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TV também é gente

Costumo propagar por aí que gente é um produto muito mal acabado, que não passou por controle de qualidade muito rigoroso.

Um de meus mais freqüentes chavões diz respeito ao que penso de nós, criaturinhas. Costumo propagar por aí que gente é um produto muito mal acabado, que não passou por controle de qualidade muito rigoroso.


Pois estava vendo nada na TV, isto é, arrumando gavetas com a TV ligada, quando percebi o óbvio: que sendo fruto do trabalho humano, a televisão repete nossos paradoxos.


Pus-me então a buscar exemplos que confirmassem esta reles constatação e não me foi difícil encontrá-los. Vejamos dois...


Nesta semana a Globo apresentou o primeiro de uma série de programas comemorativos aos 50 anos da TV brasileira e aos 35 dela própria. Desnecessário dizer que a maior parte dos documentos apresentados pertenciam aos arquivos da própria emissora.


Não vou aqui dizer que fez isto com base na filosofia de puxar o assado para sua própria sardinha pois já esgotei, no segundo parágrafo, meu estoque de obviedades. Prefiro acreditar que, por ser mais estruturada que outras emissoras, mantém seus arquivos em melhores condições.


Mas o que importa mesmo são as “humanidades” da televisão...


O programa mostrou trechos de novelas, humorísticos e uma boa quantidade de imagens jornalísticas que justificassem o nome dado ao especial A TV na Vida do Brasileiro. E foi justamente na sucessão de imagens jornalísticas que a burrice humana se evidenciou.


Para mostrar que a TV testemunhou os grandes momentos nacionais ao longo de todos estes anos, uma das cenas escolhidas foi o famoso debate final da disputa Collor x Lula. Ora, ora, ora!!! Se eu tivesse patrocinado aquele debate, anos depois este seria meu segredo mais guardado. Eu sumiria com a fita para que caísse no esquecimento. Mas, tal são as pessoas são as emissoras, estúpidas.


Tão ou mais incompreensível foi a escolha do filme que a Record levou ao ar na noite de quinta-feira: O Germinal, filme que Claude Berri realizou partindo do clássico de Emile Zola. Vejam só... a Record do Bispo Macedo levando à plebe a adaptação cinematográfica da “bíblia” dos finados “anarcas” e “comunas”. Estranho mesmo.


Além de paradoxal prova que, ao contrário do que alguns - talvez muitos –supõem, nem tudo que passa na TV é fruto de um plano maquiavélico para emburrecer e dominar a nação. Como vimos aqui, faltaria competência na montagem de um bom projeto para tanto.


Muito humano isso.


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O melhor da semana:


Padre Marcelo ensinando a oração do emagrecimento. É simples e consiste apenas em pedir a Jesus que feche nossa boca. Isso ao melhor estilo Teletubbies. Repetindo, repetindo, repetindo. Um terço inteiro cada frase: “Jesus... me ajude a me livrar da gula. Jesus... me ajude a me livrar da gula...”


Se o cara ficar o dia inteiro seguindo a oração do Pe. Marcelo sem dúvida emagrecerá por absoluta falta de tempo para comer.