Há quem pense que estou virando uma ranzinza mas não concordo. Eu sempre fui ranzinza, não é de hoje. Só que tem um detalhe. Sou ranzinza mas colocada. Este negócio de ficar me imiscuindo na vida alheia, por exemplo, comigo inexiste. Pra me expor bem, acho que paranóia é um sentimento até certo ponto protetor. Não deixa que você pule a cerca pro terreno do vizinho. Mas sem exageros. Um não, às vezes, é só um não.
Quando alguém me diz, por exemplo, que não quer festa de aniversário eu simplesmente espero que chegue a data e mando um email. Um torpedo. No máximo um rápido telefonema, quem sabe.
Não é o que acontece com alguns.
O tal "não quero fazer festa de aniversário" é lido como um "vamos reunir um pequeno grupo para almoçar". Como assim? Alô! A pessoa não quer festa de aniversário seja ela pequena, média ou grande.
E o "não quero fazer festa de aniversário" também não significa "não quero fazer festa de aniversário com os outros mas com você eu quero". Não tem nada a ver com o outro. Ela quer ter este momento só para ela. Ou está nem ai pra data, tá deprê. Ou está em completa paz e neste estado quer permanecer.
De qualquer forma... se ela quer assim, que assim o seja. Não entenderei que esta pessoa não gosta de mim. Ao contrário, não respeitar este desejo pode, sim, fazer com que não goste ou deixe de gostar de mim.
Mas o outro é só o outro. Simples ferramenta do desejo alheio. Um ser menor que não entende que eu sei muito bem o que é melhor pra ele.
Deparar este tipo de situação faz com que eu pareça ser cada vez mais ranzinza, quando só sou simplória. Entendo e aceito perfeitamente que não sou o centro do universo. Entendo que tem horas em que até meu cachorro, aquele ser submisso, se enche das minhas afofadas.