A mídia, não é novidade e nem segredo, tem o dom de tornar célebre uma nulidade qualquer. Homens e mulheres que não chamariam a atenção quando desfilassem por calçadões ou shoppings de qualquer cidade, são alçados à condição de símbolos sexuais depois de uma ou duas aparições em rede nacional. Vejam o exemplo do que aconteceu nesta semana com um vereador de Umuarama, interior do estado do Paraná. Ele não virou símbolo sexual, é claro, mas recebeu muito mais atenção do que mereceria, não fosse o bizarro de suas idéias. Que sequer são originais, diga-se.
O tal vereador é um dos mais produtivos da Câmara Municipal de Umuarama. São de sua autoria, por exemplo, as propostas de "emplacar" cachorros e colocar fraldas nos animais para que não sujem as ruas (qualquer semelhança com a novela O Bem Amado não é mera coincidência). Também de sua mente criativa saiu o projeto para que o serviço de ação social pare de distribuir pílulas anticoncepcionais e preservativos.
Brilhante!
Me pergunto então sobre o que faz com que as emissoras de televisão se interessem por este tipo de personagem. O inusitado? Bom... vereadores medíocres existem em todas as Câmaras Municipais mas este, admitamos, não apenas é medíocre como se orgulha do fato. Tanto que é contumaz em seus pleitos "engraçadinhos", diferencial importante.
Ou seria o patético? Será que nós, "produtinhos" mal acabados que somos, temos algum prazer especial em nos defrontarmos com o ridículo do outro para justificarmos nossa própria cretinice e por isso as emissoras tão seguidamente nos presenteiam com estas pérolas?
O argumento que cita o baixo nível de escolaridade brasileiro como responsável por esta realidade não me convence. Fosse assim eu não teria que suportar, a cada segunda-feira, tantos comentários sobre Topa Tudo Por Dinheiro, Sérgio Mallandro e afins, já que ao meu lado só se encontram mestres e doutores.
Definitivamente não sei o que passa pela cabeça dos pauteiros e programadores. Não creio que fiquem sentados em suas cadeiras pensando em formas de idiotizar ainda mais as pessoas como parte de um grande projeto que sabe-se lá qual objetivo final teria. Talvez os programadores e pauteiros sejam apenas brasileiros que, como os políticos, são pinçados de nossa sociedade e, logo, a representam. Isto explicaria a matéria do vereador...
As pessoas que colocam este sujeito no ar são da mesma espécie que deu a ele seu quarto mandato. Somos nós.
Ai que triste.