Dia de folga e resolvo ficar em casa depois de muito tempo. Estes momentos em que fico quieta no meu canto fazem falta, são raros. Entre um livro, um CD e a televisão divido minha tarde de ócio absoluto. A Telefunken/76 está um pouco empoeirada e, quando vou ligar o velho aparelho, tomo vergonha e pego no paninho.
Busco a revista da NET e começo a maratona. Além dos usuais documentários do mundo animal e seriados, é impressionante a quantidade destes tipos de programas, filmes, desenhos e mais documentários. A MTV mostra pela milionésima vez o clip do Jamiroquai e um outro canal apresenta a vida de Jackie O.
O GNT reprisa a série Terra Brasil, com a apresentação monocórdica de Lúcia Veríssimo quase pondo a perder os esforço da produção, que caprichou na pauta, religião, e nos entrevistados. Falou Dona Canô, falou Caetano, falaram luteranos, católicos e representantes de todas os dogmas. Interessante.
Programa de apenas meia hora de duração, acabou rápido e logo segui pilotando meu controle remoto. Fui para a TV aberta. Reprise de novela, mais mundo animal, um programa local que nem merece menção, a loura-vespertina recordista de permanência no ar. Nada.
Começo a lembrar uma cena vivida no trabalho. No início da semana estava sentadinha em frente ao computador quando vejo a "chefe" vir muito séria em minha direção. Apesar de não fazer o tipo irado, é "chefe". Soltei um "ai" em pensamento e ouvi: "Márcia, você viu o jogo que a Globo transmitiu no domingo?
Não tinha visto São Paulo x Corínthians e, pelo o que senti, nem ela conseguiu. Como o assunto era futebol logo se formou uma rodinha. E começaram a me contar os detalhes da tal transmissão.
Parece que na falta de tradição em cheer-leaders estamos inovando. Como informação adicional ao esporte, entrevistas com esposas de jogadores. Chitãozinho e Xororó dão seus palpites, e por aí vai.
E isto é só um preâmbulo para o que prometem fazer na Copa, quando Suzana Werner fará entrevistas com a torcida; Pelé, Falcão e Casagrande abobrinharão em nossas cabeças; e sabe lá mais o que.
Volto para meu aparelho e na telinha está Sílvia Popovic com mais um de seus polêmicos assuntos.
Antes que a vontade de voltar correndo para o trabalho tomasse conta de mim peguei minha bolsa e fui ao cinema.
Subitamente senti a maior compaixão pelos desempregados. Além da triste situação de improdutividade e penúria que vivem, nada para ver na televisão durante a tarde.