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Insana vida

Se isto será bom ou ruim não sei. Será "muderno", sem dúvida.

Eu adoro os portugueses, sempre gostei. Depois que eles fizeram uma passeata contra o gerúndio passei a gostar ainda mais deles. Coloco-me então no lugar da D. Maria José, doceira portuguesa que foi preparar um de seus acepipes em Mais Você. Já na apresentação Ana Maria Braga pisoteou os ouvidos da lusitana: "Maria José é portuguesa de nascência".


 


Não contente com isso Ana Maria decidiu fazer uma associação entre a ascendência da doceira e o Descobrimento do Brasil. Saiu-se com esta: "há 500 anos chegaram aqui seus descendentes". 


 


Márcia Cipro Neta novamente em ação. Faz lembrar Lucélia Santos em A Escrava Isaura, há trezentos anos. Interessada em demonstrar um falar culto, saiu-se com esta: "Senhor, façai com que eu..." Acho que vem daí minha obstinação em detectar besteira na televisão, trabalho que me é facilitado por demais.


 


Besteira grande, por exemplo, é o anúncio que a ABERT - Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão -  faz veicular nas principais emissoras do país. Na referida propaganda a ABERT alerta contra os "perigos" das rádios piratas, cujas transmissões causariam interferência nos serviços de comunicação da polícia, hospitais, bombeiros e aeroportos.



Santa hipocrisia!!!


 


Anúncio desta natureza faria sentido se partisse das entidades prejudicadas. Do que a ABERT não gosta, e isso sabemos, é da concorrência das rádios piratas tanto no que se refere a anúncios quanto a interferências em suas próprias transmissões. É como a briga do comerciante estabelecido com os camelôs.


 


E vem se fingir da benemérita agora...


 


Vocês querem apostar que esta briga da TV Cultura com a Embratel vai terminar na reforma do estatuto da Fundação que dirige a emissora? 


 


Simples: a TV Cultura não pode pagar pelo sinal. A Embratel entende que a TV Cultura é um cliente como outro qualquer. São Paulo não tem dinheiro para bancar ainda mais a emissora. Logo... a solução é abrir as possibilidades de receita da TV, que passará a oferecer anúncios ao mercado.


 


Se isto será bom ou ruim não sei. Será "muderno", sem dúvida.


 


E o melhor da semana foi o "encontro" promovido no programa Note & Anote, vespertino da Record (99% de certeza que foi aí mesmo). Cátia e Leão entrevistavam Ralph no estúdio. A cada resposta do moço o contraponto vinha de uma entrevista gravada com Christian. O assunto era a separação da dupla sertaneja "mais afinada do país", segundo palavras de Leão Lobo.


 


Enquanto Christian "Please Don't Say Goodbye" soltava farpas pra cima do irmão, Ralph desfiava seu rosário, louvando Jesus a cada 2 minutos. Hilariante.


 


Quem não viu perdeu um dos momentos mais patéticos da TV brasileira nos últimos anos. O assunto, que por falta de bom senso recíproco não mereceria mais do que 5 minutos, durou uma eternidade. Pra vocês terem uma idéia, Christian até acusou Ralph de não visitar a própria mãe.


 


E Ralph, o bom moço, dizia que tinha a consciência tranqüila por carregar Jesus no coração... enquanto se vangloriava por ser casado com a mesma mulher há 23 anos. Subliminarmente insinuava com isso que Christian, dono de uma vida afetiva atribulada, seria mais propenso a, perdoem-me o termo, sacanagens.


 


No comando de todo este show, Cátia e Leão, apesar de patrocinarem a lavagem de roupa, repetiam a todo momento que adorariam ver a dupla superar os problemas e voltar aos palcos junta. Comovente.


 


No final ficou a certeza de que Christian é o malvado pois além de mulherengo, como também disse Ralph... é ateu.


 


Mulherengos e ateus do mundo, cuidado com a Record.