Preconceito é tema em voga. Crescem as denúncias contra manifestações discriminatórias, físicas ou psicológicas, pra cima de gays, negros, gordos... Os casos Bolsonaro e Michael, do volei, só levaram um início de discussão para o horário nobre da TV, mas o tema já está nas bocas e teclados há muito tempo.
E no acalorado das discussões surgem opiniões simplistas e simplificadoras de tudo quanto é lado. Do "não quero que as crianças sejam influenciadas pela promiscuidade homossexual" a até uma parcela, espero que pequena, do mundo gay que divide a raça humana entre homossexuais e enrustidos. É o tradicional "se ele se preocupa tanto com gays é por que ai tem". Não necessariamente.
Vou simplificar do meu jeito também.
Fala-se muito que as pessoas não aceitam as diferenças. Não acho que o problema esteja ai. Penso até que elas amam as diferenças. Fomentam as diferenças. Regam. Constróem. Só que negativamente.
Amplificam as diferenças para, através de critérios que sabe-se lá de onde e como criaram, se sentirem melhores.
Estas pessoas não têm, como alegam, medo da influência do outro sobre nossas crianças. A perversão é mais tosca. Acho que só querem fazer com que o outro se sinta bem pequeno para, assim, se sentirem grandes.
Assim a humanidade vai se repetindo. Fala mal do carro velho do outro para chamar a atenção sobre seu reluzente importado. Acha feio o corpo da Alice Braga para valorizar sua própria falta de bunda. Ridiculariza qualquer manifestação libertária para acobertar sua falta de coragem pra chutar o balde. E acha simplória toda alegria que contraste com sua ranzinzice ou infelicidade.
Por isso a importância da resistência. Do não se deixar diminuir. Do orgulho negro. Do orgulho gay. De todo tipo de orgulho.
Menos do orgulho da ignorância, por óbvio, pois este é justamente o que atua para sobrepujar os demais.