E como o que está escrito lá embaixo, em minha apresentação, não é bobagem... passei a última semana em Barreiras, no oeste baiano, cerrado nacional. No avião que me levou até lá fui pensando em um assunto que recentemente ganhou as páginas da Folha de São Paulo: o suposto sotaque nordestino cometido pelas telenovelas brasileiras. Então imaginei que poderia constatar "in loco" a propriedade, ou não, das críticas lidas.
Hahaha!!! O único sotaque baiano que ouvi nestes dias foi o da fotógrafa que eu mesma levei. Uma baiana renegada que vive há anos em São Paulo. Naquelas paragens só tinha gaúcho.
Já que nas ruas não via baiano mesmo, e como não sou um tipo que desiste facilmente, liguei a TV em busca do famoso arrastado da terra de Caymmi. Zapping pra lá e pra cá... surpresa!! Enquanto as telenovelas do sudeste imitam o sotaque baiano - e nordestino de um modo geral - as TVs de ACM e demais canais contratam repórteres e locutores de outras paragens para garantir a homogeneidade do falar brasileiro.
Os caras chiam mais que cariocas. Há muito pouco de baiano na TV baiana. Frustrei-me totalmente e nada posso falar sobre o sotaque nordestino das novelas. Em compensação, fica registrada a falta de personalidade das TVs regionais de um modo geral. Tenho ainda alguns registros a fazer. Um leitor de Belo Horizonte escreveu, reclamando que nenhuma emissora de canal aberto transmitiu o jogo entre Cruzeiro e Palmeiras. Sorte dele. Cruzeirense que é, provavelmente, iria se irritar com a provável parcialidade das narrações paulistas, se tivessem ocorrido.
E pra continuar no terreno das transmissões futebolísticas, adorei mais uma do Galvão Bueno. Dia desses, estava tudo preparado para começar a transmissão de um jogo que nem lembro qual era, quando entra no ar uma edição extra do telejornalismo. A repórter, então, contou que houve um deslizamento e que duas crianças foram soterradas. Encerrado o Plantão JN, volta o Bueno com a seguinte, lapidar e solidária frase: "então está bem... o time vai entrar com..."
Deve ser por coisas como esta que minha vizinha do andar de cima está assistindo a reprise de Pantanal. Sei disso porque escuto os inconfundíveis acordes de Almir Satter e Cia. A Manchete passa novamente, pela quarta ou quinta vez, seu maior sucesso. É a única novela cult da TV brasileira e, como seus similares cinematográficos, passa em uma "sala" que ninguém costuma freqüentar.
E por fim, já que não vi muita televisão nos últimos dias, aviso que o concurso lançado, há duas semanas, aqui nesta coluna (que dará um CD a quem acertar o maior número de atrações do especial de final de ano da Xuxa), perde feio para uma outra questão. Até o momento recebi mais mensagens corrigindo erro cometido do que apostas.
Naquela semana escrevi que o concurso teria validade até 31 de novembro, data que não existe. Recebi correções em número três vezes maior do que o de apostas. E lastimo informar que poucos terão chances já que um funcionário da Globo decidiu participar. Lasquei-me ao não estipular regras rigorosas.