Devo confessar que jamais li Wilson Bueno a não ser eventualmente uma ou outra de suas colunas em jornais locais. Ignorância minha, claro. Não tenho a quem culpar. Lastimo a falha e tentarei corrigir.
Não gosto de usar desculpas. Detesto gente que joga a responsabilidade de suas fraquezas nos outros mas, convenhamos, eu lá sabia que Wilson Bueno era bom até sua morte? Precisou um michê barato dar cabo do escritor para a imprensa doméstica e nacional me informar que o cara conhecia o ofício.
Fiz aqui no meu MSN uma rápida enquete com estudantes paranenses. Perguntei se a escola do Paraná indica a leitura de escritores locais. Questionei estudantes de Curitiba e interior. De escolas públicas e particulares. A resposta, em geral, foi, "não". Tive duas menções a Paulo Leminski e Dalton Trevisan. Mas com o adendo: "ainda assim pouco".
Nenhum leu Bueno e não estou falando de estudantes desinteressados. Alguns sei serem leitores vorazes.
E agora passo a falar da minha experiência, já que não posso ficar elocubrando sobre o que não sei. Vamos lá.
Chamam gaúchos de bairristas e pode ser que sejamos mesmo. O mundo é testemunha de que sou uma grande crítica do gauchismo. Tanto do gauchismo expansionista, que funda CTGs e se retroalimenta do mesmo eternamente, quanto do gauchismo deprê, que se lastima de tudo. Ainda que eu ache que é o lado da baixa auto-estima que fomenta o arrogante, mas isso é outra conversa.
De qualquer forma, Wilson Bueno não seria desconhecido por lá. Para o bem e para o mal, a escola gaúcha nos obrigava a ler "As Aventuras de Tibicuera" e muito mais. Estava na nossa listinha Josué Guimarães, Érico, Mário, Cyro, Lopes Neto etc. Como hoje devem estar em pauta Tabajara Ruas, Lya, Martha, Noll. Quem sabe até Clarah Averbuck, Daniel Galera...
O fato é que não só na literatura mas também na música, teatro, cinema e até na TV, por lá o local se apresenta e se sustenta, bem ou mal. Não vejo isso aqui no Paraná.
Alguém consegue lembrar de uma matéria como esta no Jornal Estadual 1ª Edição de Curitiba? Eu achei bobinha e não concordo que o sentimento de ciúme sirva pra qualquer coisa boa. Mas que ajudou Carpinejar a vender livros ou, ao menos, ser conhecido, lá isso é indiscutível.