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Vítimas do telemarketing

O pior do telemarketing é que ele nos obriga a conviver com o lado menos admirável de nossa personalidade. Mas se não há solução.. "relaxe" e engrosse.


Há dois tipos de contatos via telemarketing. Aquele em que ligamos para um número 0800 e o outro, o que invade nosso telefone em qualquer dia e horário.


Dentro do primeiro exemplo gosto de citar minha experiência com a Tim. Você liga para cancelar um serviço que via de regra não pediu e é obrigada a explicar a mesma coisa para três atendentes pois nunca passam você para o departamento certo. Quando finalmente transferem a ligação para a quarta "pessoa  responsável", e você se prepara para mais uma vez repetir a história visto que CRM é coisa desconhecida para eles, a ligação cai e você tem que começar todo calvário novamente.


Outra situação comum em meus contatos com os serviços de suporte (a)o cliente é a tradicional resposta que vem ao final da sua solicitação: "estaremos encaminhando seu pedido ao nosso supervisor". O supervisor é uma entidade mitológica inalcansável. Você jamais consegue ultrapassar a barreira das simpáticas mocinhas que, apesar de muito atenciosas, nada resolvem.


Você grita, esbraveja, ameaça... e nada consegue além do famigerado: "estaremos encaminhando seu pedido ao nosso supervisor".


Em contrapartida, quando toca seu telefone às 9 horas de um sábado você já sabe que acaba de ser escolhido para fazer parte do seleto grupo de usuários do cartão de crédito XYZ. Não importa se você está desempregada, no Serasa e se sua conta bancária não vê um depósito há meses. "Você é muito especial para nós...". Ah... e livre de anuidade.


Tudo isso dito sem pausa para respiração, ponto ou vírgula. Nenhum espaço para você esboçar qualquer falta de interesse no produto ofertado.  A voz do outro lado destrambelha a falar e você só tem três escolhas: ouvir, desligar na cara da figura ou interromper o discurso decorado e ser muito, MUITO grossa.


É aí que fico mais triste. Além de não ter solicitado este contato, a operadora de telemarketing me obriga a ficar cara a cara com minha faceta menos nobre: a grossura.


E isso nem Mastercard paga.