One Night of Too Many
Honey
please turn off the tv
I want to talk
I want to be free
I need to hear my own voice
I need to make a different choice.
Iris Denyse Arsenault
Adolescentes são seres facilmente irritáveis e quando eu pertencia a esta classe não era diferente. Algo, contudo, conseguia fazer com que eu me transtornasse ainda mais. Bastava alguém mandar que eu me calasse para dar voz à TV que o tempo virava.
Jamais entendi a supremacia da TV sobre a voz humana. Não via uma razão sequer que justificasse ser a eletrônica mais importante do que o mais reles de meus comentários.
Hoje continuo não concordando com isso... mas entendo. Quanto mais assisto TV, mais entendo esta lógica.
Ver TV é como tirar férias de nós mesmos. É o vazio total. A completa ausência de sentido.
Diante da telinha o tempo passa, deixando nossa vida congelada. Naquele momento pouco importa o trabalho acumulado, o dinheiro escasso e o tesão raro.
Fica tudo em stand by. Como a beleza de Vera Fischer.
Ainda que muito se especule em as pesquisas, teses de mestrado e doutorado, acredito que é nisso em que apostam os nossos queridos produtores: tanto faz o que vai ao ar... muitos verão. E 1% do total de telespectadores, creiam, é muita coisa. Não fosse assim não existiriam tantas emissoras abertas ou pagas.
Querem exemplo disso? Vamos a um bem recente...
Quando narrava o gol sofrido pela seleção brasileira em partida contra o Uruguai, Galvão Bueno, sempre ele, destacou falha de Aldair. No dia seguinte, apesar de todos concordarem que a seleção jogou mal, muitos repetiram que foi falha do Aldair.
Ora, ora... se pegarmos a imagem que enquadra Aldair e o uruguaio, fica claro ele levou um baile. Mas quando a câmera abre... a gente vê que Aldair, bem ou mal, era nosso único defensor na área naquele instante. Logo... Aldair era o único que estava no lugar em que deveria estar. Os demais é que falharam.
Considerando que isto sempre acontece com Bueno e que ele permanece imutável em seu posto de narrador oficial do esporte brasileiro... está comprovado que tanto faz o que ele ou qualquer um disser na TV.
É por isso que, como a TV, esta coluna não faz qualquer sentido. Não posso, por convicção, analisar a televisão sob o ponto de vista artístico, visto que é indústria.
Não devo analisar a televisão brasileira sob uma ótica mercadológica pois não tenho em mãos dados para isso. Além de ser algo que julgo ser de interesse restrito.
Sequer seguir em ritmo de deboche me parece viável, visto que a própria TV já é fruto do trabalho de um bando de gente muito bem paga para debochar da nossa cara.
Sou uma vítima da TV brasileira e, como ela, estou sem rumo... chata e entediante. Boring, diriam nossos irmãos americanos.
Salvo nosso editor concordar - e em comum acordo acharmos um novo tema para eu escrever – este será meu último texto por aqui.
Não sei se para vocês será... mas para mim é lastimável.
Inté.
E uma última dica. Visite o site “Mate sua televisão”.