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Funk, sustenidos e bemóis…

Bem que eu tentei ficar longe do falatório contra o funk carioca até que...


Bem que eu tentei ficar longe do falatório contra o funk carioca até que começaram a pipocar emails com piadas, depoimentos e até textos pretensamente sérios contra as musiquinhas que tomaram conta do verão brasileiro.


Pessoalmente não me incomodo com "tigrões" e "popozudas" a não ser quando algum débil mental abre o capô do "chevetão" e impõe seu mau gosto aos demais. Fora isso... como não escuto FM e mantenho meu controle remoto sempre ao alcance da mão... estou livre de tais invasões.


Aliás.... vocês já repararam que normalmente as pessoas que ouvem música em volume ensurdecedor têm mau gosto? Algum vizinho já acordou você num domingo ao som de Tom Jobim? Hahaha... claro que não! É sempre um pagode de décima, um sertanejo de quinta ou uma coisa destas qualquer de terceira linha.


Mas sobre as manifestações recebidas em minha caixinha chamaram-me a atenção os argumentos. Todos. Eu disse TODOS... tratam dos aspectos morais das canções e a conseqüente influência que suas mensagens exercem sobre nossos pobres jovens. E, é claro, todas sugerem censura às letras dos funks.


De um modo geral não gosto destas músicas. Ressalte-se... gosto de funk mas não gosto destes funks. Não pela "bagaceirice" de suas letras... mas pela pobreza e pouca inventividade musical que carregam.


Seja como for... ao contrário do que muitos pensam... este "movimento" não surgiu de um gabinete de gravadora. Ele estava nas ruas do Rio de Janeiro e em seus bailes há muitos anos. As gravadoras apenas simplificaram  a propagação para o país de uma realidade local que se espalharia de qualquer forma através de MP3, rádios alternativas ou fosse lá o que fosse.


Definitivamente estamos falando de uma manifestação popular. Muito popular, eu diria. E, neste caso, tanto quem faz quanto quem curte estas músicas, é fruto do mesmo mal: a pobreza. De recursos, sobretudo, e de espírito, em decorrência. E isto sempre me alarma.


Mas não vou ficar aqui falando coisas óbvias. Que educação ao menos faz rimas melhores... ensina que A, B, C, D, E, F e G (como são conhecidas as notas musicais pelos consumidores da Violão & Guitarra e afins) podem ser enriquecidas por sustenidos e bemóis, aumentando as possibilidades de combinações (lembram-se das progressões matemáticas?). 


Também não estou interessada em discorrer sobre aspectos políticos e sociológicos que levam a esta miserabilidade. Isto eu deixo para os eruditos da USP, do caderno Mais e da revista Bravo... muito mais competentes e pacientes que eu.


Eu, em minha costumeira "finesse"... só peço que me poupem. Todos! Os vizinhos... de me imporem esta droga. Os internautas... de me enviarem comentários propondo censura aos funkeiros.


Eu não quero ouvir esta música e nem que ela acabe. Não gostaria que ela fosse feita e menos ainda que fosse apreciada. Mas quem sou eu para ir contra o gosto da galera? 


Reconheço o direito que cada um tem de se perpetuar na ignorância.