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La próxima Víctima

Para não perder o hábito, e certa de meu compromisso semanal com o Baguete, ligo a TV em meu tradicional zaping, desta vez em Buenos Aires.

Contrariando minha apresentação ao final da coluna, felizmente, nem só de expedições pelo Brasil rural vivo eu. Vez por outra tenho a chance ganhar outros rumos e esta é uma delas. Estou em Buenos Aires, magnificamente instalada no Hotel Hyatt após chegar de um belo jantar na Recoleta. Para não perder o hábito, e certa de meu compromisso semanal com o Baguete, ligo a TV em meu tradicional zaping.


Entre Anas Marias Bragas que pululam pelos canais da CableVision, encontro algo que me faz mais uma vez ver o quanto a malfadada globalização nos obriga a suportar o que há de pior no mundo. Incrível como conseguimos homogeneidade na ruindade, no baixo. Não bastasse uma humanidade seguindo inteira o mesmo padrão... o padrão eleito é da pior espécie.


Giro pelos 65 canais da CableVision e só encontro baixaria. Uma das maiores é a versão “La Proxima Victima”. Novelón brasileño.


Morro de rir ao ver Natália do Valle, Toni Ramos, Suzana Vieira e demais em dublagens que deixariam a singela professora Helena roxa de inveja (lembram Carrossel?). A impressão que tenho é a de que apenas uma dubladora faz todo trabalho. Não consigo perceber qualquer diferença entre as vozes. De quebra temos Rita Lee em espanhol na abertura.


Agora entendo porque os argentinos nos mandam tanta porcaria. Vingança.Desisto rapidinho desta opção e engato meu zapeador automático.


Chego ao bloco dos canais musicais, quatro seguidos, incluindo MTV, obviamente. Divertidíssimo o programa que passam no momento, “Much”. Um bando de teenagers num estúdio que tenta dar a impressão de animada pista de dança. 15 minutos de péssimo techno e corpos roboticamente dançantes. Até torneio de golf consegue ser mais animado.


E isto nem é tão grave considerando-se que anunciam um show dos “Autenticos Decadentes”, banda sei lá de onde, composta por um bando de velhotes cabeludos  e suas gracinhas que fazem juz ao nome do grupo.


É verdade que nada vi equivalente ao ignóbil roedor mas isto deve ser uma distração minha pois o conceito do personagem não é criação brasileira. Felizmente este ônus não carregamos.


Este negócio de programação é intrigante. Muitas vezes a TV até transmite algumas coisas legais... mas nisso também a uniformidade toma conta e se repete na Argentina um fenômeno. Como em muitos lugares, o melhor é condenado a horários que só são visto pelos insones. Parece que num estranho jogo de compensações, os programadores reservam apenas para os que não conseguem dormir o melhor. Vejo agora, 2h45min, um especial com Pablo Milanez. Não sou tiete do cubano mas devo reconhecer que é um nome que se destaca da mesmice.


Mas até nisso tudo é muito igual.