Estava em Buenos Aires no dia 03 de setembro, data do amistoso em que o Brasil venceu a Argentina por 3 x 0. Foi tudo muito espirituoso e tranqüilo, ao contrário da lenda.
Era um domingo de frio e vento. O sol estava pra lá de acanhado, quase macambuzio. Mesmo assim entrei em um táxi e me dirigi a tradicional feira de antiguidades da Plaza Dorrego, mais popular como Feira do Bairro de San Telmo. Em situação normal imaginaria estar entrando em uma daquelas roubadas das quais só turistas são capazes. Em dia de jogo Brasil x Argentina supunha que seria ainda pior.
Já no táxi a notícia de que o Brasil vencia por 1 x 0. Notícia dada com muita tranquilidade pelo já quase-idoso condutor. Lá na muvuca, em que pese a movimentação de turistas ser enorme, nem parecia dia de jogo.
Entrei em um bar e a televisão mostrava o jogo. Agora o escore era de 2 x 0 e tudo corria calmo. Não vi garçon algum mais mal humorado que o usual para um argentino. Mais tarde, jogo encerrado, outro motorista diz, simpaticamente reconhecendo meu sotaque brasileiro: "Parabéns pela vitória" .
Ao chegar no hotel ligo a TV e assisto a uma série de piadas sobre a atuação pífia do selecionado Argentino e muitos elogios a Elano, Robinho & cia. Não vi qualquer comentarista argentino fomentar a "rivalidade" insistentemente apregoada por Galvão Bueno. Vi, sim, cairem de pau em Tevez, Massi, Riquelme e, sobretudo, no técnico Basile.
Parem de implicância com os vizinhos, pô.