Você sabe que uma pessoa está totalmente alienada da modernidade quando ela ainda acredita existir uma "vida real" e outra "virtual", como se houvesse dissociação entre elas. Aliás, como se fossem "elas" e não uma só. Ainda tem gente que fala bobagens como "na internet é fácil mentir, enganar". Oras, o mentiroso mente de qualquer jeito e em qualquer mídia. E o ingênuo igualmente se deixa enganar onde quer que seja.
Observo com atenção as redes sociais e não vejo nelas qualquer discrepância com o cotidiano da maioria das pessoas. As pessoas que "bombam" no Twitter, Facebook, MySpace e afins são as mesmas que "bombam" na antigamente chamada "vida real". Eu já ouvia falar em Rosana Hermann muito antes da internet tomar prumo. É só ver o sucesso dos diversos empreendimentos de Ashton Kutcher para saber que ele jamais esteve fadado à obscuridade e a família Ronson já dividia a ceia com os Lennon bem antes dos blogs os alçarem ao status de celebs.
E André Czarnobai já era um moleque metidinho desde sempre, de qualquer forma ele seria conhecido no Bonfim, em Porto Alegre, no Brasil ou no mundo, dependendo apenas do tamanho das ondas que carregam suas deliciosas maluquices. A garota "amigona" da escola e ao carinha bom de bola e cerveja hoje têm ao menos 700 amigos no Orkut.
E eu ocupo o espaço que me cabe. Estou presente em todas as esferas da web I, II ou ∞, assim como conheço os principais restaurantes e bares de minha cidade e dos lugares pelos quais passo, mas entro e saio discretamente deles, acompanhada apenas do meu seleto grupo de amigos, sem jamais misturar universos público e privado.
Não sou afeita aos flashs, sou mulher de bastidores. Não seria diferente na telinha. Um reality show comigo beiraria o insuportável. Eu não alcançaria qualquer populariade dentro ou fora do cativeiro. Paredão ou roça na certa. Ou bloqueio, no caso da internet.
Sou para poucos. Como há os que são para muitos (se é que isso é possível de fato). E isso em qualquer lugar, não percebo onde começa ou termina a web.