Ao meu pai, Victor Hugo Ribeiro, autor do Manual de Clube e Associações, especialista na elaboração de estatutos e regimentos de clubes, associações, fundações, ONGs, sindicatos e condomínios.
A Folha de São Paulo do último domingo saiu com 144 páginas. Destas, 52 eram anúncios de página inteira de imóveis (alguns eram de página dupla). De todos estes anúncios, apenas UM trazia a planta do apartamento, os demais mostravam os jardins, as piscina e quadras, os espaços de lazer... tudo menos o imóvel em si. Não é mais o tamanho do quarto ou da sala o que importa, o que vende é um conceito de qualidade de vida e segurança.
Se quer saber, hoje existem prédios com a mais inusitada diversidade de opções. Vi oferta de condomínio com "Garage Band", para ensaios de grupos musicais, e até uma tal de "Tenda Zen", que imagino ser um espaço para ioga ou meditação. Espaço Gourmet, Brinquedoteca, sauna, piscina, Espaço da Mulher, teatro, cinema... tem de tudo.
Isso comprova aquilo que já sabemos, que as pessoas estão trazendo para dentro de casa a recreação, colaborando para a derrocada efetiva dos clubes sociais e esportivos. Se observarmos pelo prisma da segurança e da qualidade de vida, não vejo maiores problemas. Mas por outro lado... um vizinho quebra a perna do outro no futebol e ainda têm que dividir elevador? Os pais brigam na "pracinha" e mesmo assim têm que se encarar? Seria perfeito, não fosse o mundo composto por humanos.
Mas vamos pensar no cotidiano de uma vida no novo condomínio que se apresenta. Como barrar a entrada neste "clube", do condômino inadimplente? O cara não paga o condomínio mas ainda assim se deleita na sauna, piscina e faz festinha? Sim, pois imagino que não se possa impedir um sujeito de fazer o que quiser "em casa".
Vejo aí um nicho que cresce e que em breve começará a ter muitos problemas. Cuidado.