Há um ano eu estreava esta coluna semanal no Baguete com um texto sobre a transmissão do carnaval carioca, entre outros assuntos. Pois tranqüilizo a todos... tirando meu protesto contra a derrota da Mocidade, nenhuma palavra a mais sobre carnaval.
E como só agora começa meu novo ano, decidi seguir uma tradição ao contrário. Geralmente as pessoas iniciam anos cheias de promessas. Parar de fumar, emagrecer... estas coisas. Eu não! Vou começar o ano quebrando uma promessa.
No ano passado, após o final de Torre de Babel, prometi que não escreveria mais uma linha qualquer sobre telenovelas. Qual nada!!! Eis que vejo um ou dois capítulos de Suave Veneno e já me encanto. Prato cheio.
A trama é de um ineditismo único. Mocinha (Glória Pires) é socorrida pelo responsável por sua amnésia (José Wilker). Desmemoriada mas viva, envolve-se com o tal. Só que a amnésia se vai e a moça não revela o fato. Ao contrário, em telefonemas suspeitos a uma amiga (Patrícia França) cria a suspeita de que tudo não passa de uma trama muito da ardilosa.
Em contrapartida o galã-Wilker enfrenta toda sorte de problemas com a família para ficar livre e assim poder casar com a desmemorex. Casado com a generosa Irene Ravache decide pedir separação judicial e é claro que enfrenta a oposição de um bando de filhas malas e genros aproveitadores. Mais claro ainda que estes interferem na vida dos pais/sogros o tempo todo, principalmente a ultra-xarope Letícia Spindler, que vem sendo apontada como uma Isabela Rosselini dos trópicos, o que considero verdadeiro sacrilégio.
A interpretação de Wilker está soberba. Ainda não descobri de onde ele sugere ser o sotaque adotado por seu personagem, o que pouco importa. Assim como a Academia adora premiar com o Oscar atores que interpretam deficientes mentais ou físicos, as entidades brasileiras são chegadas num sotaque, a despeito da correção ou não.
E tem ainda Diogo Vilela fazendo uma espécie de místico. Mezzo-gay, mezzo-espírito elevado. De qualquer forma outro chato.
O fundamental é que as novelas não desistem deste velho chavão “homem rico com mulher pobre”, ou vice-versa. Depois a mesma televisão fica noticiando que ultrapassamos a luta capital X trabalho. Tsk, tsk, tsk.
O segundo melhor negócio que fiz em frente da televisão na última semana foi aprender a operar o controle remoto do Direct Tv (???). Aquilo não é controle remoto... é um painel de comandos. É mais difícil decorar as cinco mil e trezentas opções de comandos do negócio que o número de canais que a programadora oferece. Tem que ter brevê pra pilotar aquilo. Senti-me profundamente humilhada com minha Net e seu singelo controlinho.