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Trabalho e limites

Ainda não caiu a ficha das empresas: trabalhar com prazer dá muito mais resultado.


No século passado, no final da década de 90, trabalhava em uma agência de RP e tinha como colega uma semi-foca que salvou minha vida. Estava um tanto deprimida por conta da desilusão amorosa nº 3.865 e Juliana, é este seu nome, me fazia dar gargalhadas. E todos sabem, ou deveriam saber, o poder da gargalhada na vida de uma pessoa.


Nosso chefe já estava preocupado e chegou a comentar que Juliana teria me transformado em uma adolescente. Registro aqui que nunca um cliente atendido por mim alcançou tanta visibilidade quanto naquele momento, o que prova que as brincadeiras e risadas só estimulavam minha produtividade.


De qualquer forma, chefe é chefe, ele um dia perguntou, após nos flagar brincando de bambolê no intervalo do almoço: "vocês não acham que estão passando dos limites"? Ao que Juliana prontamente respondeu: "de qual limites? Dos seus limites? Só se for.. porque pelos meus limites posso ir muito além". 


Todo este preâmbulo, ou "nariz de cera", como equivocadamente chamaria uma outra ex-chefe (não existe nariz de cera em artigo, apenas em texto noticioso), para dizer algo que venho observando: as empresas, públicas ou privadas, não investem minimamente na promoção do prazer no trabalho. Com raras iniciativas ao contrário, tudo fazem para tornar o trabalho um fardo difícil de carregar. Muitas vezes quase impossível.


Conversava hoje com uma amiga que sempre foi tida como um exemplo profissional em sua área. Considerando que atua na magistratura, isso não é pouca coisa. Mas ela, depois de um ano sem apoio administrativo, está desanimada. Pensa em como salvar o "tesão" (ih...)pelo trabalho mas as más novas se sucedem para complicar a realização de tal desejo.


As novas teorias de Gestão de Pessoas estão aí e suas teses se espalham em MBAs pelo país afora. O exemplo do Google tenta provar que espíritos livres e pessoas apoiadas produzem mais e melhor. Tudo em vão.


Tem gente que ainda acredita que com chicotinho a coisa anda. E anda... a caminho da inércia.