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O limbo é o limite

“Quais limites? Os seus? Deve ser pois eu... posso ir muito além”.

Tinha uma colega de trabalho impagável. Era tão endiabrada que certa vez nossa chefe perguntou se ela não achava que estaria passando dos limites com suas gracinhas. Ela, espirituosa e rápida como sempre, respondeu: “quais limites? Os seus? Deve ser pois eu... posso ir muito além”.


Lembrei desta história porque vejo que a TV também não tem limites. Quando penso que já conseguimos atingir o estágio mais baixo da cretinice, descubro em um zapping que não. Que eu ainda não havia assistido a Ed Banana, a  quintessência da falta de critérios.


Não acreditava no que assistia. Um sujeito com a cara do Christian, vestido em um terno amarelo e vermelho e chapéu igualmente amarelo. Um autêntico exemplar da cultura brega-country que a emissora diz ser baseado em o Máskara, personagem de Jim Carey.


As atrações vão de dublagens estúpidas a provas de coragem do tipo colocar, de olhos vendados, a mão em caixas com animais “peçonhentes” para advinhar a espécie. O cenário pretende mostrar alguma paradisíaca praia tropical e os assistentes... bem... no coments. Tem até Maria “Fio Maravilha” Alcina, que estava melhor no esquecimento.


Ed Banana é um tal Edilson Oliveira, “descoberto” pela produção de Eliana.


Fui ao site da Record, onde esta pérola é produzida, para ver o que tinham a dizer. Segundo o próprio Ed, a idéia do programa é debochar de tudo: “os atuais apresentadores estão muito sérios e o Ed Banana vai tirar sarro de tudo e de todos. Vou colocar mais alegria na casa dos telespectadores".


Alegria? Aquilo é de uma tristeza profunda. Deboche é outra coisa.


Fico então pensando sobre como pode sobreviver um programa como este. Sobre quem empresta sua cara a esta droga.


Então lembrei do que vejo todo dia no trânsito. Parada no sinal assisto, diariamente, gente em pleno vigor distribuindo filipetas, vestida com roupas esdrúxulas para propagandear algum maravilhoso produto... gente que, para viver sem roubar, está fazendo qualquer negócio.


Somam-se a isto os famosos minutos de “fama” e “glória” e está explicado como um programeco destes consegue alugar a identidade dos que dele participam.


Mas do lado de cá da tela... quem assiste... aí já não entendo. Talvez sejam os mesmos tipos, sei lá.


O fato é que estamos sustentando a estética do “quanto pior, melhor”. E as emissoras, com seus Gugus, Ratinhos, Bananas, Leões e Cia., competem para ver quem vai chegar mais baixo.


Ed Banana, TV Record, de segunda a sexta-feira, sempre por volta das 21 horas.