Uma amiga, cuja família é proprietária de um restaurante e lojas às margens da BR 376, comenta que de toda a família Teletubbies o bonequinho com menos saída é o Tinky Winky. Parece que as crianças até gostam do personagem da bolsinha vermelha... mas os pais se negam a comprá-lo por causa da má fama que usufrui.
Na mesma semana em que me conta isso vou até a redação de um dos veículos para os quais trabalhos para dar uma olhada na correspondência. Confesso que havia material enviado por assessorais de imprensa de todo país acumulado... e dentre eles chamou minha atenção justamente um grande envelope da Brinquedos Estrela.
Era ainda sobre a participação da fábrica na 16ª Abrin – Feira Internacional de Brinquedos, que aconteceu no início de junho (se alguma assessoria descobrir o atraso com que vejo os materiais que me enviam... estarei livre deles... hahaha... brincadeirinha).
Em meio a toda informação enviada, excepcionalmente boa, fico sabendo, por exemplo, que a Estrela investiu R$ 5,8 milhões no projeto de lançamento de uma linha completa de bonecos em diversos materiais – inclusive alguns que falam. Bonecos estes que custarão entre R$13 e R$ 99 e que deverão, só neste ano, terem 1.2 milhão de unidades vendidas, representando um faturamento estimado de R$ 14 milhões.
E não é só isso. O mesmo material mencionava ainda que outras indústrias estão lançando produtos com a marca dos Teletubbies, é o caso da Trifil (meias, calcinhas e cuecas), Marisol (roupas), Grendene (sandálias e chinelos), Dermiwil (lancheiras, estojos e babador), Som Livre (CDs e fitas de vídeo), Inajá (artigos de festa) e de muitas outras. Mesmo tomando por base as expectativas de faturamento da Estrela... é impossível calcular até onde os “números teletubbies” podem chegar no Brasil.
Mas não são estes números que nos interessam aqui. O que mais me chamou a atenção no material foi a fórmula encontrada para de certa forma anular a crítica que se possa fazer ao programa inglês. O “marketing-teletubbie” diz: “muitas vezes incompreensível para os adultos, os Teletubbies têm um jeito todo especial de se dirigir ao público infantil”.
Bom... então se é incompreensível para mim, que sou adulta, como posso chamá-lo de imbecilizante? Muito hábil esta frase solta no meio a tantas páginas. Mas ainda assim ouso dizer: é imbecilizante. E nem os argumentos supostamente “técnicos” utilizados me convencem do contrário.
Dizem, seus idealizadores e divulgadores, sobre a fórmula Teletubbies:
Estimulam a fala: o vocabulário é composto pelas mesmas palavras e frases utilizadas pelas crianças pequenas, fazendo com que se sintam mais confiantes para assistir ao seriado.
Facilitam o aprendizado: os Teletubbies oferecem aos menores um mundo de surpresas.
Ensinam a ouvir: como os Teletubbies são muito atraídos pelos sons, as crianças passam a prestar mais atenção nos sons.
Ensinam por meio de repetição: como as crianças não vêem e ouvem ao mesmo tempo, precisam de tempo para suas adivinhações... essencial no desenvolvimento das habilidades psicológicas.
Promovem a afeição: Como os personagens possuem em comum o amor e a vontade de tomarem conta de si próprios, as crianças descobrem como funciona o relacionamento afetivo entre eles.
Criam confiança: As brincadeiras inocentes ajudam as crianças a relaxarem e se tornarem confiantes.
Ajudam o auto-conhecimento: as crianças se entusiasmam mais por personagens e situações com as quais possam se identificar.
Aumentam a auto-estima: os Teletubbies apresentam um mundo onde cada criança se sente bem consigo mesma. Fazem coisas das quais sentem orgulho.
Desenvolvem coordenação motora: promovem a percepção de movimentos e encorajam as crianças a participarem de atividades.
Chamam a atenção das crianças para a individualidade: mesmo que os Teletubbies passem a maior parte do tempo juntos... também brincam sozinhos. Com isso as crianças aprendem a enxergar que é normal ser diferente e ter interesses diferentes dos demais.
Não é por nada... mas todos estes argumentos muito mais me parecem fórmula para pegar espectadores do que real preocupação em oferecer a eles algo que efetivamente os ajude em seu crescimento.
Repetir, repetir, repetir, neste caso, é hipnotizante e não didático. Didático é instigar ao novo. Eu não gostaria de ver em meu filho o que acontece com o de minha vizinha. Quando entra o periscópio na “hora de dar tchau” o menino levanta, dá tchau e desliga a TV. Isto é robotização
Querem mesmo saber? As ONGs e a Ragdoll Productions (UK) Ltd. que me perdoem mas eu ainda acho que jogar sal em lesma no jardim é muito mais interessante que ficar em frente da TV assistindo Teletubbies.
Brinquedinho por brinquedinho... sou mais o Kenny (South Park) que ganhei de aniversário. E olha que também não compreendo o que ele fala