Outro dia minha amiga Julie me fez muito feliz ao dizer que do nosso grupo de amigos talvez eu seja a mais boazinha. Ela está absolutamente certa. Sou mesmo. Não que eu seja uma Madre Tereza de Calcutá, até por achar que estas pessoas cheias de atos generosos são, na verdade, vaidosos que adoram ser vistos como "os bons". Rola uma manipulação perversa nisso. Eu não sou assim. Sou mulher cheia de opiniões mas, felizmente, cada vez menos verdades. É ai que reside minha "bondade".
Sou boa amiga dos meus amigos. E para continuar assim os mantenho no patamar de amigos. Não acho que amigos são a família que escolhemos. Em família a gente diz muita merda, invade o espaço, vive em simbiose doentia e se submete a culpas seculares. Com amigos não quero nada disso.
Não quero que me obriguem a nada. Não quero que me cobrem companhia no Natal. Que me exijam respostas a suas carências... nada. Quero estar com eles por prazer e ofereço o mesmo. Não fico infeliz quando vão todos a uma festa e não me convidam. Ninguém é suportável o tempo inteiro e não sou mãe-judia de pessoa alguma.
Esta característica faz com que algumas pessoas tenham de mim a falsa percepção de frieza. Tolice. Apenas não acredito em coisas como, por exemplo, mentira piedosa. Isso é falso. A verdade sempre vem à tona e gera muita mágoa. Um "não" dito de forma sincera é melhor do que um "sim" a ser desmentido lá na frente. Ele deixa todos em uma saia justa e o mentiroso com cara de pastel murcho de feira.
Não que eu defenda a grossura disfarçada sob nome da sinceridade. É só a realidade o que proponho como moeda de troca.
Por que como eu disse, amigo não é família. Há muito tempo não tenho mais medo de apanhar da minha mãe se ela souber a verdade. Porque vou temer isso daqueles com quem escolhi dividir meu cotidiano?