Não que eu veja todos, indistintamente. De um modo geral não aprecio os que têm risadas eletrônicas (com exceção de Friends). Gosto daqueles mais "dramáticos".


Como entre os jornalistas sérios não é muito aceitável gostar destes programas, volta e meia leio alguns textos bem "cabeça" sobre o gênero e programas específicos.


Lembro de um artigo escrito há pouco tempo por uma dupla de articulistas que analisava os seriados norte-americanos. Sobretudo Dawson's Creek.


Como já é praxe, escreveram os nobre coleguinhas os maiores chavões do setor. Disseram que os personagens de DC moravam numa cidade maravilhosa, estudavam numa ótima escola, eram bonitos e tinham todas as condições para desenvolverem seus talentos.... blá, blá, blá...


Enfim... aquele batido papo que no cinema (e por conseqüência nos seriados) a vida é cor-de-rosa e só resta aos personagens se preocuparem com futilidades. 


Mas, apesar de artigos desta natureza serem aparentemente bem embasados, no caso específico faltou aos articulistas um detalhe: assistir o seriado.


Em primeiro lugar, sintam a depressão, em Dawson's Creek, por razões diferentes dos quadrinhos de Walt Disney, ninguém tem mãe.


Jen - a primeiramente execrada "galinha" nova-iorquina é mandada à força para a casa da avó pela mãe, que na idade dela era também uma "galinha". Os pais da menina vivem viajando, brigando e nunca ligam para a pobre.


Joey - a garota perdeu a mãe, com câncer, e o pai foi parar na cadeia por ser traficante.


Pacey - sabe-se que existe um pai para ele mas este só aparece no seriado para mostrar sua ausência. A mãe... ninguém jamais viu.


Dawson - claro que o protagonista tinha que ser filho de pais separados e ainda por cima a mãe, jornalista, foi para a Costa contrária.


Andy e o irmão gay - A mãe da dupla ficou louca depois que um outro filho morreu. O pai não dá conta de ter um filho gay e nunca está em casa.


Como vemos... a vida é mesmo cor-de-rosa na pequena cidade de Dawson e sua gang.

Nesta semana decidi ser menos ranzinza com a programação de TV e liguei meu aparelho com olhos generosos.

Nesta semana decidi ser menos ranzinza com a programação de TV e liguei meu aparelho com olhos generosos. Despi-me de todas as armaduras e pensei: "não pode ser tão ruim assim". O principal beneficiado com o surgimento da new-Márcia foi Gente Inocente, programa apresentado por Márcio Garcia aos domingos da Globo.


Num dia comum eu diria que o programa deveria ser chamado de Gente Inocente... Útil. Sabe como é... não gosto muito deste negócio de criancinhas cantando e dançando as maliciosas músicas dos axé-groups e coisas do gênero.


Ah... mas o programa tem uma sutileza que adorei!! É aquele negócio de colocar a mãe da criança embaixo de um chuveiro para que, caso o pimpolho seja desclassificado pelos jurados no quadro de calouros, a genitora tome um banho.


Um quadro destes é o sonho do chefe do departamento que recruta novos talentos de qualquer emissora, sobretudo da Globo. Imagine o que esta pobre criatura tem que agüentar de mãe-mala? Filas e filas de progenitoras tentando provar que os lindinhos delas são geniais: "dança pro moço fulaninha", "conta aquela piada"... e por aí vai.


Achei esta idéia genial pois aqui mesmo no meu prédio tem uma criança que inferniza minha vida e juro... tenho vontade de bater na mãe.


Finalmente um programa que se justifica.


Esta repentina generosidade tem também efeito justiceiro. Ana Maria Braga, a até bem pouco tempo, era sempre mencionada como a "recordista de permanência no ar". Isto em virtude da duração e periodicidade de seus programas anteriores. Injustiça.


Duvido que alguém no Brasil supere os apresentadores do Shoptime em termos de permanência no ar. A qualquer hora do dia ou da noite você liga o canal de vendas e lá estão eles: o loirinho, a loirinha e o japonês (apesar de tudo não sei os nomes deles e lanço mão dos estereótipos).


O loirinho, coitado, está quase sumindo. De um ano para cá emagreceu uns 18 quilos. A moça, pobrezinha, está visivelmente estressada, trocando as bolas a cada 3 segundos. O japonês ainda segura a onda mas deve pirar a qualquer momento. Ainda bem que Rodolfo Bottino, Monique Evans e o carinha que vende aparelhos para ginástica dão umas pequenas tréguas para eles.


Justiça já!!! Transfiram o título de Ana Maria para eles.


Mas tanta generosidade tem seu motivo. Nesta semana recebi mensagem de uma leitora que deseja iniciar a campanha "Salve o Júnior". Fiquei tocada por seus sinceros sentimentos. No e-mail ela comentava diversos assuntos até que chegou ao ponto central de seu pensamento.


Ela sugere que a mídia, de forma delicada e politicamente correta, trabalhe para a dissolução da dupla Sandy & Júnior e que o menino vá cuidar das fazendas da família. "O menino está sofrendo e pode entrar para o rol dos animaizinhos em extinção! Mandem-no para seu habitat", conclama a leitora.

Olho para o velho Telefunken e penso: como deixamos isto tudo se criar?

·        Todo mundo sabe, até o próprio Ministro Paulo Renato disse: ''a Educação particular é o melhor negócio do Brasil, na atualidade"! 


Meus antigos leitores sabem que uma das peças mais destacadas de meu patrimônio é um aparelho de TV Telefunken, ano 76, que em sua bonita caixa de madeira funciona muito bem, apresentando apenas um levíssimo esverdeado em sua imagem. Uma vez ameaçou o último "suspiro" mas, fiel, voltou à vida. 


Pois bem... credito a ele um tanto de minha memória televisiva. Olho para aquele tubo de imagem (ainda dos "gorduchos"), para a caixa e seus botões deslizantes, e vou lembrando de programas vistos.


O curioso é que não faço isto enquanto assisto reprises. É quando olho "novos" programas mesmo. A moldura é a mesma, a imagem já foi um dia melhor... só mudam artistas e pouca coisa mais.


Nesta semana, lendo os jornais, vi que praticamente todos os colunistas de TV apontaram o exagero de "referências" de Esplendor, novela da Globo que teve estréia nestes dias. Diante disso não vou ficar aqui repetindo tudo o que falaram sob pena de ser acusada de plágio (triste sina de uma coluna publicada às sextas-feiras).


Mas algo que passou batido por meus colegas posso mencionar: vocês perceberam que a música incidental para os momento de suspense nos remete ao clássico Psicose?


Entro novamente no velho tubo-de-imagem-do-tempo e lembro de Chacrinha, que como todos sabem dizia: "na TV nada se cria, tudo se copia". Imediatamente vem à cabeça a célebre e famigerada frase de um antigo anúncio, hoje renegado por seu intérprete Gérson: "a gente gosta de levar vantagem em tudo".


Frases distintas, significados aparentados, que me remetem a uma outra frase, repetida à exaustão nestes 3580 seminários, palestras e workshops que, por compromisso profissional, sou obrigada a participar.


Dez entre dez painelistas dizem: "o poder está nas mãos de quem tem a informação". Toda informação, qualquer tipo de informação. Referem-se, de um modo geral, à informação tecnológica, científica e de números dos mais diversos mercados. Sem dúvida alguma, no entanto, o poder está nas mãos daqueles que detêm o poder de veicular a informação.


E este poder, como temos visto, se transforma em dinheiro. Dinheiro que só serve para ser transformado em mais dinheiro. E mais poder, evidentemente.


É lógico que não sou freira pra ficar aqui esbravejando contra o capitalismo, afinal... sou uma mulher moderna. Mas tenho estômago sensível, e quando fico sabendo de certas coisas... ai!!!


Aqui no Paraná, e acho que é um "fenômeno" nacional, as universidades proliferam a uma proporção tal que estou pensando seriamente em emoldurar meu diploma, coisa que nunca fiz. Algo me diz que dentro de pouco tempo ele poderá valer muito. Não pelo ineditismo mas pelo diferencial. É diploma de uma séria instituição, item que deverá ser raro dentro de pouco tempo.


Mas vamos ao que interessa...


Este fonômeno ultrapassa os limites das capitais e chega ao interior dos estados. E aqui no Paraná, acreditem, um dos investidores no setor é quem? Ele... o ignóbil roedor.... Sr. Carlos "Ratinho" Massa.


Seus fãs dirão: "que bonito. O Ratinho agora oferece educação a seu povo". Eu, como nada tenho a ver com isso, pergunto: "que compromisso este senhor tem com a educação? O que sabe ele sobre o assunto"?


Mas convenhamos que ele está com tudo. Se o futuro pertence àqueles que detêm o poder da informação... nada melhor que a situação de Ratinho. Forma ignorância na frente da telinha... e "lustre" nos bancos escolares.


Olho para o velho Telefunken e penso: como deixamos isto tudo se criar?

Em uma caixa de papelão, ganhei a coleção quase completa de discos do Roberto Carlos. Isto mesmo... uau!!!

Minha fama de juntadora de tralhas espalhou-se de tal forma que volta e meia bate um a minha porta, carregado de porcarias que julga serem de meu interesse. O mais curioso é que raras vezes sou consultada para estes presentes. Eles chegam pronto. 


Mas nesta semana veio aqui um velho amigo, grande gozador, que pensando que me deixar indignada, trouxe-me verdadeira pérola. Em uma caixa de papelão ele me entregou a coleção quase completa de discos do Roberto Carlos. Isto mesmo... uau!!!


Era algo que até pensei comprar depois que os velhos discos em vinil do Rei foram lançados em CD. Longe de ser prioridade, deixei pra lá. Lucrei... tenho os originais todinhos aqui comigo. É verdade que ele não precisava ser tão generoso assim. A mim bastariam os discos da fase inicial, que vai de 61 ou 62 a até, no máximo, 74. Considero os demais como um bônus ao verdadeiro presente.


Desnecessário dizer que imediatamente me pus a ouvir "bolachão" atrás de "bolachão". Fiquei feliz por não ter me desfeito do pick-up (alguém aí não sabe o que é isso?). Vibrei com músicas conhecidas, dei gargalhadas de algumas ingenuidades próprias da Jovem Guarda, comprovei a tão propagada alienação do Rei, que teve seu apogeu em pleno estado de exceção, desprezei diversas... mas me surpreendi com muitas canções que não conhecia.


É estranho ver como alguém que um dia fez roquinhos como Nada vai me acontecer (1969) possa se transformar num bajulador de gordinha, baixinhas e caolhas. Será que Belchior (irgh) estava certo e vamos todos nos transformar em cópias exatas dos nossos pais? Não quero crer.


De qualquer forma... por O Astronauta, É Proibido Fumar, História de um Homem Mau, Eu te Darei o Céu, Por Isso eu Corro Demais, Se Você Pensa, As Curvas da Estrada de Santos, 120 150 200 km por hora, Detalhes, Não Vou Ficar, O Portão e muitas outras... valeu a pena o presente. 


E para vocês entrarem no clima de reverência a Bob Charles, lá vai uma música que me surpreendeu muito. É Preciso Ser Assim, do álbum Splish, Splash (1963). Ouça a música de Roberto e Erasmo Carlos. Pasmem! É um sambinha muito melhor que os pagodes que andam por aí.


Um abraço

Se isto será bom ou ruim não sei. Será "muderno", sem dúvida.

Eu adoro os portugueses, sempre gostei. Depois que eles fizeram uma passeata contra o gerúndio passei a gostar ainda mais deles. Coloco-me então no lugar da D. Maria José, doceira portuguesa que foi preparar um de seus acepipes em Mais Você. Já na apresentação Ana Maria Braga pisoteou os ouvidos da lusitana: "Maria José é portuguesa de nascência".


 


Não contente com isso Ana Maria decidiu fazer uma associação entre a ascendência da doceira e o Descobrimento do Brasil. Saiu-se com esta: "há 500 anos chegaram aqui seus descendentes". 


 


Márcia Cipro Neta novamente em ação. Faz lembrar Lucélia Santos em A Escrava Isaura, há trezentos anos. Interessada em demonstrar um falar culto, saiu-se com esta: "Senhor, façai com que eu..." Acho que vem daí minha obstinação em detectar besteira na televisão, trabalho que me é facilitado por demais.


 


Besteira grande, por exemplo, é o anúncio que a ABERT - Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão -  faz veicular nas principais emissoras do país. Na referida propaganda a ABERT alerta contra os "perigos" das rádios piratas, cujas transmissões causariam interferência nos serviços de comunicação da polícia, hospitais, bombeiros e aeroportos.



Santa hipocrisia!!!


 


Anúncio desta natureza faria sentido se partisse das entidades prejudicadas. Do que a ABERT não gosta, e isso sabemos, é da concorrência das rádios piratas tanto no que se refere a anúncios quanto a interferências em suas próprias transmissões. É como a briga do comerciante estabelecido com os camelôs.


 


E vem se fingir da benemérita agora...


 


Vocês querem apostar que esta briga da TV Cultura com a Embratel vai terminar na reforma do estatuto da Fundação que dirige a emissora? 


 


Simples: a TV Cultura não pode pagar pelo sinal. A Embratel entende que a TV Cultura é um cliente como outro qualquer. São Paulo não tem dinheiro para bancar ainda mais a emissora. Logo... a solução é abrir as possibilidades de receita da TV, que passará a oferecer anúncios ao mercado.


 


Se isto será bom ou ruim não sei. Será "muderno", sem dúvida.


 


E o melhor da semana foi o "encontro" promovido no programa Note & Anote, vespertino da Record (99% de certeza que foi aí mesmo). Cátia e Leão entrevistavam Ralph no estúdio. A cada resposta do moço o contraponto vinha de uma entrevista gravada com Christian. O assunto era a separação da dupla sertaneja "mais afinada do país", segundo palavras de Leão Lobo.


 


Enquanto Christian "Please Don't Say Goodbye" soltava farpas pra cima do irmão, Ralph desfiava seu rosário, louvando Jesus a cada 2 minutos. Hilariante.


 


Quem não viu perdeu um dos momentos mais patéticos da TV brasileira nos últimos anos. O assunto, que por falta de bom senso recíproco não mereceria mais do que 5 minutos, durou uma eternidade. Pra vocês terem uma idéia, Christian até acusou Ralph de não visitar a própria mãe.


 


E Ralph, o bom moço, dizia que tinha a consciência tranqüila por carregar Jesus no coração... enquanto se vangloriava por ser casado com a mesma mulher há 23 anos. Subliminarmente insinuava com isso que Christian, dono de uma vida afetiva atribulada, seria mais propenso a, perdoem-me o termo, sacanagens.


 


No comando de todo este show, Cátia e Leão, apesar de patrocinarem a lavagem de roupa, repetiam a todo momento que adorariam ver a dupla superar os problemas e voltar aos palcos junta. Comovente.


 


No final ficou a certeza de que Christian é o malvado pois além de mulherengo, como também disse Ralph... é ateu.


 


Mulherengos e ateus do mundo, cuidado com a Record.

Quando morreu Tom Jobim a mídia derramou-se em justas homenagens. E como seria impossível falar do músico sem mostrar sua ligação com o Rio de Janeiro, fomos brindados com as mais belas cenas cariocas.

Houve época em minha vida que mantinha o hábito de escrever ao ombudsman da Folha de São Paulo, então Caio Túlio Costa. Nem lembro o assunto sobre o qual escrevi na primeira vez, mas lembro que em sua resposta me convidava a escrever sempre que o desejasse. Coitado, mal sabia que abria terrível brecha pois naquele momento, morando no temporariamente no interior do Paraná, sofria por uma total falta de interlocutores.


Deve ter nascido ali, ou ao menos ali se fortalecido, esta minha mania de observar o que acontece nos veículos nacionais de comunicação. Caio sempre respondia. Gentil, algumas vezes concordava e acrescentava importantes argumentos às colocações feitas por mim. Gentil, outras vezes discordava com aceitáveis, ou não, argumentos. Sempre gentil.


Acho que minha mania de escrever para o ombudsman da Folha parou com a entrada de Júnia Nogueira, não tão gentil. Seja como for, lembro de uma carta escrita para Caio quando da morte de Tom Jobim. Na ocasião todos os jornais e emissoras de TV derramaram-se em justas homenagens ao compositor. E como seria impossível falar do músico sem mostrar sua ligação com o Rio de Janeiro, fomos brindados com as mais belas cenas cariocas, usadas como personagens de clipes ao som do Samba do Avião.


Era de arrepiar pois os brasileiros haviam esquecido que o Rio de Janeiro realmente continuava lindo. Eram tempos de rixa entre Globo e Brizola e daquele estado só saíam notícias negativas na emissora. Só seqüestros, arrastões, tráfico, escândalos...


Não tenho comigo a carta dirigida ao ombudsman mas o teor do que escrevi lembro bem. Falava que havia ficado feliz com a cobertura da morte do meu ídolo. Que graças a ela o país viu uma cidade linda pela TV. Sugeri que aquelas imagens não teriam resolvido os problemas dos cariocas mas que, sem dúvida alguma, melhoraram a vida dos demais brasileiros, cansados de tanta violência via satélite no almoço e no jantar.


Isto, dito aqui, pode não fazer sentido para quem nem era nascido ou era pequeno demais. Também não fará sentido para quem não se liga nestas coisas ou tem memória fraca.


Mas foi o que brotou em minha cabeça ao assistir a edição do Jornal Nacional no dia 25. Tomados pelo "espírito natalino", os editores do programa abdicaram de falar sobre Brasília (e nem teriam o que mostrar pois o recesso era total), deixaram de lado o plantão policial, renegaram as informações bélicas e descartaram totalmente as notícias sobre doenças.


O mundo era lindo naquela noite. Terno e meigo como nunca. Vendo aquilo muitos devem ter pensado que o Brasil pode ser maravilhoso quando saem de pauta os políticos e a polícia, juntos ou separadamente. Não chego a tanto mas, confesso, foi uma alienadinha legal.


É complicado este negócio da comunicação. Não sou do tipo que acha que jogos eletrônicos forjam bandidos e nem que filmes criam vândalos. Mas há fatos coincidentes, isso há.


Quando era criança pude assistir, em paz, muitas partidas de futebol. Sentava com meu pai na geral do Beira Rio e tudo o que víamos era uma ou outra briga isolada, nada comparável aos terrores de hoje. As pancadarias ao final dos jogos são eventos pós-hooligans (???).


Aqui em Curitiba um bando assaltou um condomínio inteiro, prendendo seus moradores no salão de festas. Deu manchete em rádio, TV e jornais. Não demorará muito para tal fato se multiplicar por até-bem-pouco-pacatas cidades do interior.


É óbvio que a mídia não cria personalidades criminosas. Isto é trabalho da vida. Mas ela até que dá "boas" e novas idéias. Como eu disse... complicado este negócio da comunicação. Se não mostra, aliena. Se mostra, (des) educa.


Há de haver uma maneira...