Suspeito que parcela significativa de meus leitores seja composta por adolescentes e que, por isso, poderei ferir suscetibilidades comuns a esta faixa etária. Mas tudo bem... adolescência passa e um dia serei perdoada por todos. Ou pelo menos por aqueles que efetivamente conseguirem pular esta etapa. Este preâmbulo é para tornar ameno o tema de hoje. Vou falar de Dawson’s Creek, série que a Sony apresenta semanalmente em diversos horários. Calma... eu também acompanho as aventuras (ou desventuras?) da turma que inspira centenas de sites e listas de discussão ao redor do mundo e que gerou dezenas de subprodutos como cds, dvds, multimídias, jogos etc. Tanto assisto que entendo perfeitamente o sucesso desta série entre os teens. Há em Dawson’s Creek uma identificação ímpar com esta fase pela qual todos (ou quase) passamos e na qual descobrimos que quase nada é perfeito no mundo. Estas descobertas, por serem novas, ganham proporção descomunal e conferem ao seriado o mesmo tom sombrio que permeia os primeiros anos da maturação. E desta forma, assim como em nossas insipientes vidinhas, as vidas dos personagens ganham nuances que vão, no máximo, do breu ao cinza. É uma atmosfera de tristeza e melancolia que torna Dawson’s Creek insuportável para quem já passou desta fase exacerbada em que tudo está muito próximo à catástrofe. O criador da série (Kevin Williamson, de Eu vi o que você fez no verão passado), acertou em cheio na divisão per capita de problemas em Capeside (ambientação da trama). Há dramas para todos os gostos e identificações. A ver: Pacey – Cínico, inteligente e... péssimo aluno, Pacey amarga o afastamento do melhor amigo. Sabe-se que existe um pai para ele mas este só aparece no seriado para mostrar sua ausência. A mãe... ninguém jamais viu. Joey - a garota perdeu a mãe, com câncer, e o pai foi parar na cadeia por ser traficante. Trabalha para se manter e tem uma irmã mais velha e mala (como todas). É a mais brilhante da turma mas também sofre com o afastamento de Dawson. Jen - a primeiramente execrada "galinha" nova-iorquina é mandada à força para a casa da avó pela mãe, que na idade dela era também uma "galinha". Os pais da menina vivem viajando, brigando e nunca ligam para a pobre. Sua luta é provar que mudou. Andy – Totalmente psicótica desde que a mãe ficou louca depois que um outro filho morreu. Era namorada de Pacey e, como Dawson, sofre pela traição. Tenta superar tudo isso dando margem a uma obsessiva busca de perfeição (nela e nos outros). Jack – Além de ser irmão de Andy, o que já seria um problema e tanto, é gay. Pior que isso... é gay mas não pratica. Sua única tentativa de encontrar um namorado resultou em fracasso pois o cara já vivia outro relacionamento. Como disse... problemas ao estilo dos adolescentes não faltam, por isso tanto sucesso. Mas fiquem tranqüilos... isso passa. E se não passar há sempre um jeitinho. É só começar a assistir Once and Again, levado ao ar pela mesma Sony. Ali os personagens são adultos e continuam com os mesmos dramas com irmãos, com filhos, com ex-mulheres, ex-maridos... e com os mesmos problemas de aceitação.
Há doido para tudo em Capeside
Suspeito que parcela significativa de meus leitores seja composta por adolescentes e que, por isso, poderei ferir suscetibilidades comuns a esta faixa etária.