Tive, em meu passado recente, uma breve passagem pelo interior do Paraná e, lá morando, certo dia disse a uma amiga que, se por acaso ela ouvisse qualquer tipo de comentário sobre minha conduta... não me contasse. Tinha claro que, se não ficasse sabendo das fofocas... viveria como se não existissem. Desta forma vivi dois anos em paz, sem sofrimentos com o diz-que-diz tão habitual nas pequenas cidades. Pensamento semelhante pode ser aplicado a muitas outras situações.
Desde que iniciei minha coluna, aqui no Baguete, tenho evitado falar no execrável roedor milionário do SBT. Acredito que Ratinho, Collor & Cia. Ltda. merecem o esquecimento. Merecem habitar o limbo da mídia e o total esvaziamento.
Só que o Sr. Carlos Massa conseguiu a superação do que já era absurdo. Na busca desenfreada de audiência, colocou no ar um casal que jura ter como filha, nada menos que Angélica, a da pinta. Não sei como tal casal teria perdido a guarda da criança, pois não gastei meu tempo ouvindo suas sandices... mas o pouco que suportei assistir bastou para perceber a cretinice.
Será que o escabroso mundo das pessoas comuns não mais estaria rendendo os cobiçáveis pontos e agora a engenhosa produção do programa começa a apelar para o lado dos ricos, bonitos e famosos? Tomara.
Se este raciocínio estiver correto, significa que os dias de glória do ignóbil ser estão contados. A repetição de hi(e)stórias como esta, tão inacreditável, deixará evidente que tudo não passa de uma grande farsa e o público que ainda prestigia Ratinho passará, paulatinamente, a abandoná-lo.
Deu. Chega. Já falei demais neste sujeito para quem acredita que ele não é digno de meus pensamentos.
Muito melhor mencionar Tarcísio Meira, que finalmente pisou no tomate. Peguei-o no pulo. E doeu!! Não me refiro a seu talento, mas a algo que sempre me chamou a atenção em sua carreira.
Vocês já notaram o jeito que ele fala? É todo articulado. Fala erres e esses certinhos, em geral até marcadamente. Costuma ser de uma correção ímpar na teledramaturgia nacional. Melhor, costumava. No capítulo de terça-feira (12.01), em Torre de Babel, seu personagem diz que Leda-Leila é "meia louca". Ou "meia" qualquer coisa, vá lá.
AI AI AI!!! O que será uma "meia louca"? Será uma meia que ganha vida e, revoltada contra o chulé de seu proprietário, começa a espremer-se ao ponto de provocar gangrena em seu pé?
Pô Tarcisão...
E já que estou na esfera da fala... li certa vez que Carlos Alberto Riccelli, aproveitando sua permanência nos Estados Unidos, havia feito um trabalho de aprimoramento vocal. Necessário, diga-se. Sempre foi seu ponto fraco a dicção. Com uma voz presa no peito, era difícil entender o que dizia e, pior, mais difícil ainda, compreender como alguém com tal dificuldade conseguia manter-se como ator.
Fui conferir o resultado de tal esforço na minissérie sobre Chiquinha Gonzaga, que passa agora na Globo. Uau! Parece que funcionou. Fiquei fã do cara. Adoro gente que se supera. O desempenho continua o mesmo, mas a voz...
Agora... dar a Regina Duarte Júnior (lembram da Eduarda?) a incumbência de protagonizar uma minissérie é abusar da paciência do telespectador. Já que o problema era encontrar duas atrizes de diferentes idades, mas fisicamente semelhantes... que tal Fernanda Torres e Fernanda Montenegro? Não aceitaram? Estavam ocupadas? Eram caras? E Débora e Paloma Duarte? Duarte por Duarte, as duas mães eqüivalem em talento. Já as pimpolhas são incomparáveis.
Reconheço que estou "meia" azeda hoje. Deve ser porque, no fundo, eu desejasse dedicar uma coluna a algo bem bacana. Um programa que me desafiasse a ser boazinha. Mas nada encontro em meus 56 canais.
Aceito sugestões.