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O dia em que o “Fenômeno” se tornou banal

Nem uma semana separam dois comentários infelizes de Ronaldo Nazário. Daqui a pouco a sugestão de Romário para Pelé servirá como luva para ele.


Lembram o dia em que Pelé aconselhou Romário a parar de jogar? Este dia poderia ter caído no esquecimento não fosse a resposta do "baixinho" ao "rei": "Pelé precisa colocar um sapato na boca". Até hoje rolo de rir ao lembrar tal conselho, apropriadíssimo para o ex-jogador que vive  a palpitar sobre tudo e que, num outro momento, teve que engolir Maradona se solidarizando a ele quando da prisão de Edinho, mesmo depois de Pelé ter criticado o craque argentino por seus problemas com as drogas. 


Pois Ronaldo Nazário, o "fenômeno" vai pelo mesmo caminho de Pelé. E não me refiro aqui à possibilidade de superar os recordes de Pelé em copas... mas ao recém adquirido hábito de falar mais do que a boca.


Em uma semana Ronaldo deu duas declarações infelizes. Na primeira acusava a chuteira de seu patrocinador como responsável por suas bolhas. Agora fez claras insinuações sobre os hábitos etílicos do nosso presidente. Em que pese a possibilidade da chuteira Nike ser realmente a responsável pelas bolhas... e na eventualidade de até estar certo sobre o gosto de Lula por uma bebidinha... Ronaldo foi de uma burrice dupla.


No caso da Nike a burrice é óbvia. Brigou com quem ajudou a construir o mito Ronaldo. Dizem até que com quem o escalou no time principal do Brasil mesmo em tempos difíceis. Brigou com quem paga a conta. Não, é claro, que ele ainda precise que alguém lhe pague a conta... mas dinheiro é bom e ele e suas mulheres gostam.


Já no episódio em que foi desaforado com Lula... oras... o presidente não precisava perguntar se o moço está gordinho. Primeiro porque isso é óbvio. E depois... presidente não deve se comportar como um torcedor qualquer, ainda que isso lhe renda alguns voto. Espera-se mais de quem ocupa o posto. Mas Ronaldo também não precisava entrar no jogo.


O jogador vive um momento muito simples. Se fizer gols na Copa... ao final brasileiro algum falará de seus pneuzinhos. Se não fizer, ou não os fizer em número suficiente, de nada adiantará tanta revolta. Será  massacrado mesmo. Elementar.


Há quem atribua este prolongado inferno de Ronaldo a seu desinteresse pelas questões meramente futebolísticas. Ouço alguns reclamando que "ele era tão bonzinho antes da Cicarelli", ou comentando que o moço "está mais interessado nas passarelas que nos gramados". Pode ser.


Mas sem querer puxar o assado pra minha brasa, Ronaldo começou a deixar que sua boca ganhasse vida própria a partir do momento em que rompeu com Rodrigo Paiva, seu ex-assessor de imprensa. Suspeito que esta separação foi mais cruel que qualquer outra, e que este desvio de imagem seja sua principal sequela.


A não ser que eu me engane e o trabalho de Rodrigo na seleção inclua cuidar do que fala o astro da 9. Mas aí não estaria cuidando bem... ou estaria tentando sem sucesso... De qualquer forma, parece que Ronaldo se especializa em deixar a CBF de saia justa. Põe a boca no patrocinador e põe a boca no presidente.


Assim não tem agente ou assessor que dê conta.