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Sai pra lá cinza

Se as estatísticas de vítimas da Gripe A são colocadas em dúvida, o que se pode pensar sobre os números de suicídios em Curitiba nas últimas duas semanas de chuvas intensas e praticamente ininterruptas? Estou quase naquele estágio de responder a cumprimentos matinais com um sonoro "Bom dia pra quem"?

Se as estatísticas de vítimas da Gripe A são colocadas em dúvida, o que se pode pensar sobre os números de suicídios em Curitiba nas últimas duas semanas? Ou de simples entradas em plantões psiquiátricos por depressão? Pelamordedeus!!! Estou quase naquele estágio de responder a cumprimentos matinais com um sonoro "Bom dia pra quem"?


Aqui em casa eu conto até dez antes de pedir para que me alcancem a manteiga. Estudo as palavras e o tom para que o mau humor do outro não perceba meu simples pedido como uma ordem e a terceira guerra se instale.


Eu não aguento mais tanto cinza. O céu é cinza. O asfalto e os paralelepípedos são cinzas. 48% dos carros são cinza, 48% preto e apenas 4% em cores vivas. As roupas de inverno seguem o mesmo padrão e os sorrisos há muito deixaram de ser sequer amareladas.


Ontem fomos a um Shopping, áreas externas estão inviáveis, e lá um bando de zumbis andava, como nós, de um lado para o outro com olhar bovino. Aquele olhar parado, perdido num horizonte tão curto quanto só um tempo fechado permite vislumbar.


Para piorar, choveu horrores em Nova York. Ao invés disso me fazer sentir igualada aos habitantes da metrópole mundial, só me causou ainda mais tédio. Com a chuva em Nova York nem os jogos finais do US Open passaram regularmente na televisão. Foi um festival de adiamento.


Daqui a pouco tenho que sair. Maldita hora em que joguei fora um macacão amarelo e pink que trouxe de Saint Marteen. Seria perfeito para um dia como este.


Algo pra baixar a pomba gira e espantar as nuvens que pairam sobre nossas cabeças.